Os seus caminhos não são os nossos - Is 55.6-9

Jesus, quem ele é?  •  Sermon  •  Submitted
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Introdução

Temos sido desafiados nesta série a olhar para Jesus a partir da escritura, porque somos inclinados a projetar nossas expectativas naturais sobre quem Deus é, em vez de lutar para deixar a Bíblia nos surpreender com o que o próprio Deus diz.
Segundo João Calvino, "não há nada que atribule mais a nossa consciência do que pensar que Deus é como nós".
Quando a vida dá uma virada brusca, frequentemente citamos o bordão, encolhendo os ombros: "os caminhos de Deus não são os nossos", referindo-se aos mistérios da providência divina em que ele orquestra os eventos de modo a nos surpreender.
A profundeza misteriosa da providência divina não deixa de ser uma verdade bíblica preciosa.
Porém, a citação "os caminhos dele não são os nossos" remete a Isaías 55.
E no seu contexto original quer dizer algo bem diferente.
Não é uma afirmação de surpresa diante da misteriosa providência de Deus, mas da surpresa do coração compassivo de Deus com pecadores.
A passagem completa diz o seguinte:
Isaiah 55:6–9 NAA
Busquem o Senhor enquanto ele pode ser encontrado; invoquem-no enquanto ele está perto. Que o ímpio abandone o seu mau caminho, e o homem mau, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar. “Porque os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, e os caminhos de vocês não são os meus caminhos”, diz o Senhor. “Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos, e os meus pensamentos são mais altos do que os pensamentos de vocês.
A primeira parte da passagem nos diz o que fazer. A segunda parte nos diz o porquê.
A transição acontece no final do versículo 7 (que conclui: ele dá de bom grado o seu perdão").
Todavia, observe a exata linha de raciocínio.
Deus nos chama para buscá-lo, para invocá-lo e convida a todos para que retornem ao Senhor.
Ler versículos 1-3
O que acontecerá depois disso?

Deus "Se compadecerá" de nós (v.7).

A poesia hebraica nos dá outra forma de dizer que Deus exercerá a sua misericórdia sobre nós: "porque ele é rico em perdoar" (v.7).
Isso é uma profunda consolação para nós quando nos virmos vez após vez nos desviando de Deus, procurando a tranquilidade de nossa alma em qualquer lugar, menos no seu abraço e instrução.
Quando retornamos a Deus, mais uma vez contritos, por mais envergonhados e enojados que estejamos de nós mesmos, o seu perdão nunca será relutante.
Porque ele é rico em perdoar. Ele não simplesmente nos recebem em sua presença. Ele nos envolve com seus braços novamente.
Todavia, observe o que o texto faz então.
Os versículos 8 e 9 nos absorvem mais ainda em sua compaixão e abundante perdão.
O versículo 7 nos disse o que Deus faz. Os versículos 8 e 9 nos dizem quem ele é:
Em outras palavras, Deus sabe que, mesmo quando ouvimos de seu perdão compassivo, nós demoramos a entender a sua promessa por termos uma visão pequena do coração do Senhor, de onde vem tal perdão compassivo.
Por isso que o Senhor continua:
Isaiah 55:8–9 NAA
“Porque os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, e os caminhos de vocês não são os meus caminhos”, diz o Senhor. “Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos, e os meus pensamentos são mais altos do que os pensamentos de vocês.
O que Deus está dizendo?
Ele está nos contando que não podemos ver suas expressões de misericórdia com nossos velhos olhos. A nossa visão de Deus precisa mudar.
O que diríamos para uma criança de sete anos que, ao ganhar um presente de aniversário de seu carinhoso pai, imediatamente corre para o seu cofrinho para tentar pagar o seu pai de volta?
Como seria doloroso para o coração do pai. Essa criança precisa mudar a sua visão de quem o seu pai é e do que seu pai gosta de fazer.
O impulso natural do coração humano caído corre em direção à reciprocidade, ao toma-lá-dá-cá, à equanimidade, ao equilíbrio da balança.
Somos muito mais intratavelmente aficionados pela lei do que percebemos.
Esse impulso tem algo de saudável e glorioso em si, é claro, fomos feitos à imagem de Deus, desejamos ordem e justiça em vez de caos.
Mas esse impulso, como cada parte de nós, adoeceu pela queda desastrosa em pecado.
A nossa capacidade de apreender do coração de Deus colapsou.
Acabamos com uma visão empobrecida de como ele se sente em relação a seu povo, visão empobrecida, que pensa que é uma visão tamanho real e precisa de quem ele é.
Então, Deus nos diz claramente quão minúsculas são nossas visões naturais de seu coração.
Os pensamentos dele não são os nossos. Os caminhos dele não são os nossos.
E não é como se estivéssemos alguns degraus abaixo.
Não, "assim como os céus são mais altos do que a terra", uma figura de linguagem hebraica para expressar a infinitude espacial "também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos; e os meus pensamentos, mais altos do que os seus pensamentos" (v.9).
No versículo 8, Deus diz que os caminhos dele são diferentes dos nossos.
No versículo seguinte ele é mais específico e diz que seus pensamentos são mais altos.
É como se Deus estivesse dizendo no versículo 8 que há uma grande diferença entre como ele pensa e como nós pensamos, enquanto no versículo 9 ele diz exatamente qual é a diferença, a saber, os seus pensamentos.
A palavra hebraica não significa "uma impressão mental passageira", mas "planos", "estratégias", "intenções" e "propósitos") são mais altos, grandiosos, envoltos em uma compaixão para a qual pecadores caídos como nós não têm uma categoria natural formada na mente.
Os caminhos e pensamentos de Deus não são os nossos caminhos e pensamentos na medida em que os dele são pensamentos de amor e caminhos de misericórdia que ultrapassam nossos horizontes mentais.
Calvino, o teólogo mais conhecido por seu ensino sobre a divina providência, percebeu que Isaías 55 não trata tanto assim sobre o mistério da providência.
Ele observa que alguns interpretam a frase "os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês" como um mero distanciamento entre Deus e nós, expressando uma distância enorme entre a sagrada divindade e a profana humanidade.
Contudo, Calvino percebeu que, na verdade, o fluxo da passagem vai na direção exatamente oposta.
De fato, há uma grande distância entre Deus e nós.
Nossos pensamentos sobre o coração de Deus são minúsculos, mas ele sabe que o coração dele está inviolavelmente, totalmente e invencivelmente direcionado a nós.
Segundo Calvino, "já que é difícil remover o terror de mentes trêmulas, Isaías parte em seu argumento da natureza de Deus, de que ele está disposto a perdoar e se reconciliar".
Calvino, então, foca no cerne do que Deus nos conta neste texto. Após identificar a interpretação errônea, ele diz:
Mas o que o profeta quis dizer, penso eu, é diferente e se explica mais corretamente, segundo meu juízo, por outros comentadores, que pensam que ele traça uma distinção entre a disposição de Deus e a disposição do homem. Os homens são inclinados a julgar e a medir Deus por conta própria, pois seus corações são movidos por paixões raivosas e são muito difíceis de apaziguar. Portanto, pensam que não podem ser reconciliados a Deus, quando o ofendem. Porém, o Senhor mostra que ele está longe de se assemelhar ao homem.
O termo que Calvino usa para disposição de Deus aqui é um termo que remete ao coração.
Lembre que, quando falamos sobre o coração de Deus, estamos falando do poder engatilhado de suas afeições, sua inclinação natural, o fluxo regular de quem ele é e do que ele faz.
As nossas apreensões equivocadas do perdão de Deus em Cristo abaixam o nível de quem percebemos que Deus é, mas não limitam quem Deus de fato é.
Deus é infinitamente compassivo e infinitamente pronto a perdoar, de modo que se deve atribuir exclusivamente à nossa incredulidade, caso não obtenhamos dele o perdão.
O coração compassivo de Deus confunde nossa intuição sobre como ele ama responder o seu povo caso ele simplesmente deixe na sua presença a ruína e a bagunça pecaminosa de suas vidas.
Ele não é como você.
Até o mais intenso amor humano é apenas um eco tímido da abundância transbordante dos céus.
Os seus pensamentos de amor e compaixão por você ultrapassam o que você pode imaginar. Ele pretende restaurá-lo ao resplendor radiante para o qual você foi criado, ser parecido com Jesus Cristo.
E isso não depende de você se manter limpo, mas de você levar sua bagunça pecaminosa a ele.
Ele não se limita a trabalhar com as nossas partes que permanecem limpas, depois de uma vida de pecado.
O seu poder vai tão fundo que é capaz de redimir as piores partes do nosso passado para que se tornem as partes mais radiantes do nosso futuro.
Mas precisamos levar essas misérias a ele. Sabemos que ele é o restaurador futuro dos que não merecem porque é isso que o resto da passagem diz:
Isaiah 55:12–13 NAA
“Vocês sairão com alegria e em paz serão guiados; os montes e as colinas romperão em cânticos diante de vocês, e todas as árvores do campo baterão palmas. Em lugar do espinheiro, crescerá o cipreste, e em lugar da sarça crescerá a murta. E isso será glória para o Senhor e sinal eterno, que nunca se apagará.”
Os pensamentos de Deus são tão mais altos que os nossos que ele não só perdoa abundantemente o pecador; ele se determinou a levar o seu povo a um futuro glorioso pelo qual dificilmente ousamos esperar.
A murta era uma árvore utilizada para construção e simbolizava a prosperidade (benção de Deus), o Cipreste representava durabilidade e abundância.
A poesia desta passagem comunica de forma bela que o coração de Deus pelo seu povo aumenta o seu tom à medida que passam as gerações, preparando para explodir na história humana no fim de todas as coisas.
A nossa humanidade alegremente restaurada emergirá com tanta força espiritual que a própria criação entrará em erupção, rasgando hinos de celebração.
Essa é a festa pela qual a ordem criada espera ansiosamente.
Romans 8:19 NAA
A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus.
Pois a sua glória está vinculada e dependente da nossa glória.
Romans 8:21 NAA
na esperança de que a própria criação será libertada do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.
O universo será limpo e restaurado ao brilho resplandecente e à dignidade à medida que os filhos e filhas de Deus entram em um futuro tão seguro quanto imerecido.
Como podemos ter tanta certeza?
Podemos ter certeza em Jesus Cristo, pois os pensamentos de Deus foram encarnados em Jesus, cerca de 700 anos depois de Isaías ter profetizado.
O irresistível e incompreensível plano de salvação de Deus, se cumpriu em Jesus e deve ser recebido com arrependimento e fé.
Porque em Jesus os pensamentos e caminhos de Deus se cumprem e se tornam visíveis.
Os caminhos de Deus convergem à Jesus, ele o caminho e a salvação, nele habita o perdão para arrependidos, alimento para famintos, cura para os doentes, consolo para os que sofrem.
Ouçamos hoje o chamado de Jesus, expressado por Isaías no começo do capítulo 55.
Isaiah 55:1–3 NAA
“Ah! Todos vocês que têm sede, venham às águas; e vocês que não têm dinheiro, venham, comprem e comam! Sim, venham e comprem, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que vocês gastam o dinheiro naquilo que não é pão, e o seu suor, naquilo que não satisfaz? Ouçam com atenção o que eu digo, comam o que é bom e vocês irão saborear comidas deliciosas. Deem ouvidos e venham a mim; escutem, e vocês viverão. Porque farei uma aliança eterna com vocês, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi.
John 6:35 NAA
Jesus respondeu: — Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim jamais terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede.
Isaiah 55:6–7 NAA
Busquem o Senhor enquanto ele pode ser encontrado; invoquem-no enquanto ele está perto. Que o ímpio abandone o seu mau caminho, e o homem mau, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar.
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