O que o Natal traz?

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Nós e nossas escolhas.

Contexto

Pró-Assíria ou Pró-Egito?

Na época em que Isaías atuava como profeta, a nação de Israel estava dividida em dois reinos: um mais ao norte que abrangia 10 tribos, e outro mais ao Sul em que predominava a tribo de Judá. As tensões entre os dois reinos eram grandes e os conflitos políticos eram assim inevitáveis. Por isso, havia a necessidade de se fazer alianças políticas com outros reinos.
No ambiente externo dois grandes blocos antagônicos surgiam. De um lado estava o império assírio; do outro uma união entre Síria e Egito. Crescendo militarmente, os assírios iniciaram um front de luta contra os reinos da Síria, Egito e de Israel.

A escolha de Acaz

Nesse quadro, os reinos do Norte e do Sul precisavam tomar uma decisão: apoiar ou ser contra a Assíria?
A escolha de Acaz, rei de Judá foi a de é de se aliar ao império Assírio. Porém, o vizinho do norte havia se aliado ao bloco Egito/Sírio. Em uma perspectiva puramente política, aliar-se a Assíria era juntar-se a quem era inimigo dos seus adversários, a saber: Israel, Síria e Egito. Por isso, não foi sem motivo que, no reinado de Acaz o, o território de Judá sofresse com os constantes ataques destes reinos.
Contudo, o sofrimento do povo não se dava apenas no campo militar. Espiritualmente, o povo estava em completa decadência por se intensificar no culto pagão. O próprio Rei Acaz contribuiu para isso. Conforme 2 Reis 28, ele queimou incenso no vale do filho de Hinom e queimou aos seus próprios filhos (v 3). Isso fez com que Deus o entregasse nas mãos dos Siros, além do Rei de Israel, Peca, filho de Remalias (v. 5,6). Registra-se o episódio em que o reino do Norte leva cativo cerca de 200 mil pessoas. Tais episódios de desgraça não fizeram com que o Rei Acaz se voltasse para Deus. Pelo contrário: ao invés disso, ele buscou cada vez mais outros deuses. Dessa vez, buscou adorar aos deuses de Damasco. Ele fez altos para queimar incenso a outros deuses e fechou as portas da casa de Yahweh em Jerusalém (v. 22-25).

A escolha que Israel deveria fazer (7.1 - 12-6)

É neste ponto que chegamos a seção em que se encontra este texto. Ela se inicia em 7.1 e termina em 12.6. No seu início, tem-se a menção de que nos dias de Acaz, uma invasão de Peca, rei do Norte a Jerusalém. Acaz estava com medo. Porém a palavra do Senhor dada por Isaías é para que ele não se amendrotasse pois a empreitada de Peca não seria bem-sucedida. Na verdade, tanto Israel quanto a própria Síria seriam destruídas.
O sinal de que a salvação vem do Senhor: um menino (Isaías 7.14)
Em seguida, Deus continua falando por meio do profeta. Ele quer que Acaz peça um sinal, mas ele não o faz. É então que vem um dos versículos fortemente messiânicos: o v. 14.

A consequência de uma má escolha: trevas

Na continuação do seu discurso profético, Isaías não deixa de mostrar as consequências de não escolher Deus e escolher um lado político ou outro. Veja abaixo:
Isaías 8.19-22 “Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram, acaso, não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos?À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva.Passarão pela terra duramente oprimidos e famintos; e será que, quando tiverem fome, enfurecendo-se, amaldiçoarão ao seu rei e ao seu Deus, olhando para cima.Olharão para a terra, e eis aí angústia, escuridão e sombras de ansiedade, e serão lançados para densas trevas.”
Pelo texto, vemos que a grande consequência de não escolher o Senhor são as trevas. As trevas oprimem. As trevas cegam. Elas impedem uma relação harmoniosa com Deus. Na falta de uma resposta divina, o povo se afunda mais buscando entre si mesmos. Mas as trevas obscurecem tudo e o resultado é mais aflição.

Neste discurso mais uma vez, um sinal da salvação como dádiva exclusiva do Senhor

É aqui que chegamos a passagem em questão. Vemos então que Deus não apenas propõe juízo para mostrar como as trevas são horríveis para aqueles que o rejeitam. Diante da humilhação, ele resolve trazer restauração. E isso não se dará por nenhuma aliança política. E aqui evoca-se mais uma vez a figura da vinda do Messias. É por meio dele que Deus salvará o seu povo.
Assim, meus irmãos, gostaria que olhassemos para este texto observando quais verdades significativas este texto nos traz a respeito do Natal, a respeito da vinda do Messias:

O Natal traz:

1. A consolação por meio da luz (v. 1-2)

A luz

O texto nos diz que a terra outrora obscura não continuará na obscuridade. A aflição que tomava todo o Israel não acontecerá mais porque Deus agirá.
Conforme a Bíblia de Genebra“A luz representa as bençãos, a presença e a revelação de Deus” (Bíblia de Estudo de Genebra, p. 795). Em suma, é o próprio Deus se fazendo presente no meio do povo. É o Emanuel; é Deus conosco trazendo alívio ao seu povo.
Vejamos como em outros textos da Bíblia a luz se refere ao agir e a própria presença do Senhor:

Isaías 2.5 “Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor.”

1João 1.5 “Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma.”

Zebulom e Naftali

Esta luz será sobre as regiões de Zebulom e Naftali: trata-se de regiões da Galiléia as quais foram as primeiras a sofrer com a invasão Assíria de 732 a. C. Elas ficavam ao norte de Israel. Mas o que Deus tinha preparado para estas terras tão humilhadas estava muito além. Era nessa terra que um jovem galileu apareceria com sinais e prodígios provando ser ele o Cristo, o nosso salvador.

Sombra da morte

Enquanto a Sombra da morte simboliza a morte e aflição, a luz demonstra consolo e vida. Aqui, a sombra da morte é personificada pelo exército assírio. Mas nem mesmo o império assírio poderia suportar a poderosa luz do Senhor. Por isso, o povo poderia declarar como está no:

Salmo 23.4 “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam.”

Certeza

A forma Viu, indica tempo passado, embora Isaías estivesse falando no futuro. Esta forma profética de olhar para algo futuro como já tivesse acontecido revela que a presença da luz do Senhor era algo certo. A convicção é a marca da fé no Senhor (Hb. 11.1).

2. A alegria por meio da libertação (v. 3-5)

Alegria da abundância

Outro sinal evidente do Natal é a alegria que ele traz. No v. 3, esta alegria é descrita como uma alegria de abundância. O povo se multiplica, quando antes era diminuído pela opressão; a ceifa é grandiosa, quando antes era rala e infrutífera; há grande despojo pela vitória na guerra, ao contrário das constantes humilhações sofridas nas derrotas frente ao exército assírio.
Vejamos como a Bíblia mostra isso:

Isaías 61.7 “Em lugar da vossa vergonha, tereis dupla honra; em lugar da afronta, exultareis na vossa herança; por isso, na vossa terra possuireis o dobro e tereis perpétua alegria.”

A fonte da alegria

Sempre bom lembrar que embora expressa em coisas desta terra, a verdadeira fonte de alegria é o Senhor. As características concretas da alegria não ofuscavam a verdadeira causa dela.

O povo estava alegre por causa da libertação.

Por que o povo estava alegre? Por causa da Libertação. Trata-se um sentido que abrange não só o caráter espiritual mas também físico.

Sai um jugo, entra outro

os Assírios eram cruéis. Eles gostavam de impor duros castigos aos povos cativos. Mas eles não colocariam mais este jugo porque Deus o quebraria. Ao instituir um novo reinado, o menino também colocaria um jugo, mas ele seria bem diferente.
Mateus 11.29,30 “Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.”

Dia dos midianitas:

A expressão dia dos midianitas se refere ao episódio em que Gideão os derrota mesmo com um exército pequeno.
Juízes 7.22-25 “Ao soar das trezentas trombetas, o Senhor tornou a espada de um contra o outro, e isto em todo o arraial, que fugiu rumo de Zererá, até Bete-Sita, até ao limite de Abel-Meolá, acima de Tabate. Então, os homens de Israel, de Naftali e de Aser e de todo o Manassés foram convocados e perseguiram os midianitas.Gideão enviou mensageiros a todas as montanhas de Efraim, dizendo: Descei de encontro aos midianitas e impedi-lhes a passagem pelas águas do Jordão até Bete-Bara. Convocados, pois, todos os homens de Efraim, cortaram-lhes a passagem pelo Jordão, até Bete-Bara.E prenderam a dois príncipes dos midianitas, Orebe e Zeebe; mataram Orebe na penha de Orebe e Zeebe mataram no lagar de Zeebe. Perseguiram aos midianitas e trouxeram as cabeças de Orebe e de Zeebe a Gideão, dalém do Jordão.”
Ao rememorar este evento, Deus lembra que por meio da sua poderosa mão nada é impossível. Se ele deu vitória a Israel naquele cenário, porque não daria mais uma vez derrotando o poderoso exército assírio?

Botas e vestes: evidências da vitória libertadora

v.5: um costume de guerra ao queimar coisas deixadas na batalha. Isso revela a vitória do Senhor sobre os inimigos do seu povo. Se até as botas e vestes estão sendo queimadas, quanto mais as armas!
Aqui é fácil lembrar desta passagem:

Salmo 46.6-9 “Bramam nações, reinos se abalam; ele faz ouvir a sua voz, e a terra se dissolve. O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. Vinde, contemplai as obras do Senhor, que assolações efetuou na terra. Ele põe termo à guerra até aos confins do mundo, quebra o arco e despedaça a lança; queima os carros no fogo.”

3. O Reino eterno por meio de um menino (v. 6-7)

A relação do menino com o bebê (Isaías 7.14) e com o rebento (Isaías 11. 1-10)

Por que um menino?

Para mostrar que o Reino de Deus aconteceria por meio de um dos eventos mais humanos: o nascimento;

Para mostrar como Deus acabaria com a opressão, a guerra e da arrogância: com vulnerabilidade, com transparência, com humildade.

Os títulos: junções de duas palavras.

Maravilhoso Conselheiro

Pode ser miraculoso de forma mais literal. A ideia de alguém que expressa as obras de Deus. Já conselheiro expressa alguém que possui a sabedoria divina.

Deus forte

Este Rei-menino protege o seu povo.

Pai da eternidade

Ele é antes de tudo e possui um cuidado todo especial para com o seu povo, cuidado este que fará por toda a eternidade.

Príncipe da Paz

Por meio dele, a paz que vem de Deus invadirá a terra.
Esta paz é sem fim (v. 7). Definitivamente, não se trata de um reinado comum.
Trono de Davi: o menino, como descendente de Davi é legítimo ao assumir o trono e dar cumprimento a aliança do Senhor.

Zelo

O que faz tudo isso acontecer é cuidado que Deus tem em fazer cumprir os seus decretos.

Senhor dos Exércitos

aquele que governa o exército de Israel; aquele que governa todos os exércitos das nações; aquele que governa todos os exércitos celestes.
Conclusão
O Natal nos traz: 1) Consolo por meio da luz; 2) Alegria por meio da libertação; 3) Um reino por meio de um menino.
Aplicações:
Você precisa de consolo? Olhe pra luz. Olhe pra Jesus.
Você precisa de alegria? Corra pra Jesus e ele vai te libertar.
Você ansei por dias melhores na sua vida, na sua casa, no seu país? Entre para o Reino do Menino Jesus.
O que este texto nos mostra é que não podemos nos perder em nossas escolhas nessa vida. Diante dos desafios que temos, devemos sempre ter como primeiro princípio estarmos alicerçados no Senhor e na sua vontade. Devemos confiar que ele é que nos dará uma vitória certa. Este é o sentido do Natal.
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