Somos Criaturas

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Um novo ano

Graça, paz e sabedoria da parte de Jesus Cristo.
Hoje pela manhã estava vendo Dani informar que ela e irmão Eral haviam retirado a decoração de fim de ano e pensei: “Isso! Agora o ano começou!” Acho que 2023 começou mais rápido que 2022, mas não tenho certeza.
Na verdade o ano começou há 22 dias. Mais alguns dias e 10% dele já terão sido vividos. É uma carreira desembestada. Talvez por isso, a cada 365 dias, conforme o nosso calendário, zeramos a contagem e começamos um ano novo, abrindo novas possibilidades para a vida.
Pode parecer estranho, mas o ano em que estamos e a forma como contamos o tempo é apenas uma das várias formas que existem mundo a fora.
O nosso calendário é chamado Gregoriano. Ele foi criado pelo papa Gregório VIII em 1582. Além desse existe pelo menos mais seis calendário diferentes: Chinês (Imperador Huang Di - 2.697 a.C); Judaico (criado com base na Torá e na genealogia bíblica desde Adão); Maia (criado pelos povos pré-colombianos - entre 400 e 50 a.C. Juliano (instituído pelo imperador romano Júlio César - 46 a.C); Islâmico (criado pelo Califa Hazrat Umar bin Al Khattab - 638 d.C); Juche (criado em 1997 - começa em 1912 com o nascimento de Kim II-sung);
Essa virada de página anual, que marca um novo ciclo, é comemorada em muitas culturas e já acontecia na mesopotâmia 2.000 anos antes de Cristo. No mundo ocidental, o primeiro dia de cada ano e separado para celebrar desde 46 a.C por um decreto do imperador romando Júlio César. No Brasil, desde 1935, conforme lei publicado pelo presidente Getúlio Vargas, o dia 1 de janeiro é um feriado nacional dedicado à Fraternidade Universal.
Essa parada no início do ano, para refletir sobre a humanidade, também foi proposta pelo papa Paulo VI, em 1967, quando declarou o dia 1 de janeiro como o Dia Mundial da Paz, ressaltando que essa era um causa que deveria unir a humanidade, a despeito de suas crenças.
De certa forma, com essa pausa, começamos o ano dizendo que queremos lembrar que somos todos humanos. Temos a mesma natureza. Apenas das grandes diferenças entre nós, das culturas e religiões diversas, das línguas que não se entendem, somos todos humanos e isso, por si só, deveria nos colocar mais próximos uns dos outros.

O que é ser humano?

A condição humana nos une. Essa é uma realidade. Que condição é essa? O que nos faz humanos e nos liga uns aos outros? O que é ser humano?
A partir de hoje e durante quatro semanas, vamos refletir à luz das Escrituras sobre essa humanidade que nos conecta e tentar compreender a natureza e as implicações da nossa condição humana.
Essa pode parecer uma reflexão teórica, e em parte ela é. Mas vou fazer o meu melhor para compreendermos um pouco mais a respeito do que a Bíblia fala sobre nós e como isso está relacionado tanto com a maneira como vivemos vivemos e encaramos a vida.

Somos criaturas

Umas das primeiras coisas que a Bíblia fala sobre nós é que fomos criados e somos criaturas.
Genesis 1:26–27 NVI
26 Então disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os grandes animais de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão”. 27 Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.

Criação e Dignidade

Entre outras coisas, o texto que lemos afirma que homens e mulheres foram criados por uma decisão de Deus. Somos esclarecidos por essa revelação, de que nossa existência não é um acidente, mas um movimento intencional da parte de Deus.
Imagine agora que você sentado confortavelmente numa linda praia de sua propriedade, satisfeito consigo mesmo, sentindo-se realizado com quem você é, com tudo aquilo de que você precisa a sua disposição. O que faria você se mover dessa condição?
Nada, pastor!
Talvez você não se levantasse, mas Deus se levantou. O texto diz que Deus (mesmo suprido de tudo e plenamente satisfeito consigo mesmo) levantou-se e decidiu criar. Ele trouxe à existência o universo e a vida, incluíndo aí a humanidade.
Com que propósito ele criou? Ainda não sabemos. Mas já fomos esclarecidos que a existência dos seres humanos é intencional, conforme o propósito daquele que nos criou; e isso por si só nos confere dignidade.
Meu sogro tem um caixa onde ele guarda todo tido de tranqueira que ele encontra pelo caminho. Ele vai passando e quando vê algo diferente pelo chão, um pedaço de metal, um parafuso diferente, uma peça com um encaixe, ele leva pra casa e coloca nessa caixa.
Embora minha sogra reclame, dizendo que aquilo tudo é lixo, ele continua juntando. Aquelas pecinhas têm valor em si mesmas, porque foram criadas com um propósito. Várias vezes eu o vi recorrer àquela caixa e encontrar exatamente aquilo que ele estava precisando.
De forma semelhante, não importa se fomos jogados no chão pelo vida ou se nos sentimos sem valor, desprezados, deixados de lado. Nossa existência tem um propósito. Há uma razão para sua vida, e isso confere a você uma dignidade da qual você não deve abrir mão.
Outro aspecto importante é que temos que respeitar, defender e valorizar a dignidade das pessoas com quem convivemos. Elas também foram criadas por Deus com um propósito.
Sempre que virmos alguém se sentindo largado na beira da estrada, precisamos nos levantar e dizer: sua vida tem significado! Você é importante! Sua existência não é um acaso, mas uma parte daquilo que Deus está fazendo nesse mundo..
É como diz uma canção antiga:
Deus tem um plano, em cada criatura Aos astros, Ele dá um céu A cada rio, Ele dá um leito E um caminho para mim traçou
Richard D. Baker
Essa dignidade que decorre da criação intencional de Deus nos conecta com as pessoa. Ela é um traço comum em toda a humanidade. Ser humano é se reconhecer (e reconhecer os outros) como criados por Deus com um propósito.

Imagem e Dignidade

O texto continua e no verso 27 afirma que homens e mulheres foram criados à imagem e semelhança de Deus. E esse simples registro bíblico concede ao ser humano uma dignidade que vai de uma existência com propósito, condição comum a toda a criação. De certa forma, ser humano é levar consigo traços de Deus.
Em 2012, um colecionador muito rico, Josef Renz, adquiriu por uma fortuna um quadro que tinha sido encontrado, esquecido, numa garagem do norte da Áustria. Era uma das primeiras obras do pintor simbolista famoso Gustav Klimt que todos julgavam perdida". Na época, vários peritos e historiadores de arte vieram a público questionar a autenticidade da obra, e disseram que Josef tinha feito um péssimo negócio, comprando por uma fortuna algo que não valia nada.
Mas em 2018, depois de examinar cada detalhe do quadro, os especialistas descobriram duas assinaturas autênticas do autor escondidas na frente e no verso da obra. O pintou deixou no quadro traços de si mesmo, e foi isso que tornou aquela pintura valiosa.
Concordando e ampliando esse entendimento um certo comentarista afirmou que “Deus deixou algo de si mesmo no ser humano.” (ATIENCIA, 1996, p.32). Esse algo de Deus que nós temos, a imagem dele gravada em nós, a semelhança a Ele, é o que nos confere essa dignidade especial.
Por isso, não importa se nos sentimos esquecidos, largados numa garagem qualquer dessa vida. Todo ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus e isso nos torna dignos, importantes e de valor.
Não importa se você tem estado por anos encostado na parede e está coberto de poeira, a assinatura do criador está em você por todos os lados e isso faz de você alguém digno de respeito, cordialidade e consideração.
Todos os seres humanos foram criados à imagem e semelhança de Deus. A assinatura de Deus está em nós. Isso é parte inerente de nossa humanidade.
Conexão
A condição humana nos une. Essa é uma realidade. Que condição é essa? O que nos faz humanos e nos liga uns aos outros? O que é ser humano?
...nossa existência não é um acidente, mas um movimento intencional da parte de Deus.
A assinatura de Deus está em nós. Isso é parte inerente de nossa humanidade.

Dignidade Resgatada

De diversas maneiras a condição, a dignidade e os direitos de ser humano tem sido negados a certos grupos de pessoas. É o processo de desumanização, que nega a o propósito da criação para uma parte da humanidade e que considera o outro menos digno de respeito. Essa desumanização chegou a tal ponto no decorrer da história que muitos foram considerados criaturas sem alma, inferiores aos demais humanos.
Os deficientes já foram considerados sem alma
As pessoas negras já foram consideradas sem alma
Os índios já foram considerados sem alma
O bebê que meche no útero da mãe, sem alma
Os criminosos, também não merecem viver
Os idosos, abandonados, como quem já não é gente
Para cada um desses e de outros grupos foram criadas explicações e justificativas desumanizantes. Não podemos ficar calados. A começar de nós mesmos precisamos resgatar a dignidade que conecta toda a raça humana: fomos criados intencionalmente por Deus à sua imagem e semelhança. Ainda que essa imagem esteja turva e corrompida ela é garantia dada por Deus de que os direitos que temos por causa de nossa condição humana não podem ser suprimidos nem rebaixados. Não há justificativa para fazermos isso uns com os outros.

Deficientes

Durante a história da humanidade, ser uma pessoa com deficiência já foi motivo considerado legítimo para rebaixar e suprimir os direitos de alguém, inclusive o direito à vida.(1)
Na Grécia antiga, filósofos como Platão e Aristóteles, em suas obras mais famosas (A República e A Política), recomendavam à morte por abandono as crianças disformes. Ao Espartanos não interessavam as crianças que não pudessem se tornar guerreiros poderosos, portanto crianças com deficientes ou fracas eram mortas. Na Roma antiga as leis não eram favoráveis às pessoas que nasciam com deficiência. Aos pais era permitido matar as crianças que nasciam com deformidades físicas, pela prática do afogamento. Aqueles que não conseguiam fazê-lo abandonavam seus filhos em cestos no Rio Tibre, ou em outros lugares sagrados.
Na Idade Média a população ignorante da Europa encarava o nascimento de pessoas com deficiência como castigo de Deus. Os supersticiosos viam nelas poderes especiais de feiticeiros ou bruxos. As crianças que sobreviviam eram separadas de suas famílias e quase sempre ridicularizadas. A literatura da época coloca os anões e os corcundas como focos de diversão dos mais abastados.
Em um de seus muitos pontos cegos, o reformador Martinho Lutero justificou moralmente o infanticídio afirmando que as pessoas com deficiência não possuíam natureza humana (desumanização) e eram usadas por maus espíritos, bruxas, fadas e duendes, assim ordenou que crianças com deficiência mental fossem mortas por afogamento.
(1) https://www.ampid.org.br/ampid/Artigos/PD_Historia.php.
No Brasil, em pelo menos 13 diferentes etnias indígenas, crianças recém nascidas têm suas vidas tiradas pelas próprias mães por razões diversas. Crianças com deficiência física, gêmeos, filhos de mãe solteira ou fruto de adultério podem ser vistos como amaldiçoados dependendo da tribo e acabam sendo envenenados, enterrados ou abandonados na selva. O ato é moralmente justificado pela crença de que a vida só chega à criança na primeira mamada; antes disso ela não seria um ser vivo.
https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/12/tradicao-indigena-faz-pais-tirarem-vida-de-crianca-com-deficiencia-fisica.html
Antigo Testamento
O que temos nas Escrituras sobre essa questão? Não há como aprofundar o tema numa reflexão de domingo à noite, mas quero destacar alguns textos que considero importantes:
Leviticus 19:14 NVI
14 “Não amaldiçoem o surdo nem ponham pedra de tropeço à frente do cego, mas temam o seu Deus. Eu sou o Senhor.
Deuteronomy 27:18 NVI
18 ‘Maldito quem fizer o cego errar o caminho’. Todo o povo dirá: ‘Amém!’
O direito à vida foi estabelecido nos 10 mandamentos pela ordem Não Matarás. Jesus, depois, ampliou esse direito à vida, explicando que há muitos tipos de morte que podem ser impostas às pessoas e que nenhuma delas é aceitável. Pois bem, as pessoas com deficiência estão incluídas nesse direito amplo à vida apresentado nos 10 mandamentos e explicado por Jesus.
Mas nestes textos que lemos há algo específico, em que pessoas com deficiências são destacadas. O tratamento dado a elas deve ser respeitoso e de uma forma que facilite suas vidas e não crie mais dificuldades. O direito à vida aqui é um pressuposto, é um fato consumado; o que se trata aqui é sobre oferecer qualidade de vida: não amaldiçoem, não ponham pedra de tropeço, não façam errar o caminho.
Há um contraponto importante no texto de Levítico que precisa ser destacado. Neles somos chamados a temer a Deus. Essa é a recomendação: em vez de tornar a vida das pessoas com deficiência ainda mais difícil, temam a Deus. É impossível não conectar esse chamado ao temor a Deus ao fato de que na pessoa com deficiência temos alguém à imagem e semelhança de Deus. Um ser humano com direitos inalienáveis.
Outro aspecto desse temor a Deus é o fato de que ele é Senhor, isto é, ele é dono de tudo e de todos. Tudo pertence a ele , portanto ele mesmo sairá em defesa daqueles que se acham indefesos e ameaçados. Não tenha dúvidas de que o Senhor está ao lado dos fracos, dos indefesos, dos vitimados, dos oprimidos, dos esquecidos e dos desprezados. Ele lutará por todos que encontram desprezados e abandonados e o melhor é nos juntarmos a ele nisso.
Isaiah 35:4–6 NAA
4 Digam aos desalentados de coração: “Sejam fortes, não tenham medo. Eis aí está o Deus de vocês. A vingança vem, a retribuição de Deus; ele vem para salvar vocês.” 5 Então se abrirão os olhos dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos; 6 os coxos saltarão como as corças, e a língua dos mudos cantará. Pois águas arrebentarão no deserto, e ribeiros, no ermo.
Esse é um texto messiânico. É um chamado à esperança na salvação que virá do Senhor. Ele fala aos sem alento, àqueles que já desistiram de pedir tratamento digno e respeito. O Senhor pede que eles sejam fortes e não fiquem com medo. Porque a retribuição justa de Deus virá sobre aqueles que suprimem ou rebaixam os direitos dos seres humanos criados à imagem e semelhança dele!
E quem são esses, cujos o direito de ser humano estão ameaçados? Certamente são muitos e diferentes. Aqui Isaías faz um recorte para destacar as pessoas com deficiência: cegos, surdos, coxos e mudos são os seus representantes.
Ele anuncia que a realidade que hoje limita as pessoas com deficiência será transformada e que isso é parte da salvação de Deus. Por isso, quando o messias de Deus estiver reinando, os cegos voltarão a ver, surdos a ouvir, coxos a saltar e o mudos... esses cantarão. Que cena maravilhosa o profeta nos ajuda a ver!
O ministério de Jesus
Matthew 11:4–5 NVI
4 Jesus respondeu: “Voltem e anunciem a João o que vocês estão ouvindo e vendo: 5 os cegos vêem, os mancos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e as boas novas são pregadas aos pobres;
Quando Jesus, o messias a quem Isaías se referiu, exerceu seu ministério entre nós, foi possível ver uma amostra do que será a completa restauração da humanidade. Ao ser indagado por seu primo, João Batista, se ele era aquele que eles esperavam, Jesus pintou o mesmo quadro descrito pelo profeta. A diferença é que não era mais apenas uma esperança. As coisas já haviam começado a acontecer.
São inúmeros os relatos nos evangelhos sobre sobre pessoas com deficiências que foram restauradas, tanto em seus corpos como em suas almas: Bartimeu, o cego; o paralítico de Cafarnaum; o homem com a mão atrofiada; o paralítico em Betesda; o garoto surdo-mudo; os dois cegos da Galiléia. Eles são o prenúncio daquilo que um dia será a plena restauração de nossa humanidade.
Os passos da igreja
Acts 14:8–10 NVI
8 Em Listra havia um homem paralítico dos pés, aleijado desde o nascimento, que vivia ali sentado e nunca tinha andado. 9 Ele ouvira Paulo falar. Quando Paulo olhou diretamente para ele e viu que o homem tinha fé para ser curado, 10 disse em alta voz: “Levante-se! Fique em pé!” Com isso, o homem deu um salto e começou a andar.
A igreja em seus primeiros passos continuou dando amostras de que a salvação de Deus implica na restauração do ser humano em sua plenitude. Da mesma forma que acontecia com Jesus, cada corpo curado, cada alma restaurada era como uma seta, apontando para o tempo em que seremos seres humanos completos, inteiros, plenos.
O que nos cabe hoje?
Nós, os que cremos em Jesus, fomos chamados nele a nos juntar a Deus na transformação que devolve à pessoas com deficiência a dignidade de sua humanidade. O que nos cabe hoje? Há muita coisa que pode ser feita.

Pobres

Um grupo tem tido sua dignidade humana violada com frequência são os pobres. E porque estamos aqui, em um bairro pobre da cidade, quero concluir falando sobre essa terrível forma de usurpar, tomar à força a dignidade humana.
A pobreza é um condição que quase sempre é imposta às pessoas por uma estrutura social e econômica cruel, que não se importa em preservar o ser humano. Quase ninguém decide ser pobre, mas ainda que alguém decidisse, a pobreza jamais poderia ser usada como justificativa para fragilizar a dignidade humana.
A pessoa pobre não pode ser menosprezada porque é pobre. Mas isso acontece com muita frequência, principalmente nos centros de consumo, porque o pobre não tem muito o que oferecer. Então, o menosprezo é um forma comum de tratamento, desconhecendo a dignidade do ser humano.
Quem segue a Jesus deve tomar o caminho inverso e prezar, ter apreço, considerar, estima o pobre. Inclusive quando ele, cristão, também for um pobre.
Quem tem poucos recurso pra viver não pode ser humilhado por causa dessa condição. Mas isso também é comum. As pessoas pobres não tem o direito de conviver no mesmo espaço, de entrar pela mesma porta, de comer a mesma comida, de sonhar os mesmos sonhos. Assim, a humanidade lhe vai sendo negada.
Quem segue a Jesus deve tomar o caminho inverso de honrar, reconhecer e respeitar aqueles vivem com bem pouco.
Quem sobrevive com dificuldade não pode ser abandonado em suas necessidades, mas exatamente isso que acontece com frequência. Em nome de uma ideologia política e econômica do “salve-se com puder”, os pobres são considerados preguiçosos, despreparados e portanto o sofrimento deles é legítimo. Algumas pessoas até argumentam com texto bíblicos para validar a pobreza dos outros.
Quem segue a Jesus toma o caminho inverso, de acolher e suprir os que passam dificuldades, socorrendo como puderem.
Quem passa necessidade não pode ser motivo de pilhéria. Mas o pobre é vítima constante da zombaria. Sua lutas, limitações e dificuldades são banalizadas, normalizadas e viram piada, roubando-lhe da mesma fora a humanidade.
Quem segue a Jesus toma o caminho inverso da pilhéria, de considerar e valorizar os que passam necessidades, reconhecendo assim a dignidade que os cobre.
Leis no Antigo Testamento
Várias leis do Antigo Testamento tinha o propósito de preservar a dignidade humana, mesmo quando a situação se tornasse difícil.
Deuteronomy 15:1–5 NVI
1 “No final de cada sete anos as dívidas deverão ser canceladas. 2 Isso deverá ser feito da seguinte forma: todo credor cancelará o empréstimo que fez ao seu próximo. Nenhum israelita exigirá pagamento de seu próximo ou de seu parente, porque foi proclamado o tempo do Senhor para o cancelamento das dívidas. 3 Vocês poderão exigir pagamento do estrangeiro, mas terão que cancelar qualquer dívida de seus irmãos israelitas. 4 Assim, não deverá haver pobre algum no meio de vocês, pois na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes está dando como herança para que dela tomem posse, ele os abençoará ricamente, 5 contanto que obedeçam em tudo ao Senhor, o seu Deus, e ponham em prática toda esta lei que hoje lhes estou dando.
O ministério de Jesus
Jesus deu total atenção aos pobres em seu ministério. Ele os alimentou, os curou, falou em favor deles, questionou a aqueles que os exploravam e por fim anunciou a eles a boa notícia do amor de Deus. O Senhor resgatou e preservou a dignidade humana das pessoas pobres.
Matthew 11:4–5 NVI
4 Jesus respondeu: “Voltem e anunciem a João o que vocês estão ouvindo e vendo: 5 os cegos vêem, os mancos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e as boas novas são pregadas aos pobres;
Os passos da igreja
A igreja seguiu os passos de Jesus. Em uma reunião da qual participaram Tiago, Pedro, João, Paulo e Barnabé. Um dos assuntos de destaque foi o resgate da dignidade dos pobres.
Galatians 2:9–10 NVI
9 Reconhecendo a graça que me fora concedida, Tiago, Pedro e João, tidos como colunas, estenderam a mão direita a mim e a Barnabé em sinal de comunhão. Eles concordaram em que devíamos nos dirigir aos gentios, e eles, aos circuncisos. 10 Somente pediram que nos lembrássemos dos pobres, o que me esforcei por fazer.

Anotações finais

O que é ser humano. Vimos que de acordo com as Escrituras, está ligada ao nosso reconhecimento como criaturas de Deus. Não temos vida em nós mesmos, tudo que temos e somos vem daquele que nos criou. Ele é a vida; nos apenas recebemos dele.
Ao reconhecer que fomos criados, como as Escrituras nos revelam, devemos abraçar a convicção de que nossa existência tem um propósito e também de que nossa dignidade transborda a imagem e semelhança de Deus em nós. Essa é uma dignidade é inalienável e deve ser concedida, protegida e jamais violada.
No entanto, no mundo caído em que vivemos...
Os deficientes já foram considerados sem alma
As pessoas negras já foram consideradas sem alma
Os índios já foram considerados sem alma
O bebê que meche no útero da mãe, sem alma
Os criminosos, também não merecem viver
Os idosos, abandonados, porque são menos humanos
Além disso há os pobres, que são tratados como seres humanos de segunda categoria.
Mas quem decidir conhecer o que dizem as Escritura sobre isso vai se deparar com um Deus que trabalha em prol de resgatar e manter a dignidade de sua criação.
Quanto ao pobres podemos ouvir as leis do antigo testamento, olhar para o ministério de Jesus ou mesmo acompanhar os passos da igreja. Sempre seremos alcançados pelo amor de Deus.
Ele nos criou humanos; conforme sua imagem e semelhança, mas humanos. Por isso ele trabalha para que o ser humano seja tudo que Ele planejou para nós.
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