Evitando o Legalismo

O Caminho da Cruz  •  Sermon  •  Submitted
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Introdução

Domingo passado vimos que o caminho da cruz começa onde estamos. Nem sempre é fácil perceber e reconhecer que estamos fora dele, porque muitas vezes estamos certos de estar fazendo a coisa certa. Mas nós precisamos fazer um esforço para reconhecer onde estamos de fato e o quanto estamos distantes do caminho da cruz.
Luke 10:41–42 VFL
41 O Senhor lhe respondeu: —Marta, Marta! Você se preocupa e se incomoda com muitas coisas! 42 Somente uma coisa é necessária! Eu digo isto porque Maria escolheu a melhor parte por si mesma e isso não lhe será tirado.
Marta não tinha dúvida de que estava fazendo a coisa certa. Jesus havia chegado a sua casa e era preciso tomar as providencias necessárias para recebê-lo bem. Marta pode ser elogiada, porque ela se concentrou nas necessidades de Jesus, mas sua maneira de servi-lo estava centrada nela mesma e no seu esforço para fazer a coisa certa. Ela queria agradar Jesus com sua dedicação pessoal.
Maria talvez tivesse dúvida de que estava fazendo a coisa certa. Mas Jesus havia chegado a sua casa e ela não podia perder a oportunidade de ouvi-lo. Maria pode ser criticada, porque ela se concentrou em suas próprias necessidades, mas ao entrega-se à companhia de Jesus para supri-las, demonstrou que o centro da sua vida era o Senhor. Ela queria alimentar-se da vida que há nele.
Marta escolheu a si mesma como a fonte para atender as necessidades de Jesus e acabou confusa, sem reconhecer o caminho da cruz; Maria escolheu Jesus como a fonte para atender suas necessidades e isso a levou direto para o caminho da cruz.
Enquanto, na prática, Marta vivia no centro de sua própria vida, Maria tornou Jesus o centro da vida dela.

O centro é Cristo

Na carta que escreveu aos Colossenses, o apóstolo Paulo procurou explicar a dimensão da centralidade de Cristo.
Colossians 1:17–20 VFL
17 Cristo já existia antes de todas as coisas e tudo continua a existir por causa do seu poder. 18 Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja. Ele é o princípio de todas as coisas e foi o primeiro a ressuscitar dos mortos a fim de que tenha o primeiro lugar em tudo. 19 Pois Deus, em toda a sua plenitude, escolheu habitar em Cristo 20 e, por meio do próprio Cristo, resolveu trazer de volta para si todas as coisas, tanto as da terra como as do céu. Assim Deus estabeleceu a paz por meio do sangue de Cristo que foi derramado na cruz.
Na economia da trindade, o Pai fez do Filho o centro de tudo que existe no universo. Então Ele nos convida a fazermos de Jesus (sua pessoa, palavra e obra) o destino das nossas vidas. Esse é o Caminho da Cruz. Ele começa onde você está e o leva até Cristo.
A essência do evangelho é a boa notícia de que Deus tomou a iniciativa de fazer as pazes com a gente. Em vez de nos cobrar o preço do nosso pecado, ele cobrou de Jesus, na cruz. O centro do evangelho é a cruz de Cristo e sua ressurreição.

Sem fórmulas mágicas

Mas como eu faço para sair de onde eu estou e caminhar em direção à cruz de Cristo. Jesus diz que o caminho para cruz é segui-lo, isto é, caminhar com ele.
John 12:26 NTLH
26 Quem quiser me servir siga-me; e, onde eu estiver, ali também estará esse meu servo. E o meu Pai honrará todos os que me servem.
Matthew 4:19 VFL
19 quando Jesus lhes disse: —Sigam-me e eu os ensinarei a serem pescadores de pessoas.
Matthew 16:24 VFL
24 E Jesus, então, disse aos seus discípulos: —Se alguém quiser vir comigo, tem que negar a si mesmo, pegar a sua cruz e me seguir.
No Caminho da Cruz, portanto, não há fórmulas mágicas, mas o chamado para uma jornada pessoal de relacionamento com Cristo. Isso é mais que usar um mapa ou observar as placas; é andar com um guia experiente ao seu lado.
Seja com mapas ou placas, e ainda que a jornada seja única, quando observamos a caminhada de outros discípulo, é fácil ver que temos falas comuns entre nós.
Hoje e no domingo 26/03 vamos refletir sobre dois desvios, capazes de nos afastar do Caminho da Cruz: o legalismo e a culpa.

Legalismo Religioso

Quero começar apresentando algumas definições. Em seguida acompanhar o surgimento de um legalista, depois veremos alguns de seus sintomas e por fim o antídoto que Palavra de Deus nos oferece.
Legalismo é um sistema de punições e recompensas que promete o amor de Deus para quem obedece suas regras.
Legalismo é a tentativa de obter, por esforço próprio, a justificação de Deus quanto à condição de pecador.
Legalismo é pretender alcançar o perdão de Deus e sua aceitação por meio da obediência a Ele.
O legalismo é um dos mais terríveis inimigos da graça de Deus. Ele é fruto de um coração desconfiado e temeroso, que se sente mais seguro quando acha que está no controle.
O legalismo parece dócil e obediente, mas tem cheiro de arrogância. Por se negar a admitir sua condição de pecador, o legalista luta contra seu pecado com todas as suas forças, esperando que Deus o ame por seu esforço.

Como surgem os legalistas?

O legalismo é mazela dos crentes. Ele surge do meio de pessoas que têm o desejo de agradar a Deus. São pessoas dedicadas e dispostas a obedecer.
Alexandre é um cristão novinho em folha. Ele tem um amor genuíno por Jesus, mas tem muito a aprender sobre a vida com Cristo e o Caminho da Cruz.
Miguel, seu amigo, percebendo que Alexandre tinha dificuldades para ler a Bíblia, ofereceu-lhe um plano de leitura das Escrituras em um ano. Alexandre ficou maravilhado e começou imediatamente. Alexandre era uma alegria só com a leitura da Palavra de Deus.
De fato, todos queriam ajudar. Depois de Miguel ter apresentado o plano de leitura da Bíblia, Joel o incentivou a meditar nas escrituras, André ressaltou as maravilhas de participar de um grupo de prestação de conta de homens e, em um sermão, o seu pastor falou da grande importância das reuniões de oração.
Não demorou muito para Alexandre se tornar um crente muito ocupado. Além das leitura diárias, do grupo de homens e da reunião de oração, Ele participou de uma conferência sobre missões e começou jejuar, depois de ver um vídeo na internet sobre a santidade do viver.
Aos poucos Alexandre foi acrescentando mais e mais atividades espirituais à sua agenda. Mas a alegria de participar dessas atividades foi diminuindo à medida que elas se tornavam estratégias para marcar pontos com Deus.
Alexandre perdeu de vista o Caminho da Cruz e enveredou pelo legalismo religioso quando começou a considerar a frequências aos cultos e as disciplinas espirituais como meios para ser amado por Deus e não uma resposta ao amor de Deus por ele.

Quais são os sintomas?

Os sintomas do legalismo difusos. A pessoa legalista vê a vida de uma perspectiva muito diferente de Jesus.
Para resumir esses sintomas vou me valer de aqui de um coleção, apresentados por Peter Mead no blog Pregação Bíblica e citado pelo Dr. Stefan Kürle.

Atitude negativa

Atitude negativa sobre agradar a Deus. Obedecer é mais um dever do que um prazer. A pessoa se vê mais como servo em busca de aprovação, e menos como filho amado por causa de Cristo.

Atitude competitiva

Atitude competitiva em relação aos outros. Está sempre se comparando. “Eles não alcançam o meu padrão”.

Atitude orgulhosa

Atitude orgulhosa sobre si mesmo. Pode até aparecer como auto-desprezo, às vezes, quando falha, mas quando a autoavaliação é negativa mexe profundamente com a autoestima.

Foco distraído

O coração esta voltado para si mesmo, as regras e os outros, muito mais do que para o próprio Cristo.

Visão corrompida

Uma visão corrompida da relação de amor. Obedece a fim de ser amado, ao invés de obedecer porque sou amado.

Espelho quebrado

Uma representação quebrada da trindade. Obedece para ganhar mérito, perde-se a beleza de viver como Jesus: um Filho amorosamente obedecendo a seu pai em uma resposta de amor ao amor.

Desgosto seletivo

Desgosto seletivo em relação ao pecado. Desagrada-se com os pecados que o incomodam (aqueles que vence mais facilidade), mas é silencioso com seus pecados de estimação.

Conversa desproporcional

Tem muito mais a dizer sobre regras, normas, leis e avaliação dos outros do que sobre a maravilha de Cristo.

Personalidade amargurada

Reflete uma tensão interna, uma acidez, raiva ou negatividade, ao invés de uma manifestação cada vez mais natural do fruto do Espírito (amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio)

Vulnerabilidade restrita

Faz algumas declarações das próprias fraquezas, mas é reticente em revelar muito do seu eu interior.

A verdade liberta

Se você identificou em si mesmo os sintomas do legalismo é hora de voltar para Caminho da Cruz. Confie no Senhor, ele pode desfazer os enganos do legalismo.
A libertação do legalismo é obra do Espírito de Deus. Porque é o Espírito que nos convence do pecado, da justiça e do juízo. É Ele quem revela a verdade. Deixe-me compartilhar novamente algumas coisas antigas que talvez você já tenha ouvido.
Romans 3:10 NVI
10 Como está escrito: “Não há nenhum justo, nem um sequer;
Ninguém tem direitos diante de Deus por causa de sua própria justiça. Não há um só que seja justo por si mesmo! E não é preciso ser muito perspicaz para descobrir isso. Basta que sua consciência não esteja cauterizada para você concordar com Isaías e apóstolo Paulo.
Isaiah 64:6 BKJ 1611
6 Todos nós, porém, somos como uma coisa impura, e todas as nossas justiças são como trapos imundos; e todos nós iremos murchar como uma folha. E nossas iniquidades, como o vento, nos têm arrastado.
Romans 3:23 VFL
23 pois todas pecaram e portanto estão afastadas da glória de Deus.
Como é possível que um Deus completamente justo nos receba em sua presença, quando nós não somos nada justos? Muitos judeus acreditavam que poderiam alcançar essa posição diante de Deus esforçando-se para fazer as coisas da maneira certa.
Paulo, no entanto, escrevendo tanto aos Gálatas quanto aos Romanos, explica que isso é impossível e que a justificação é uma obra de Deus por meio da fé no sacrifício de Jesus.
Galatians 2:16 NVI
16 sabemos que ninguém é justificado pela prática da Lei, mas mediante a fé em Jesus Cristo. Assim, nós também cremos em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pela prática da Lei, porque pela prática da Lei ninguém será justificado.
Romans 3:24 NVI
24 sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus.
Eis o poder da Cruz de Cristo! Deus lhe entrega as credencias de justo, não pelo seu esforço em fazer tudo certinho, mas por causa da sua fé em Cristo Jesus, o único justo. A justiça de Cristo é creditada na sua conta.
Depois de justificados, entramos em uma processo santificação através do qual o Espírito de Deus vai moldando em nós o caráter de Jesus Cristo. Assim a justiça de Cristo vai sendo aplicada às nossas vidas, dia a dia.
A justificação é um ato soberano de Deus, não depende em nada de nós. Até a fé para crer em Jesus é um presente Dele. Já a santificação é um processo no qual a nossa vontade tem interferência. Uma vez justificados estamos livres para buscar o aperfeiçoamento.
De certa forma, o legalista mistura as coisas e não faz diferença entre justificação e santificação. Ele acha que se tentar ser santo pelo seu próprio esforço, Deus irá considerá-lo justo. Ele não compreende que é preciso primeiro ser declarado justo pela fé em Cristo, para em seguida buscar a santidade.

Conclusão

Ninguém que esteja no caminho do legalismo precisa permanecer nele. Na verdade você precisa rejeitar esse modo de ver a vida e olhar para si mesmo e para outros como olhos do amor gracioso de Deus.
Recupere sua confiança no sacrifício de Cristo e quebre as algemas do legalismo com o martelo da confiança na cruz de Cristo.
Cântico: Humilhados diante de ti, nós teu povo....
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