Livrando-se da culpa
O Caminho da Cruz • Sermon • Submitted • Presented
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Introdução
Introdução
Já vimos que o caminho da cruz começa onde estamos e vai na direção de Jesus. Portanto, reconhecer qual nosso ponto de partida nessa jornada de fé, e para qual direção estamos indo é muito importante nessa caminhada.
Vimos como o legalismo é capaz de nos desviar do caminho da cruz, levando-nos a confiar em nós mesmos e a rejeitar educadamente a graça de Deus.
Hoje vamos pensar sobre os estragos que a culpa pode fazer em nossa jornada e a maravilhosa provisão de Deus para todos os culpados.
Excesso de bagagem
Excesso de bagagem
Max Lucado, um dos escritores cristãos mais lidos nesse início de século, escreveu um livro chamado “Aliviando a Bagagem”. Para ele nossas inseguranças, aflições, temores e decepções são como malas que vamos juntando sem perceber e acabam se tornando pesadas demais para carregarmos.
Nos aeroportos, há um limite de peso na bagagem que pode ser levada dentro da cabine da aeronave. Por isso, os passageiros despacham as malas pesadas para o setor de cargas e ficam com as mais leves.
Mas tem gente que prefere o desconforto das malas pesadas a ficar longe de seus pertences. No saguão do aeroporto, ele caminha meio torno com o peso da bagagem de mão, mas faz de conta que tá tudo certo, pra não ter que despachar a bagagem.
Na jornada da vida cristã não tem bagagem de mão. Todo o peso precisa ser despachado aos cuidados do Filho de Deus, para não nos desviar do rota. No caminho da cruz precisamos seguir o conselho do escritor de Hebreus:
1 Portanto, visto que nós também estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos de lado todo o peso, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a corrida que está proposta diante de nós.
Malas de culpa
Malas de culpa
Uma das bagagens que as pessoas mais levam consigo é a culpa. Ela é um pacote pequeno e cabe em qualquer lugar, mas é pesada como chumbo.
Paul Tournier, psicólogo cristão suíço, escreveu um livro, cujo título é “Culpa e Graça”, onde ele desenvolve o conceito de falsa culpa e culpa verdadeira.
Ele afirma que a falsa culpa é uma resposta aos julgamentos das outras pessoas sobre nós; a gente se sente culpado por não atender as expectativas dos outros. Já a culpa verdadeira surge das situações em que, no secreto de nosso coração, Deus nos reprova; seja através de nossas consciências ou de sua Palavra.
Verdadeira ou falsa, a culpa é uma bagagem pesada que torna a vida triste e desanima o coração.
Aqueles que andam em seus próprios caminhos e insistem em carregar suas culpas, levam consigo sua própria condenação e acabam vivendo vidas sofridas e sem esperança para a eternidade.
Mas no caminho da cruz quem está cansados e sobrecarregado com fardos de culpa pode despachar sua bagagem e enviá-los direto para Cruz de Cristo. Sem dúvida o caminho será mais leve sem esse pesos.
Cargas pesadas
Cargas pesadas
No século XVII, o inglês John Bunyan, encarcerado em uma masmorra escreveu um livro que ainda hoje é um best seller: O Peregrino. Nesse livro ele descreve a jornada de um homem chamado Cristão.
No segundo parágrafo do livro, Bunyan descreve assim a agonia de Cristão.
“Vi um homem coberto de andrajos, de pé, e com as costas voltadas para a sua habitação, tendo sobre os ombros uma pesada carga e não mãos um livro. Olhei para ele com atenção e vi que abria o livro e o lia; e, à proporção que o ia lendo, chorava e estremecia, até que não podendo conter-se por mais tempo, soltou um doloroso gemido, e exclamou: Que hei de fazer?”
Ao ler aquele livro, Cristão deu-se conta do próprio pecado, o que é uma experiência terrível porque o pecado é destruidor. Quando descobrimos nossa condição de pecador, malas de culpa surgem em nossas mãos. E isso faz parte do caminho da Cruz.
No caminho da cruz somos confrontados com a realidade do nosso pecado. Ele será anunciado por nossos amigos e também por nossos inimigos. Tanto nossas consciências quanto a Palavra de Deus nos acusarão e nós nos sentiremos culpados.
O que fazer com os fardos pesados que são colocados sobre nossos ombros, e que nos fazem andar curvados pela vida? Deus tem um tratamento para a culpa e esse tratamento é andar com Cristo pelo caminho da cruz.
Ir para Jesus
Ir para Jesus
Jesus mesmo explicou isso quando fez o tão famoso convite:
28 — Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu os aliviarei.
Viver a vida com Jesus é a única forma de despacharmos as pesadas cargas da culpa que temos arrastado pela vida. O alívio de que tanto precisamos está disponível para aqueles que andam pelo caminho da cruz. Mas não é algo de uma dia só; acontece todos os dias, a vida inteira.
Mesmo diante da promessa de Jesus, há pessoas que não entendem como é possível deixar de sentir-se culpado por seus pecados, porque a culpa que sentem é algo muito real. Você precisa compreender que ainda mais real é a morte e a ressurreição do filho de Deus.
1 Portanto, agora já não há condenação para as pessoas que estão em Cristo Jesus.
Por que não há mais condenação para as pessoas que estão em Cristo? Porque ele já foi condenado por você.
Não importa os pecados que tenha cometido. Não importa se o passado assombra sua mente. Cristo se fez culpado em seu lugar, para que você não precise levar sobre si o peso da sua culpa.
Aqueles que trilham o caminho da Cruz não precisam mais levar consigo as malas de culpa por seus pecados. Toda as acusações e a condenação que pesavam sobre você foram colocadas sobre Jesus. Basta que você confie e entregue tudo pra ele.
Essa é a boa notícia do evangelho, que antes fora anunciada pelos profetas e que ecoa no ensino dos apóstolos: Deus teve compaixão de nós. Ele nos amou providenciando para nós um escape.
4 Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças; contudo nós o consideramos castigado por Deus, por Deus atingido e afligido.
5 Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados.
6 Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós.
18 O próprio Cristo morreu pelos nossos pecados de uma vez por todas. O inocente morreu pelos culpados, para que pudesse levar vocês a Deus. Ele morreu com relação ao corpo, mas com relação ao espírito, tornou a viver.
1 Agora, irmãos, quero lembrar a vocês das Boas Novas que lhes anunciei. Vocês as receberam e ainda continuam firmes nelas.
2 Por elas vocês também são salvos, se continuarem a crer naquilo que lhes ensinei. A não ser que não tenha adiantado nada vocês crerem nele.
3 Antes de tudo eu ensinei a vocês o que eu também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, como dizem as Escrituras.
4 Ele foi sepultado e, no terceiro dia, foi ressuscitado, como também dizem as Escrituras.
14 Pois o que nos motiva é o amor de Cristo, porque concluímos que, se um morreu por todos, logo, todos morreram.
15 E ele morreu por todos para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.
Porque você teima em levar bagagens tão pesadas em suas costas? Porque você teima em andar com fardos tão pesados quando o Senhor Jesus lhe oferece um fardo leve?
Em nome de Jesus abandone o fardo da culpa. Quando ela tentar subir em seus ombros, apresente para ela a Cruz de Cristo. Ele foi condenado por você, ele foi culpado por você, ele foi morto por você para que você tenha vida e vida abundante. Não jogue fora esse presente de Deus!
Como faço isso?
Como faço isso?
O fardo da culpa normalmente se encontra muito bem amarrado sobre os nossos ombros. Pode ser que você esteja há tanto tempo andando com ele que até já se esqueceu da sensação de estar livre. Você anda torto e sobrecarregado pelas ruas da cidade e não entende por que não consegue ir mais longe. Você até aceitou a Jesus como seu salvador, mas parece que continua difícil de andar.
Por isso, quero concluir a reflexão de hoje apresentando alguns passos práticos que podem lhe ajudar a desatar os nós que prendem os fardos de culpa sobre os seus ombros.
1º Passo
Sem promessas
Sem promessas
Culpa e legalismo quase sempre estão juntos. Então aprenda a perceber quando você é tentado a resolver os sentimentos de culpa com atitudes legalistas e faça diferente.
O sujeito se sente culpado porque foi grosseiro com a esposa, aí promete a Deus que vai ler a Bíblia todos os dias;
A mãe se consome de culpa porque não consegue controlar sua ira, aí assume o compromisso de ir a todos os cultos de oração nos próximos dois meses.
O jovem é tomado pela culpa por causa dos pensamentos lascivos que assediam sua mente, aí promete que vai participar de todos os cultos da igreja e jejuar nas segundas-feiras.
Combater a culpa com com promessas religiosas não vai funcionar. O resultado é um espiral de tristeza e depressão. As muitas decepções com nossa própria performance roubam a esperança, tornam o coração insensível e transforma a alegria em tristeza.
É preciso estar completamente decepcionado consigo mesmo para começar a usufruir na graça de Deus.
Ninguém pode confiar nos méritos de Cristo até que tenha renunciado totalmente aos seus.
John Wesley
Admitir e confessar o próprio pecado são um caminho muito melhor.
2º Passo
Admita e confesse
Admita e confesse
Admita e confesse o pecado que alimenta sua culpa.
8 Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.
9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça.
10 Se afirmarmos que não temos cometido pecado, fazemos de Deus um mentiroso, e a sua palavra não está em nós.
A confissão das obras más é o início das boas obras.
Agostinho de Hipona
A confissão interrompe o fluxo de culpa e abre as portas para o perdão de Deus. Quando o pecado é confessado a culpa perde o seu poder e somos alcançados pelo poder curador da sua graça. É assim que Tiago explica:
16 Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz.
3º Passo
Perdão e Graça
Perdão e Graça
Peça perdão e receba a graça de Deus.
A confissão de fato interrompe o fluxo da culpa, mas é o perdão recebido por um coração arrependido que limpa a casa. Para se livra dos fardos da culpa, não basta confessar os pecados e arrepender-se. É preciso receber o perdão de Deus confiando em suas promessas:
A confissão, não há dúvida, intervém, mas devemos ir além disto e considerar que é a fé que, ao descerrar nossos corações e mover nossas línguas, realmente obtém o perdão.
João Calvino
14 se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra.
9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça.
Lembre-se que o perdão de Deus é por causa de Jesus. Não é porque você é uma pessoa legal. Deus nos perdoa por causa dos méritos de Jesus Cristo, porque ele suportou a cruz em nosso lugar.
Se o perdão de Deus dependesse de você, realmente você poderia se preocupar, mas como depende de Jesus, você pode confiar.
4º Passo
Rejeite a culpa
Rejeite a culpa
Rejeite a culpa pelos pecados já perdoados
Perdoar a nós mesmos depois que Deus nos perdoou é um dever, bem como um privilégio.
R. C. Sproul
16 Não sejas justo demais, nem sábio demais; por que te destruirias a ti mesmo?
Se você admitiu, confessou e pediu perdão, está perdoado. Não aceite que o acusador do povo de Deus continue lhe apontando o dedo. Clame pelo sangue de Jesus.
Não se permita revirar o passado mentalmente e ruminar os erros cometidos. Se você pediu perdão, esta perdoado. Rejeite essa falsa culpa e se esconda atrás da cruz de Cristo.
Avalie se essa exigência exagerada sobre si mesmo não é falta de confiança no amor de Deus e o apego a alguma esperança de justiça própria. Se Deus já o perdoou, porque você quer ser mais exigente que ele?
E lembre-se: Não é pelos meus méritos é pelos méritos de Cristo na cruz do calvário.