Exposição de Colossenses 1

João Pedro Batista Sizinio

Colossenses • Sermon • Submitted a year ago • Presented a year ago

Colossians 2

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Notes

Transcript

Colossians 1 ARA

1 Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por vontade de Deus, e o irmão Timóteo, 2 aos santos e fiéis irmãos em Cristo que se encontram em Colossos, graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nosso Pai. 3 Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós, 4 desde que ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que tendes para com todos os santos; 5 por causa da esperança que vos está preservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho, 6 que chegou até vós; como também, em todo o mundo, está produzindo fruto e crescendo, tal acontece entre vós, desde o dia em que ouvistes e entendestes a graça de Deus na verdade; 7 segundo fostes instruídos por Epafras, nosso amado conservo e, quanto a vós outros, fiel ministro de Cristo, 8 o qual também nos relatou do vosso amor no Espírito. 9 Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; 10 a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus; 11 sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria, 12 dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz. 13 Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, 14 no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. 15 Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; 16 pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. 17 Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. 18 Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, 19 porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude 20 e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus. 21 E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas, 22 agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis, 23 se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes e que foi pregado a toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me tornei ministro. 24 Agora, me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo, que é a igreja; 25 da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus: 26 o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; 27 aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória; 28 o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo; 29 para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim.

Introdução

Nesta semana eu estava conversando com um grande amigo meu sobre a simplicidade e a complexidade da Bíblia como um todo. Quando estamos diante da Escritura, diante do texto que é a Palavra de Deus, temos, resumidamente, 3 tarefas diante dela: interpretar - entender o que aquele texto está dizendo - captar as implicações do texto - isto é, construir pontes entre as situações que estavam ocorrendo no contexto bíblico e as situações da nossa vida - e, por fim, tirar aplicações do texto - extrair da Escritura como devemos agir, o que temos que fazer, no que precisamos crer.

Mas é fato que há diversos livros, textos e passagens bíblicas em que temos certa dificuldade para fazer exercício diante da Palavra de Deus. Isso não significa ser impossível entender o que Deus tem a nos dizer, mas, às vezes, por existir uma grande diferença no tempo, no contexto cultural e até na forma como as pessoas dos diferentes tempos bíblicos viviam e como nós vivemos, precisamos fazer um esforço maior para interpretar, perceber as implicações e aplicar o texto bíblico.

Mas, um dos textos bíblicos da Palavra de Deus que são fáceis de nos enxergarmos nele é o que está em Colossenses.

Hoje, estamos dando início à série de mensagens de exposição da carta aos Colossenses e é importante você saber que ela não surge do nada. Ela tem seu propósito e suas circunstâncias. Foi escrita pelo apóstolo Paulo que, embora nunca tenha visitado a cidade de Colossos (Cl 2.1), tem algo extremamente importante a dizer a estes irmãos na fé. Uma das características das cartas e epístolas do NT é o fato de que elas surgem como uma resposta a algo que estava acontecendo com aquele povo/igreja/comunidade. É assim quando Paulo escreve aos Gálatas, que estavam em perigo dando ouvidos a um “outro evangelho” pregado por falsos mestres; isso acontece em 2Coríntios, onde Paulo recebe de Tito a notícia da existência de um grupo que continuava a se opor e minar a autoridade de Paulo, agora sob o amparo de alguns homens que se declaravam superiores a Paulo e mais dignos da obediência e do apoio da igreja.

Mas o que estava acontecendo na igreja dos colossenses que fez Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, escrever esta carta?

A igreja na cidade de Colossos foi fundada por um colossense chamado Epafras e, cerca de cinco a sete anos depois, Epafras se reuniu com Paulo na prisão, em Roma (Cl 4.12, 13; cf. At 28), para falar ao apóstolo sobre um ensino estranho que ameaçava a saúde de sua igreja e para estar com Paulo a fim de orarem por esta e outras igrejas daquela região. Ou seja, o surgimento de um ensino falso, mentiroso, é o gatilho para a escrita de Paulo aos irmãos colossenses.

Os cristãos a quem Paulo se dirige nesta carta estavam, provavelmente, lutando com uma forma de filosofia ou "espiritualidade" judaica, de influência grega, que via os cristãos como ainda vulneráveis às forças espirituais. Pensava-se que essas forças espirituais do mal precisavam ser combatidas por meio da obediência à dieta de certas comidas e bebidas, e por honrarem certos dias prescritos nas leis cerimoniais do Antigo Testamento. A epístola destina-se a ajudar os crentes a entenderem que, a fim de ganhar aceitação diante de Deus, precisam somente de Cristo. Deus já os aceitou por causa de Cristo crucificado e ressuscitado, a quem eles estão unidos.

O ensino da Palavra e do conjunto de verdades a respeito do cristianismo (doutrina) era um tesouro valioso pelo qual Paulo se desgastava em guardar e proteger.

Por isso o estilo de pregação e de ensino de uma igreja deve ser analisado pelos irmãos. Num lugar onde mais se fala sobre ideias rasas, superficiais, motivacionais, quem têm como alvo o bem estar das pessoas, onde a Escritura não é aberta e o texto bíblico, qual cremos ser a Palavra de Deus, não é apresentado, explicado e aplicado à vida da igreja, há um grave problema com esta igreja!

A doutrina é tão importante para o apóstolo que isso determina até a estrutura da sua carta. A primeira metade de Colossenses (Cl 1.1-2.23) é composta de ensino doutrinário e a segunda metade (Cl 3.1-4.18) consiste nas aplicações da doutrina à vida dos irmãos. O destaque aqui é que a aplicação - o como viver e o que fazer - da segunda metade da carta flui diretamente do ensino doutrinário que Paulo faz nos primeiros capítulos dela. Esse padrão ressalta não somente o fato de que o viver cristão está alicerçado na doutrina cristã, mas, também, de que o cristão encontra seus motivos e recursos para o viver cristão não em si mesmo, mas no Deus, que o salvou.

Desenvolvimento

Nós teríamos textos suficientes neste primeiro capítulo para expor detalhes preciosos que Paulo cita aqui. Mas, para sermos objetivos e simples, quero chamar sua atenção para o trecho mais importante do capítulo.

Nos versos 1 a 2, Paulo saúda os irmãos de Colossos, como é de costume em suas cartas.

Nos versos 3 a 8, Paulo demonstra sua gratidão a Deus pelo que ouviu de Epafras a respeito dos irmãos colossenses. A notícia de que aqueles irmãos haviam ouvido e crido no evangelho de Jesus gerou alegria e gratidão a Deus em Paulo. Paulo deixa claro, nos versos 4 e 6, que está se dirigindo a pessoas que já tinham fé em Cristo e que já haviam “entendido a graça de Deus na verdade”. Estes fatos, inclusive, são motivo da gratidão de Paulo.

A declaração de Paulo ora pelos colossenses - nos versos 9 a 12 - também parte do fato de que eles já conheciam consideravelmente o evangelho Cl 1.5. “Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir (...)”; qual razão? O fato de que eles tinham a fé em Cristo e andavam em amor para com os outros irmãos.

É interessante que Paulo não considera o simples conhecimento do Evangelho e alguma mudança no jeito de viver dos colossenses como um estágio final da vida do crente. A oração de Paulo demonstra que a caminhada da vida de alguém não termina quando este é encontrado por Jesus. Este, na verdade, é o ponto de partida, mas, agora, em uma vida totalmente transformada por este encontro - isso fica ainda mais claro em Cl 1.13, quando entendemos que Ele nos transportou de uma realidade para outra. Paulo ora para que eles:

transbordem de pleno conhecimento da vontade de Deus, em sabedoria e entendimento espiritual

vivam de modo digno do Senhor, para o Seu agrado

frutifiquem em toda boa obra

cresçam no pleno conhecimento de Deus

sejam fortalecidos com todo o poder

vivam dando graças ao Pai

Parte principal do capítulo (Cl 1.13-23)

Diferente de nós, que quando queremos dar ênfase e destaque a algo que queremos escrever escrevemos em letra maiúscula, colocamos um monte de ponto de exclamação, destacamos o texto em negrito, sublinhado e com marca texto amarelo, a forma dos autores bíblicos destacarem o ponto central do que eles querem dizer é a repetição. Uma leitura atenta do capítulo um de Colossenses vai deixar claro o que - ou “a quem - Paulo quer dar destaque. Há 29 citações diretas à pessoa de Jesus só no capítulo 1 da carta. Isso mostra que Cristo é fundamental para o que Paulo quer dizer aqueles irmãos.

Paulo usa o primeiro capítulo para estabelecer a base, o fundamento, sobre o qual ele construirá as argumentações no restante da carta. O argumento principal é este: que Cristo é supremo e pleno em e sobre todas as coisas criadas, no céu ou na terra, visíveis ou invisíveis.

Cl 1.13-14 “13 Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, 14 no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.”

Paulo, logo de cara, expõe o que Cristo fez por nós. “Domínio das trevas”, aqui, refere-se exatamente ao reino de Satanás. A imagem que Paulo constrói é a de que, antes de Jesus transportar os que são Seus para o Reino de Deus, estas pessoas viviam sob o domínio, o reinado, de Satanás. É preciso destacar essa afirmação, pois ela esclarece de onde saímos e, sem saber de onde Deus nos tirou, não entendemos Cristo e a grandiosidade da Sua obra. Se não entendermos de onde Deus nos tirou, não teremos consciência de onde estamos e para onde Deus está nos levando.

O texto diz ainda que Cristo “nos transportou”. Esse transporte que Jesus realiza significa uma mudança de domínio. Os colossenses, antes, eram dominados e governados por Satanás, mas, ao serem abraçados pela graça do Evangelho de Jesus, passam a pertencer a outro Rei, O Grande e Supremo Rei.

Implicação: esse texto já quebra no meio essa ideia secular de liberdade a qualquer custo. “Meu corpo, minhas regras” não cola diante de Deus. Ou você é um subordinado de Satanás ou você é um servo sob o governo do Rei Jesus.

O transporte que Jesus realiza também significa uma mudança de perspectiva, onde, ao ser colocado em outro lugar, todo o nosso campo de visão é alterado. Alguém que está em Cristo não vê mais a vida com as mesmas lentes que via antes. Há uma nova perspectiva! A vida cristã não é sobre o que você faz pra Deus na igreja.

A vida cristã é como, depois de transportado de uma realidade de densas trevas para o reino de luz de Cristo, você entenderá e viverá todas as áreas da vida da perspectiva de um filho de Deus.

Se você é pai ou mãe, não é mais como antes, mas um novo pai;

Se você é filho, não vai viver mais como vivia antes, em desobediência, insubmissão e maldade; mas o contrário disso;

Como homem ou mulher, de forma mais abrangente, você não vive mais seguindo as ideias e tendências de pessoas que ainda vivem no reino das trevas;

Nós poderíamos ficar horas e mais horas citando exemplos aqui, mas a ideia é que, por não habitar mais no império das trevas e sim no reino de Cristo, toda sua vida é transformada!

Cl 1.15-17 “15 Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; 16 pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. 17 Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.”

O apóstolo Paulo afirma: “Ele é a imagem do Deus invisível” (1.15a). Deus como Espírito é invisível e sempre será (1Tm 6.16). Mas Jesus é a Sua visível expressão. Ele não apenas reflete Deus, porém como Deus Ele revela Deus para nós.

Jo 14.9: “9 Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?”

Em Cristo, o Deus invisível tornou-se visível e palpável (Jo 1.14; 1Jo 1.1–4). Ele é o espelho por meio do qual contemplamos a face de Deus. O Deus invisível tornou-se visível a nós por meio de Cristo. O Deus transcendente tornou-se carne e habitou entre nós por meio de Cristo. Aquele que habita na luz inacessível entrou na nossa história e nos revelou o coração do Pai. Quem quiser saber quem é Deus, olhe para Jesus!

“(…) Tudo foi criado por meio dele e para ele.”

A verdade é que absolutamente toda a existência, tudo o que existe, em primeiro lugar, foi criado por meio de Cristo. Dizer isso significa que Cristo foi o instrumento imediato das coisas criadas. Nada foi feito fora de Jesus, mas por meio Dele! Cristo é o agente do poder criador de Deus, é o verbo criador em ação em Gn 1, citado por João 1.3 “3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez.” As galáxias, os mundos estelares, os anjos, os homens e todo o universo foram criados por meio Dele. Ele trouxe tudo à existência.

Em segundo lugar, todas essas coisas foram criadas para Cristo. Paulo explica que Jesus é o alvo da criação. Quando contemplamos o universo à noite e vemos oceanos de estrelas acima de nós – é por meio de Jesus e para Jesus que essas imensas esferas ardentes seguem Sua trajetória. Mas também a pequena flor silvestre que ninguém vê e considera – é por meio de Jesus e para Jesus que ela floresce!

Os filósofos gregos ensinavam que todas as coisas precisavam de uma causa primária, de uma causa instrumental e de uma causa final. A causa primária é o plano; a causa instrumental é o poder; e a causa final é o propósito. Quando olhamos para a criação, podemos ver que Jesus é a causa primária (foi Ele quem a planejou). Ele é também a causa instrumental (foi Ele quem a realizou). Ele é ainda a causa final (foi Ele quem a fez para o Seu próprio prazer e glória). A criação existe, portanto, para dar glória a Cristo.

Cl 1.17 “17 Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.”

Jesus não foi criado, é o criador. Ele não teve origem, é a origem de todas as coisas. Antes de tudo começar, Jesus já existia em plena harmonia com o Pai e o Espírito Santo.

Ainda mais, é em Jesus que tudo subsiste. Subsistir não é uma palavra muito comum no nosso dia a dia, mas ela carrega uma importância gigante nessa afirmação. O que Paulo está dizendo é que tudo - e absolutamente tudo - que foi criado e continua existindo, só continuar existindo e de pé por causa de Jesus. Toda a criação é sustentada e segurada por Jesus. Tudo só tem sentido e existência em Jesus.

Implicação: Por que o ser humano vive vazio? Corre atrás de um monte de coisa em busca da sua auto satisfação e só se desgasta, se fadiga e frustra? Porque é em Jesus que todas as coisas subsistem. Nele todas as coisas têm sentido, de modo que, sem Ele, tudo se esfarela no ar. Tudo é vão. Sem Jesus, tudo é temporariamente satisfatório.

Seu casamento, seu trabalho, seus filhos, suas conquistas, sua igreja, o mundo lá fora… Tudo só tem sentido e plena satisfação quando, com as lentes de quem foi transportado do império das trevas para o Reino de Jesus, passa a desfrutar dessas coisas crendo e dando glória a Deus porque em Jesus todas elas são possíveis e acessíveis a nós!

Cl 1.18-23 “18 Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, 19 porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude 20 e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus. 21 E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas, 22 agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis, 23 se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes e que foi pregado a toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me tornei ministro.”

Nós poderíamos, facilmente, investir uma hora ou mais para cada um dos atributos de Jesus descritos nesse texto. Mas eu quero chamar sua atenção para os versículos 19, 20, 21 e 22.

Paulo usa a expressão “reconciliação” nesse trecho e ela é importante para nós, porque, você se lembra que, antes, esses irmãos estavam sob o império das trevas, sob o reinado de Satanás? Os colossenses, assim como todas as pessoas, eram estranhos e inimigos. O homem não apenas está distante de Deus; ele é inimigo de Deus. Ele não está apenas cego; é também rebelde.

Mas aí vem a boa notícia, pois Paulo explica que, por meio do sangue da cruz de Jesus, aprouve/foi do agrado de Deus reconciliar, estabelecer paz em meio a guerra entre Deus e aqueles que, antes, eram estranhos e inimigos de Deus. Foi porque Deus achou bom e assim fez que nós fomos alcançados pelo amor de Jesus Cristo!

Seguindo a ideia de pessoas que vivem agora sob um Reino novo, melhor e maior; pessoas que, após serem transportadas por Cristo para uma nova posição, enxergam toda a vida de uma perspectiva cristã, Paulo expõe a causa prática do amor que Deus estendeu a nós.

Afinal, para que Deus nos reconciliou com Ele através de Jesus? Paulo explica no final do v.22: para sermos apresentados a Ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis.

Santos: os pecadores, que antes serviam prazerosamente a Satanás, são agora santos, inteiramente consagrados e separados para Deus;

Inculpáveis: isto é, “sem mancha”. A palavra que Paulo usa no texto original em grego carrega a ideia de “ausência de qualquer coisa errada em um sacrifício, de qualquer coisa que pudesse torná-lo indigno de ser oferecido”. Ou seja, podemos ser apresentados sem a mancha do pecado diante de Deus porque, em Cristo, somos limpos e purificados.

Irrepreensíveis: A palavra grega anenkletos significa “sem acusação, livre de qualquer acusação, irrepreensível”. É uma palavra do mundo jurídico, indicando que não há acusação jurídica que possa ser levantada contra a pessoa.

Paulo é enfático ao dizer que santificação, a inculpabilidade e a irrepreensibilidade são um conjunto de características que formam um estado em que o crente só pode chegar por intermédio da reconciliação que Cristo realizou entre Deus e nós por meio do seu sacrifício na cruz. Isso tudo significa que não haverá cheiro de escândalo nem crítica válida que o inimigo da nossa alma possa lançar contra os convidados das bodas do Cordeiro. Os salvos estarão absolutamente imunes ao castigo que os seus pecados merecem. Toda iniquidade foi lançada sobre o Filho perfeito.

Cl 1.23 “23 se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes e que foi pregado a toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me tornei ministro.”

Temos aqui uma exortação à perseverança, pela qual ele os adverte que toda a graça que lhes foi conferida até aquele momento seria vã, a menos que perseverassem na pureza do evangelho. E assim ele notifica que no momento estão apenas fazendo progresso e ainda não atingiram o alvo. Pois a estabilidade de sua fé estava naquele tempo exposta a perigo através das cilada dos falsos apóstolos.

Ele agora pinta em cores vivas a segurança da fé quando convida os colossenses a permanecerem fundamentados e firmados nela. Pois a fé não é como uma mera opinião, a qual se abala por qualquer coisa, mas, ao contrário, tem uma firme prontidão que pode repelir e rejeitar todas as maquinações do inferno. Em seguida ele observa também um relacionamento que existe entre a fé e o evangelho, ao dizer que os colossenses serão estabelecidos na fé, só no caso de não recuarem da esperança do evangelho; isto é, a esperança que resplandece em nós através do evangelho, pois onde o evangelho está, ali está a esperança da salvação eterna. Entretanto, tenhamos em mente que o principal de tudo está em Cristo. Daí ele lhes prescreve aqui que se esquivem de todas as doutrinas que se afastam de Cristo, de modo que as mentes dos homens se ocupem de outras coisas.

Sabendo que Cristo e somente Cristo é o sustentador da nossa reconciliação e salvação diante de Deus, é nossa responsabilidade rejeitar qualquer doutrina ou ideologia que queira adicionar algum tipo de auxiliar. Cristo é suficiente!

Cl 1.24-29 “24 Agora, me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo, que é a igreja; 25 da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus: 26 o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; 27 aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória; 28 o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo; 29 para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim.”

Paulo conclui esse trecho da carta declarando seu amor e empenho pela causa do Evangelho de Jesus. Suas prisões, aflições e feridas são, no fim, motivos de alegria para Paulo, porque elas são resultado do ministério que Ele recebeu de Deus.

E encontramos aqui uma motivação profunda de Paulo que deve ser seguida por cada um de nós, pastores, obreiros, líderes e irmãos (Cl 1.27-28): Paulo se esforçava, dando tudo de si, para promover Cristo nas pessoas e apresentar a Deus pessoas santas e perfeitas através de Cristo.

A grande diferença entre o serviço que você presta a Jesus e à igreja e o seu cargo/profissão lá fora é que o seu e o meu ministério tem que ter como alvo promover Cristo nas pessoas.

Aplicação Principal

É certo que, quando os próximos capítulos de Colossenses forem apresentados a você, várias aplicações sobre o que fazer e como fazer serão dadas a vocês. Mas, hoje, a principal coisa que você precisa fazer não é algo que você faça com suas mãos, não é algo que você precisa falar, mas, em primeiríssimo lugar, é algo no qual você precisa crer: o único meio de você conseguir se apresentar a Deus, hoje ou no último dia, é através de Jesus, Aquele que é suficiente, soberano. Por meio de quem e para quem tudo foi criado. Aquele no qual tudo que existe continua existindo e tendo sentido. Somente Cristo e nada mais! Você não precisa fazer e cumprir promessas, participar de rituais malucos, pisar sobre o sal, levar uma miniatura da arca da aliança e colocar em cima da sua geladeira, deixar de comer carne de porco. Você não precisa de nada disso ou outro tipo de coisa parecida para obter o favor de Deus. Você só precisa de Cristo e somente Cristo!

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