A12 - Fé, que significa crer?

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Pergunte: Em nosso meio, tem sido fácil ou complicado o entendimento sobre o verdadeiro significado da fé no processo de conversão? Deixe que participem com suas dúvidas, curiosidades e necessidades em relação ao assunto.
O Brasil é um país de multiforme cultura e religiosidade, onde se prega “fé como um assunto que não se discute”. Esse fato reforça a necessidade de repensarmos e discutirmos o valor da genuína fé salvadora, à luz da Bíblia. A doutrina da salvação bíblica não acomoda uma fé pluralista, cujas diferentes expressões populares, sofisticadas, intelectualizadas ou místicas, servem como diferentes maneiras de se falar a mesma coisa ou chegar ao mesmo fim.
A fé e o arrependimento desempenham papel de cooperação no processo de salvação. O arrependimento sem a fé não tem efeito, entretanto, a fé salvadora por si é suficiente.
Fé em Cristo corresponde ao abandono do pecado, e abandono do pecado revela fé em Cristo. Ou seja, fé e arrependimento apontam para Cristo como Salvador e Senhor!
Ler Romanos 10.9 e relacionar com a afirmação de Wayne Grudem:
Rm 10.9 “9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.”
“É claramente contrário à evidência do Novo Testamento falar de verdadeira fé salvífica sem arrependimento algum. Também vai contra o Novo Testamento falar da possibilidade de aceitar Cristo ‘como Salvador’, mas não ‘como Senhor’, se isso significa simplesmente depender dele no que tange à salvação, mas não se comprometer a abandonar o pecado e ser-lhe obediente desse ponto em diante”.
Abordaremos a verdadeira fé, trabalhando seu significado original, discorrendo sobre falácias e verdades, levantando suas evidências e definindo o que vem a ser crer em Cristo.

I. Fé e seu significado original

O conceito de fé no Antigo Testamento surge da raiz de alguns termos hebraicos que indicam “confiança digna, lealdade e fidelidade”, “confiante descanso numa pessoa, coisa ou testemunho”, “aceitação da veracidade de um testemunho”, ”entrega confiante”, “esperança em Deus quanto ao presente e futuro”.
No Novo Testamento, fé tem destaque superior sobre muitos outros temas. O substantivo no grego (fé, fidelidade, confiança, lealdade) e o verbo cognato (crer, estar convencido, confiar, dar crédito) ocorrem ambos mais de 240 vezes, e o adjetivo (fiel, confiável, digno de confiança) ocorre 66 vezes. Sua aplicação mais comum é de crença ou convicção intelectual apoiada em testemunho (2Co 4.13; Fp 1.27) e completa confiança em Deus e em Cristo para redenção (Rm 3.22,25; Ef 2.8).
No Evangelho de João, o verbo crer ocorre quase 100 vezes, e seu uso mais forte focaliza a pessoa de Jesus Cristo, a partir do propósito do livro em João 20.30.
Para João, a fé revela a atitude mediante a qual o homem abandona toda a confiança em seus próprios esforços para obter a salvação. A fé não consiste em aceitar meramente as coisas como sendo verdadeiras, mas confiar numa Pessoa, em Jesus Cristo.

II. Falácias sobre a fé bíblica

Há alguns conceitos distintos que precisamos registrar, pois não dizem respeito à fé salvadora.
1. Fé intelectual: É necessário que o homem tenha conhecimento sobre a pessoa e obra de Cristo: “como crerão naquele de quem nada ouviram?” (Rm 10.14). Mas conhecimento de fatos sobre Deus ou Cristo não é suficiente, afinal, os pecadores também têm conhecimento de Deus (Sl 19.1-4; Rm 1.18-21,32) e os próprios demônios têm conhecimento da pessoa e das obras de Deus (Tg 2.19).
Sl 19.1-4 “1 Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. 2 Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. 3 Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; 4 no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo. Aí, pôs uma tenda para o sol,”
Rm 1.18-21 “18 A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; 19 porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. 20 Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; 21 porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.”
Rm 1.32 “32 Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem.”
Tg 2.19 “19 Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem.”
2. Fé histórica: Concordar com ou aprovar determinados fatos também não basta. A fé salvadora vai muito além. Nicodemos parecia concordar com fatos sobre a identidade e missão de Jesus, porém, isso não lhe garantia a entrada no reino dos Céus (Jo 3.1-3). O Rei Agripa acreditava nos profetas, mas não tinha a fé salvadora (At 26.26-28). A fé histórica resulta da tradição ou educação religiosa.
Jo 3.1-3 “1 Havia, entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus. 2 Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele. 3 A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.”
At 26.26-28 “26 Porque tudo isto é do conhecimento do rei, a quem me dirijo com franqueza, pois estou persuadido de que nenhuma destas coisas lhe é oculta; porquanto nada se passou em algum lugar escondido. 27 Acreditas, ó rei Agripa, nos profetas? Bem sei que acreditas. 28 Então, Agripa se dirigiu a Paulo e disse: Por pouco me persuades a me fazer cristão.”
3. Fé miraculosa: Muita gente acreditou no poder de Jesus após a multiplicação dos pães e peixes, a ponto de desejarem torná-Lo seu rei (Jo 6.14-15), porém, isso não isentou que Jesus identificasse sua incredulidade (Jo 6.26,64). O interesse das pessoas dizia respeito somente àquilo que Ele poderia oferecer.
Jo 6.14-15 “14 Vendo, pois, os homens o sinal que Jesus fizera, disseram: Este é, verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo. 15 Sabendo, pois, Jesus que estavam para vir com o intuito de arrebatá-lo para o proclamarem rei, retirou-se novamente, sozinho, para o monte.”
Jo 6.26 “26 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes.”
Jo 6.64 “64 Contudo, há descrentes entre vós. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair.”
4. Fé temporal: Por ser passageira e momentânea essa fé “se baseia na vida emocional e busca a satisfação pessoal” (Louis Berkhof). A parábola do semeador ilustra muito bem a fé temporal que sucumbe às tribulações e provações da vida (Mt 13.20-22).
Mt 13.20-22 “20 O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria; 21 mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza. 22 O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.”
Você tem fundamentado sua salvação ou vida cristã num destes tipos de fé? Por acaso alguma dessas falácias têm contaminado sua fé?

III. Verdades sobre a fé bíblica

A partir da Bíblia, a fé salvadora é apresentada como confiança.
1. Confiança individual: A fé salvadora é apresentada em termos individuais (Jo 3.16,36; 6.47; At 16.31Rm 1.16; Gl 2.20). Seu modo de operação não se dá coletivamente, mas individualmente. Assim, como na experiência da vida cada pessoa “nasce e morre sozinha”, o mesmo acontece com a fé salvadora.
Jo 3.16 “16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
Jo 3.36 “36 Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.”
Jo 6.47 “47 Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna.”
At 16.31 “31 Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.”
Rm 1.16 “16 Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego;”
Gl 2.20 “20 logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.”
2. Confiança pessoal: A fé salvadora não é mística, imaginária, psicológica ou relativa; porém, real e pessoal (Rm 8.16), e atinge integralmente o âmago do ser.
Rm 8.16 “16 O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.”
Esfera intelectual – Reconhecimento real e positivo do evangelho.
Esfera emocional – Atração pela verdade e pessoa de Cristo.
Esfera volitiva – Apropriação da verdade e da pessoa de Cristo
3. Confiança relacional: Por ser pessoal, a fé salvadora também se caracteriza como uma experiência relacional. Através da fé salvadora o pecador justificado entra na esfera de eterna comunhão e filiação com Deus: “a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus” (Jo 1.12; ver também Jo 6.37; 7.37; 14.16, 23; Mt 11.28-30).
Louis Berkhof define fé salvadora como a “convicção produzida pelo Espírito Santo no coração, quanto à veracidade do evangelho, e uma segurança (confiança) nas promessas de Deus em Cristo”. Isso faz sentido em sua vida?

IV. As evidências da fé

A Bíblia ensina que a fé salvadora apresenta evidências internas e externas.
1. Internamente: Ministério do Espírito Santo, habitando cada salvo (Rm 8.9; 1Jo 4.13) e testificando o seu relacionamento com Deus (Rm 8.16; Gl 4.6).
Rm 8.9 “9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.”
1Jo 4.13 “13 Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele, em nós: em que nos deu do seu Espírito.”
Rm 8.16 “16 O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.”
Gl 4.6 “6 E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!”
2. Externamente: Sinais da nova vida refletindo a transformação em Cristo, a qual, entre outras evidências, manifesta:
Fome e obediência à palavra de Deus (Jo 5.24; 14.21; 1Pe 2.2-3);
Jo 5.24 “24 Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.”
Jo 14.21 “21 Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.”
1Pe 2.2-3 “2 desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação, 3 se é que já tendes a experiência de que o Senhor é bondoso.”
Desejo de orar (Rm 12.12; Cl 4.2;1Ts 5.17-18);
Rm 12.12 “12 regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes;”
Cl 4.2 “2 Perseverai na oração, vigiando com ações de graças.”
1Ts 5.17-18 “17 Orai sem cessar. 18 Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.”
Amor pelo povo de Deus (Jo 13.34-35; Hb 10.24-25);
Jo 13.34-35 “34 Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. 35 Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.”
Hb 10.24-25 “24 Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. 25 Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.”
Abandono do pecado (Tt 2.11-12; 1Co 6.9-11; 1Pe 1.14-16);
Tt 2.11-12 “11 Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, 12 educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente,”
1Co 6.9-11 “9 Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, 10 nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. 11 Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.
1Pe 1.14-16 “14 Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; 15 pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, 16 porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.
Repúdio ao ocultismo e à idolatria (At 19.18-20; 1Ts 1.9);
At 19.18-20 “18 Muitos dos que creram vieram confessando e denunciando publicamente as suas próprias obras. 19 Também muitos dos que haviam praticado artes mágicas, reunindo os seus livros, os queimaram diante de todos. Calculados os seus preços, achou-se que montavam a cinquenta mil denários. 20 Assim, a palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente.”
1Ts 1.9 “9 pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro
Testemunho espontâneo do amor de Deus (At 1.8; 4.20; 1Pe 3.15).
At 1.8 “8 mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.”
At 4.20 “20 pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos.”
1Pe 3.15 “15 antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós,”

V. O significado do crer em Jesus cristo

O exclusivo objeto da fé salvadora é Jesus Cristo. Crer em Cristo implica não depender nem confiar mais na religiosidade, cerimonialismo, rituais, misticismo, boas obras, piedade, instituições religiosas, pessoas ou ética pessoal com vistas a algum merecimento eterno.
Mas depender e confiar unicamente na graça de Deus estendida aos pecadores através da pessoa e obra de Cristo, o Filho de Deus (Jo 20.31), que foi morto em lugar dos pecadores e ressuscitou ao terceiro dia (Rm 10.8-9; 1Co 15.3-4), e é o único meio de Deus para oferecer gratuitamente a salvação (Jo 3.16, 6.47; 14.6; 2Co 5.17; Ef 2.8-10; 1Tm 2.5-6).
Aplicação: você pode afirmar que, um dia, você depositou fé em Cristo? Você pode afirmar que, hoje, sua fé em Cristo pode ser vista através da sua vida?
Conclusão: A fé em Cristo não apenas é a base de nossa salvação, mas a provisão para a vida cristã, santificação, crescimento e amadurecimento. Que você, como salvo, possa a cada dia reafirmar as palavras de Paulo: "já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim, e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim" (Gl 2.20)! Amém!
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