Exposição de Colossenses 2

Colossenses  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Introdução

Por um instante, abra sua Bíblia, em qualquer livro, e imagine ela sem os números de capítulos e versículos que tem aí. Como será que seria a tarefa de localizar um trecho da Palavra de Deus sem esses números que tanto nos ajudam?
Ao ler a Bíblia, nós precisamos saber e lembrar que, originalmente, ela não foi escrita contendo capítulos e versículos. Essa facilidade que temos de poder abrir a Escritura no capítulo X e versículo Y é algo recente, coisa do século XVI. A divisão da Bíblia em capítulos, foi iniciativa de um inglês, no século XIII, em 1227 (Stephen Langton). Já a primeira tentativa de organização da Bíblia em versículos numerados se deu séculos depois (Santi Pagnini), em 1527. A primeira bíblia impressa com capítulos e versículos surgiu na Suíça, em em meados de 1560 - com a Bíblia de Genebra. Ou seja, o processo de organização e primeira impressão da Bíblia em capítulos e versículos (1227-1560) durou cerca 333 anos. Foram dezenas de centenas de anos de leitura da escritura sem essa organização que temos hoje.
Mais de 300 anos de trabalho duro para os crentes do século XXI terem a Bíblia até no celular e, no fim, não lerem a Bíblia! - mas isso é conversa para outro dia.
Estou introduzindo a mensagem de hoje com esse assunto porque, como não foram os autores bíblicos originais que organizaram seus escritos assim, as vezes é bom ler a Bíblia como se essa divisão não existisse, e isso acontece muito quando vamos ler as cartas. A leitura de uma carta não é feita por trechos, como se você recebesse uma carta de alguém muito importante pra você e dissesse “ah, hoje vou ser só o primeiro parágrafo do que ele tem para me dizer”. Pessoas normais leem cartas de maneira corrida, não é?
Então, embora os capítulos e versículos muito nos ajudem na organização e localização dos trechos da Escritura, você precisa saber e se lembrar dessa história.
Um exemplo sobre isso fica evidente aqui em Colossenses...

Desenvolvimento

Paulo zelava e lutava pela fé daqueles irmãos (Colossenses 2.1-5)

Cl 2.1-5 “1 Gostaria, pois, que soubésseis quão grande luta venho mantendo por vós, pelos laodicenses e por quantos não me viram face a face; 2 para que o coração deles seja confortado e vinculado juntamente em amor, e eles tenham toda a riqueza da forte convicção do entendimento, para compreenderem plenamente o mistério de Deus, Cristo, 3 em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos. 4 Assim digo para que ninguém vos engane com raciocínios falazes. 5 Pois, embora ausente quanto ao corpo, contudo, em espírito, estou convosco, alegrando-me e verificando a vossa boa ordem e a firmeza da vossa fé em Cristo.”
Embora o primeiro versículo do capítulo 2 esteja no capítulo, Paulo está falado de algo que, na verdade, é continuação do que ele havia começado ainda no capítulo 1. Ele começa dizendo “Gostaria, pois, que soubésseis...” ou “Então, gostaria que vocês soubessem...”.
Olha o começo do trecho de Cl 1.24 “24 Agora, me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo, que é a igreja;”
Veja o que ele diz em Cl 1.29 “29 para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim.”
E, então, leia o Cl 2.1 “1 Gostaria, pois, que soubésseis quão grande luta venho mantendo por vós, pelos laodicenses e por quantos não me viram face a face;”
Ou seja, Paulo usa do verso 24 do capítulo 1 até o verso 1 do capítulo 2 para falar a respeito do sofrimento, da fadiga, do esforço, da luta que ele vivia e mantinha por causa dos irmãos Colossenses.
Surge, então, a pergunta: pelo que e para que Paulo se gastava tanto por aquelas pessoas?
A resposta é ele mesmo quem dá, dando 4 razões para o seu combate ministerial, em Cl 2.2-5 “2 para que:
o coração deles seja confortado e vinculado juntamente em amor,
e eles tenham toda a riqueza da forte convicção do entendimento, para compreenderem plenamente o mistério de Deus, Cristo, 3 em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos.
4 Assim digo para que ninguém vos engane com raciocínios falazes.
5 Pois, embora ausente quanto ao corpo, contudo, em espírito, estou convosco, alegrando-me e verificando a vossa boa ordem e a firmeza da vossa fé em Cristo.”
Paulo lutava e se esmerava para os irmãos Colossenses (e outros) fossem tomados por uma forte convicção e entendimento de quem Cristo é o que Sua obra significa. Para Paulo, os maiores tesouros da sabedoria e do conhecimento habitam na Pessoa de Cristo.
Nossa fé é e será atacada todos os dias. A tendência é que isso piore com o passar do tempo. Mas podemos nos agarrar na verdade de que a forte proteção, o melhor escudo de defesa do cristão diante das ideias mundanas pregadas e influenciadas por pessoas que são inimigas de Deus, é uma forte convicção e o entendimento a respeito da grandeza absoluta da pessoa e obra de Jesus Cristo.

O crente precisa crescer (Cl 2.6-7)

Cl 2.6-7 “6 Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, 7 nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças.”
O cristão saudável não é aquele que vem um dia à frente, levanta sua mão, aceita Jesus, batiza e que, depois, nada mais acontece em sua vida. Segue o mesmo estilo de vida, mesmos problemas de antes. Esse não é um cristão saudável. Os versos 6 e 7 vão dizer que a vida do crente não se resume em conhecer e saber quem Cristo é. Depois de recebê-Lo, devemos:
Andar Nele: andar aqui traz a ideia de vivermos EM Cristo. Não é só andar “com” Ele. Andar com alguém é uma coisa. Andar através/por intermédio de alguém é outra.
Sermos radicados Nele: isto é, nossas raízes têm que estar Nele. A vida, as folhas e os frutos de uma planta frutífera são totalmente dependentes do solo em que suas raízes estão plantadas. É impossível que alguém dê frutos bons e que permaneçam se esta pessoa não tiver suas raízes plantadas em Cristo Jesus. Não existe vida verdadeiramente transformada sem raízes em Cristo.;
Sermos edificados a partir d’Ele: ou seja, construídos, incrementados. A ideia é que, ao longo do tempo, novas porções (blocos) de conhecimento a respeito da pessoa e da obra de Cristo vão sendo empilhados na sua vida e essas porções, esses blocos, vão construindo um grande muro, como uma grande muralha, um grande obstáculo para ideias mundanas, vãs filosofias e falsos mestres que tentam invadir sua cabeça para enchê-la com mentiras. Precisamos ser edificados, construídos, em Cristo.
Permanecermos firmes (confirmados) na fé: Paulo é um excelente professor! É impressionante como ele constrói seu argumento de forma sistematizada para que os Colossenses entendessem com clareza o que ele estava dizendo. A didática de Paulo é quase um passo a passo:
Passo 1: receber a Cristo
Passo 2: andar Nele
Passo 3: ser radicado (enraizado) Nele
Passo 4: ser edificado Nele
Passo 5: ser confirmado (permanecer firme) na fé - não adianta querer começar cheio de confirmações e certezas na fé. Você precisa saber que existe um processo e viver no processo. Se suas raízes estão no estilo de vida mundano de viver, não adianta querer ser edificado. Se dentro da sua cabeça, o obstáculo para impedir falsos ensinos a respeito de Deus e da vida é uma mureta, não adianta querer uma fé firme.
Aplicação: é por isso que insistimos para que você aprenda a ler e leia a Bíblia. É por isso que insistimos para que você participe da Escola Bíblica e dos cultos. Eu e você somos edificados nesses momentos onde a Palavra de Deus nos é aberta e exposta.
Crescer em ações de graças: Todo esse processo pelo qual o cristão passa deve resultar em glória a Deus. Quando a pessoa recebe a Cristo, graças a Deus. Quando a pessoa vive e anda em Cristo, graças a Deus. Quando a pessoa tem suas raízes em Cristo, graças a Deus. Quando a pessoa vai tendo sua vida edificada/construída em Cristo, graças a Deus. Quando a pessoa está estabelecida na fé, graças e glória a Ele! Todo o progresso de santificação e edificação na vida do crente tem que terminar com glória ao nome d’Ele!
É com essa perspectiva que aquela música, inspirada no texto de Rm 11.36, ganha todo o sentido e podemos cantar cheios de força e com o coração pulsando: “36 Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!”
Aplicação: Surge, então, a pergunta: o quanto tem aumentado sua gratidão a Deus por você estar sendo edificado? Você tem se santificado e sido edificado?! Isso é importante para você?
O crescimento e a edificação daqueles irmãos era importante para Paulo. Em seguida, Paulo vai apontar e denunciar os ataques aos quais os colossenses estavam sendo submetidos...
Paulo aponta 4 ameças à fé dos irmãos colossenses:
Filosofias e vãs sutilezas (falsos ensinos): No verso 8, alerta: Cl 2.8 “8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo;”
Lembra de Cl 1.13? Lá vimos que Jesus “nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor,”. Aqui, Paulo alerta aqueles irmãos, que já estão no reino de Cristo, para que fiquem atentos porque os inimigos estavam tentando “enredar” aquela comunidade de irmãos com sua filosofia e vãs sutilezas. Essa palavra - enredar - carrega a ideia de sequestro, de levar alguém cativo. Ou seja, estejam atentos para que ninguém os leve como presa com sua filosofia e falsos enganos. Que vocês, que foram resgatados do domínio das trevas e transferidos para o reino do Filho do amor de Deus, não sejam levados como despojo e se tornem escravos uma vez mais. O sentido aqui é de atenção quanto a qualquer tipo de ensino que não concede toda a honra a Cristo. Qualquer ideia, independente de qual seja, é falsa e enganosa. Porém não é uma ilusão. Esses falsos ensinos têm a tendência de levar as pessoas para longe de Cristo, de enfraquecer sua confiança Nele como Todo-suficiente Salvador.
O contra argumento de Paulo contra as filosofias e vãs sutilezas dos inimigos é o fato de que não são nelas que as pessoas podem encontrar as respostas sobre o sentido da vida e a razão da existência. Jesus não é uma representação ou um tipo de Deus, mas Deus mesmo. Deus, em toda sua essência, habita em Jesus. Por essa razão ele é a resposta a todas as perguntas, não teoricamente, em palavras, mas vivamente em sua pessoa.
Spurgeon tem uma boa definição de nossa plenitude. Ele diz que somos: 1) completos sem a ajuda de cerimônias judaicas; 2) completos sem o auxílio da filosofia; 3) completos sem as invenções da superstição; 4) completos sem mérito humano.
Legalismo (circuncisão e datas dos calendário judaico): o legalismo está presente quando alguém acredita que por obedecer os mandamentos da lei é que se pode obter a salvação. No situação dos colossenses, práticas como a da circuncisão era uma dessas práticas legalistas. A circuncisão era um ritual do judaísmo. Ocorria uma pequena operação cirúrgica, cortando um pedaço de pele da criança do sexo masculino. Espiritualmente, significa a morte da carne, pôr de lado a natureza humana, que é má, corrupta e não regenerada. Infelizmente, o povo judeu concentrou sua atenção na cerimônia em si e negligenciou seu significado espiritual. Tentando obter o favor de Deus por meio de cerimônias e boas obras, afirmavam que havia algo de bom na carne humana, que podia agradar a Deus. Não podiam estar mais longe da verdade.
Não é a circuncisão física que está em vista no versículo, e sim a circuncisão espiritual, que diz respeito a todo aquele que depositou sua fé e confiança no Senhor Jesus. Isso se torna evidente na expressão circuncidados, não por intermédio de mãos Cl 2.11 “11 Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo,”.
O que o versículo ensina é: todo crente é circuncidado (marcado) pela circuncisão de Cristo. A circuncisão de Cristo refere-se à sua morte na cruz do Calvário. A ideia é que, quando Cristo morreu, o crente também morreu. Morreu para o pecado (Rm 6:11), para a lei, para si mesmo (Gl 2:20) e para o mundo (Gl 6:14). (Essa circuncisão foi feita “sem mãos” no sentido de que as mãos humanas não tomaram parte nela, isto é, não houve mérito. O ser humano não pode merecê-la. É obra de Deus.). Em outras palavras, quando alguém é salvo, ele se associa a Cristo em sua morte e renuncia a qualquer esperança de ganhar ou merecer a salvação pelos esforços da carne.
A expressão ninguém, pois, vos julgue significa que o cristão não pode ser condenado se falhar em observar festivais ou dias santos ou se, por exemplo, comer carne de porco. Algumas religiões falsas, como o espiritismo, insistem em que seus membros se abstenham de carne. Durante séculos, os católicos romanos foram proibidos de comer carne na sexta-feira, e muitas igrejas exigem a abstinência de certos alimentos durante a quaresma. Outros, como os mórmons, dizem que um membro de boa reputação deve abster-se de café e de chá. Outros ainda, notavelmente os adventistas do sétimo dia, insistem em que devemos guardar o sábado para agradar a Deus. O cristão, no entanto, não está debaixo de tais ordenanças.
Cl 2.17 “17 porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.”
Paulo usa uma ilustração perfeita para explicar a razão de existir dos ritos judaicos: eram uma sombra.
Agora que o Senhor Jesus já veio, qual a razão para que os homens se ocupem de sombras? É como ficar olhando para o retrato de alguém quando a própria pessoa está presente.
Misticismo (visão de anjos e falsa humildade) - Cl 2.16-19: havia um sério problema de sincretismo religioso ameaçando a fé daqueles irmãos. O sincretismo religioso é uma mistura de religiões. No caso, a teologia que eles pregavam era uma mistura de filosofia grega, judaísmo legalista e cristianismo. O produto final desse mexido de mau gosto era uma heresia que fazia forte oposição à fé evangélica.
Os falsos mestres de Colossos eram profundamente místicos. Eles reprovavam os cristãos por não terem, como eles, imediata experiência com o mundo espiritual à parte da Palavra de Deus. A teologia deles procedia de suas visões, e não das Escrituras. Eles adoravam anjos, espíritos intermediários, e não diretamente a Deus por meio de Cristo. Eles davam mais valor à experiência subjetiva do que à verdade objetiva. Mais valor ao sentimento do que à razão.
Essa doutrina maluca e toda misturada ainda tornava esses falsos mestres arrogantes. Ele tentavam desqualificar os cristãos por não terem, como eles, as mesmas experiências arrebatadoras. Eles se colocavam na posição de árbitros/juízes que desqualificam um atleta e o impedem de receber o seu prêmio. Para eles, quem não desfrutasse das mesmas experiências que eles, não eram dignos e precisavam de algum tipo de conserto.
O problema maior desses mestres da mentira era a base da sua espiritualidade. Paulo diz: “… baseado em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal, e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus” (2.18,19). Quando ensinavam, eles não davam base na Escritura ou nos fundamentos dos apóstolos. Eles apelavam para o suposto nível espiritual de suas visões - quais, obviamente não poderiam ser questionadas, porque carregavam o selo de “experiência no mundo espiritual”.
Destacamos aqui quatro pontos importantes:
A falsa religião da mistura de religiões não é bíblica, mas mística. O sincretismo é uma heresia. Ele está baseado em visões, e não na verdade revelada. Está fundamentado na experiência, e não na Escritura. Aquele que cai nesse laço do engano acredita ter visto algo e se orgulha dessa experiência. Faz dela o assunto mais grandioso. Se alguém se atreve a contradizê-lo ou colocar em dúvida suas teorias, ele responderá: “Mas eu tive essa ou aquela visão”. Ao agir assim, essa pessoa coloca sua experiência mística acima da Palavra de Deus e julga-se possuidora de uma revelação especial de Deus e de um conhecimento superior de Deus além das Escrituras.
Fico pensando em como o retrato da situação daqueles irmãos colossenses é muito parecido com a nossa situação hoje, como evangélicos. Como cresce em nossos dias o sincretismo. As pessoas deixam o sincretismo pagão para abraçar outro sincretismo chamado “evangélico”. As pessoas entram para a “igreja evangélica”, mas continuam prisioneiras de crendices estranhas à Palavra de Deus. Tem supostos cultos rolando por aí onde acontece uma mistura nojenta de espiritismo com judaísmo e cristianismo. Essas não são práticas de uma igreja cristã.
A religião do sincretismo não é espiritual, mas carnal. Os falsos mestres arrotavam uma espiritualidade que não possuíam. Eles se diziam humildes, mas eram enfatuados. Diziam-se espirituais, mas eram carnais. Queriam ser juízes dos outros, mas não julgavam a si mesmos. Queriam reprovar os outros, mas não enxergavam o quão longe eles mesmos estavam de Deus.
A religião do sincretismo proclama ser de Cristo, mas está desligada dele (2.19). Os falsos mestres estavam desligados de Cristo e da Sua Igreja. Não tinham conexão com a cabeça nem com o corpo. O sincretismo é como um corpo morto desligado da cabeça, que é Cristo. Como as heresias crescem, o sincretismo também cresce numericamente, mas não o crescimento que procede de Deus.
Um dos maiores equívocos da nossa geração que ama o misticismo é a afirmação de que, onde existe uma multidão, aí está a verdade. O argumento é o seguinte: se a igreja está crescendo, é obra de Deus, porque, se não fosse de Deus, o trabalho jamais prosperaria. Esse raciocínio é enganoso. Concluir assim é um erro. Nem tudo o que cresce é verdadeiro. Nem todo “sucesso” procede de Deus. Religiões ou igrejas assim não se interessam pela verdade. Aliás, elas têm aversão por ela. Elas buscam o que funciona; não buscam o que é certo, mas o que dá certo. Querem resultado, e não fidelidade à Palavra de Deus.
A religião do sincretismo proclama ser verdadeira, mas é totalmente falsa (2.19). É falsa toda religião que não segue a orientação da cabeça, que é Cristo. É uma cilada toda religião que dá mais valor às visões, ensinos e experiências dos homens que ao ensino de Cristo. Toda religião que se isola e pretende ser a única detentora da verdade sem estar suprida pela cabeça e bem vinculada por suas juntas e ligamentos é um câncer no corpo em vez de crescer o crescimento que procede de Deus.
Asceticismo (dieta judaica): Cl 2.20-22 - O sentido do versículo 21 torna-se mais explícito no 22. São proibições impostas pelos homens, como indica a frase segundo os preceitos e doutrinas dos homens. Estar ocupado em comer carne e beber seria a essência da verdadeira religião, e não o ocupar-se do Cristo vivo?
O que Paulo deseja ensinar aqui é que, se você já morreu com Cristo e escapou dos conceitos rudimentares do mundo, por que então se submete a preceitos como: “Não toque nisto”; “Não prove aquilo”; “Não mexa naquela outra coisa”, como se sua vida ainda pertencesse a este mundo — coisas que existem para serem gastas e depois desaparecerem —, obedecendo assim a ensinamentos humanos?
Cl 2.23 - Essas práticas da religião humana criam uma suposta aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético. Com o culto de si mesmo, aquelas pessoas adotaram uma forma de adoração em que elas mesmas decidiam o que era certo, em vez de seguir os ensinamentos da palavra de Deus. Parecem ter sido pessoas piedosas, porém não seguiam o verdadeiro cristianismo.
Qual o valor de todas essas práticas? Talvez a melhor explicação esteja no final do versículo: não têm valor algum contra a sensualidade. Todos os falsos sistemas fracassam completamente quando tentam melhorar o homem. Embora deem a impressão de que a carne pode realizar algo de bom para merecer o favor de Deus, não conseguem restringir as paixões nem os desejos carnais.
A postura cristã é que morremos para a carne, com suas paixões e desejos, e que daqui por diante viveremos para a glória de Deus. Fazemos isso não por medo de punição, mas por amor àquele que se deu a si mesmo por nós.

Conclusão

O problema da tentativa de auto-justificação por meio da obediência à lei não era algo novo para Paulo. Algo parecido aconteceu com os Gálatas (Gl 4.9-10). A estes, Paulo informa que a busca por tentar se apresentar justo diante de Deus através da lei significa “queda da graça” (Gl 5.4).
No trecho de Cl 2.10-15 Paulo expõe o que e como Cristo fez para nos libertar dessas algemas que esses falsos mestres tanto tentam nos colocar novamente.
Paulo afirma que não são anjos, principados ou potestades que têm poder sobre a vida do crente, mas Cristo que é o cabeça, o patrão, o superior a todo principado e potestade.
Também temos a confirmação de que, no batismo, não fomos apenas crucificados com Cristo e sepultados com ele: fomos também ressuscitados com ele para andarmos em novidade de vida (Rm 6.4). Isso se dá mediante a fé no poder de Deus que ressuscitou a Cristo dentre os mortos.
Antes da conversão, Os colossenses e nós estávamos mortos em nossas transgressões. Isso quer dizer que estavam espiritualmente mortos em relação a Deus por causa do pecado. Os colossenses eram gentios. Não pertenciam ao povo terrestre de Deus, os judeus. Viviam, portanto, distantes de Deus, dando vazão a todas as vontades e desejos da sua natureza pecaminosa, mas, quando ouviram a mensagem do evangelho e creram no Senhor Jesus Cristo, foi-lhes concedida vida juntamente com Cristo, e todos os seus delitos foram perdoados. O que aconteceu aos colossenses foi que sua maneira de viver foi alterada. Sua história como pecadores chegou ao fim. Agora eles eram novas criaturas em Cristo Jesus. Estavam do lado certo da ressurreição, por isso deviam dizer adeus a tudo o que os caracterizava como carnais. E isso aconteceu conosco também!
Cl 2.14 - A expressão o escrito de dívida, que era contra nós, é uma alusão à lei. Em certo sentido, os Dez Mandamentos eram contra nós e nos condenavam porque não os guardávamos perfeitamente. O apóstolo Paulo, porém, não está se referindo apenas aos Dez Mandamentos, mas também à lei cerimonial exigida de Israel. Na lei cerimonial, havia toda espécie de mandamentos com respeito a dias santos, comidas e ritos religiosos que faziam parte da religião judaica. Apontavam para um dia futuro, em que o Senhor Jesus havia de vir. Eram sombras de sua pessoa e obra. Em sua morte no Calvário, ele removeu o escrito de dívida, cravando-o na cruz e cancelando-o, assim como se cancela uma fatura depois de quitada a dívida.
Meyer explica: “Pela morte de Cristo sobre a cruz, a lei que condenava os homens perdeu sua autoridade penal, visto que pela sua morte Cristo sofreu a maldição da lei pelos homens e se fez o fim da lei”. Kelly faz um belo resumo: “A lei não está morta, mas nós morremos para ela”.
Cl 2.15 - “e, despojando os principados e potestades (…)” a ideia aqui é a de um soldado que, ao vencer seus inimigos, lhes tomava seus bens e armaduras, despindo aquele inimigo abatido e expondo à vergonha. É isso que Cristo faz com os inimigos (principados e potestades do mundo espiritual) quando Ele arrebata de suas mãos as pessoas as quais Ele salvou!
Talvez esse versículo traga um conforto especial aos convertidos do satanismo ou religiões que prestam cultos a demônios e entidades. Se parte da sua vida foi vivida sob o engano dessas religiões, você ainda vive dominado pelo medo dos espíritos imundos, não há o que temer quando estamos em Cristo, porque ele já despojou os principados e as potestades.
Penso que uma das maiores e mais assustadoras diferenças entre a fé cristã e outras religiões é o fato de que, para obtermos a salvação e o favor de Deus não precisamos fazer um tanto de coisa. “Como assim eu não preciso cumprir promessa? Não preciso deixar de comer certas coisas? Não preciso viver debaixo desse julgo?” Isso é difícil de assimilar.
Então, quando você quiser entender se uma religião ou uma igreja (até dita evangélica) é saudável para sua vida espiritual, faça algumas perguntas:
Esse grupo religioso está enfatizando a graça de Deus ou as regras feitas pelos homens?
Esse grupo religioso tem uma vida disciplinada ou é impiedosamente crítico dos outros?
Esse grupo religioso coloca sua ênfase na Palavra de Deus ou em fórmulas, conhecimentos secretos e visões especiais?
Esse grupo religioso exalta a Cristo e Sua obra ou os observadores de suas regras?
Esse grupo religioso reconhece e valoriza a Igreja de Cristo, comprada pelo Seu sangue, ou a negligencia, exaltando apenas o seu grupo?
Não podemos mais vacilar quanto a nossa fé, meus irmãos. O melhor escudo de defesa do cristão diante das ideias mundanas pregadas e influenciadas por pessoas que são inimigas de Deus, é uma forte convicção e o entendimento a respeito da grandeza absoluta da pessoa e obra de Jesus Cristo.
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