Entendendo a Tentação

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Série: A FÉ QUE AGE

Sermão: Tiago 1:13-18

Pregador: Pr. Rodrigo Serrão

Entendendo a Tentação

Vimos na semana passada que Deus envia tribulação para Seus filhos porque nos ama.  Pode até soar estranho, mas a Bíblia é clara quando diz que Deus corrige a aquele a quem ama. 

Deus envia a tribulação visando o resultado que a tribulação acarreta na vida daquele que crer.  Portanto, podemos dizer que Deus nos testa, ou seja, nos prova a fim de que sejamos aprovados e nos tornemos crentes maduros e íntegros.

Neste texto que lemos, Tiago irá abordar o outro lado da tribulação.  Um lado que não tem nada a ver com Deus.  É um lado que não provém de Deus e por não provir de Deus não nos faz pessoas melhores, nem maduras, e nem íntegras. 

  

Tiago agora entra no mundo da tentação.  Ele entra no mundo do caminho que leva à iniqüidade. 

O dicionário define tentação como “O estado de ser tentado especialmente para o mal”

Ou seja, nada proveniente da tentação é bom ou edifica.  Não existe na tentação um caminho que leva à maturidade, mas apenas à escravidão e ao pecado.

Outra definição de tentação pode ser a oportunidade de fazer algo bom, mas de maneira errada, fora da vontade de Deus. 

Por exemplo: Não é errado você querer passar por uma prova ou teste, contudo, se você colar ou filar para passar na prova, você pecou.  A tentação de colar é uma oportunidade de se conseguir algo bom, mas de uma maneira errada.

Outro exemplo: não é errado comer, mas se você considerar roubar a sua comida, você já está entrando em um processo de tentação. 

Todo este processo de tentação não vem de Deus porque Deus é muito santo para ser tentado e também porque Ele é muito bom para querer isso para Seus filhos (v.13b)

Contudo, a tentação não é um processo único.  Quando olhamos para o Jardim do Éden no evento da tentação de Eva, até pensamos que tudo ocorreu de uma vez só.  Tiago, porém, vai detalhar todo o processo pelo qual o ser humano passa quando está sendo tentado.  

Vejamos então os quatro estágios da tentação

1.      Desejo (v.14a)

Desejo é algo natural a todos os seres humanos.  Desejos normais da vida são dados por Deus para a nossa própria sobrevivência. 

·        Precisamos ter o desejo de comer para que nossos corpos sejam nutridos;

·        Precisamos ter o desejo de beber água e outros líquidos para hidratarmos nossos corpos;

·        Precisamos ter o desejo sexual para perpetuarmos a vida neste planeta;

·        Precisamos ter o desejo do descanso para repousarmos e renovarmos nossa força.

O problema é quando queremos satisfazer estes desejos de forma que desagrada a Deus.  Quando isto acontece, então damos o primeiro passo em direção ao pecado e conseqüentemente à morte.

Assim:

·        Comer torna-se glutonaria;

·        Beber torna-se bebedeira;

·        Sexo torna-se prostituição;

·        Descanso torna-se preguiça.

O desejo quando sai do controle leva o indivíduo à perdição, ao pecado, à morte.

Portanto, o desejo não pode controlar o indivíduo, mas o indivíduo é que deve controlar o desejo

Santo Agostinho diz em seu livro “As Confissões de Santo Agostinho” “O pecado vem quando pegamos uma vontade perfeitamente natural ou um anseio ou uma ambição e tentamos desesperadamente satisfazê-la sem Deus. Isto não é somente pecado, mas é também uma distorção perversa da imagem do Criador em nós. Todas essas coisas boas, e toda a nossa segurança, só são totalmente encontradas e satisfeitas nEle.”     

O que Agostinho está dizendo é que se os desejos saírem de nosso controle, não há nada que façamos para tentar saciá-los que de fato traga satisfação duradoura.  Ou seja, quanto mais damos lugar aos maus desejos em nossas vidas, mais eles crescem e nos consomem.  É o mesmo processo que acomete um viciado em drogas.  Você nunca está satisfeito e sempre precisará de maiores quantidades para chegar ao mesmo nível de prazer.

Somente Deus pode satisfazer o ser humano por completo.  Sem deixar nada a desejar.

Quem busca satisfazer os desejos fora da vontade de Deus entrará em um ciclo que se inicia com o desejo, mas que termina com a morte.

Mas no processo da tentação o desejo é apenas o primeiro passo de um caminho que leva à destruição.  O segundo passo é a sedução.

2.      Sedução(v.14b)

 

Duas palavras chaves nesta parte do texto nos revelam como funciona o mecanismo da tentação. 

a.      Seduzido

b.      Arrastado

 

 Tiago usa a terminologia de um pescador ou caçador.  O bom caçador não vai à caça sem uma isca.  A isca serve para seduzir a preza.  Uma vez seduzida, a preza cai na armadilha do caçador e é arrastada para o abate. 

Pesca

Pense em um pescador.  O pescador não vai à pesca sem uma isca no anzol.  O peixe não percebe o anzol que está escondido dentro da isca.  O peixe é seduzido pela facilidade do alimento.  O peixe então motivado pelo desejo de comer e abocanha a isca e é pego pelo anzol.  Depois o pescador literalmente puxa (arrasta) o peixe para fora da água.  Não importa quanto o peixe resista, não importa quanto o peixe se jogue fora do mar e pule de um lado para o outro.  A probabilidade quase sempre vai estar do lado do pescador.

Caça

Agora imagine esta cena.  O caçador está à espreita de um animal selvagem.  Ele se camufla para ficar imperceptível à caça.  O caçador já preparou a isca e a armadilha para capturar a presa.  Ele coloca a comida preferida do animal a ser caçado e se afasta do local, ficando de longe a espreitar.  O animal, seduzido pelo que lhe atrai se aproxima da isca armada contra ele.  Não percebe o animal que acima dele tem uma arapuca presa por uma frágil corda.  O animal caminha em direção a satisfazer o seu desejo e de repente, quando ele menos imagina, está preso por uma jaula.  Ali dentro daquela jaula, agora cativo e refém do caçador, o animal é morto e literalmente arrastado até o carro do caçador que levará a cabeça do animal como troféu.

Sem a isca, nem o pescador e nem o caçador capturaram suas presasÉ a isca que enche os olhos da presa.  A isca é atraente, mas leva a presa aos braços da morte.

 

Contudo, é importante notar que a isca não revela as conseqüências desastrosas que estão por trás dela.  Ninguém que é seduzido e arrastado pela isca da tentação está consciente da destruição e tragédia que a isca vai trazer a si.  

Se David soubesse das conseqüências que viriam sobre ele e sua família, ele não teria olhado para a esposa do seu vizinho e cometido adultério com ela.   

A isca nos cega o entendimento e não nos deixa ver as conseqüências do pecado.     

Portanto, FUJA DA ISCA!

E como somos seduzidos e arrastados pelos nossos desejos?

a.      Por sermos todos seres caídos, mesmo salvos, porém em processo de santificação.

b.      Pela luta existente entre a nossa nova natureza e a carne. (Gal. 5:17)

c.      Pelas armadilhas do diabo que é o grande tentador das nossas vidas, que procura nossos pontos fracos para nos apresentar a isca.

d.      Por não nos dedicarmos à nossa vida devocional e de comunhão com Deus.  Isto acarreta em fraqueza espiritual, em exacerbação da natureza carnal e numa maior facilidade para darmos lugar à carne. 

 

Em termos práticos, devemos fugir de tudo aquilo que nos seduz e nos leva a pecar. 

Os top 3 são: Sexo, Dinheiro e Poder.

Por isso:

Se o problema é na área sexual – a isca será tudo ligado à pornografia e sexo ilícito (incluindo adultério, homossexualismo, lesbianismo, bestialismo, etc.)

Se o problema é no amor ao dinheiro – a isca será cargos dentro e fora da igreja que leva ao manuseamento de dinheiro.  Será o apelo materialista e consumista.  Haverá frustração porque não se consegue todas as coisas que são apresentadas induzindo o indivíduo ao roubo ou a qualquer outra maneira ilícita de ganhar dinheiro.

Esta tática é muito usada pela Igreja Universal e outras similares que buscam atrair pessoas através de iscas que estimulam a ganância e a cobiça dos homens.

Se o seu problema é poder – a isca será cargos ou posições, tanto na igreja quanto no trabalho.  Talvez existam problemas nos relacionamentos com pessoas de menos autoridade.  Talvez o indivíduo tenha problemas em demonstrar humildade como também dificuldade em ser ensinado.  Portanto, tudo que tem a ver com relacionamentos em escala profissional e pessoal pode ser uma isca para atrair aqueles que têm fraqueza na área de poder.

E a lista continua, com drogas ilícitas, álcool, cigarro, mentira, FOFOCA, etc.

Porém, a tentação não fica apenas no desejo e na sedução.  O próximo estágio é um dos que mais nos afasta de Deus.  É o ato propriamente dito.  É quando tudo que já foi gerado dentro é posto para fora. 

Chegamos ao estágio da:

 

3.      Desobediência(v.15a)

Aqui Tiago sai da imagem do caçador e da isca para a do nascimento de um bebê.  É aqui que “chutamos o pau-da-barraca” e de fato colocamos para fora toda a gestação da tentação que estava dentro de nós.  

Aqui entramos no estágio da vontade.  A vontade aprova aquilo estava sendo gerado dentro de nós e agimos em relação a ela concretizando assim o pecado.  O pecado nesta ilustração de Tiago é o próprio bebê que geramos e que ao amadurecer nos levará a morte.

Sabemos que a vontade de Deus é santa, perfeita, e agradável.  Mas a nossa vontade não é.  Por isso, o crente não pode viver segundo suas vontades, mas segundo a sua fé.  Quando damos muito lugar a nossa vontade, nos afastamos completamente da vontade de Deus que tem que ser a única vontade que direciona nossas vidas. 

A desobediência é uma característica dos homens do fim dos tempos de acordo com 2 Timóteo 3:2 “pois os homens serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a seus pais, ingratos, ímpios

A desobediência, portanto é a prática da sedução e dos desejos gerados dentro de nós pela nossa natureza caída incitada pelas armadilhas do diabo.

Perceba que a desobediência é o ato daquilo que já vem sendo gerado dentro de nós. 

Portanto tenha muito cuidado com seus pensamentos.  Aquilo que você pensa eventualmente irá se manifestar em ações práticas se você não cortá-lo pela raiz. 

Paulo nos dá o remédio que precisamos para vencer a desobediência.

Paulo diz: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Fil 4:8)

Paulo também diz, em Gálatas 5:16: “Andai pelo Espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne

·        Você tem desobedecido a Deus?

·        O que você tem feito para vencer a desobediência e se tornar um filho obediente ao Pai?

Após a desobediência, Tiago chega ao último estágio da tentação.  Na verdade, usando a mesma ilustração anterior, Tiago diz que quando a desobediência amadurece, ela gera a morte.

 

4.      Morte(v.15b)

Este é o estágio final da tentação.  Para aqueles sem Cristo, este versículo se cumpre em sua totalidade, para aqueles em Cristo ele se cumpre de forma espiritual. 

Romanos 5 nos dá uma idéia melhor sobre este assunto.

 “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram. Porque antes da lei já estava o pecado no mundo, mas onde não há lei o pecado não é levado em conta. No entanto a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram ã semelhança da transgressão de Adão o qual é figura daquele que havia de vir.

    Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, abundou para muitos. Também não é assim o dom como a ofensa, que veio por um só que pecou; porque o juízo veio, na verdade, de uma só ofensa para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação.  Porque, se pela ofensa de um só, a morte veio a reinar por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.

    Portanto, assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação e vida. Porque, assim como pela desobediência de um só homem muitos foram constituídos pecadores, assim também pela obediência de um, muitos serão constituídos justos.

    Sobreveio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; para que, assim como o pecado veio a reinar na morte, assim também viesse a reinar a graça pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor” (Rom 5:12-21)

Portanto, de acordo com este texto de Paulo, aqueles que estão em Cristo já estão justificados.  Aqueles, porém sem Cristo estão mortos em seus pecados.

E a pergunta aqui então não é se perdemos ou não a salvação quando o pecado gera a morte, mas se somos ou não salvos. 

Em Cristo, porém, a morte não pode mais nos atingir.  Não que sejamos perfeitos, mas que a graça de Jesus nos cobre e o sangue de Jesus nos justifica. 

Ela, digo a morte é que está com seus dias contados.  Pois chegará o dia em que a morte perderá seu poder e todos os salvos serão ressuscitados.

1 Cor 15 a partir do versículo 54 nos dá uma melhor idéia disto:

  “Mas, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrito: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.  Mas graça a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.

   Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.”

Paulo diz em Romanos 6:23, “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor.”

Contudo, mesmo que a morte física não alcance aqueles que são salvos, não podemos negar o poder devastador de morte onde quer que pecado seja praticado.

O pecado mata:

·        Casamento

·        Vida espiritual

·        Amizade

·        Saúde

·        Consciência

·        Paz

·        Vida abundante

·        A todos com morte física (como herança de Adão)

·        E apenas os perdidos (chamado de segunda morte, por não crerem em Jesus)

 

Conclusão

O texto termina com Tiago tirando a atenção dos leitores do pecador e colocando novamente em Deus, mas especificamente na bondade de Deus (v.16-18).

Tiago quer aqui mostrar aos seus leitores que quando fitamos nossos olhos em Deus e percebemos como Deus é bom, nós nos protegemos da tentação e do tentador que tão de perto nos rodeia. 

Você tem olhado para Deus como uma barreira que protege contra a tentação?

Deus é a melhor experiência que possa existir neste mundo para você?

Oremos!

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