A identidade e a Missão do Enviado em Jo 5.14-47

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A IDENTIDADE E A MISSÃO DO ENVIADO EM JO 5.14-47
Uma teologia da passage
A. INTRODUÇÃO
           O Evangelho de João está dramaticamente enxarcado do amor de Deus através de Cristo Jesus.[1] Os três primeiros evangelhos compartilham de vários assuntos correlatos, enquanto a narrativa apresentada por João é notadamente diferente do que vem antes dele. Alguns aspectos podem ser destacados em relação a essa diferença marcante que caracteriza este evangelho.
           A primeira é que o quarto evangelho não utiliza uma grande soma de material presente nos sinóticos, como por exemplo as parábolas, o relato da transfiguração, o relato da Ceia do Senhor, não existe embate com os demônios e não existe qualquer menção a tentação.[2]
           Uma segunda característica desse evangelho tem que ver com uma grande quantidade de materiais que ele inclui e não estão presentes na economia dos evangelhos sinóticos, como por exemplo toda a parte dos capítulos 2 a 4 que tratam sobre o milagre de água em vinho, a entrevista noturna com um sacerdote fariseu, o encontro com a samaritana no poço em Sicar, assim com a ressureição de Lázaro no capítulo 11 e o foco de trabalho de Jesus mais ao sul do que ao norte mostram que este evangelho certamente agrega aos demais na formação mosaica de quem foi Cristo.[3]
           Seguindo, identifica-se uma terceira nuance neste evangelho em relação existe uma aparente tensão entre os sinóticos e o quarto evangelho quando alguns assuntos são comuns a ambos, como por exemplo nos sinóticos João Batista é descrito como sendo o Elias (Mc 9.11-13 e pares), enquanto João (1.21)  narra uma negativa nesse sentido, nos sinóticos o desenvolvimento da fé dos discípulos parece ser gradual (Mc 8.27-30 e pares), enquanto que em João diversos indivíduos confessam o nome de Cristo como Rabi, Messias, Filho de Deus, Filho do Homem, Cordeiro de Deus e Rei de Israel como uma predileção por sua divindade.[4]
           A característica quaternária versa sobre as aparentes discrepâncias cronológicas do livro como por exemplo Jo 2.14-22 apresenta Jesus purificando o templo no começo do seu ministério, enquanto Mc 11.15-17 e os demais sinóticos descrevem que essa purificação tenha ocorrido no final de seu ministério. O evangelho de João descreve três festas da Páscoa, enquanto os sinóticos descrevem apenas uma, o que gerou e gera diversos problemas em relação a qual calendário estaria sendo usado pelos evangelistas.[5]
           A quinta peculiaridade deste evangelho tem que ver o estilo literário do escrito joanino que é marcado por um vocabulário menor do que em relação aos sinóticos, é abundante o uso de frases paratáticas[6], vocábulos peculiares como o uso do pronome aquele (ekeinos) ao invés de ele, como também é frequente o uso de assíndetos[7] e o mais importante ele descreve os discursos de Jesus quase que na íntegra diferente dos evangelistas sinóticos.[8]
           Por fim, a última particularidade deste evangelho discorre sobre os diversos anacronismos históricos ou discrepâncias frequentemente alegadas como no episódio de João 14.31 onde o evangelista usa as expressões “venha”, “vamos partir”, mas aparentemente não há movimento, outros argumentam que o evangelho tenha acabado em 20.30-31 e que o capítulo final seria uma adição posterior.[9]
 
Justificativa
           O fato de possuir tantas peculiaridades e ser um material tão intrigante o torna alvo de investigação e acima de tudo de aprendizado sobre a natureza divina de Jesus apresentada de uma forma singular e jamais vista nos evangelhos sinóticos. Além do mais, é alvo dessa pesquisa a busca por compreender o papel de Jesus frente aos 7 sinais que realizou e de que forma esses sinais enfatizavam sua divindade e ajudaram a ensinar uma teologia correta sobre o Antigo Testamento e sobre como a divindade deseja que o ser humano o conheça. Para além, destaca que o sinal do homem enfermo será assunto de reflexão pelo fato de que a partir dele todos os outros sinais subsequentes parecem ser desencadeados concluindo no último sinal operado sobre Lázaro.
 
Delimitação da passagem
           O evangelista João apresenta no capítulo 5 uma estrutura dividida basicamente em duas partes, sendo a primeira parte (Jo 5.1-18) majoritariamente composta pela narrativa do sinal (a cura do enfermo) e o efeito que isso provocou na teologia que os judeus defendiam, em contrapartida a segunda parte (Jo 5.19-47) é totalmente composta pelo discurso do Filho de Deus como forma de adequadamente educar a forma teológica dos judeus enxergarem as coisas de Deus.
           Para fins de definição da perícope de estudo verificou-se a presença da preposição μετὰ (após) com o pronome demonstrativo feminino plural ταῦτα (estas coisas) é uma construção que denota a ideias de mudança ou sequência[10], o fato de nesse caso reger o acusativo demostra que a ênfase do escritor é desdobrar um novo assunto a luz do que aconteceu anteriormente. [11] No evangelho de João, essa formação μετὰ ταῦτα regendo o acusativo aparece 7x (Jo 3.22; 5.1; 5.14; 6.1; 7.1; 13.7; 21.1).  Aparentemente, apenas no episódio do Lava-pés (Jo 13.7) a expressão não introduz uma nova seção. Contudo, dentro deste texto, essa expressão aparece duas vezes: a primeira: a cura de um paralítico (Jo 5.1) e a segunda no reencontro com o homem já curado (Jo 5.14).[12]           
           A partir disso, o estudo teológico se concentrará na perícope de Jo 5.14-47 que revela diversos insights valiosos os quais precisam ser abordados quando se pensa sobre os aparentes desdobramentos teológicos[13] dessa passagem e que estão intrinsecamente ligados ao desdobramento teológico global do livro e das Escrituras.
                      De acordo com Kruse essa passagem está dentro da seção da Obra de Jesus no mundo,[14] ele é de certa forma acompanhado por Leonard[15] por outro lado Newman e Nida colocam este capítulo dentro a seção que eles chamam o livro dos Sinais.[16]
           
B. BREVE HISTÓRICO DO EVANGELHO
Autoria
           A identidade do escritor do Evangelho de João é um assunto que gera uma série de debates e controvérsias entre os eruditos da área, alguns procuram desacreditar que tenha sido João, o filho de Zebedeu e irmão de Tiago, o escritor do livro pelo simples fato de não estar identificado o seu nome no livro, o fato de ser denominado como o discípulo amado coloca em dúvidas para alguns a relação de João como sendo o autor uma ideia muito questionável pelo fato de que a falta de um nome longe de descaracterizar falsidade atestava para a ampla aceitação e conhecimento entre a comunidade receptora.[17]
           Por outro lado, existem aqueles que dependem da chamada evidência externa para corroborar que o autor tenha sido João, o filho de Zebedeu o escritor da literatura e procuram atribuir aos escritos de Papias, Irineu (discípulo de Papias) e a Eusébio como fontes seguras para afirmar que tenha sido este (João, o ex-filho do trovão) o escritor da obra, essa também é uma vertente que acarreta alguns problemas como a necessidade de depender de fontes externar para validar um escrito bíblico, além de levar a erros como o cometido por Irineu que postulou os dois Joãos.[18]
           Por fim, existem aqueles que se apoiam majoritariamente na evidência interna do texto bíblico para convalidar que o escritor do livro seja João, o filho de Zebedeu e que se tornou o discípulo do amor através de seu contato de intimidade com o Mestre Cristo. Evidências internas apontam que o discípulo amado estava na Ceia do Senhor (Jo 13.23), não era Pedro (20.2-9; 21.20), é um dos 7 que vão pescar e não pode ser Pedro, Tomé e Natanael (21); não pode ser Tiago pois este se tornou o primeiro dos apóstolos martirizados da era cristã (At 12.1-2) e seria muito estranho conceber que apóstolos mais destacados como João, Tiago, Pedro e André que não são mencionados como autores dessem lugar a autoria para apóstolos de menor expressão como Filipe e ou Simão, o ex-Zelote.[19]
           Em suma, credita-se a João, irmão de Tiago e filho de Zebedeu, a autoria do evangelho que leva o seu nome e o fato dele não o mencionar pode ser uma forma de deliberada omissão de mencionar seu próprio nome pessoal, possivelmente para apenas enfatizar os feitos do Deus-Homem.
Data
           Quanto ao tópico da data de composição do livro foram postuladas ao longo do tempo 3 posições de maior preponderância, uma delas dizia que o livro teria sido composto em meados da metade do segundo século pós Cristo, entretanto essa posição caiu em “obsoletidade” após a descoberta do papiro P52 com cinco versos de João 18 datado do início do segundo século.[20]
           Outra posição defendida por Robinson é a de que o livro tenha sido escrito na década de 60 d.C. antes da destruição de Jerusalém 70 d.C., o fato da omissão da destruição do templo é um argumento utilizado por ele para alocar a composição desta obra neste período, a dificuldade desta posição está relacionada ao fato de que a teoria do silêncio também favorece uma argumentação para uma composição tardia pelo fato de que o autor omite a destruição do templo seguramente porque este já não mais existia.[21]
           Por fim, uma terceira proposta para a elaboração desta obra tem que ver com uma data posterior a destruição do templo de Jerusalém em 70 d.C e anterior a finalização do primeiro século da era cristã. Segundo a tradição cristã, então, João teria escrito a obra quando retornou de Patmos para a cidade de Éfeso após o falecimento de seu algoz, o imperador Domiciano (96 d.C) e deve ter escrito no período de Trajano (98-117 d.C), assim como as demais existem questões que geram dificuldades com essa proposta pelo fato de que a tradição não consegue atestar uma data exata para a composição da obra.[22]
           Sumariamente, acredita-se que a última proposta seja a mais viável pelo fato de que a tradição cristã ateste que o escritor residia em Éfeso e vivia sob o regime do imperador Trajano, o que certamente precisa encaixar a data da composição entre as décadas de 80 e 90 d.C.
C. PRINCIPAIS TEMAS TEOLÓGICOS DO EVANGELHO
           Os principais temas teológicos abordados neste evangelho são destacados como segue:[23]
a.      Deus o Pai, existe uma grande ênfase para destacar a fonte da teologia do livro centrada na personalidade de Deus como de onde todo o desdobramento teológico irá gravitar (Jo 1.1,2)
b.     Jesus, o Filho, é a expressão da ação de Deus enquanto aqui nesta terra e o evangelho de João está totalmente imerso em uma cristologia profunda com o intuito de defender a veracidade de Cristo como o Santo de Deus (6.69), o Filho de Deus (20.31) o Messias (7.26).
c.      O Santo Espírito, é um tema teológico mais fortemente abordado no evangelho de João do que nos Sinóticos, a vinda do Consolador e sua obra são desdobramentos teológicos preciosos para ensinar aos seus interlocutores o valor dEste humilde protagonista.
d.     A Escatologia, é um tema muito forte da teologia joanina, pois ele enfatiza muito o aspecto futurista, mas ao mesmo tempo ele trabalha uma escatologia já inaugurada e ao mesmo tem ainda não consumada.
e.      A Vida eterna/salvação é um tema muito amplo e mais recorrente em João do que nos demais evangelhos (Jo 5.26)
f.       Testemunho, nenhum livro do NT usa mais vezes a expressão testemunho/testemunhar do que João, nada menos do que 47 vezes[24]
g.     Fé e sinais, este também é um tema muito presente no evangelho e talvez é o coração da mensagem pregada pelo evangelista (Jo 6.29)
h.     Amor e obediência, o amor do Pai é demostrado por seu filho que em resposta obedece a vontade de Seu Pai (Jo 14.31)
i.       A igreja, apesar de não haver uma citação direta a igreja existe uma equivalência conceitual e semântica em referência a igreja como a habitação entre seu povo (1.14), a ideia do casamento (3.27-30), aqueles que se tornaram propriedade de Cristo através da outorga de Deus (17.2,6), o rebanho de Deus (10.1-21).
j.       O sacramentalismo, como o recebimento do batismo através de João Batista (Jo 1) e a instituição da cerimônia da Ceia do Senhor, sobretudo o Lava-pés (Jo 13).
k.     Os judeus, são retratados como o símbolo da inimizade de do ódio nesse evangelho, aqueles que perseguem e matam (5.15, 18).
           
D. ESQUETE DA PASSAGEM
            
           A perícope em estudo (Jo 5.14-47) subdivide-se em duas seções, claramente demarcadas pela expressão Ἀπεκρίνατο οὖν em Jo 5.19 que introduz uma construção subordinada distintiva de personalidade de causa e efeito[25].  Logo, a dupla estrutura de Jo 5.14-47 é composta de um bloco pequeno narrativo[26] que abraça os versos 14-18 e o bloco maior discursivo que abarca os versos 19-47.
           O primeiro bloco é majoritariamente uma narrativa-narrativa sobre um fato ocorrido durante uma comemoração festiva dos judeus, na ocasião Jesus cura um enfermo que padecia há 38 anos e estava perto do tanque de Betesda buscando restauração para sua situação deprimente.
           O segundo bloco é uma narrativa-discurso sobre a resposta que Jesus oferece aos seus interlocutores judeus que se apresentam como sendo os guardiões de uma teologia ortodoxa e ortopraxista no que diz respeito a diversos desdobramentos teológicos como a teologia do sábado, da relação Deus-homem, do juízo, entre vários outros tópicos.
Esboço
           Portanto, o esboço desta perícope pode ser globalmente delineado da seguinte forma:
1.                 Diálogos (5. 14-19)
1.                 Jesus e o curado        
2.                 Jesus e os judeus
2.                 O discurso de Jesus através dos Amém, Amém[27]
1.                 Amém, amém: O Filho imita as ações do Pai
A.   Porque o Pai ama o Filho e (Jo 5.20)
1.                 Lhe mostra tudo
2.                 Lhe mostra obras maiores
3.                 Lhe mostra obras maiores para maravilhamento
B.    Porque o Pai ressuscita e vivifica (Jo 5.21)
1.                 O Filho vivifica
2.                 O Filho vivifica a quem ele quiser
C.    Porque o Pai dá julgamento ao Filho
1.                 Quem honra o Filho, honra o Pai
2.                 Quem desonra o Filho, desonra o Pai.
2.                 Amém, amém: A obediência e a crença no Pai (Jo 5,24)
a)     Aceitar o enviado significa ter a vida eterna.
b)     Aceitar o enviado significa não entrar em julgamento.
c)     Aceitar o enviado significa passar da morte para a vida.
3.                 Amém, amém: A inauguração do reino (Jo 5.25)
A.   É chegada a hora em que os mortos
1.                 Ouvirão a voz do Filho
2.                 Ouvirão a voz para viver
a)     Porque o Pai e o Filho têm vida própria (26)
b)     Porque o Filho do Homem recebeu a autoridade para julgar. (27)
B.    É chegada a hora para os moradores dos túmulos (5.28)
1.                 Ouvirem Sua voz
2.                 Saírem dos túmulos
a)     Os praticantes do bem para Ressurreição[28] da Vida (29)
b)     Os praticantes do mal para Ressurreição do Juízo (29)
C.    A dependência do Pai (5.30)
1.                 Para ouvir
2.                 Para julgar
3.                 Para fazer a vontade do remetente
4.                 Para testemunhar
a)     O próprio testemunho não é verdadeiro (31)
b)     O testemunho dado por outro é verdadeiro (32)
                                                                                   I.           João dá verdadeiro testemunho (33)
                                                                                                                II.           O testemunho de João foi limitado (34)
                                                                                                             III.           João era lâmpada (35)
1.                 Queimante
2.                 Brilhante
3.                 Luz temporária
2.                 O testemunho dado por Suas obras (36)
1.                 É maior do que o de João
2.                 É plenamente cumprido
3.                 Confirma o enviado
3.                 O testemunho dado pelo Pai (37)
a)     Mostra a falta dos homens com o Pai, pois eles nunca ouvem a Sua voz (37)
b)     Mostra a falta dos homens com o Pai, pois eles não veem a Sua aparência (37)
c)     Mostra a falta dos homens com o Pai, pois a palavra não fica neles (38)
d)     Mostra a falta dos homens com o Pai, pois eles não acreditam (38)
4.                 O testemunho dado pelas Escrituras é a vida eterna (39)
1.                 Através de Jesus
2.                 Mas rejeitado pelos judeus (40)
D.   O papel do enviado (5.41)
1.                 Ele veio para não receber a glória humana em que não há o amor de Deus (41,42)
2.                 Ele veio para proclamar o nome de Seu Pai (43)
1.                 Mesmo que os judeus rejeitem o Filho
2.                 Mesmo que os judeus aceitem o estranho
1.                 porque recebem glória humana (44)
2.                 porque rejeitam a glória do Deus Único
3.                 Ele veio confirmar os escritos de Moisés (45)
1.                 Que acusa os incrédulos (45,47)
2.                 Que escreveu sobre Jesus (46)
 
E. TEOLOGIA DA PASSAGEM
 
Os três grandes enviados
        
           As Escrituras deveriam esclarecer para os judeus que Deus comissionou três homens como seus enviados os quais teriam um papel fundamental para o povo, a saber Moisés o libertador, Elias (João) o restaurador e Cristo, o libertador/restaurador. Um fato curioso é que os três enviados estão juntos no monte da transfiguração conforme relatado pelos sinóticos.
  As escrituras são o ponto de referência também para o Enviado, pois a sua missão está intimamente dependente do comissionamento das Escrituras. Elas apresentam o caminho para a vida eterna, e elas falam do Enviado de Deus como sendo aquele que doa a vida. O primeiro Enviado é Moises de onde estão transcritas as Escrituras.
·        Por isso, Ele não recebe a glória humana destituída do amor de Deus (Jn 5. 41-42)
·        Por isso, ele vem em nome do seu Pai, sendo não recebido pelos homens (Jn 5.43)
·        Por isso, o nome dos homens é exaltado e o único Deus rejeitado (Jn 5.44; Dt 6.4-6), o Deus do shemá.
·        Por isso, Moisés será o acusador deles (Jn 5.45-46; Dt 18:15-19), pois rejeitaram ouvir e crer nas palavras divinas mediadas por seu profeta Moisés.
·        Por isso, rejeitando Jesus (o Enviado) eles estão rejeitando as Escrituras (Jn 5.47; Jn 7.18; Zc 2.8-9)
           O segundo deles seria a “lâmpada” João, o Elias sofredor (Ml 4.5; Mt 11.7-14, 17.10-13; Mk 9.11-13; Lk 1.11-17), conforme encontrado em que seria a primeira testemunha sobre Ele os passos de seu testemunho seriam
·        João, o enviado[29] de Deus (o mensageiro) - Jn 1.6
·        Enviado para testemunhar da luz preexistente - Jn 1.7, 15
·        Ele era a lâmpada (Jn 5.35) que testemunhou da verdadeira luz, que ilumina o mundo (Jn 1.8-9)
·        Ele se considerava “a voz do deserto” que clama para os comissionados (Jn1.19, 23)
·        A missão João batizar era para que o Enviado supremo fosse revelado (Jn 1.29,31)
·        João deu testemunho de que Ele era o Filhos de Deus que batiza com o Espírito Santo (Jn 1. 34)
           O último Enviado é o que tem autoridade para batizar com o Espírito Santo, qualquer um pode ser um batizador nas águas, mas só um pode batizar com o Espírito Santo.
           Após, isso viriam as obras do Enviado através de 7 sinais sendo 5 delas usando o poder da palavra:
·        As bodas de Caná (Jn 2.1-12)
·        Cura do filho de um funcionário (Jn 4.43-54)
·        Cura do paralítico (Jn 5.1-47)
·        Multiplicação dos pães (Jn 6.1-15)
·        Caminhar sobre as águas (Jn 6.16-70)
·        Cura do cego de nascença (Jn 9.1-41)
·        Ressurreição de Lázaro (Jn 11.1-54)
           O próprio Pai daria testemunho sobre Cristo
·        No batismo (Matthew 3:17; Mark 1:11, Lk 3.22)
·        Na transfiguração (Mt 12.18; Mk 9.7; Lk 9.35)
·        Antes de sua morte (Jn 12.28)
           Um fato curioso é que a palavra glória aparece 66 vezes na literatura joanina, com aspectos positivos quando focalizam a glória divina e com aspectos negativos quando se prendem na glória humana.
           Portanto, as ênfases teológicas do livro de João e especialmente do capítulo 5.14-47 tem que ver com as seguintes disposições:
1.     Teologia do Sábado - lícito x ilícito.
2.     Teologia do homem - pecado (homem curado) e rebelião (judeus que rejeitam ouvir, o enviado, as Escrituras, a glória de Deus)
3.     Teologia da Imitação - pai=filho: glória de Deus
4.     Teologia da ressurreição - vida x juízo
5.     Teologia do juízo - base, réus, julgador, sentença
6.     Teologia da Missão - identidade, autoridade e testemunho do enviado
7.     Teologia da Salvação - fé (crer) e obras, cura e restauração
8.     Teologia da divindade - o nome de Deus e sua unicidade
9.     Teologia das Escrituras - sua validade e testemhunho
F. CONSIDERAÇÕES FINAIS
           Finalmente, depreende-se que o Evangelho de João apresenta um desdobramento teológico que vai em diversas direções, mas que está amparado na ideia de que o processo teológico está amparado no Deus único, é notório ver que no capítulo 5, Cristo é o representante direto de Deus para explanar os conhecimentos e a vontade de seu enviador ao mundo.
           Cristo não vem cumprir a sua própria agenda, mas a agenda do Pai celestial ao desmistificar muito conceitos equivocados que os seus opositores tinham em relação a si e a palavra de Deus, através de ensinos categóricos como a economia do sábado, da salvação, do juízo, da ressurreição, do testemunho, do enviado, das Escrituras. O Salvador pretendia dar provas inequívocas de que Ele era um com Deus e o enviado direto do Mantenedor de tudo para mostrar as obras, poder, caráter e amor do Pai pelos pecadores.
REFERÊNCIAS
 
BEALE, G. K., BRENDSEL, Daniel J.; ROSS, William A. An Interpretive Lexicon of New Testament Greek: Analysis of Prepositions, Adverbs, Particles, Relative Pronouns, and Conjunctions. Grand Rapids, MI: Zondervan, 2014.
 
BRUCE, F. F. The Gospel of John: Introduction, Exposition and Notes. Nashville, TN; Bath, England: Kingsley Books, 2018.
 
CARSON, D. A. The Gospel according to John. The Pillar New Testament Commentary. Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans, 1991.
 
DUNN, James. Teologia do Novo Testamento: uma introdução. Petrópolis, 2020.
 
HARRIS, Murray J. Prepositions and Theology in the Greek New Testament: An Essential Reference Resource for Exegesis. Grand Rapids, MI: Zondervan, 2012.
 
KRUSE, Colin G., John: An Introduction and Commentary, vol. 4, Tyndale New Testament Commentaries (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 2003.
 
NEWMAN, Barclay Moon; NIDA, Eugene Albert, A Handbook on the Gospel of John, UBS Handbook Series. New York: United Bible Societies, 1993.
 
ORCHARD, Bernard; SUTCLIFFE, Edmund F (Eds.). A Catholic Commentary on Holy Scripture. Toronto; New York; Edinburgh: Thomas Nelson, 1953.
 
ORR, James (Ed.) et al., The International Standard Bible Encyclopaedia. Chicago: The Howard-Severance Company, 1915.
 
SMYTH, Herbert Weir. A Greek Grammar for Colleges . New York; Cincinnati; Chicago; Boston; Atlanta: American Book Company, 1920.
 
WALLACE, Daniel B. Greek Grammar Beyond the Basics - Exegetical Syntax of the New Testament. Zondervan Publishing House and Galaxie Software, 1996.
 
WALTKE, Bruce; YU, Charles. Teologia do Antigo Testamento: uma abordagem exegética, canônica e temática. São Paulo: Vida Nova, 2015.
WALVOORD, J.F; ZUCK, R.B (Eds.). The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures, vol. 2. Wheaton, IL: Victor Books, 1985.
[1] CARSON, D. A. The Gospel according to John. The Pillar New Testament Commentary. Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans, 1991, p. 21-23.
[2] CARSON, D. A. The Gospel according to John. The Pillar New Testament Commentary. Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans, 1991, p. 21-23.
[3] CARSON, D. A. The Gospel according to John. The Pillar New Testament Commentary. Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans, 1991, p. 21-23.
[4] CARSON, D. A. The Gospel according to John. The Pillar New Testament Commentary. Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans, 1991, p. 21-23.
[5] CARSON, D. A. The Gospel according to John. The Pillar New Testament Commentary. Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans, 1991, p. 21-23.
[6] WALLACE, Daniel B. Greek Grammar Beyond the Basics - Exegetical Syntax of the New Testament. Zondervan Publishing House and Galaxie Software, 1996, p. 667.
[7]SMYTH, Herbert Weir. A Greek Grammar for Colleges . New York; Cincinnati; Chicago; Boston; Atlanta: American Book Company, 1920, p. 484.
[8] CARSON, D. A. The Gospel according to John. The Pillar New Testament Commentary. Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans, 1991, p. 21-23.
[9] CARSON, D. A. The Gospel according to John. The Pillar New Testament Commentary. Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans, 1991, p. 21-23.
[10] HARRIS, Murray J. Prepositions and Theology in the Greek New Testament: An Essential Reference Resource for Exegesis. Grand Rapids, MI: Zondervan, 2012, p. 161. Ver também WALLACE, Daniel B. Greek Grammar Beyond the Basics - Exegetical Syntax of the New Testament. Zondervan Publishing House and Galaxie Software, 1996, p. 658.
[11] HARRIS, Murray J. Prepositions and Theology in the Greek New Testament: An Essential Reference Resource for Exegesis. Grand Rapids, MI: Zondervan, 2012, p. 163.
[12] Sobre essas informações, foram retiradas do Software Logos Bible Study, versão 10.
[13] Será dada preferência ao conceito de desdobramento teológico ao invés de teologias ou mesmo teologização como postulou Dunn ver em DUNN, James. Teologia do Novo Testamento: uma introdução. Petrópolis, 2020, p. 11, 27-28, 31. O motivo é pelo entendimento de que todo o processo teológico parte de um mesmo fundamento e que é uma situação de desdobramento.
[14] KRUSE, Colin G., John: An Introduction and Commentary, vol. 4, Tyndale New Testament Commentaries (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 2003, p. 50.
[15] Confira a seção de W. Leonard, “The Gospel of Jesus Christ according to St John,” em ORCHARD, Bernard; SUTCLIFFE, Edmund F (Eds.). A Catholic Commentary on Holy Scripture. Toronto; New York; Edinburgh: Thomas Nelson, 1953, p. 975.
[16] NEWMAN, Barclay Moon; NIDA, Eugene Albert, A Handbook on the Gospel of John, UBS Handbook Series. New York: United Bible Societies, 1993, p. 2.
[17] CARSON, D. A. The Gospel according to John. The Pillar New Testament Commentary. Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans, 1991, p. 68-78.
[18] CARSON, D. A. The Gospel according to John. The Pillar New Testament Commentary. Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans, 1991, p. 68-78.
[19] CARSON, D. A. The Gospel according to John. The Pillar New Testament Commentary. Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans, 1991, p. 68-78.
[20] KRUSE, Colin G., John: An Introduction and Commentary, vol. 4, Tyndale New Testament Commentaries (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 2003, p. 30–31.
[21] KRUSE, Colin G., John: An Introduction and Commentary, vol. 4, Tyndale New Testament Commentaries (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 2003, p. 30–31.
[22] KRUSE, Colin G., John: An Introduction and Commentary, vol. 4, Tyndale New Testament Commentaries (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 2003, p. 31–32.
[23] O autor Kruse apresenta 11 temas teológicos abordados no livro de João confira em KRUSE, Colin G., John: An Introduction and Commentary, vol. 4, Tyndale New Testament Commentaries (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 2003, p. 37-50.
[24] É curioso como a expressão testemunho/testemunhar apareça 77x no corpus joanino das 136x que aparece no NT demonstra a amplitude desse tema para o profeta. Veja Edwin A. Blum, “John,” em WALVOORD, J.F; ZUCK, R.B (Eds.). The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures, vol. 2. Wheaton, IL: Victor Books, 1985, p. 291.
[25] BEALE, G. K., BRENDSEL, Daniel J.; ROSS, William A. An Interpretive Lexicon of New Testament Greek: Analysis of Prepositions, Adverbs, Particles, Relative Pronouns, and Conjunctions. Grand Rapids, MI: Zondervan, 2014, p. 8 e 77. Ver também WALLACE, Daniel B. Greek Grammar Beyond the Basics - Exegetical Syntax of the New Testament. Zondervan Publishing House and Galaxie Software, 1996, p. 667.
[26] Quando se define narrativa tem-se em vista o pensamento de que todos os textos bíblicos são uma narrativa realizada pelos seus intermediários, os narradores (autores), que escolhem como iriam sistematizar o seu pensamento para apresentar a beleza de seu conteúdo, não se presume fazer uma distinção rígida entre narrativa e discurso e esquecer que isso é apenas uma forma de se compreender com mais profundidade a temática abordada pelo escritor/narrador. Sobre isso ver a seção de Waltke em WALTKE, Bruce; YU, Charles. Teologia do Antigo Testamento: uma abordagem exegética, canônica e temática. São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 109-113.
[27] O Evangelho de João é o único livro do NT que atribui a Jesus a expressão ἀμὴν ἀμὴν λέγω para descrever suas que suas afirmações eram duplamente verdadeiras. “Em verdade, em verdade lhe(s) digo” aparece 25 vezes ao longo do evangelho. Ver a seção de Walker, W. L., “Verily, Verity,” em ORR, James (Ed.) et al., The International Standard Bible Encyclopaedia. Chicago: The Howard-Severance Company, 1915, p. 3047.
[28] O termo ressureição aparece 42x no NT anastasis e seus derivados e tem que ver com um conceito de restauração final. O termo usado aqui tem uma grande conexão com Daniel 12.2 e Lc 2.34. Ver BRUCE, F. F. The Gospel of John: Introduction, Exposition and Notes. Nashville, TN; Bath, England: Kingsley Books, 2018, p. 124-6.
[29] A palavra para enviar ἀποστέλλω aparece no Novo Testamento 7x como um verbo, perfeito, ativo, indicativo na 3ª pessoa no singular em Lc 4.18, Jo 5.36, 20.21, At 7.35, 9.17, 1 Jo 4.9, 14. E na literatura Joanina aparece 4x vezes ἀπέσταλκεν. E no Evangelho de João ela aparece ao total 28x e é o livro do NT que mais possui usos da palavra.
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