Jesus Tem Autoridade Sobre os Demônios (Mc 5.1-20)

Exaltando Jesus em Marcos  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Introdução

C.S. Lewis, um dos maiores escritores do século passado, escreveu um livro fictício ao mesmo tempo cômico, sério e esclarecedor: Cartas de Um Diabo a Seu Aprendiz. Basicamente é uma coletânea de cartas enviadas de Maldanado, um demônio experiente, a seu sobrinho aprendiz, Vermelindo. Logo na apresentação de sua obra, C.S. Lewis escreve o seguinte:
Nossa raça pode cair em dois erros igualmente graves, mas opostos, quanto aos demônios. O primeiro é não acreditar na existência deles. O outro é acreditar que eles existem e sentir um interesse excessivo e doentio por eles. Os demônios ficam igualmente satisfeitos com ambos os erros e saúdam um materialista ou um bruxo com o mesmo prazer.
Infelizmente, a história demonstra que a humanidade já caiu de ambas as formas.
No período da Idade Moderna vimos o desenvolvimento do Iluminismo, um período em que os racionalistas não acreditavam em demônios, nem em qualquer tipo de espírito. Tudo que lhes importava era o que a ciência oferecia.
Agora, no pós-modernismo, a humanidade está buscando novamente o misticismo, encantada por anjos, demônios e espíritos. Hollywood com seus filmes tem trabalhado para despertar a nossa curiosidade nesse sentido. Tal estratégia começou com O Bebê de Rosemary (1969) e O Exorcista (1973). Nos anos seguintes, muitos filmes sobre possessão foram lançados. Mais recentemente, vimos se popularizar A Bruxa de Blair (1999), e algumas séries, como Sobrenatural e a série da Netflix, O Mundo Sombrio de Sabrina (2018), uma adaptação de Sabrina, Aprendiz de Feiticeira.
Mas os demônios são tão interessantes assim? Precisamos saber da verdade, e a encontramos na Bíblia, a Palavra de Deus. Para compreender esse assunto, Marcos 5 é um ótimo ponto de partida. Ali vemos que os demônios existem e como eles agem no ser humano, bem como o poder libertador de Jesus, o nosso Senhor.
No texto anterior vimos que Jesus tem autoridade para controlar a natureza. Agora, vemos que Ele tem autoridade para controlar os demônios.
Meditemos nessa passagem.

1. O endemoninhado encontra Jesus (vv. 1-5).

Marcos relata várias ocasiões em que Jesus expulsou demônios, inclusive Seus discípulos. Contudo, essa narrativa específica é a mais espetacular de todas elas. Jesus estava em território gentílico; além disso, mais detalhes sobre os demônios são dados.
Após a tempestade se acalmar, Jesus e Seus discípulos desembarcam na margem oposta a Cafarnaum: a terra dos gerasenos. Muito provavelmente toda essa história aconteceu de noite, pois já era tarde quando foram atravessar o mar da Galileia.
Aqui vemos o que a presença do diabo faz em alguém:

a. O diabo tenta contaminar a imagem de Deus no homem (vv. 1-2).

Ao saírem do barco, um homem com espírito imundo saiu das tumbas para se encontrar com Jesus. Repare nas palavras de Marcos: ele diz que o homem estava não apenas possuído, mas de um “espírito imundo”.
Além disso, a lei do AT dizia bem claramente que tocar numa pessoa morta era algo impuro; aquele homem não apenas permanecia no cemitério, mas habitava entre as tumbas (v. 2).
Aquele homem, por estar possuído e por morar entre os mortos, estava extremamente contaminado.

b. O diabo tenta desfigurar a imagem de Deus no homem (vv. 3-4).

Muitas vezes preso com correntes, o possuído despedaçava todas elas. Observe a força sobre-humana que ele tinha!
Aquele homem estava profundamente perturbado e totalmente depravado. Era não um maníaco, como achavam, mas um demoníaco.
As pessoas da cidade já tinham desistido dele. Era um caso perdido. Ele estava fadado a viver na impureza, na imundície e na solidão. A multidão tinha medo dele, mas não tinham respeito por ele. Satanás havia dominado sua vida.

c. O diabo tenta destruir a imagem de Deus (v. 5).

John 10:10 NAA
10 O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.
O diabo procura uma oportunidade para de alguma forma prejudicar a criação divina. É um ataque indireto a Deus.
Aquele homem estava completamente perturbado, gritando como um animal selvagem, além de cortar-se com pedras. Por que ele se cortava? 4 possibilidades:
Participação em rituais pagãos;
Uma tentativa de expelir os demônios;
Uma tentativa de acabar com seu sofrimento através do suicídio;
Uma resistência à tentativa dos demônios de tirar sua vida (Mc 9.22).
Seja qual for a situação, aqueles homem estava em profundo sofrimento. Provavelmente já tinha quase morrido várias vezes; sozinho e desprezado pela família e pela sociedade.
De acordo com essa situação, dificilmente um ser humano poderia viver em pior condição.
Mas aconteceu algo que mudaria sua vida por completo: ele encontra Jesus.

2. Jesus liberta o endemoninhado (vv. 6-10).

Agora temos mais detalhes do encontro entre o endemoninhado e Jesus.

a. O homem se aproxima de Jesus (vv. 6-7).

Ao ver Jesus, correu em sua direção e prostrou-se diante Dele. O que isso significa? Que os demônios reconhecem a autoridade de Jesus. Sim, Ele é Senhor sobre os demônios. Tanto é que a própria legião O reconhece: “Jesus, Filho do Deus Altíssimo”.
Quando as duas forças espirituais se encontram, fica claro qual é a superior.

b. Os demônios se encontram com Jesus (vv. 7-10).

i. Os demônios pediram com intensidade. É impressionante o verbo usado pelos demônios: “peço” - “imploro”, “conjuro-te”, “eu te intimo a jurar diante de Deus”. Os demônios estavam muito desejosos de continuar suas obras destruidoras! Eles não queriam que a “brincadeira” acabasse.
ii. Os demônios reconheceram a divindade de Jesus é o Filho de Deus. Não apenas citaram o nome de Jesus, mas também seu título: “Filho do Deus Altíssimo”. Um reconhecimento maior do que muitas pessoas dão a Jesus!
iii. Os demônios clamaram para não serem torturados. Esse é o sentido literal de “atormente” usado pelos demônios.
Toda essa cena feita pelos demônios tem um motivo (v. 8): Jesus já tinha dito que o “espírito imundo” deixasse o pobre homem. Então, no v. 9, Jesus pergunta o nome do demônio. Naquela época (e ainda hoje) muitas pessoas acreditavam que saber e dizer o nome de alguém ou de um espírito daria poder sobre ele. Obviamente, Jesus não está ensinando isso aqui porque Ele quase nunca pergunta o nome de um demônio antes de ser expulso. Por que, então, Jesus faz essa pergunta? Para evidenciar que tratava-se de uma legião inteira, e não de apenas um. O termo “legião” foi emprestado dos romanos, em que uma legião era composta de 3 a 6 mil soldados. A ideia não é que havia um número exato de demônios, mas que era um grupo muito grande, um exército inteiro de demônios trabalhando em conjunto. Assim, a pergunta feita por Jesus serve para mostrar que Ele estava enfrentando sozinho um batalhão inteiro de demônios, e Ele ainda assim teve autoridade sobre todos eles - isso lhe rendeu ainda mais glória!
O v. 10 deixa claro que o batalhão demoníaco entendeu que deveria se retirar do homem, mas Jesus não havia lhes dito para onde deveriam ir. Eles não queriam ser enviados “para fora do país”. Pode ser entendido como “região”. Releia o v. 7. Eles não queriam sofrer o juízo antes do tempo!
Jesus, então, tem poder não apenas sobre um demônio, nem apenas sobre o porta-voz deles, mas sobre todo o exército demoníaco. Louvado seja o nosso Senhor!

3. Os demônios lançam os porcos ao mar (vv. 11-13).

Havia uma manada de porcos próximo a Jesus e ao endemoninhado, como afirma Mt 8.30.
Por que os demônios pediram para entrar nos porcos? Eles queriam causar mais destruição? Talvez eles queriam que os donos dos porcos ficassem irritados com Jesus devido à perda material? Não sabemos. O que fica claro é a autoridade de Jesus. A legião só entrou nos porcos porque Jesus permitiu.
Então o exército demoníaco entrou nos porcos e os jogou despenhadeiro abaixo, matando a todos os dois mil porcos.
Cabe aqui uma pergunta: Foi certo Jesus permitir que os demônios matassem dos mil porcos e dessem tamanho prejuízo aos donos? Em primeiro lugar, Deus é soberano; Ele não precisa explicar tudo que faz. Em segundo lugar, Jesus estava certo, pois queria dar uma lição aos habitantes daquela cidade. Eles eram egoístas. Jesus, ao permitir a morte da manada, tocou num ídolo do coração dos gadarenos: o materialismo. Eles se importavam mais com os porcos do que com o endemoninhado. Jesus entendeu que eles precisavam de uma lição.

4. Os gerasenos rejeitam a Jesus (vv. 14-17).

Os cuidadores dos porcos, ao verem o que aconteceu, correram para contar a todos na cidade o que ocorrera. Naturalmente, quando os cidadãos vissem, os cuidadores não seriam responsabilizados pela perda, mas sim Jesus, quem ordenou aos demônios que entrassem nos porcos. Provavelmente era manhã quando a multidão chegou para ver o acontecido. O homem endemoninhado, antes sujo, ferido, escravizado pelos demônios, agora limpo, são, calmo; os porcos, todos mortos pelos demônios - tudo permissão de Jesus.
Em vez de glorificarem a Deus, “temeram”, ou “tiveram medo”. E pensar que algumas pessoas, ao verem o poder de Deus, em vez de se prostrarem e reconhecerem o Deus verdadeiro, têm medo a ponto de se afastarem Dele! Pessoas que amam mais as trevas que a luz. Ficar triste por causa da perda dos porcos era natural. Mas, em vez de reconhecerem um apego exagerado aos porcos, pediram ao Filho de Deus para se retirar dali! Eles deveriam ter se arrependido da avareza. Eles deveriam ter pedido a Jesus para ficar um pouco mais para que fossem abençoados com Sua presença.
Jesus, então, devia partir o mais rápido possível. Alguns estavam com medo de Jesus. Outros estavam extremamente irritados. Jesus foi visto por alguns como o perturbador do estilo de vida gadareno. Não é isso que acontece hoje? As pessoas querem escutar sobre Jesus, mas não querem pagar o preço de segui-Lo.

5. Jesus comissiona o homem liberto (vv. 18-20).

Aquele homem, agora experimentando uma nova vida, deseja acompanhar a Jesus em outras regiões. Contudo, de forma surpreendente, Jesus recusa levá-lo. Devemos notar que nem todo aquele que se dispõe a ir a outros campos missionários é chamado para isso. Ainda, nem todo “não” de Deus significa que Ele está descontente. Jesus, na verdade, estava dizendo àquele homem que sua própria região era seu campo missionário. Quando Jesus estava em território judeu, dizia aos que recebiam milagres para não divulgar a bênção recebida. Quando em terra dos gentios, Jesus diz que Ele deve ser claramente anunciado. Isso porque ali não haveria risco de um levante prematuro contra Sua vida, como no caso dos judeus. Além disso, os judeus tinham um conceito errado sobre o Messias; acreditavam que Ele seria um libertador político que lhes traria bênçãos terrenas. Por esses dois motivos, Jesus não quis que as pessoas pregassem sobre Ele entre os judeus.
Jesus foi misericordioso para com os gadarenos. Ele se retiraria deles, mas não totalmente; deixaria ali um missionário da própria terra, alguém que todos puderam ver que fora liberto por Jesus. O v. 20 deixa claro que o homem obedeceu, e se tornou um pregador em toda a região, chamada de Decápolis.
A obra missionária que alcançará todos os povos já estava começando mesmo antes da morte de Jesus.

Considerações Finais

Aplicações:
O diabo escraviza; Jesus liberta.
Jesus tem poder para lidar com os nossos problemas.
Devemos pregar o evangelho onde formos colocados por Jesus. Nem todos são chamados para ir a campos distantes, mas todos somos pregadores do evangelho. Aquele homem, que foi liberto de forma tão dramática, serviria melhor a Jesus em sua própria terra, onde seus concidadãos tinham testemunhado sua mudança. Independentemente do lugar que Jesus quer que você esteja, pregue, anuncie o que Ele fez por você.

Perguntas para reflexão

Como o diabo pode atacar pessoas que não acreditam em sua existência?
Por que os demônios sabem exatamente quem Jesus é?
Por que Jesus ter perguntado o nome do demônio está certo, enquanto a conversa que alguns pastores promovem com os demônios está errada?
De que formas as pessoas hoje têm agido como os gerasenos, “insistido para Jesus se retirar de suas vidas”?
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