Jesus Alimenta os Cinco Mil (Mc 6.31-44)

Petrino Mendes Macedo
Exaltando Jesus em Marcos  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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A missão de Jesus de alimentar e de resgatar os perdidos é demonstrada na multiplicação dos pães e dos peixes.

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Introdução

Talvez nenhuma outra história na Bíblia, além da ressurreição de Jesus dentre os mortos, nos confronte com essa realidade da divindade de nosso Senhor mais diretamente do que a alimentação dos cinco mil. Somente Deus poderia fazer o que ocorreu naquele dia extraordinário em Israel. Essa história, tão popular e cativante para as crianças - e sim, para os adultos - é tão importante na vida e no ministério de Jesus que é o único milagre, fora a ressurreição, que está registrado em todos os quatro Evangelhos (Mateus 14:13-21; Marcos 6:30-44; Lucas 9:10-17; João 6:1-13). Marcos também registrará um segundo milagre de alimentação em 8:1-10, com a presença de quatro mil homens.
João 6:15 nos informa que esse milagre causou um impacto tão grande na multidão que eles tentaram levar Jesus "à força para fazê-lo rei". Nosso Senhor recusaria o avanço deles e manteria o curso até a cruz, como era Seu destino divino.
A multiplicação dos pães e dos peixes no deserto faz referência a vários temas bíblicos:

(1) A multiplicação lembra o êxodo dos israelitas do Egito e o fato de terem sido alimentados no deserto.

Os motivos do deserto sugerem que Jesus é um novo e maior Moisés, liderando um novo e maior êxodo. Como Moisés, Jesus alimenta o povo com ensinamentos e com alimentos milagrosos. A imagem de ovelhas sem pastor lembra a súplica de Moisés a Deus para nomear um sucessor quando ele é informado de que não pode conduzir o povo à Terra Prometida:
Numbers 27:15–17 NAA
15 Então Moisés disse ao Senhor: 16 — Que o Senhor, autor e conservador de toda vida, ponha um homem sobre esta congregação 17 que saia adiante deles, que entre adiante deles, que os faça sair e que os faça entrar, para que a congregação do Senhor não seja como ovelhas que não têm pastor.
Portanto, Jesus é capaz de proporcionar às pessoas no deserto o que Moisés não pôde. Moisés teve de lidar com pessoas descontentes que estavam à beira da fome. As pessoas reunidas em torno de Jesus estão todas satisfeitas.

(2) A multiplicação também lembra o apelo de Isaías para que Israel venha agora ao banquete de Deus, celebrando a salvação que está prestes a se concretizar:

Isaiah 55:1–2 NAA
1 “Ah! Todos vocês que têm sede, venham às águas; e vocês que não têm dinheiro, venham, comprem e comam! Sim, venham e comprem, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. 2 Por que vocês gastam o dinheiro naquilo que não é pão, e o seu suor, naquilo que não satisfaz? Ouçam com atenção o que eu digo, comam o que é bom e vocês irão saborear comidas deliciosas.
Jesus traz o pão da vida com uma abundância de sobras. Seus discípulos alimentam e servem aos outros.

(3) O Salmo 23.

Jesus se compadece das pessoas porque elas eram como ovelhas sem pastor, e suas ações refletem a primeira linha do salmo: "O SENHOR é o meu pastor" (ver Isaías 40:10-11). A principal tarefa de um pastor é levar as ovelhas ao alimento e à água. Jesus não é como os pastores inúteis que não se importam com o fato de o povo estar perecendo (Jr 23:1-2; Ez 34:1-10; Zc 11:15-17). Ele é o verdadeiro Pastor (Sl 95:7; Is 40:10-1; Jr 23:3-4; Ez 34:11-31; Sl 17:40), que alimenta suas ovelhas para que elas "não passem necessidade". Elas não recebem uma ou duas migalhas de biscoito, mas uma porção completa, que sacia completamente sua fome. O mais importante, porém, é que Jesus restaura a alma deles e os guia pelos caminhos certos, ensinando-os (Marcos 6:34; cf. Sl 23:3).

(4) Elias e Eliseu.

Alguns observadores já adivinharam que Jesus poderia ser Elias (6:15) ou um dos profetas porque Ele fala com autoridade e realiza maravilhas. Elias proveu milagrosamente para a viúva de Sarepta (1 Reis 17:8-16) e mediou o poder divino ao ressuscitar o filho dela (17:24). Eliseu alimentou o grupo de cem profetas com vinte pães de cevada, apesar das objeções de seu servo (2 Reis 4:42-44); Jesus alimentou cinco mil pessoas com cinco pães. Se quisermos relembrar as obras desses santos profetas da antiguidade, veremos que em Jesus há alguém maior do que Elias e Eliseu.

(5) Finalmente, o relato da alimentação é um prenúncio da Última Ceia em Marcos.

A ação de pegar o pão, dar graças, parti-lo e dá-lo aos discípulos (6:41) corresponde à ação de Jesus na Última Ceia (14:22). A abundância de comida que sobrou depois de alimentar cinco mil pessoas significa que há mais para distribuir e muito mais de onde ela veio. Aqueles que vierem para ouvir os ensinamentos de Jesus e compartilhar do pão partido receberão a mesma bênção abundante.
Marcos não se refere ao espanto da multidão, que normalmente acompanha seus milagres. Será que eles sequer sabem que ocorreu um milagre? Será que eles simplesmente aceitam essa generosidade sem refletir sobre o presente gracioso que lhes foi oferecido? Será que são como ovelhas mudas que comem a grama sem pensar naquele que a criou? Os discípulos, que distribuem o pão de sua escassa provisão, devem saber que está ocorrendo um milagre, mas o episódio seguinte no barco deixa claro que eles não compreendem seu significado e o que isso diz sobre aquele que o fez.
Muitas lições estão contidas nessa história. Vamos meditar em três lições principais:

1. Como Jesus, devemos encontrar descanso do ministério (vv. 31-32).

Marcos retorna à missão evangelística dos Doze (6:7-13), que havia sido interrompida por seu relato da execução de João Batista (6:14-29). Os "apóstolos", a palavra aqui significando "missionários" enviados, retornaram e repetiram "tudo o que haviam feito e ensinado" (v. 30). Jesus os havia enviado, assim como nos envia, com uma tarefa a cumprir. Eles obtiveram grande sucesso. Quando Jesus nos autoriza e nos capacita, podemos antecipar as bênçãos de Deus naquilo que fazemos. Devemos simplesmente acreditar e ir.
Eles agora voltam para avaliar seus sucessos e fracassos. Foi assim que nosso Senhor orientou Seus homens:
Jesus os ensinou.
Jesus os enviou.
Jesus fez eles retornarem.
Eles relataram suas experiências e avaliaram elas.
Não há modelo melhor de discipulado e treinamento.
Algumas pessoas "enferrujam" no ministério porque são preguiçosas. Outras "se esgotam" porque nunca fazem uma pausa.
Jesus diz a Seus apóstolos em Marcos 6.31: “Venham repousar um pouco, à parte, num lugar deserto.”. Por quê? Tantos estavam indo e vindo que não conseguiam nem mesmo comer (cf. Mc 3:20)! Eles precisavam de um tempo de descanso. Jesus dá uma ordem: "Descansem um pouco". Não era pecado eles tirarem um breve período sabático. Teria sido um pecado se não o fizessem. O mesmo se aplica a nós! De fato, quanto maiores forem as exigências, maior será nossa necessidade de encontrar tempo a sós com Jesus.
Podemos obter vários ensinamentos práticos:
(1) Há um tempo para trabalhar (cf. João 9:4). A preguiça não tem lugar na vida cristã.
(2) Devemos ter períodos de descanso porque Jesus nos diz para fazê-lo. Ser viciado em trabalho não é espiritual, e pode ser pecaminoso. Alguns fazem do ministério ou do trabalho um ídolo.
(3) O descanso é melhor quando acompanhado tanto de solidão quanto de companheirismo.
(4) O descanso é para um período específico de tempo. Não é permanente.
(5) Mesmo quando estiver descansando, esteja preparado para o trabalhar, se necessário. Um devoto seguidor de Jesus nunca está fora de serviço.

2. Como Jesus, devemos ter compaixão pelos outros (vv. 33-37).

Com frequência, a Bíblia retrata nosso Senhor como um Pastor e nós como Suas ovelhas. Jesus é o "Senhor" que é o "meu pastor" do Salmo 23. Jesus é o pastor alegre de Lucas 15:4-6 que vai atrás da única ovelha perdida. Jesus é o "bom pastor" de João 10:11 que dá a vida por Suas ovelhas. Jesus é o "pastor supremo" de 1Pedro 5:4, que honra Seus servos. Jesus é o "grande Pastor" de Hebreus 13:20. Jesus é o Cordeiro Pastor de Apocalipse 7:17 que nos guia às fontes de água viva.
Nós, por outro lado, somos ovelhas estúpidas que não podem cuidar de si mesmas e não podem se salvar. Precisamos desesperadamente de um pastor, alguém que seja compassivo e capaz de nos sustentar e proteger. Precisamos de um Pastor Salvador.

a. As pessoas têm necessidades espirituais que devemos atender (vv. 33-34).

Quando Jesus e os discípulos desembarcaram, já "Ele viu uma grande multidão". Ele estava com raiva? Frustrado? Deprimido? Não. Primeiro, Ele "teve compaixão deles". Ele ficou profundamente comovido, e Seu coração se compadeceu deles. Segundo, Ele os viu "como ovelhas sem pastor". Os líderes espirituais de Israel haviam se tornado mercenários (cf. João 10:12-13; Ezequiel 34:1-24!). A nação de Israel estava perdida, desamparada, sem orientação, desnutrida e sem proteção. Terceiro, "começou a ensinar-lhes muitas coisas" (cf. 1Pe 5:2).
No deserto, Moisés suplicou ao Senhor que levantasse um líder "para que a comunidade do Senhor não fosse como ovelhas sem pastor" (Nm 27:17). Deus levantou Josué em antecipação ao Josué maior, chamado Jesus. O rei pastor davídico apareceu agora em Jesus. Agora, quando as pessoas estão novamente perdidas no deserto, "um lugar desolado", o Bom Pastor Jesus chegou para guiá-las espiritualmente e alimentá-las com Sua Palavra. Sua compaixão o leva a atender às suas maiores necessidades, às suas necessidades espirituais e também a outras necessidades.

b. As pessoas têm necessidades físicas que devemos atender (vv. 35-37).

Em Mateus 25:31-46, Jesus nos diz para alimentar os famintos, dar água aos sedentos, dar descanso ao estrangeiro, vestir os nus, cuidar dos doentes e visitar os presos. Não existe um evangelho social, mas existem ministérios sociais que são o resultado natural do evangelho. Assim como Jesus teve compaixão pelas necessidades espirituais e físicas, nós também devemos ter.
A hora já está avançada. Os discípulos chamam a atenção de Jesus para esse fato e, na verdade, ordenam que Ele "mande [as pessoas] embora" para que possam "comprar algo para comer". O tom do pedido deles pode ser um pouco duro, mas certamente podemos entender a lógica dele. Além disso, as pessoas estão se tornando um incômodo.
O número de homens presentes era de cinco mil. Acrescente mulheres e crianças e o número pode ter ficado entre 15.000 e 20.000! Isso torna a resposta de Jesus ainda mais estranha: "Dêem-lhes algo para comer". Os Doze dizem: "Mande-os embora", e Jesus diz: "Dê-lhes de comer".
Deus quer que tenhamos compaixão dos necessitados e quer que nos envolvamos em suas vidas, atendendo tanto às necessidades espirituais quanto às físicas. De fato, ministramos à pessoa como um todo. Foi isso que Jesus fez.

3. Como Jesus, devemos procurar atender às necessidades dos outros (vv. 37-44).

Uma coisa é reconhecer uma necessidade real. Outra é fazer algo a respeito (cf. Tg 2:14-17).
À primeira vista, a ordem de Jesus de alimentá-los parece irracional, até mesmo insana. Mesmo assim, os discípulos deram o melhor de si. Cheios de incredulidade, eles pelo menos obedecem às instruções de seu Mestre e, de fato, participam de um dos maiores milagres do Senhor.

a. Faça o que você pode fazer (vv. 37-40).

Ao receberem a ordem de alimentar o povo, os apóstolos fazem uma rápida avaliação dos custos. Eles calculam que seriam necessários duzentos denários - oito meses de salário - para alimentar a multidão. Eles não têm essa quantia de dinheiro.
Jesus então lhes pergunta o que eles têm. Eles rapidamente examinam a multidão: cinco pães e dois peixes. João 6:9 nos ensina que essas sardinhas e pãezinhos foram dados por um menino. Portanto, tudo o que eles têm é o almoço que uma mãe prepararia para seu filho.
Os discípulos obedeceram, e isso foi tudo o que puderam fazer. O problema deles agora estava claramente além de seus recursos. Se Jesus não intervier, então não vai acontecer. Mas Ele intervém. Ele ordena que se organizem e, em obediência, eles se sentam em grupos de cinquenta e centenas (cf. Êxodo 18:21). Assim eles foram alimentados!

b. Confie em Jesus para fazer o que Ele pode fazer (vv. 41-42).

Deus gosta de demonstrar Seu poder e Sua suficiência em nossa vida. Muitas vezes, Ele permite que problemas invadam nossas vidas que estão muito além de nossas habilidades ou recursos para lidar com eles. Por quê? Ele quer que olhemos para Ele.
Jesus agora serve como o anfitrião de um banquete messiânico. O lugar desolado se torna um lugar de abundância. Assim como Moisés supriu as necessidades físicas de Israel com o maná e as codornizes, um Moisés maior, que não é apenas o "bom pastor" (João 10:11), mas também o "pão da vida" (João 6:35), agora alimentará Seu povo com um banquete abundante diferente de tudo o que eles já conheceram.
Ele pegou os cinco pães e dois peixes e os abençoou. Em seguida, Ele o partiu em pedaços e o distribuiu entre os discípulos e o povo. "E todos comeram e ficaram satisfeitos". Ninguém saiu com fome. Sua compaixão é transbordante. Sua provisão é satisfatória.

c. Reconheça que um pouco pode se tornar muito com Jesus (vv. 43-44).

Após o banquete, as sobras foram recolhidas. Havia 12 cestos pequenos cheios, um para cada um dos apóstolos. Onde vemos falta, Jesus vê abundância. Onde vemos problemas humanos, Ele vê e realiza possibilidades divinas. Um pouco pode se tornar muito com Jesus!

Considerações finais

Há muitas histórias na Bíblia, mas todas elas estão contando a grande e única história: a história de como Deus ama seus filhos e vem para resgatá-los. Jesus demonstrou Seu amor e veio em socorro em um lugar desolado para alimentar os cinco mil. Ele mostrou Seu amor e veio em seu socorro em um lugar solitário em uma colina chamada Calvário. Há um grande herói na Bíblia. Ele é o nosso Deus. Ele é o nosso salvador. Ele é o nosso Pastor. Ele é o nosso Salvador. Ele é Jesus.
Charles Spurgeon disse: "Venha, então, pecador cansado e faminto. Você não tem nada a fazer a não ser aceitar Cristo […]. Abra sua boca e receba o alimento! A fé para receber o que Cristo oferece é tudo o que é necessário" (Sermões de Spurgeon, 21:1218).
Isaías 40:11 diz:
Isaiah 40:11 NAA
11 Como pastor, ele apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos e os carregará no colo; as que amamentam ele guiará mansamente.
Deixe que Ele o reúna. Deixe que Ele o carregue.

Perguntas para discussão:

Jesus chamou os discípulos para se retirarem para um lugar remoto. O que isso nos diz sobre a necessidade equilibrar trabalho e descanso?
Já houve ocasiões em que você estava tão cansado que parecia não ter compaixão? Qual é o remédio para esse problema?
Como podemos atender às necessidades físicas das pessoas sem transformar nosso ministério em um "evangelho social"? Como podemos promover o evangelho da salvação sem negligenciar as necessidades físicas das pessoas?
Quais são alguns dos eventos que lhe trouxeram mais encorajamento espiritual e provocaram mais louvor a Deus? Eles geralmente surgem de desafios impossíveis?
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