Exposições em Gálatas - Sermão 2: A instabilidade que precede a queda

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Introdução

Desde sempre, o povo de Deus esteve sob o ataque das ciladas do diabo. Quando olhamos com cuidado para o surgimento da Igreja de Cristo, percebemos que muitas páginas da Palavra de Deus são dedicadas ao combate desses ataques. Talvez, se eu perguntar nesta noite aos irmãos quais foram e quais continuam sendo esses ataques, muitos responderão: o engano dos falsos profetas. Talvez, para igrejas verdadeiramente bíblicas, esse tema seja muito repetido; talvez, você esteja pensando: “bem, eu já sei que devo defender o evangelho de Cristo dos falsos profetas...”. Entretanto, quem disse que as verdades bíblicas não devem ser exaustivamente repetidas? Se nem mesmo Deus poupou folhas para Sua santa palavra, quanto mais nós não devemos nos restringir em sua pregação firme e repetitiva.
Em tempos que as grandes mídias propagam tão rapidamente esses ataques, não devemos nos dar ao luxo de parar de nos exortar à defesa do evangelho de Cristo. Em tempos que somos tão rapidamente fascinados por quaisquer artimanhas de satanás travestidas com os belos atrativos deste mundo, devemos diligentemente nos lembrar e nos exortar a viver nossa missão como igreja. Em tempos que a instabilidade é tão combatida, em tempos que as pessoas fazem qualquer coisa para obter estabilidade nas finanças, em seu status, em seus relacionamentos, em uma vida de constante prazer, tempos em que ela desejam ter o controle sobre tudo, precisamos ter ciência que a única instabilidade que nos oferece real perigo é a instabilidade em meio à batalha que vivemos como Igreja.
Se a mensagem de hoje é conhecida de muitos, se muitos sermões já foram pregados no texto em questão, se você está nesse momento sendo tentado a achar que já sabe tudo que será ministrado, lembre-se do que a própria palavra de Deus fala, acerca desse tema, através do apóstolo Paulo:
Filipenses 3.1 (NVI)
Finalmente, meus irmãos, alegrem-se no Senhor! Escrever-lhes de novo as mesmas coisas não é cansativo para mim e é uma segurança para vocês.

Contexto imediato

Após Paulo e Barnabé implantarem várias igrejas na Galácia, território da Ásia Menor, muitos homens, em geral judeus, se levantaram para atacar a mensagem do evangelho de Cristo com a qual aqueles irmãos haviam sido alcançados. Para isso, atacavam a autoridade apostólica de Paulo, em busca de tirar o crédito da mensagem por ele proclamada, e condicionavam a salvação às práticas legalistas que impunham àqueles irmãos (como, por exemplo, a imposição da circuncisão aos gentios).
É nesse contexto geral que a epístola aos gálatas se inicia nos versículos de Gl 1.1-5, nosso contexto imediato. Em meio aos ataques de tais falsos profetas, Paulo defende seu apostolado no versículo 1, ao declarar que a mensagem proclamada por ele não vinha de si mesmo, em busca de benefício próprio, nem de homen algum, em benefício de alguma autoridade terrena interesseira e soberba, mas a autoridade do seu apostolado e da mensagem que ele proclamara outrora àqueles irmãos vinha do próprio Cristo que o chamara no caminho de Damasco. Ao afirmar sua autoridade apostólica, Paulo também está, indiretamente, chamado aqueles irmãos a provarem e rechaçarem qualquer mensagem pregada por homens em benefício de si ou de outros.
Paulo, então, continua com um breve resumo do evangelho, passando por seus efeitos e propósito. Paulo declara que o evangelho trata acerca das boas novas de graça e paz que temos no fato de que Cristo se entregou à ira do Pai em decorrência dos nossos pecados. Cristo é o cumprimento da promessa de Isaías 53.4-6:
Isaías 53.4–6 (ARA)
Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.
O evangelho é exatamente isso: as boas novas do ato gracioso de Cristo que veio, tirou de nossos lombos o peso da ira do Pai e por ele foi moído e esmagado, de modo que seu castigo nos traz a paz de reconcilicação para com Deus. Mas o evangelho não traz apenas efeitos de graça e paz, ele traz o propósito de não andarmos mais como ovelhas desgarradas, nem como plantas arraigadas neste mundo, mas que ressucitemos juntamente com Cristo em novidade de vida.
Depois de delinear de forma tão bela e suscinta o evangelho que estava sendo atacado, Paulo inicia nosso texto com uma constatação acerca daqueles que tinham a missão de defendê-lo.

Divisão do texto

Gálatas 1.6 - A instabilidade em meio ao combate
Gálatas 1.7 - O motivo da instabilidade
Gálatas 1.8-9 - Lutando contra a instabilidade

A instabilidade em meio ao combate (Gl 1.6)

Gálatas 1.6 (ARA)
Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho,
Se o apóstolo Paulo inicia sua epístola aos gálatas, nos versículos de Gl 1.1-5, de uma forma diferente de muitas outras epístolas de sua autoria, sem sua comum saudação de ações de graças, a perícope que compõe o texto do sermão desta noite continua também de forma diferente:
Aos romanos, Paulo louva a fé deles;
Aos coríntios, Paulo se admira e louva acerca da quantidade de dons que aquela igreja manifestava, em especial, o da palavra;
Aos filipenses, o apóstolo louva sua cooperação para com o evangelho;
Aos colossenses, Paulo admira-se e louva a fé daqueles irmãos em Jesus e o amor que tinham para com os santos;
Aos tessalonicenses, Paulo admira-se e louva a fé operosa, o amor abnegado e a firme esperança que aqueles irmãos mantinham nas promessas do evangelho que receberam.
Entretanto, enquanto para com todas as igrejas anteriores Paulo se admira positivamente, para com as igrejas da Galácia, o cenário muda de perspectiva. A palavra para a “admiração” de Paulo é “thaumazo”, que significa estar maravilhado. Paulo estava abismado e surpreso com o que aqueles irmãos estavam vivendo, como se seus olhos e ouvidos não pudessem acreditar nisso. A atitude dos gálatas não fazia o menor sentido. A pergunta é: o que admira tanto o apóstolo que tratou em outra igreja acerca do pecado incestuoso de um filho e a mulher de seu pai?
A resposta para essa pergunta está duas respostas, primeiramente na ação e, segundo, no modo como ele estava sendo executada pelos gálatas: eles estavam passando depressa do evangelho da graça para outro evangelho. Quando o apóstolo declara que eles “estavam passando”, ele utiliza uma única palavra: metatithemi, que tem o sentido de “deserção” ou “vira-casaca”.
O primeiro motivo para Paulo se admirar com os gálatas, deve-se ao fato de que eles estavam desertando do campo de batalha da igreja, estavam trocando o verdadeiro evangelho da graça de Cristo por “outro” evangelho. Eles estavam traindo o chamado que haviam recebido ao atenderem a “outro” evangelho.
Para entender tamanha surpresa do apóstolo frente a essa deserção, imagine a seguinte situação hipotética: imagine que você tinha uma dívida milionária para com um credor, de modo que todos os dias você tenta pagá-la com os seus serviços, porém, por tratar-se de uma dívida tão grande, por mais que você tente pagá-la, você nunca consegue quitá-la; até que, em um determinado dia, alguém surge e paga a sua dívida por completo, dá a você a boa notícia acerca da quitação de seus débitos e ainda lhe entrega o comprovante de pagamento; depois disso, em um belo dia, outra pessoa surge trazendo a notícia ruim de que seu nome ainda está sujo e que sua dívida ainda está ativa; você escuta isso, olha para o comprovante que recebeu e, ainda assim, acredita na má notícia e decide por conitnuar na busca por tentar pagar a dívida de outrora. Qual o sentido disso? Nenhum!
Agora imagine-se em um jogo de futebol entre os dois principais times rivais de um determinado estado. Você é o líder da torcida organizada de um dos times e convoca toda a torcida para cantar todos os hinos de seu time em meio à partida. Entretanto, enquanto você estimula a sua torcida, a torcida rival começa a cantar hinos que atacam os seus e, então, você percebe que os seus torcedores comçam a trocar suas camisas pela camisa do time rival. Qual seria a sua reação? Certamente, você ficaria espantado, boquiaberto e totalmente sem palavras.
Era exatamente isso que os gálatas estavam vivendo, suas ações não só eram espantosas, mas totalmente sem sentido algum e é por isso que Paulo se admira fortemente. Eles haviam recebido o chamado do evangelho da graça de Cristo, bem como o chamado para proclama-lo, o maravilhoso evangelho que Paulo declarara nos versículos de Gl 1.1-5, mas, ainda assim, estavam optando por seguir o chamado de ainda deveriam pagar por sua dívida para com Deus, bem como proclamar uma mensagem contrária à dEle.
O segundo motivo pelo qual Paulo tanto se admira pela insensatez dos gálatas, trata-se do modo com que a colocavam em prática: “tão depressa”, “tacheos” no original, que traz o sentido de “o mais depressa possível”, “sem atrasos” ou “de forma precipitada”. Muito provavelmente, havia passado pouquíssimo tempo desde a primeira pregação de Paulo na região da Galácia e a pregação dos falsos profetas. Mal Paulo “virara as costas”, os gálatas de forma precipitada e sem qualquer exercício racional, não perderam tempo em atender ao chamado desses falsos mestres. Parece que eles nem mesmo pararam para avaliar esse “outro” evangelho com o verdadeiro evangelho de Cristo.

O motivo da instabilidade (Gl 1.7)

Gálatas 1.7 (ARA)
o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo.
Seguindo para o versículo Gl 1.7, Paulo continua com a identificação do motivo para tamanha deserção e instabilidade dos gálatas. Paulo começa deixando claro para eles que não deveriam se iludir, não existem diferentes perspectivas do evangelho, só há um único evangelho: o evangelho da graça de Cristo! Paulo utilizada duas palavras diferentes associadas ao falso evangelho pregado pelos judaizantes, mas que em muitas traduções foram tratadas ambas como “outro”.
A primeira delas está no versículo Gl 1.6, sendo a palavra “heteros” que significa “outro de qualidade diferente”. A segunda delas está no versículo Gl 1.7, sendo a palavra “allos” que significa “outro de mesma qualidade”. O que Paulo está declarando com esse jogo de palavras é que os gálatas não deveriam se enganar achando que estavam seguindo um evangelho com uma nova roupagem, um evangelho diferente mas de mesma qualidade que aquele que os havia alcançado. Pelo contrário, aquilo que estavam ouvindo não possuía nem mesmo qualidade de evangelho, visto que só há um evangelho, o evangelho de Cristo!
Eles não estavam recebendo um evangelho de mesma qualidade, na verdade estava sendo “perturbados” pelos falsos profetas e aqui temos a primeira característica de como estes atacam o evangelho de Cristo. Se no versículo Gl 1.3 Paulo deixa claro que o evangelho tem efeitos de graça e paz sobre aqueles que genuinamente o recebem, o falso evangelho desses inimigos da igreja intentam contra essa paz. “Perturbar” aqui se refere a “agitar” ou “alarmar”, ou seja, esses falsos profetas pregavam uma mensagem que agitava e alarmava aqueles irmãos em relação às condições para sua salvação, negando a graça e perturbando a paz, seguindo o erro de todas as religiões que tentam em vão religar o homem a Deus.
Paulo agora deixa claro a metodologia que eles seguem para isso: eles “pervertem” o evangelho de Cristo. “Perverter”, do grego “metastrepho”, tem o sentido de “converter”, “transformar” ou “adaptar”. Esses falsos profetas não pregavam mensagens totalmente diferentes do evangelho, mas o adaptavam a fim de alcançarem seus objetivos pessoais e, nisso, perturbavam aqueles irmãos quanto à graça e a paz que haviam recebido. E, aqui, Paulo não deixa qualquer dúvida quanto à culpa destes homens iníquos na propagação do engano: eles não estavam propagando uma mensagem que compreenderam equivocadamente, não estavam acidentalmente cometendo um erro teológico; pelo contrário, eles conhecem o evangelho e “querem”, ou “desejam”, deliberadamente trasnformar e adaptar o evangelho de Cristo em prol de seus próprios interesses. É exatamente o que na conclusão de sua epístola Paulo declara acerca deles:
Gálatas 6.11–13 (ARA)
Vede com que letras grandes vos escrevi de meu próprio punho. Todos os que querem ostentar-se na carne, esses vos constrangem a vos circuncidardes, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo. Pois nem mesmo aqueles que se deixam circuncidar guardam a lei; antes, querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne.
Nesse combate entre a verdade e o engano, os gálatas estavam instáveis no evangelho da verdade e, por isso, agiam com insensatez diante dele, cedendo aos ataques de satanás e seus servos. Eles haviam recebido o evangelho de Cristo e recebido o Espírito pela pregação da fé, mas estavam tão instáveis na palavra da verdade que não estavam discernindo acerca de tamanha insensatez referente às mentiras que estavam aderindo.

Lutando contra a instabilidade (Gl 1.8-9)

Gálatas 1.8–9 (ARA)
Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema.
É, então, que Paulo começa a delinear o que eles deveriam fazer para lutar contra essa instabilidade que estava vivendo, o que deveriam fazer para lutar contra os ataques doutrinários que estavam recebendo: eles deveriam entender que o evangelho que haviam recebido era imutável e a chancela disso é exatamente os efeitos que o evangelho tivera sobre eles ao alcançar-lhes: pela pregação do evangelho de Cristo, eles haviam recebido o Espírito Santo de Deus e haviam testemunhado disso ao padecer pela vida na verdade, segunido o caminho do discipulado de Cristo.
Gálatas 3.1–5 (ARA)
Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado? Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne? Terá sido em vão que tantas coisas sofrestes? Se, na verdade, foram em vão. Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?
E para especificar como essa defesa deveria ser feita, Paulo inicia, nos versículos Gl 1.8-9, um argumento do maior para o menor quanto a pregação de um “evangelho que vá além” do que Paulo e Barnabé haviam pregado (Gl 1.8) e o qual eles haviam recebido (Gl 1.9). Eles já haviam sido evangelizados por Paulo e Barnabé e levavam consigo (do grego “parelabete”, traduzido por “recebestes”) o único e verdadeiro evangelho, de mobo que não precisavam mais ser evangelizados com adições ou adaptações ao evangelho de Cristo. É exatamente isso que o termo “evangelho que vá além” quer dizer: qualquer pregação que fuja dos limites do evangelho de Cristo deve ser combatido; nem a mais nem a menos nas requisições e promessas do evangelho verdadeiro.
Partindo para o argumento do maior para o menor usado por Paulo, ele usa três figuras para esse argumento:
O próprio Paulo e os demais apóstolos (Gl 1.8): Talvez, quando olhamos para a figura seguinte de “um anjo vindo do céu”, achemos que o exemplo de uma pregação apóstata pelos apóstolos tenha uma peso menor, porém, engana-se quem pensa isso; aqui Paulo traz o caso mais absurdo e que talvez tivesse o peso mais destrutivo em levar os gálatas ao engano. Ele diz que até mesmo se ele estivesse proclamando palavras que fugissem dos limites do evangelho que havia os alcançado, ele deveria ser combatido. Que situação mais absurda irmãos: o próprio apóstolo Paulo pregando um evangelho diferente do que havia pregado tempos atrás; entretanto, por mais absurda que fosse a situação, eles deveriam considerá-la. Por mais que tivessem sido alcançados pela pregação de Paulo, não haviam sido alcançados por Paulo e sim pelo evangelho de Cristo pregado por ele, de modo que se o mesmo Paulo pregasse “outro” evangelho deveria ser considerado “anátema”, ou “maldito”. Nem mesmo o próprio apóstolo tinha autoridade de ir além do evangelho que ele mesmo levara aos gálatas. O evangelho de Cristo é superior à autoridade!
Um anjo vindo do céu (Gl 1.8): Paulo então segue para um nova figura, um “anjo vindo do céu” que, em si, trata-se de uma figura muito interessante. Nas escrituras, temos vários relatos de anjos que aparecem a homens e mulheres e declaram a mensagem que foram enviados a declarar. Por exemplo, quando avaliamos o novo testamento, vemos:
Mateus 1.20–24 (ARA)
Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles. Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta:
Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel
(que quer dizer: Deus conosco). Despertado José do sono, fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher.
Atos dos Apóstolos 8.26 (ARA)
Um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Dispõe-te e vai para o lado do Sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza; este se acha deserto. Ele se levantou e foi.
Atos dos Apóstolos 10.1–8 (ARA)
Morava em Cesareia um homem de nome Cornélio, centurião da coorte chamada Italiana, piedoso e temente a Deus com toda a sua casa e que fazia muitas esmolas ao povo e, de contínuo, orava a Deus. Esse homem observou claramente durante uma visão, cerca da hora nona do dia, um anjo de Deus que se aproximou dele e lhe disse: Cornélio! Este, fixando nele os olhos e possuído de temor, perguntou: Que é, Senhor? E o anjo lhe disse: As tuas orações e as tuas esmolas subiram para memória diante de Deus. Agora, envia mensageiros a Jope e manda chamar Simão, que tem por sobrenome Pedro. Ele está hospedado com Simão, curtidor, cuja residência está situada à beira-mar. Logo que se retirou o anjo que lhe falava, chamou dois dos seus domésticos e um soldado piedoso dos que estavam a seu serviço e, havendo-lhes contado tudo, enviou-os a Jope.
Em todas essas passagens, vemos um comportamento comum para o receptor, este tem a visão do anjo e responde em obediência. Entretanto, em nosso texto Paulo ordena um comportamento diferente. Mesmo que seja um anjo vindo do céu aquele que extrapola os limites do evangelho da graça de Cristo, não deve haver obediência, pelo contrário, ele também deve ser considerado maldito! O evangelho de Cristo não é só superior à autoridade, mas também é superior à experiência!
E alguém (Gl 1.9): Agora, finalizando o seu argumento, Paulo vai para a figura mais geral dentre as três: se alguém, qualquer pessoa, pregar um “outro” evangelho diferente do evangelho de Cristo, também deve ser considerado maldito. Nesta categoria, estão inclusos os falsos profetas que estavam disseminando o falso evangelho em questão. Vejam irmãos, se mesmo o apóstolo com autoridade delegada por Cristo e que levara o evangelho aos gálatas, ou mesmo um anjo vindo do céu, deveriam ser considerados malditos se pregassem um falso evangelho, quanto mais qualquer um que por seus próprios interesses, neste caso para não serem perseguidos pela cruz de Cristo (Gl 6.11-12), o fizessem. O evangelho de Cristo é superior à autoridade, à experiência, mas, também é superior aos nossos próprios interesses!
Irmãos, quão profundo é o argumento de Paulo! Quantos de nós deixaríamos nos enganar pela autoridade, pla experiência ou pela busca de nossos próprios interesses! É por isso que o cerne do argumento de Paulo está na expressão “vá além”. Precisamos conhecer profundamente e carregar conosco em todos instante as fronteiras do evangelho de Cristo para reconhecermos tudo que esteja fora delas e declarar “seja anátema!”. Nesse combate contra o engano, Paulo nos chama a batalhar como os irmãos de Bereia:
Atos dos Apóstolos 17.10–12 (ARA)
E logo, durante a noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Bereia; ali chegados, dirigiram-se à sinagoga dos judeus. Ora, estes de Bereia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim. Com isso, muitos deles creram, mulheres gregas de alta posição e não poucos homens.
Na batalha travada pela Igreja desde o seu surgimento, só existe estabilidade para aqueles que perseveram firmes, atentos e constantes na mensagem do evangelho da graça de Cristo! Somente a fé no evangelho de Cristo pode apagar os dardos inflamados do Maligno (Ef 6.16).

Conclusão e aplicações

Irmãos, é nesse mundo cada vez mais relativista, onde todos defendem possuir a verdade absoluta e todos aceitam as verdades absolutas dos outros, que a Igreja de Cristo está inserida. É esse o mundo que tem invadido as igrejas e levado o engano a muitos, seja pelo legalismo, seja pela libertinagem. Muitos em vista da Palavra de Deus, pervertem-na e propagam o engano: em vista do amor de Deus, propagam que o evangelho de Cristo aceita todos como são; em vista da ira de Deus, propagam que o ser humano mesmo crendo em Cristo, estão em dívida com Deus. Cada um acha-se no direito de criar sua própria interpretação do evangelho e criar a sua própria religião, a sua própria ferramenta de religar o homem a Deus. Qualquer um que esteja inserido nesse quadro está sendo instrumento do engano do Maligno!
Irmãos, se foi o Próprio Deus quem expulsou o ser humano de Sua presença no Éden e colocou a espada que impedia o homem de retornar para lá, da mesma forma, somente o próprio Deus poderia satisfazer a justiça de sua espada para trazer o homem de volta à Sua presença! Não é o homem quem se religa a Deus, mas é o próprio Deus, em Cristo Jesus, quem religa todo aquele que nEle crê a Deus. Esse é o evangelho da graça de Cristo, que ele satisfez a ira do Pai e nos deu Graça e Paz sem nenhuma ação de nossa parte, entretanto, não para superabundarmos no pecado ou na libertinagem de aceitar todos como são, a saber pecadores, mas para nos desarraigar deste mundo que jaz no Maligno.
Se esse é o evangelho que alcançou você, saiba que você tem o dever, a responsabilidade de meditar nele dia e noite, de guardá-lo consigo em todo intante, de compreendê-lo comletamente, tanto para proclamá-lo, quanto para defendê-lo! Para você que foi alcançado por ele, mas encontra-se de algum modo tentado pelas ciladas de Satanás, desde falsas doutrinas até os prazeres desse mundo, que te fazem parar de olhar para o evangelho da graça de Cristo, saiba que está trilhando um caminho que não só não faz sentido algum, mas que é de causar espanto até frente a muitos outros pecados. E se você até hoje não havia compreendido o evangelho de Cristo e não havia sido alcançado por ele, saiba que o evangelho da graça de Cristo é o único que pode religar o homem a Deus e dar-lhe a esperança da salvação da ira do Deus Santo e Criador do Universo.
A defesa e proclamação do evangelho começa em nós mesmos nos mantermos firmes nele, através da meditação constante e diligente no evangelho de Cristo. O evangelho que recebemos de Cristo é superior à auoridade de qualquer um, às mais surpeendentes experiências sobrenaturais e aos nossos próprios interesses ou sofrimentos; ele não está fundamentado em pessoas, de modo que todos devem ser colocados à prova; ele é imutável, atemporal e valiosíssimo, porque o evangelho verdadeiro é o próprio Cristo que nos deu a sua maravilhosa graça e a sua paz que excede todo o entendimento!
Irmãos, vigiemos e perseveremos no combate da vida e proclamação do evangelho de Cristo Jesus! Estejamos firmes, cingidos com a verdade e calçados com a preparação do evangelho da paz, para que não venhamos a cair estando nós instáveis no evangelho e sendo perturbados pela ciladas do inimigo.
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