Servos de Cristo - Tg 1.1

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Intro

Por quê de uma série como esta?
Cristianismo prático, é em alguma medida uma provocação a olhar para a fé cristã não apenas como uma religião que segue um livro, ou como alguns opositores dizem, uma religião presa a dogmas e doutrinas.
Cristianismo prática é uma declaração de que nossa fé é antes, criada a partir de uma verdade teológica que gera vida, transformação e ação.
O Evangelho é essa verdade, e aponta para a perfeita e suficiente obra de Cristo em salvar, perdoar, redimir pecadores e reconcilia-los com o Pai agora e eternamente.
A fé cristã é revelada não somente na dogmática cristã, mas no próprio viver dos discípulos de Jesus, ou seja, assim como Cristo que é o verbo encarnado, a palavra de Deus que veio ao mundo.
Os discípulos de Jesus são chamados a encarnar em suas vidas práticas as verdades da fé, por meio de atitudes que anunciam, exaltam e glorificam a Jesus Cristo.
O mesmo Jesus disse:
Matthew 5:16 NVI
16 Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus.
James 2:18 NVI
18 Mas alguém dirá: “Você tem fé; eu tenho obras”. Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras.
O tempo todo a fé cristã é desafiada a mostrar a verdade prática em forma de um viver íntegro.
Por que considerar Tiago um livro de sabedoria para os dias atuais?
A carta de Tiago é um livro prático. Esse livro é considerado o livro de Provérbios do Novo Testamento.
Tiago é mais pregador que escritor. É como se ele nos agarrasse pela lapela, fitasse-nos olhos e falasse conosco algo urgente.
Um dos grandes problemas que a igreja estava enfrentando era colocar em prática aquilo que eles professavam.
A vida estava divorciada da teologia. Esse também é o problema da igreja contemporânea. Daí, a pertinência e a urgência de estudarmos a sabedoria de Tiago para nossos dias.
Além do que Tiago está ancorado sob o ensino de Jesus no sermão do monte, um texto que nos traz sabedoria para vivermos uma vida prática.
A carta de Tiago é um dos livros mais atuais e necessários para a igreja contemporânea. Ele abrange os grandes temas da vida cristã de forma clara, direta e rica.
Tiago está preocupado com a prática do cristianismo. Para ele não basta ter um credo, fazer uma profissão de fé ortodoxa, é preciso viver de forma digna de Deus.
Tiago não ecoa só o ensino do AT, de Jesus, mas também de Paulo.
Philippians 1:27 NVI
27 Não importa o que aconteça, exerçam a sua cidadania de maneira digna do evangelho de Cristo, para que assim, quer eu vá e os veja, quer apenas ouça a seu respeito em minha ausência, fique eu sabendo que vocês permanecem firmes num só espírito, lutando unânimes pela fé evangélica,
A leitura deste livro nos desafiará a fazer um balanço de nossas vidas, um diagnóstico de nossa experiência cristã.
É impossível colocar-se diante do espelho deste livro sem identificar a necessidade de sermos corrigidos por Deus.
O autor nos provoca a pensar sobre como nascemos para Deus, como crescemos em uma fé prática, e como chegamos a maturidade.
A primeira ênfase de Tiago é sobre o novo nascimento (Tg 1.13–19a). Embora a velha natureza permaneça ativa (Tg 1.13–16), o Pai nos trouxe ao novo nascimento pela Sua Palavra (Tg 1.17–19a).
A segunda ênfase é sobre o crescimento espiritual (Tg 1.19b–25). Nós crescemos pelo ouvir (Tg 1.19), receber (Tg 1.21) e obedecer (Tg 1.22–25) a Palavra.
A terceira ênfase é sobre a maturidade espiritual (Tg 1.26–5.6).
Alguém disse que há três notáveis desenvolvimentos que são característicos da verdadeira maturidade cristã:
1) O controle da língua (Tg 1.26); 2) O cuidado dos necessitados (Tg 1.27a); 3) A pureza pessoal (Tg 1.27b).
Mas, afinal, de que Tiago estamos falando?
O autor identifica-se como Tiago (1.1). Havia cinco deles:
Tiago, apóstolo, filho de Zebedeu, irmão de João; Tiago, apóstolo, filho de Alfeu; e, Tiago, pai do apóstolo Judas (não o Iscariotes [At 1.13]) e “Tiago, o menor” (Mc 15.40) são praticamente desconhecidos, e por fim Tiago, irmão de Jesus, filho de Maria e José (Mt 13.55).
Essa carta não poderia ser do apóstolo Tiago, filho de Zebedeu, porque ele foi morto antes de a carta ser escrita (At 12.2).
Tiago, filho de Alfeu, não exerceu nenhuma influência notória na igreja cristã.
Essa carta, portanto, foi escrita por Tiago, irmão de Jesus.
No começo, ele não cria em Jesus (Jo 7.2–5). Mais tarde, ele tornou-se um proeminente líder na vida da igreja.
Tiago foi uma das seletas pessoas para quem Cristo apareceu depois da ressurreição (1Co 15.7).
Ele estava no cenáculo, com os apóstolos no Pentecostes (At 1.14). Paulo o chamou de pilar da igreja de Jerusalém (Gl 2.9).
Paulo viu Tiago quando foi a Jerusalém depois de sua conversão (Gl 1.19), bem como em sua última viagem a Jerusalém (At 21.18).
Quando Pedro saiu da prisão, falou para seus amigos contarem a Tiago (At 12.17).
Tiago foi o líder do importante concílio de Jerusalém (At 15.13). Judas identificou-se simplesmente como o irmão de Tiago (Jd 1).
Este primeiro versículo de saudação as vezes é passado rapidamente por nossos olhos quando lemos a Bíblia.
Mas neste texto há princípios importantes para nós hoje.
Vivemos em uma cultura onde gostamos de atribuir importância a nós mesmos, e para isso muitas vezes dizemos conhecer pessoas famosas, sermos ligados por parentesco ou amizade à pessoas proeminentes.
Ouvimos com frequência pessoas dizerem: "você sabe com quem está falando?"
Ou seja, querem com isso chamar para si um tom de importância e destaque.
Vivemos na sociedade onde ser bem sucedido, ou pelo menos conhecer alguém bem sucedido, parece nos fazer importantes.
O texto em questão vem na contramão disso:
Pois o autor, Tiago, é irmão do nosso Senhor Jesus Cristo.
Tiago é um dos poucos a conhecer a infância de Jesus, brincou com o Senhor, quem sabe dividiam o cobertor em noites frias...
E como ele se apresenta a igreja da época, a nós e ao mundo?
James 1:1 NVI
1 Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos dispersas entre as nações: Saudações.
Se Tiago fosse um cidadão do nosso tempo, talvez ele abrisse uma igreja e colocaria uma selfie lado a lado com seu irmão Jesus, arrogando pra si autoridade de ser a única igreja original e autorizada, por ser irmão do Senhor.
Ele não se vale do grau de parentesco, alegando ser mais importante que os demais por ser irmão do Senhor.
O triste hábito do nepotismo ou do patronato é inexistente em seu escrito. Ele se intitula de "servo".
O termo grego é bem conhecido, doûlos, cuja ideia principal é de "escravo".
Ele não é chefe, não é o CEO da igreja. É servidor de Deus e do Senhor Jesus Cristo. Esta é uma compreensão espiritual e teologicamente correta e grandiosa.
Somos escravos de Jesus. Pertencemos a ele, por ele fomos comprados.
O termo não é título de nobreza, como alguns o usam até com pompa ("Eu sou servo de Deus!"), mas sim de humilhação.
Assumi-lo implica em ter a consciência que se deve ter de submissão absoluta a Deus e a Jesus, e não alegar direitos ou buscar vantagens.
É uma pena que esta consciência de "servo" esteja se esvaindo entre os cristãos.
Alguns se portam como se fossem senhores em suas igrejas. Outros, de suas denominações.
Muitas instituições evangélicas são governadas em estilo monárquico, com a voz do líder sendo inquestionável.
Há ocasiões também em que a comunidade cristã não é vista como um espaço para servir aos irmãos, a Deus e ao mundo, mas para compensar frustrações emocionais.
A pessoa é inexpressiva em sua vida profissional e diária, mas na igreja encontra oportunidades para se projetar e impor sua vontade aos outros.
Ela compensa sua inexpressividade social com o mando na igreja.
Seu serviço por vezes é oportunismo e não por amor amor à obra de Deus. É vaidade, e não dedicação ao Senhor.
Precisamos voltar a nos ver como servos. Sem buscar aplausos, destaque, poder e prestígio.
A fome de títulos no meio evangélico, é algo deprimente. Cada dia se inventa um novo título pomposo para o líder.
Algumas igrejas parecem confrarias de distribuição de honrarias e títulos de nobreza espiritual.
Como disse alguém, em tom irônico e lamentoso: "Chegará o dia em que teremos um vice-Deus.
Por causa de sua linhagem, de seu cargo, parentesco e legado, Tiago poderia muito bem ter começado assim sua carta:
"Tiago, da tribo da Judá, da casa de Davi, da linhagem real dos reis de Judá..."
"Tiago, o mais velho dos irmãos de Jesus, Filho do Deus encarnado..."
"Tiago, pastor da Primeira Igreja Cristã do mundo..."
"Tiago, companheiro de Pedro, Tiago, João, Paulo e dos outros apóstolos..."
Mas ele se orgulha de ser doulos.
Elizabeth George, citando um especialista da língua grega diz,
A palavra grega doulos (escravo, servo) refere-se a uma posição de obediência completa, humildade absoluta e lealdade inabalável.
A obediência era a tarefa, a humildade, a posição, e a lealdade, o relacionamento que um senhor esperava de um escravo.
Não há maior atributo para o crente, que ser conhecido como servo de Jesus, obediente, humilde e leal.
O fato de ser escravo de Deus e submisso a Jesus Cristo, porém, não era visto por Tiago como um peso ou maldição, mas como uma honra gloriosa.
Por que Tiago não menciona sua relação especial com Jesus?
Porque ser irmão de Jesus não dava a Tiago nenhuma autoridade para admoestar outro cristão como ele o faz nessa epístola.
O que qualificava Tiago para escrever essa epístola não era sua relação de parentesco com Jesus, mas sua relação espiritual com o Senhor.
Assim também é nossa relação com Jesus, ele é nosso Salvador e Senhor, ele nos amou entregando-se para nos salvar.
Por isso podemos ser seus servos e obedecê-lo, vivermos em humildade e lealdade a Jesus.
Há pelos menos quatro implicações de ser doulos (escravo/servo).

(1) Implica obediência completa.

O escravo não reconhece outra lei à parte da palavra de seu senhor; não tem direitos próprios de nenhuma classe. É possessão absoluta de seu senhor e está ligado a este por uma total e indisputável obediência.

(2) Implica humildade absoluta.

É a palavra de um homem que não pensa em seus privilégios, mas em seus deveres; não em seus direitos, mas em suas obrigações.
É um homem que perdeu sua própria identidade para servir a Deus. É um homem que literalmente negou-se a si mesmo, que se disse Não a si mesmo para dizer Sim a Deus.
John 3:30 NVI
30 É necessário que ele cresça e que eu diminua.
Acts 20:24 NVI
24 Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão-somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus.

(3) Implica lealdade inabalável.

É a atitude de um homem que não tem interesses próprios porque está plenamente entregue a Deus.
O que faz, ele o faz para Deus. Os logros e as preferências próprias não entram em seus cálculos. Sua lealdade é em relação a Deus.
Acts 5:29 NVI
29 Pedro e os outros apóstolos responderam: “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens!

(4) Mas mesmo assim, no pano de fundo de tudo isto, a palavra escravo implica um certo orgulho.

Longe de ser algo desonroso, este era o título com o qual eram conhecidos os grandes homens do Antigo Testamento.
Moisés era o doulos de Deus (1Reis 8:53; Daniel 9:11; Malaquias 4:4), e o mesmo eram Josué e Calebe (Josué 2:8; Nm 14:24); da mesma forma que os grandes patriarcas, Abraão, Isaque e Jacó (Dt 9:27), assim como Jó (Jó 1:8) e também Isaías (Isaías 20:3).
E doulos é caracteristicamente o título pelo qual eram conhecidos os profetas (Amos 3:7; Zacarias 1:6; Jeremias 7:25).
Ao tomar o título de doulos, Tiago se coloca na grandiosa sucessão daqueles que encontraram sua liberdade, sua paz e sua glória na perfeita submissão à vontade de Deus.
Tiago, se apresenta assim, a toda a igreja de seu tempo a fim de saudá-la, para então instruí-la.
James 1:1 NVI
1 Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos dispersas entre as nações: Saudações.
Tiago é sucinto em sua saudação, mas a economia das suas palavras não roubam a grandeza da saudação.
Ele está escrevendo o que podemos chamar de uma carta circular, ou seja, para todas as igrejas na regiões onde haviam cristão judeus e gentios vivendo na palestina e fora dela.
Os cristãos, viveram e ainda viviam sendo perseguidos, eles são conhecidos como dispersos e peregrinos.
Logo, em sua peregrinação, como servos de Deus e do Senhor Jesus Cristo, são convocados por Tiago a viverem como servos obedientes, humildes, leais e orgulhosos por servirem a Cristo.
Ao saudá-los Tiago está os convidando a se alegrar em Cristo.
Qual o motivo dessa alegria, sendo que estavam dispersos, espalhados no mundo, sofrendo?
É que em Cristo, o ser humano é aceito por Deus. Recebe a paz de Deus. Torna-se filho dele. Deus é bom para ele.
Servindo a ele, a vida humana se reveste de sentido, de prazer e significado.
Em Cristo o servo confere participação na grande e convicta esperança eterna.
O crente pode participar eternamente daquilo que Deus é, tem e faz.
Isso é evangelho, boa notícia, motivo de alegria.
Tiago nos quer fazer lembrar que a base da vida de um servo obediente, humilde e fiel, está no fato de ele pertencer a Cristo, a despeito das dificuldades da vida, podemos nos alegrar em servir o Senhor.
Servindo uns aos outros, anunciando a Cristo, sofrendo com alegria porque temos a esperança do Evangelho.
Por isso, somente aqueles que são servos de Cristo conseguem viver um cristianismo prático e significativo.
Pois servem ao Senhor de forma obediente, humilde e fiel, orgulhando-se em se identificar com Cristo, que veio ao mundo para servir e dar sua vida por muitos.
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