Aula EBD - Capitulo I Confissâo de Fé de Westminster

Confissão de fé de Westminster  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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DA ESCRITURA SAGRADA

Introdução : De onde vem os Credos e as Confissões ?
Desde dos Primordios da era Cristã tem se lutado contra heresias que quase destruiram a Igreja primitiva, essa batalha pela fé então produziu algumas cartas que estão alocadas no NT hoje bem como Credos e confissões de Pais apostolicos que viveram depois dos Apostolos, Por exempli no Quanto século surge uma heresia chamada de arianismo onde Ario afirmava que Jesus era um Deus menor do que o Pai portanto não era Deus como o Pai era, Diante disso os Cristãos vendo a fé verdadeira sendo atacada por todos os lados decidiram tomar uma atitude e reuniram-se num concilio que ficou conhecido como o concilio de Nicéia, Ao terminar o concilio com longos debates teologicos, formularam o que conhecemos hoje como credo Nisceno, colocando formalmente em que se cria de acordo com a escritura, ou respondendo a pergunta o que afirma a escritura. Assim surgiram varios Credos ao longo da hisotira da Igreja :
O credo dos Apostolos ( final do segundo século)
Credo Niceno ( 325 A.D) / Constantinopla (381 A.D) acrescentou a divindade de Jesus e a do Espirito Santo como sendo cosubstancial com o Pai.
Mas para a frente surgi uma outra heresia conhecida como nestorianismo que cria sim que Jesus Cristo era Deus mas que a natureza humana e divina de Cristo são na verdade duas pessoas, fazendo assim novamente a Igreja se reunir em concilio agora no concilio de Éfeso (431 AD ) e condenar tal doutrina como Heretica.
A tendencia heretica novamente surge agora oposta ao que o nestorianismo dizia que é a doutrina de Eutico ou eutiquianismo que dizia que a natureza de Cristo é tão unida que forma na verdade uma só natureza de maneira que Deus é humano e a humana é divina, novamente a Igreja se reuni em outro concilio e condena tal doutrina em Calcedonia ( 451 ( A.D)
c. Credo Atanasiano
Assim se torna padrão as Igrejas redigirem e elaborarem Credos e confissões ao longo da Historia da Igreja, e chegando então o tempo da reforma a Igreja se dividiu em duas grandes dámilias da Igreja a Luterna e a Reformada ( Calvino ) :
A Luterana : Derivam de lutero, na região da alemanhãe das provincias da Russia, dinamarca e suecia, bem como a grande denominação desse nome na America. Aderem a :
COnfissão de Ausburg ( Lutero e melanchton) 1530 A.D - Mais antiga confissão protestante.
Apologia ( Defesa) da COnfissão Ausburg ( Melanchton) 1537 A.D
Catecismo maior e Menor ( Lutero) 1529.
Os artigos de Esmacalde ( Lutero) 1536.
A formula COncórdia 1577
Reformadas ou Calvinistas : Suiça , Alemanhã,França , Holanda, Inglaterra e na Escócia, Os idependentes e Batistas da America e Inglaterra e As Igrejas Presbiterianas da Inglaterra e America e Brasil, são elas :
A Segunda Confissão Helvetica ( Bullinger) 1564 AD
Catecismo de Heidelberg ( Ursino e Oleviano) 1562 AD
39 Artigos da Igreja da Inglaterra ( Crammer e Ridley) 1551 AD
Os Cânones do Sinodo de Dort . 1618-1619 .
A Confissâo e os catecismos da Assembleia de Westminter. 1658
Breve Historia de Westminster :
Logo após a reforma Protestante surge um movimento que mais tarde ficou conhecido como “ puritanismo” na Inglaterra, Roger Olson explica :
“ Uma das marcas registradas da teologia puritana era o ideal da igreja pura. Para os reformadores puritanos da Igreja da Inglaterra sb a uniformidade elisabetana isso significava duas coisas: eliminar da igreja os vestigios do catolicismo romano e expurgar do ministério e da congregação todos os incrédulos. Para eles, a Igreja cerdadeira de Jesus Cristo era mais do que uma autarquiado Estado ou um grupo de apoio aos pecadores. Devia ser o Corpo de Cristo na Terra, apresença comunitária do reino de Deus na História e uma cidade acima das demais, cuja luz brilhasse para que todos vissem. Por isso, precisava demonstrar crenças corretas, vidas puras e lideres com essas qualidades. Isso não significa que somente as pessoas perfeitas podiam pertencer à Igreja, mas certamente que cristãos nominais, sem nehuma experiencia genuína com Deus de verdadeiro arrenpedimento e fé, não deviam ser membros plenos da Igreja.”
Se este pensamento nos parece radical é porque concerteza nos acostumamos com a mediocridade e com a Igreja que está mais preucupada em agradar a homens do que a Deus.
em 1643 Convoca-se pelo parlamento da Inglaterra então uma assembleia preste a decidir qual a doutrina da Igreja em oposição ao arminianismo, ( 12 de Junho de 1643) bem como para decidir também o governo e a liturgia da Igreja.
Em 1603, Tiago VI da Escocia se torna Tiago I da Inglaterra , por ser ele calvinista os puritanos alimentam a esperança de implementar na Inglaterra o sistema presbiteriano e na Igreja anglicana, faz-se então uma petição assinada por mil ministros ( “ A petição Milenar”) na qual queriam que a Igreja Anglicana fosse completamente puritana na liturgia e na administração , Earle E . Cairns comenta :
“ O rei atarracado, obeso, orgulhoso e tagarela, convocou a COnferencia da Corte de Hampton em 1604. Quando os puritanos novamente pediram pela reforma, tiago se enfureceu e prometeu que “ os afugentaria do reino” se não se conformassem, sobre o sistema presbiteriano de administração eclesiastica, na Igreja oficial, disse que o presbiterianismo “ se harmoniza com a monarquia tanto quanto Deus com o diabo”
Nasce dai a famosa tradução Bíblica, a King James Version, surgiu porque Tiago ordenou que uma nova tradução da biblia fosse feita. então mais do que disputa religiosa havia também disputa politica .
então o parlamento aboliu o sistema episcopal e colocou o sistema presbiteriano. E em 1643, convocou uma assembleia na capela de Westminter, em Londres, para acessorá-lo tanto na administração do páis como na teologia. Esta assembleia constituiu de 151 téologos ouritanos ingleses e 8 presbiterianos escoceses. foram realizadas 1163 sessões diárias entre 1643 e 1648, e concluiu em 1652.
Em 1647 a Escócia adotou como confissão de Fé e no mesmo ano os ingleses também adotaram. LER PREFÁCIO DA EDIÇÃO BRASILEIRA DA CFW , Rev Cláudio Marra :
“ A Igreja resbiteriana é confessional, identifica-se pela aceitação e defesa de seus simbolos de fé e , ao fazê-lo, propaga a melhor sistematização de teologia já produzida em todos os tempos. Especialmente em dias como de hoje, quando “ ventos de doutrina” sopram de todos os lados, a firmeza doutrinária historica será um elemento importante para a sobrevivência das Igrejas de origem reformada, e , melhor ainda, será também a contribuição delas para grupos novos que vão surgindo, sem o mesmo embasamento na Palavra de Deus, nossa Rgra Única e infalivel de fé e Pratica.”
COMO DEVEMOS OLHAR PARA A CFW E OS CATECISMOS ?
é importante destacar que em momento algum você vai me ouvir dizer que as confissões ou catecismos substituem a biblia ou o seu devocional para com ela, na verdade eles são instrumentos pelos quais entendemos melhor e resumidamente as doutrinas apresentadas na escritura, eles são uma sistematização de doutrinas que são apresentadas ao longo das escrituras, ou seja as doutrinas biblicas estão anotadas e catalogadas nesses simbolos de fé, devemos conhecer a fundo os simbolos de fé sabendo que assim estaremos nos aprofundando mais e mais nas escrituras.
REVELAÇÃO GERAL ( Natural)
Símbolos de Fé: Confissão de Fé, Catecismo Maior e Breve Catecismo (Capítulo I: Da Escritura Sagrada)
I. Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência manifestam de tal modo a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, contudo não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e de sua vontade, necessário à salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isso torna indispensável a Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo.
Esta seção afirma as seguintes proposições:
Que a luz da natureza e as obras da criação e da providencia são suficientes para fazer conhecido o fato da existência de Deus, bem como em certa medida sua natureza e caráter, de modo a deixar a desobediencia humana sem justificativa:
A revelação natural ( Geral) é suficiente para conhecer a Deus ? A confissão de fé ensina que não é verdadeiro pois o volume de conhecimento atingivel pela a luz da natureza não é suficiente para capacitar alguém e assegurar a sua salvação.
1Coríntios 1.21“Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, Deus achou por bem salvar os que creem por meio da loucura da pregação.”
1Coríntios 2.13–14 “Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais. Ora, o a pessoa natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura. E ela não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.”
b. Outro ponto é que embora a natureza ensine que os homens são condenados por Deus e que esse Deus está irado contra eles, Não é capaz de ensina-los o que esse Deus é capaz de fazer para os salvar : santificar, remir, substituir e restaurar para si um povo.
c. Inumeros exemplo de povos e nações que tomaram como regra a natureza para guia-los a Deus fracassam e adoram criaturas ou até mesmo a própria natureza, seus ritos religiosos são degradantes e suas vidas são imorais.
2. Porém o outro extremo também é errado se por um lado achar que a natureza é suficiente para nos revelar Deus e seu plano redentor é errado por outro lado achar que ela não nos revela nada a cerca de Deus também está equivocado. Alguns dizem que somos totalmente dependente de alguma revelação sobrenatural para que possamos ver Deus ou Deus se revelar, que somos dependentes dessa revelação para que saibamos se Deus existe ou não.
Refutamos :
Rm 1.18-24
Romanos 1.18–24 (NAA)
A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e injustiça dos seres humanos que, por meio da sua injustiça, suprimem a verdade. Pois o que se pode conhecer a respeito de Deus é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, isto é, o seu eterno poder e a sua divindade, claramente se reconhecem, desde a criação do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que Deus fez. Por isso, os seres humanos são indesculpáveis. Porque, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças. Pelo contrário, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, e o coração insensato deles se obscureceu. Dizendo que eram sábios, se tornaram tolos e trocaram a glória do Deus incorruptível por imagens semelhantes ao ser humano corruptível, às aves, aos quadrúpedes e aos répteis.
Por isso, Deus os entregou à impureza, pelos desejos do coração deles, para desonrarem o seu corpo entre si.
Romanos 2.14–15 “Quando, pois, os gentios, que não têm a lei, fazem, por natureza, o que a lei ordena, eles se tornam lei para si mesmos, embora não tenham a lei. Estes mostram a obra da lei gravada no seu coração, o que é confirmado pela consciência deles e pelos seus pensamentos conflitantes, que às vezes os acusam e às vezes os defendem,” portanto todos os povos em todos os lugares do mundo tem o conhecimento da existencia de Deus seja por meio da revelação natural ou intima. por isso são indesculpaveis
Símbolos de Fé: Confissão de Fé, Catecismo Maior e Breve Catecismo (Capítulo I: Da Escritura Sagrada)
I. Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência manifestam de tal modo a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, contudo não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e de sua vontade, necessário à salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isso torna indispensável a Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo.
Não sendo possível conhecer completamente a Deus por meio da natureza ou seja seu plano redentor, sua salvação, Deus então se revela de varias formas ao longo das escrituras:
Formas de revelação : O autor de hebreus diz
Hebrews 1 “Antigamente, Deus falou, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, mas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também fez o universo.
O autor visa mostrar como em Cristo toda a revelação divina chegou ao ápice, pois Jesus “ é o resplendor da Gloria do pai e a expressão exata do seu ser” contudo até que essa expressão maxima se revelasse , Deus não esteve em silencio, ele estava falando de muitas maneiras e muitas vezes, aos pais pelos profetas, e antes mesmos que os pais aparececem ele já falava com a humanidade, então veremos algumas dessas aparições e quais formas eram usadas.
1. Teofania :
Teofania, que literalmente significa “manifestação de Deus”, refere-se às aparições de Deus, bem como as demonstrações fantásticas de seu poder em certos momentos históricos antigos. A teofania foi predominante da criação até o período mosaico. Deus se manifestou a homens como Adão (Gn 2.15-17, 22-23; 3.8), Abraão (Gn 12.2; 28.13), e especialmente a Moisés, tomando alguma forma visível. A Bíblia afirma que após Moisés esta não seria mais a forma “oficial” de Revelação (Dt 34.10), sendo que, a partir daí, a forma “oficial” se tornou a profecia, mesmo que alguns homens do Antigo Testamento ainda continuaram recebendo Teofanias, como Elias, por exemplo. A característica principal da teofania é o apelo ao físico, ao sensitivo. Deus tomava a forma de um anjo, ou de um homem e podia ser visto, ouvido, e até tocado. Evidentemente que aquelas eram formas temporárias, assumidas por Deus para se comunicar com o ser humano.
Uma pergunta difícil de responder ne sse sentido é: qual pessoa da trindade?
aparecia quando uma teofania acontecia? Nossa resposta é que, provavelmente, todas as vezes que Deus apareceu, foi a segunda pessoa que se manifestou com o intuito de revelar o Pai. Deduzimos isso por causa da passagem de João 1.18: “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou”. É função trinitária do Filho revelar a Deus (ver sobre a Trindade no capítulo 4). Quando um dos discípulos de Jesus, chamado Filipe, fez o pedido para que Jesus mostrasse o Pai, ele respondeu: “Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (Jo 14.9). Disso entendemos que o Senhor Jesus mostrou que o único modo de ver o Pai e vendo a ele próprio. Assim sendo, foi a segunda pessoa que se manifestou no Antigo Testamento, e ao fazer isso, o Pai foi visto também.
2. Profecia:
A partir de Moisés, Deus passou a usar mais amplamente uma nova forma de revelação. Ele começou a se revelar através de Profecia (Nm 12.6-8). A revelação por profecia é uma forma mais indireta de revelação. O profeta recebia algo de Deus, porém em forma de sonho ou visão. Era responsabilidade do profeta transmitir ao povo aquilo que viu no sonho ou na visão. Como sempre havia risco de falsificação, Deus estabeleceu testes para confirmar o profeta e a profecia. Eram basicamente dois testes, o da veracidade do fato profetizado (Dt 18.20-22) e o da conformidade com a Palavra Escrita (Dt 13.1-5). O tempo predominante dos profetas se estende desde a morte de Moisés até João Batista (Mt 11.13). A função básica do Profeta era ser um porta-voz de Deus. Por isso, usualmente o profeta começava sua mensagem com a seguinte sentença: “Assim diz o Senhor...”. Isso indica que o próprio Deus colocava suas palavras na boca dos profetas (Jr 1.7; Is 51.14; Ex 4.10-12; Dt 18.18). Um detalhe que não pode ser olvidado é o caráter orgânico da recepção e da entrega da mensagem profética. Os profetas não falavam em transe, mas usavam seus recursos, qualidades e talentos para transmitir a mensagem de Deus. A mensagem era, de certo modo, acomodada à personalidade do profeta.
3. Revelação pelo o Filho:
Jesus Cristo é o clímax de toda revelação de Deus (Hb 1.1-2). Nada antes ou depois dele fala mais, ou melhor, do que ele sobre Deus. Aqui, também podemos ver o caráter progressivo da revelação divina. Cristo é a expressão máxima do Ser de Deus. Ele é o próprio Emanuel, o Deus conosco. Ele é o Deus manifestado na carne, pois nele habita toda a plenitude da divindade (Cl 2.9). Jesus não é uma teofania nos moldes do Antigo Testamento, pois não é uma manifestação temporária de Deus. Ele é a manifestação plena e eterna de Deus, é o Deus conosco. Ele é e para sempre será o Deushomem. Na pessoa de Jesus estava o ápice da revelação. Ele próprio costumava dizer: “Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9). Entretanto, só em algumas ocasiões ele se descortinou mais amplamente aos olhos humanos (Lc 9.29). Durante todo o seu ministério terreno permaneceu esvaziado de algumas de suas prerrogativas divinas (Jo 17.5; Fp 2.5-8), carregando com alegria o fardo dos homens e se submetendo a uma vida de servidão. Mas seus milagres, suas palavras, e especialmente sua presença foram a maior demonstração de Deus para o mundo. E sua morte na cruz foi a grande prova do amor desse Deus (Rm 5.8). Sendo Jesus o ápice de toda a revelação especial, sendo ele também o instrumento de toda essa revelação, conclui-se que a revelação especial é essencialmente a respeito dele. Nesse sentido, tudo o que foi registrado no Antigo Testamento revelava progressivamente o Cristo vindouro. E tudo o que foi escrito no Novo Testamento revela o Cristo que já veio e que ainda voltará.
QUAL A ΜΕDIDA DEUS ESCOLHEU USAR PARA PRESERVAÇÃO DA SUA PALAVRA?
Deuteronomy 4:12–14 “Então o Senhor falou a vocês do meio do fogo e vocês ouviram o som das palavras dele. Vocês ouviram a voz, mas não viram aparência nenhuma; só escutaram a voz. Então ele anunciou a sua aliança, que ordenou a vocês, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra. Ao mesmo tempo o Senhor ordenou que eu ensinasse a vocês estatutos e juízos, para que os cumprissem na terra que passarão a possuir.”
INSPIRAÇÃO : O REGISTRO DA REVELÇÃO
Deus se revelou de muitas formas, como diz a Bíblia, porém, houve um processo pelo qual esta revelação foi registrada, ou seja, escrita e preservada nas páginas da Escritura Sagrada. Na revelação de Deus, por vezes, há o momento do ato propriamente dito em que Deus revelou algo de si mesmo. Esse ato é uma tarefa exclusiva de Deus. A inspiração é o momento de registrar essa revelação. O registro é uma tarefa divina e humana. Inspiração é a influência divina sobre os escritores da Bíblia a fim de preserválos de erros, e para que registrassem com toda a fidelidade os eventos revelatórios de Deus e mesmo os presenciados pelos escritores (Boa parte dos Evangelhos e de Atos, por exemplo).
Em alguns casos, como nos salmos ou nas epístolas, o ato da revelação coincidiu com a escrituração, pois, quando o salmista ou o apóstolo meditava sobre algum assunto, tomava a pena para escrever e acontecia simultaneamente a revelação e o registro. Mas em outros casos, houve momentos de intervalo entre o ato divino da revelação e sua escrituração, como por exemplo, quando o profeta recebia a visão, e somente a registrava posteriormente. De qualquer forma, todo o processo, desde o ato revelatório até o momento da escrituração é revelação de Deus. A inspiração não é uma atividade à parte da revelação. Fazemos essa distinção nesse trabalho apenas para entender os dois momentos, que as vezes aconteceram juntos e as vezes foram separados.
A inpiração pode ser divida em mecânica e organica , cremos na inspiração organica pois Deus usou o conhecimento e a cultura dos autores para registrar de modo que o autor leva para o texto a sua gramtica seus conhecimentos e muitas outras coisas.
Símbolos de Fé: Confissão de Fé, Catecismo Maior e Breve Catecismo (Capítulo I: Da Escritura Sagrada)
II. Sob o nome de Escritura Sagrada, ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Antigo e do Novo Testamentos, que são os seguintes, todos dados por inspiração de Deus para serem a regra de fé e de prática
O ANTIGO TESTAMENTO Gênesis Êxodo Levítico Números Deuteronômio Josué Juízes Rute 1 Samuel 2 Samuel 1 Reis 2 Reis 1 Crônicas 2 Crônicas Esdras Neemias Ester Jó Salmos Provérbios Eclesiastes Cântico dos cânticos Isaías Jeremias Lamentações Ezequiel Daniel Oseias Joel Amós Obadias Jonas Miqueias Naum Habacuque Sofonias Ageu Zacarias Malaquias
O NOVO TESTAMENTO Mateus Marcos Lucas João Atos Romanos 1 Coríntios 2 Coríntios Gálatas Efésios Filipenses Colossenses 1 Tessalonicenses 2 Tessalonicenses 1 Timóteo 2 Timóteo Tito Filemon Hebreus Tiago 1 Pedro 2 Pedro 1 João 2 João 3 João Judas Apocalipse
Símbolos de Fé: Confissão de Fé, Catecismo Maior e Breve Catecismo (Capítulo I: Da Escritura Sagrada)
III. Os livros geralmente chamados Apócrifos, não sendo de inspiração divina, não fazem parte do Cânon da Escritura; não são, portanto, de autoridade na Igreja de Deus, nem de modo algum podem ser aprovados ou empregados senão como escritos humanos.
IV. A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou Igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu Autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a Palavra de Deus.
V. Pelo Testemunho da Igreja podemos ser movidos e incitados a um alto e reverente apreço pela Escritura Sagrada; a suprema excelência do seu conteúdo, a eficácia da sua doutrina, a majestade do seu estilo, a harmonia de todas as suas partes, o escopo do seu todo (que é dar a Deus toda a glória), a plena revelação que faz do único meio de salvar-se o homem, as suas muitas outras excelências incomparáveis e completa perfeição são argumentos pelos quais abundantemente se evidencia ser ela a Palavra de Deus; contudo, a nossa plena persuasão e certeza da sua infalível verdade e divina autoridade provém da operação interior do Espírito Santo que, pela Palavra e com a Palavra, testifica ao nosso coração.
O CANON DAS ESCRITURAS :
Cânon literalmente significa “medida”, “regra”, “norma” e refere-se à lista de livros estabelecida para fazer parte da Escritura. Provavelmente seja uma palavra derivada do hebraico keneh que significa “cana” ou “vara de medir”. Essa palavra tomou um significado metafórico, sendo usado como “padrão”, “limite”, etc. Em 2Coríntios 10.13 Paulo diz que respeitava o limite da esfera de ação que Deus havia demarcado para ele. Essa “esfera de ação” no grego é canonos (Cf. Gl 6.16). De qualquer modo, a palavra Cânon passou a ter um sentido teológico de delimitação dos livros normativos. Os livros canônicos são os livros inspirados.
A inspiração determina o canôn:
Desde cedo na Igreja primitiva começou-se a ter dúvidas sobre a quais escritos deveriam ser considerados normativos. Havia muitos escritos religiosos na época, alguns abertamente heréticos, outros de autoria duvidosa. Mas, como saber quais livros deveriam ser considerados canônicos?
A inspiração é a única garantia da canonicidade do texto. Essa é a grande pressuposição dos crentes conservadores ao longo da história. Se cremos que a Escritura é parte da revelação de Deus e, se cremos que ela é o grande compêndio da revelação redentiva, então, para que cheguemos a um Cânon, necessariamente dependeremos da inspiração divina. De acordo com Geisler/ Nix “a inspiração é meio pelo qual a Bíblia recebeu sua autoridade: a canonização é o processo pelo qual a Bíblia recebeu sua aceitação definitiva”. Sendo a inspiração o registro da revelação que garante que o resultado (material escrito) é absolutamente infalível e inerrante em todas as suas asseverações, então, para que tenhamos um número limitado desses escritos, a inspiração deverá ter a palavra final. "
É verdade que muitos têm feito tentativas de achar base para o Cânon à parte da inspiração. Argumentam, por exemplo, que a idade dos escritos determina sua canonicidade. Entretanto, essa asseveração é perigosa, pois há muitos escritos de comprovada antiguidade que não são considerados canônicos. Além disso “há evidências de que os livros canônicos foram introduzidos no Cânon imediatamente, e não depois de haverem envelhecido. É o caso dos livros de Moisés (Dt 31.24-26), de Jeremias (Dn 9.2) e dos escritos do Novo Testamento produzidos por Paulo (2Pe 3.16)”.20 Outro argumento usado é o de que a língua hebraica determina a canonicidade, porém, nem todos os escritos do Antigo Testamento estão na língua hebraica. É o caso, por exemplo, de partes de Daniel que foram escritas em aramaico. Por outro lado, muitos livros, que foram escritos em hebraico, não podem ser considerados canônicos. Outro exemplo falho deste tipo de tentativa é dizer que a conformidade com a Torah garante a canonicidade. Muitos escritos antigos, embora estejam em harmonia com a Torah, jamais foram considerados canônicos. Também não podemos dizer que o valor religioso do escrito garante sua canonicidade, pois assim teríamos um Cânon bem maior, pois há muitos livros antigos de reconhecido valor religioso, que não obstante, jamais foram incorporados ao Cânon.
Outro ponto que nos ajuda a entender o fato de que é a inspiração que garante e determina a canonicidade do escrito refere-se a discussão sobre quem tem autoridade para designar a canonicidade de um livro. No catolicismo sempre foi a Igreja quem teve essa prerrogativa. Dessa forma, ela mesma é quem garante o Cânon, pois cabe a ela dizer se um livro é inspirado ou não. Assim, a base da autoridade do livro emana da Igreja. No protestantismo, especialmente o reformado, a intepretação é bem diferente. Não é a igreja quem determina se um escrito é canônico ou não, mas o próprio escrito. É ele quem impõe a sua canonicidade e cabe à igreja tão somente reconhecer isso. É preciso lembrar ainda que este reconhecimento por parte da Igreja é obra do Espírito Santo. O Espírito Santo testifica em nosso íntimo que o escrito é Palavra de Deus, e dessa forma o aceitamos definitivamente. Porém, é claro que mais conceitos são analisados, como veremos a seguir.
Assim, não são fatores externos que determinam se um livro é canônico ou não, pois “os livros da Bíblia não são considerados oriundos de Deus por se haver descoberto neles algum valor (humano); são valiosos porque provieram de Deus — fonte de todo bem”. É a inspiração que determina a canonicidade do Escrito Sagrado.
2. Os livros apócrifos:
O Cânon do AT fechou-se em cerca de 435 a.C., e o último livro escrito foi provavelmente Malaquias. Continuou-se a escrever a história do povo judeu em livros como Macabeus, mas esses livros jamais foram aceitos pelos judeus como inspirados. Na verdade, Israel tinha certeza de que desde os tempos de Malaquias não havia mais se levantado profeta em Israel com condições de trazer uma mensagem normativa. O próprio autor de 1Macabeus, escrito em 100 a.C., declara que todos estavam à espera de que viesse “algum profeta e se pronunciasse a respeito” (1Mac 4.45-46) da terrível situação da nação. Ele chegou a dizer que fazia muito tempo que não se levantava um profeta, pois falou a respeito de um grande sofrimento “qual não tinha havido desde o dia em que não mais aparecera um profeta no meio deles” (1Mac 9.27). Josefo, o maior historiador judeu do período, que nasceu entre 37/38 d.C., disse que aqueles livros que continham a história dos judeus depois de Artaxerxes não foram julgados dignos de crédito, porque não havia mais sucessão profética. Os judeus não aceitavam os Apócrifos, pois criam que depois dos últimos profetas Ageu, Zacarias e Malaquias, o Espírito Santo havia se afastado de Israel.
O Cânon do AT fechou-se em cerca de 435 a.C., e o último livro escrito foi provavelmente Malaquias. Continuou-se a escrever a história do povo judeu em livros como Macabeus, mas esses livros jamais foram aceitos pelos judeus como inspirados. Na verdade, Israel tinha certeza de que desde os tempos de Malaquias não havia mais se levantado profeta em Israel com condições de trazer uma mensagem normativa. O próprio autor de 1Macabeus, escrito em 100 a.C., declara que todos estavam à espera de que viesse “algum profeta e se pronunciasse a respeito” (1Mac 4.45-46) da terrível situação da nação. Ele chegou a dizer que fazia muito tempo que não se levantava um profeta, pois falou a respeito de um grande sofrimento “qual não tinha havido desde o dia em que não mais aparecera um profeta no meio deles” (1Mac 9.27). Josefo, o maior historiador judeu do período, que nasceu entre 37/38 d.C., disse que aqueles livros que continham a história dos judeus depois de Artaxerxes não foram julgados dignos de crédito, porque não havia mais sucessão profética. Os judeus não aceitavam os Apócrifos, pois criam que depois dos últimos profetas Ageu, Zacarias e Malaquias, o Espírito Santo havia se afastado de Israel.
A primeira vez que os Apócrifos apareceram na Bíblia dos judeus foi na tradução grega chamada de Septuaginta, a qual começou a ser traduzida em Alexandria cerca de três séculos antes de Cristo. Essa tradução incluiu vários dos apócrifos aceitos posteriormente pela Igreja Católica e também outros livros não aceitos por ela (como 3 e 4 Macabeus).
No caso da Bíblia cristã, a primeira vez foi na tradução de Jerônimo chamada Vulgata (404 d.C.),24 entretanto Jerônimo havia colocado uma nota com relação àqueles livros, dizendo que não eram inspirados, não sendo do “Cânon” e sim da “Igreja” e que, somente como tal poderiam ser úteis e proveitosos.25 Mas a ampla divulgação da Vulgata Latina assegurou o acesso àqueles livros.
Foi somente em 1546, no Concílio de Trento, que a Igreja Católica Romana finalmente canonizou aqueles livros. O interesse desse Concílio era atacar a Reforma de Lutero e Calvino e os apócrifos ofereciam material suficiente para atacar a doutrina da salvação pela graça e preservar a oração pelos mortos.26 Então, a aceitação católica dos apócrifos foi muito mais por causa de um embate histórico e teológico.
Para resumir, podemos citar os motivos pelos quais, segundo Grudem, osApócrifos não devem ser aceitos: “1) eles não atribuem a si o mesmo tipo de autoridade que têm os escritos do Antigo Testamento; 2) não foram considerados palavras de Deus pelo povo judeu, do qual se originaram; 3) não foram considerados Escrituras por Jesus nem pelos escritores do Novo Testamento; 4) contêm ensinos incoerentes com o restante da Bíblia”.
3. O fechamento do canôn do NT:
Os Escritos do Novo Testamento foram feitos sob a autoridade Apostólica. A autoridade dos Apóstolos era equivalente à autoridade dos profetas do Antigo Testamento (Cf. Jo 14.26; 16.13-14; At 5.3-4; 2Pe 3.2). Na verdade, temos base suficiente para dizer que os Escritos Apostólicos eram reconhecidos como normativos logo de seu “lançamento” (2Pe 3.16; 1Tm 5.17-18), tanto quanto falamos dos livros do Antigo Testamento. Todos os livros do Novo Testamento foram escritos por Apóstolos ou supervisionados por eles. Como já dissemos é a inspiração que impõe o reconhecimento do livro, mas o caráter apostólico garante essa inspiração, pois os apóstolos foram comissionados por Jesus para continuar a obra dele. Todos os 27 livros do Novo Testamento são reconhecidamente inspirados. Há outros livros escritos por cristãos piedosos da antiguidade que podem ser edificantes, ou historicamente importantes, mas estão longe de ter o conteúdo dos livros canônicos e, muitos desses contêm heresias e afirmações contraditórios.
Durante o Século I d.C., os livros apostólicos já desfrutavam de reconhecida autoridade pela Igreja, mas foi somente no Século II que passou-se a ter uma ideia de um Cânon do Novo Testamento. Sabemos que ainda no Século I d.C., muitos dos escritos apostólicos já eram considerados normativos. E sabemos também que só no final do Século IV d.C., é que o Cânon como o temos hoje foi definitivamente reconhecido. Mas foi no segundo século que se começou a formar a ideia de um Cânon. Como declara F. F. Bruce: “os primeiros passos no sentido da formação de um Cânon de livros cristãos havidos como dotados de autoridade, dignos de figurar ao lado do Cânon do Antigo Testamento, a Bíblia do Senhor Jesus e seus apóstolos, parecem haver sidos tomados por volta do começo do segundo século, época em que há evidência da circulação de duas coleções de escritos cristãos na Igreja”.
Havia muitos motivos no segundo século para a formação do Cânon. O principal motivo era a necessidade de algo que pudesse ser considerado como norma para discussões teológicas e como regra de fé e prática. Nesse sentido, até meados do segundo século a tradição oral era praticamente dominante. A partir daí, os Evangelhos escritos começaram a ocupar o lugar da tradição oral, dando muito maior precisão na proclamação evangélica.
Outro motivo que levou à formação do Cânon foi o falso Cânon de Marcião. Marcião, que era antissemita criou um Cânon particular composto do Evangelho de Lucas e de dez cartas de Paulo, deixando fora as pastorais. Como resposta a Marcião, a igreja precisava mostrar o verdadeiro Cânon. Também havia necessidade de um Cânon por causa da prática de ler nas igrejas os escritos autorizados. Mas, como saber quais escritos deveriam ser lidos se não houvesse uma indicação nesse sentido?
Em meados do segundo século já começavam a circular coleções inteiras das cartas de Paulo e dos Evangelhos. Esse colecionamento mostra que esses escritos eram considerados normativos para a Igreja. Como já dissemos, por si só os escritos apostólicos já demonstravam sua autoridade canônica, mas o reconhecimento dos pais apostólicos foi decisivo na formação do Cânon. Conforme Geisler/Nix “logo após a primeira geração, passada a era apostólica, todos os livros do Novo Testamento haviam sido citados como dotados de autoridade por algum pai da igreja”. São essas citações, datadas do primeiro e do segundo século, aliadas às listas e traduções do segundo século, que constituem a grande base da formação do Cânon como o temos hoje.
O fechamento do canôn:
Em 367 d.C., Atanásio na Trigésima Nona Carta Pascal citou uma lista com os exatos 27 livros do Novo Testamento, como o temos hoje. Em 397 d.C., o Concílio de Cartago, concordou com essa lista e então, o Cânon foi considerado fechado. Não há possibilidade de que novos escritos possam ser incluídos no Cânon. Um dos motivos é que não há mais profetas ou apóstolos e outro é que não houve mais eventos redentivos depois da Ascensão de Jesus.
A Confissão de Fé de Westminster coloca a questão da seguinte forma: “foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna a Escritura Sagrada indispensável, tendo cessado aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo” (CFW, i,1).
Símbolos de Fé: Confissão de Fé, Catecismo Maior e Breve Catecismo (Capítulo I: Da Escritura Sagrada)
VI. Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens; reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das coisas reveladas na Palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comuns às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras da Palavra, que sempre devem ser observadas.
Símbolos de Fé: Confissão de Fé, Catecismo Maior e Breve Catecismo (Capítulo I: Da Escritura Sagrada)
VII. Na Escritura não são todas as coisas igualmente claras em si, nem do mesmo modo evidentes a todos; contudo, as coisas que precisam ser obedecidas, cridas e observadas para a salvação, em um ou outro passo da Escritura são tão claramente expostas e aplicadas, que não só os doutos, mas ainda os indoutos, no devido uso dos meios ordinários, podem alcançar uma suficiente compreensão delas
A SUFICIENCIA DAS ESCRITURAS:
O conceito da suficiência das Escrituras deriva obviamente de sua inspiração. Se somente as sagradas letras são “divinamente sopradas”, então, nenhuma outra fonte de autoridade pode ser equiparada à Escritura. Não há outra fonte onde o cristão possa achar orientações infalíveis para sua vida. A tradição, embora considerada na teologia, não pode ser comparada com a Escritura.
O Apóstolo Paulo diz é “divinamente soprada”, e acrescenta “e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”. (2Tm 3.16– 17). Isso mostra que, nada além da Escritura é necessário para produzir ensino (διδασκαλίαν), repreensão ou confronto (ἐλεγμόν), correção ou restauração (ἐπανόρθωσιν) e o contínuo e disciplinar crescimento educativo na justiça (παιδείαν τὴν ἐν δικαιοσύνῃ). Assim, a Escritura é tudo o que alguém precisa para alcançar o nível mais elevado de santidade e produtividade espiritual neste mundo. Desse modo perguntamos: o que mais seria necessário? Para aqueles que, como o rico da parábola contada por Jesus,esperam algum falar direto de Deus ou dos mortos, ou qualquer outra manifestação “superior”, Jesus disse: “Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos” (Lc 16.29). E, se alguém, como o homem condenado ainda insistir: “Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão” (Lc 16.30), a resposta do Senhor é taxativa: “Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos” (Lc 16.31). Disso decorre que, se a Escritura não é suficiente para alguém, nada mais será.
Uma pergunta que normalmente surge quando se pensa em suficiência das Escrituras é: “Ainda há revelação divina hoje?”. Nossa posição exposta acima pelos motivos estabelecidos é que não há mais revelações de Deus hoje, pois a Escritura é suficiente. Entretanto, deve ser dito que a Revelação de Deus continua hoje. Deus se revelou na criação, e essa criação continua apontando para Deus. A providência, que é a continuação da criação, ou seja, a maneira como ele dirige a história e o mundo, também o revela. Mas não quer dizer que há uma “nova” revelação de Deus. É a mesma revelação dele desde o início, porém, sempre sendo percebida de formas diferentes. A Escritura também é a mesma, mas cada vez que vamos até ela descobrimos coisas novas, em forma de aplicações diferentes para nossa vida. Deus continua se revelando, portanto, através da criação (revelação geral) e através da Escritura (revelação especial). Essa última é a principal fonte de conhecimento, especialmente da salvação. O Espírito age no crente quando ele medita na Palavra de Deus e o faz conhecer e compreender a vontade de Deus através do processo de “renovação da mente” (Rm 12.1-2). Chamamos isso de “iluminação espiritual”. Através da obra da iluminação a Escritura é esclarecida em nossa mente e aplicada ao nosso coração, de modo que a compreendemos, desejamos praticála, e, assim, nos aproximamos mais de Deus e nos tornamos mais úteis em sua obra.
Embora cada parte da Bíblia tenha sido escrita em uma determinada época, ela nunca esteve limitada ao tempo. De fato, Deus se revelou no passado, mas a mensagem continua significativa para as pessoas de hoje e de sempre. Deus é o mesmo e sua Palavra também. A mesma denúncia do pecado e o mesmo chamado ao arrependimento dirigido às pessoas dos tempos bíblicos vale para hoje. Embora tenha havido muito progresso no mundo, as pessoas ainda são as mesmas e o pecado ainda é o mesmo, pois continua dominando a sociedade. Da mesma forma as necessidades são as mesmas bem como a solução, que é Cristo, o qual se revela através da Escritura.
Desde sua fundação, a Igreja Romana sustenta outra fonte de autoridade em pé de igualdade com a Escritura: A tradição. O catolicismo entende que a igreja originou a Bíblia e não a Bíblia originou a igreja, e, portanto, entre as duas, a igreja tem a prioridade. Esta é a base para defender muitas doutrinas que foram criadas pelos concílios, ainda que não tenham embasamento escriturístico. A Reforma disse não à teoria da dupla autoridade. No pensamento Reformado, a Escritura tem a primazia. Esta questão de outra fonte de autoridade continua sendo um problema nos dias atuais, mas não apenas para Roma, como também para os evangélicos. E nem é preciso pensar em casos extremos como o dos Mórmons, que sustentam outro livro como fonte de autoridade, pois o subjetivismo evangélico coloca a autoridade no “Deus me falou”. As vezes quando crentes conservadores dizem que nada além da Bíblia é necessário para o crescimento espiritual, são taxados de “frios” e insensíveis à atuação do Espírito. Mas é a própria Bíblia que afirma esta suficiência. Como vimos, Paulo escreveu a Timóteo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.16-17). Isso nos leva mais uma vez à conclusão de que, tudo o que uma pessoa precisa para chegar ao nível espiritual máximo nesta vida, pode ser encontrado na Escritura. Portanto, a Escritura é suficiente.
Símbolos de Fé: Confissão de Fé, Catecismo Maior e Breve Catecismo (Capítulo I: Da Escritura Sagrada)
VIII. O Antigo Testamento em hebraico (língua original do antigo povo de Deus) e o Novo Testamento em grego (a língua mais geralmente conhecida entre as nações no tempo em que ele foi escrito), sendo inspirados imediatamente por Deus, e pelo seu singular cuidado e providência conservados puros em todos os séculos, são, por isso, autênticos, e assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve apelar para eles como para um supremo tribunal; mas, não sendo essas línguas conhecidas por todo o povo de Deus, que tem direito às Escrituras e interesse por elas, e que deve, no temor de Deus, lê-las e estudá-las, esses livros têm de ser traduzidos nas línguas vulgares de todas as nações aonde chegarem, a fim de que a Palavra de Deus, permanecendo nelas abundantemente, possibilite que as pessoas adorem a Deus de modo aceitável e possuam a esperança pela paciência e pelo conforto das Escrituras.
Símbolos de Fé: Confissão de Fé, Catecismo Maior e Breve Catecismo (Capítulo I: Da Escritura Sagrada)
IX. A regra infalível de interpretação da Escritura é a mesma Escritura; portanto, quando houver questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser estudado e compreendido por outros textos que falem mais claramente.
X. O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas, e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo, em cuja sentença nos devemos firmar, não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura
CONCLUSÃO
Todas essas considerações devem nos levar a uma atitude de reverência para com a Bíblia. Não podemos nos aproximar dela como juízes, e sim como servos. Estudar a Escritura precisa ser fonte de vida devocional e aprimoramento do relacionamento espiritual com Deus. O Deus das Escrituras é o Deus que deseja estreitar o relacionamento da Aliança com o seu povo. Ele se revelou nessas antigas páginas porque deseja que o conheçamos melhor, e para que o amemos com mais intensidade. Ao estudarmos essas “sagradas letras”, podemos ter a certeza de que estamos nos aprofundando em algo não apenas sagrado, mas confiável, e que pode aumentar a nossa sabedoria e o nosso vigor espiritual.
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