A gratidão por uma fé resiliente - 1Tessalonicenses 1.1-5

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Texto base: 1 Tessalonicenses 1.1-5.
Data: Domingo, 14 de janeiro de 2024.
Local: Igreja Presbiteriana de Teresópolis - Culto Vespertino.
Tema: A gratidão por uma fé resiliente.
Explicação:
A primeira epístola de Paulo aos tessalonicenses é uma das cartas mais antigas do apóstolo Paulo e, consequentemente, um dos primeiros escritos do Novo Testamento. O contexto histórico por trás dela é contada no livro de Atos. Paulo e Silas, na segunda viagem missionária do apóstolo, partem de Antioquia da Síria para diversas cidades do ocidente pregando as Boas Novas de Cristo Jesus. E em determinado momento dessa viagem, eles chegam a antiga cidade grega de Tessalônica.
Nela, depois de apenas um mês contando as pessoas as Boas Novas do Evangelho, um grande número de judeus e gregos são convertidos e se tornam cristãos. Eles ouviram as pregações, creram no Senhor e depositaram sua fé e esperança nele. E agora, juntos com Paulo e seus companheiros, criam a primeira comunidade cristã nessa cidade. Mas tão rápido quanto o avanço do Evangelho em Tessalônica, foi o avanço da perseguição sobre os novos convertidos. O anuncio que Paulo fez, que o Jesus ressuscitado é o verdadeiro Messias aos judeus, e o único Senhor do mundo aos gregos, causou inveja e agitação.
Assim, os cristãos em Tessalônica acabaram sendo acusados de desafiar César, o imperador romano, quando disseram que havia outro rei a quem as pessoas deveriam se sujeitar, Jesus. Isso levou a uma perseguição tão intensa que Paulo e Silas tiveram que fugir da cidade abrupta e rapidamente. O que foi doloroso para eles porque eles aprenderam a amar os tessalonicenses como pais que amam seus filhos. Desse modo, essa carta foi a tentativa do apóstolo Paulo de se reconectar com os cristãos em Tessalônica, depois de ter recebido um relato de Timóteo de que eles estavam muito bem e que, apesar da perseguição intensa, eles estavam crescendo na graça e no conhecimento do Senhor Jesus.
Logo, Paulo começa a sua carta assim: “Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo, graça e paz a vós outros.” (v. 1). As cartas do primeiro século comumente se iniciavam com o nome dos que escreveram o documento, a quem ele se dirigia e uma breve saudação. E é exatamente esse padrão que Paulo segue aqui. O próprio Paulo foi quem escreveu a carta, mas algo no mínimo interessante é que ele não se coloca como “o apóstolo” como nas outras cartas. Isso se dá “porque seu apostolado jamais fora questionado pela igreja de Tessalônica.” Silvano, que é o nome romano de Silas e foi um dos companheiros de Paulo na plantação da igreja em Tessalônica, e Timóteo, seu filho na fé, também estavam juntos do apóstolo para escrever essa carta. A carta aos tessalonicenses foi escrita em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo, em quem eles também saudavam a igreja com a graça e a paz.
Após essa breve saudação, Paulo relata aos tessalonicenses que a sua conduta até então fora motivo de grande gratidão diante de Deus. Afinal, a expressão vibrante e perseverante da fé cristã por parte deles, dava a Paulo e seus companheiros um constante motivo para louvar e agradecer a Deus. Ele escreve: “Damos, sempre, graças a Deus por todos vós, mencionando-vos em nossas orações (...)” (v. 2). Paulo e seus companheiros tinham um coração pastoral, cheio de amor e ternura. E quando os tessalonicenses receberam de todo o coração o Evangelho do Senhor e perseveraram nele, apesar de toda a perseguição que lhes foi imposta, isso fora motivo de gratidão diante de Deus pelo trabalho ali realizado.
Paulo, Silas e Timóteo podiam até não estar próximos da igreja fisicamente, mas sempre oravam ao Senhor para que eles se mantivessem firmes na fé e que o seu trabalho ali não fosse em vão. “Paulo e os companheiros agradecem a Deus os frutos da graça encontrados no coração e na vida dos membros da igreja. Fazem isso continuamente, nunca omitindo um único dia.”
E, além disso, outro motivo pelas constantes ações de graças diante de Deus são as recordações que eles tinham da unidade de fé, amor e esperança que caracterizavam a igreja dos tessalonicenses. Diz o verso 3: “e, sem cessar, recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo,” Aqui, o motivo que leva as ações de graças diante de Deus, por parte dos fundadores da igreja, são as recordações que trazem consigo das três essenciais virtudes cristãs demonstradas pelos tessalonicenses: fé, amor e esperança.
A fé dos tessalonicenses os levou a uma prática; a uma vida nova; a uma vida transformada; a uma vida redimida. A fé no Senhor Jesus os levou as obras cristãs. “Cuidar dos doentes, consolar os que estão à morte, instruir os incultos, tudo isso e muito mais ocorre à lembrança. Contudo, considerando [o contexto maior dessa passagem ...], parece que o apóstolo (e os que com ele estavam) se referia sobretudo à obra de propagar o evangelho, e de fazer isso até mesmo em meio a terrível perseguição. Isso, sim, foi uma obra resultante da fé.”
Isso sim, significa a abnegação do vosso amor. Ou seja, a operosidade da fé dos crentes em Tessalônica foi resultado do seu amor para com o Senhor; foi resultado da abnegação própria em função do Rei a quem eles se submetiam e do seu reino. Isso só foi possível porque a eles foi dada a firmeza da esperança na vinda do seu rei, o Senhor Jesus Cristo. É firme, pois não se trata de uma simples fuga da realidade ou fuga dos problemas do presente para uma futura realização ou futura recompensa; mas também esperança, pois se apega a certeza da vitória que está garantida a eles no Senhor Jesus Cristo, que venceu a morte, o pecado e dos céus voltará para os buscar.
Ó queridos irmãos, não é possível ler esses versículos e não fazer uma comparação com a nossa fé, o nosso tempo e as nossas igrejas. Alguns dos motivos que levam os apóstolos a louvarem ao Senhor é pela operosidade da fé dos irmãos e pela abnegação que tinham com os favores do mundo. Apesar das perseguições, os tessalonicenses cresciam na graça e no conhecimento do Senhor. Se tornar cristão naquela época, era negar os confortos culturais que existiam naquela cidade portuária na Grécia. Ou seja, eles deixariam de participar dos cultos aos ídolos, das festas pagãs e muitas vezes sofreriam perseguição da sua própria família.
Amados, não há como negar a veia anticultural do Evangelho. E o que nós vemos ao olhar para o mundo evangélico hoje, é uma veia cultural. Nós estamos nos dobrando aos padrões do mundo. Não importa mais o que o texto diz, mas eu irei torce-lo para que ele fale o que eu quero ouvir. “Deus odeia o pecado, mas ama o pecador.” Isso é mentira querido. O pecado não surge do nada, mas é o resultado natural da nossa Queda. É porque o pecado está encrustado nas profundezas do nosso ser, que não conseguimos nos salvar sozinhos. É por isso que nós precisamos de um mediador, de alguém que assuma a nossa culpa, os nossos erros e falhas e nos de a sua justiça. E esse alguém é Jesus.
Podem dizer por aí que todas as religiões são verdadeiras e que todos os caminhos levam ao mesmo Deus. Mais uma vez eu os alerto, isso é uma mentira. O discurso que levou Paulo e os tessalonicenses a perseguição não foi esse. O único que o pode lavar, o pode purificar, o pode transformar é Jesus. E se você não se arrepender de seus pecados e colocar sua vida nas mãos de Jesus, você receberá a justa punição pelos seus pecados.
“Por muito tempo Deus falou várias vezes e de diversas maneiras a nossos antepassados por meio dos profetas.  E agora, nestes últimos dias, ele nos falou por meio do Filho, o qual ele designou como herdeiro de todas as coisas e por meio de quem criou o universo.” (Hb 1.1 NVT). Deus se revela ao homem através de Seu Filho, a expressão perfeita da Sua glória. E amado, você só conhecerá essa revelação do Filho por meio das Escrituras Sagradas, do Antigo e do Novo Testamento, a Bíblia. Não há outro meio. É isso o que devemos afirmar e crer de todo o coração, como todo o vigor, com todo o nosso ser. O evangelho é anticultural querido, não se engane.
Diante disso, Paulo e seus companheiros reconhecem e listam o último motivo de ações de graças a Deus no verso 4, a eleição divina. Eles dizem que sempre dão graças a Deus por todos eles, “reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição,” (v. 4). “Com certeza nenhum ser humano é capaz de ‘fazer’ isso. Quando os três recordam o maravilhoso tempo na grande cidade portuária, não vêem as suas realizações, a sua estratégia missionária, os seus métodos de sucesso, a sua boa teologia. Vêem um milagre de Deus. Por isso consta no topo de toda a retrospectiva a asserção: ‘Reconhecemos vossa eleição.’”
Em Tessalônica, Deus escolheu homens e mulheres para serem a sua propriedade, para serem seus. Esses homens e mulheres, foram amados por Deus, e hoje Paulo os pode chamar de irmãos. Todos fazem parte da família do Senhor, são dele. O seu irmão mais velho, Jesus, deu a vida por cada um deles – assim como deu a sua vida por cada um de nós! Seu sangue foi derramado e não será desperdiçado. Cada um dos eleitos de Deus certamente vai ouvir a voz do seu Senhor, ouvir a voz do seu bom pastor. Paulo reconhece que não foi o seu esforço ou o dos seus companheiros que levou os tessalonicenses a fé no Evangelho, mas foi o próprio Deus que os tomou pela mão e os guiou a firme esperança da sua fé. Deus os tirou da morte para a vida.
Para Paulo, o avanço do evangelho e a completa aderência a ele por parte dos tessalonicenses (e eu diria a nossa também), só pode ser explicada pela eleição de Deus. “Paulo, Silas e Timóteo realmente sabem isso. Eles sabem (...) porque os fatos falam com tanta clareza que a conclusão se torna inevitável, direta, imediata.” Mas que fatos são esses? O que torna tão claro para esses homens a eleição dos crentes em Tessalônica? Diz o verso 5: “porque o nosso evangelho não chegou até vós tão somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós.”
Essa certeza da eleição foi porque o Evangelho não chegou entre eles apenas em palavras sopradas ao vento, mas em poder no Espírito Santo. Ou melhor, no original o verbo “chegar” está no passivo e tem o sentido de acontecer, ser feito. Ou seja, o Evangelho foi feito entre eles, não pelas mãos de Paulo, Silas ou Timóteo e muito menos por meio dos tessalonicenses. Essa foi uma obra divina e, por ser divina, não foi demonstrada apenas por meio de um discurso bonito, mas em poder. Quando Paulo e seus companheiros exortavam os tessalonicenses ao arrependimento de seus pecados e a fé no Senhor Jesus, o único Messias e Rei supremo, era como se o próprio Deus estivesse falando e chamando seu povo ao arrependimento, a fé, a esperança, a vida em seu Filho, Jesus Cristo de Nazaré.
Afinal, o Evangelho ali pregado não foi apenas um discurso de palavras bonitas, mas o Evangelho “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: ‘O justo viverá por fé.’” (Rm 1.16-17). O Evangelho foi demonstrado em poder no Espírito Santo e em plena convicção por parte de seus pregadores. Ou seja, o Evangelho não é uma mera afirmação do pregador, mas ele é o poder de Deus para transformar vidas através do Santo Espírito na fé no Filho de Deus. O Evangelho não foi apresentado apenas como “opinião”, mas como testemunho em plena certeza, gerando plena convicção também nos seus ouvintes.
Ora, Paulo e seus companheiros realmente creram na mensagem que pregaram. Eles conheciam o que estavam falando. Eles experimentaram a graça que ofereciam, por isso os tessalonicenses também ganharam confiança na sua mensagem. E eles eram suas testemunhas da maneira como se portaram em seu meio. “Naquele tempo, todo tipo de filosofia ambulante estava perambulando pelo mundo. Cada um exercia sua profissão em favor de si próprio, por interesse pessoal [nada diferente dos nossos dias]. Paulo, Silas e Timóteo eram diferentes.” Eles desempenhavam sua missão por amor às pessoas, para que pudessem ser salvas, para espalhar o Reino e não obter vantagem alguma sobre os crentes. Com esse espírito e disposição de ânimo, eles tinham ido a Tessalônica, e a igreja era a sua testemunha.
Conclusão:
Diante disso, nessa passagem vemos a gratidão por uma fé resiliente. Que nós assim como os tessalonicenses possamos viver o Evangelho por meio da fé que trabalha, do amor que abdica dos privilégios e da firme esperança em Cristo. A eleição divina não deve ser algo que nos dá medo. Pelo contrário, ela nos dá o fundamento para propagarmos em plena convicção o Evangelho anticultural que transformou as nossas vidas. Que Deus muito nos abençoe, através do seu Santo Espírito, em Cristo Jesus, amém!
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