A dureza do amor - Apocalipse 3.14-22

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Texto base: Apocalipse 3.14-22.
Data: Domingo, 28 de janeiro de 2024.
Local: Igreja Presbiteriana de Teresópolis - Culto Vespertino.
Tema: A dureza do amor.
Contexto:
Jesus apareceu com o corpo em glória a João, quando estava na ilha de Patmos. E disse a João que esteve morto, mas agora vive para todo o sempre e tem em suas mãos as chaves da morte e do inferno. Além disso, em sua mão também estavam as sete igrejas da Ásia e os seus líderes, a quem João deveria escrever o que haveria de ver e ouvir. O presente texto, é a última das sete cartas as igrejas da Ásia: a carta à Igreja de Laodiceia. Essa igreja tem uma perspectiva equivocada sobre ela mesma. Jesus diz que a igreja não é nada daquilo que pensa sobre si. Aliás, a igreja se familiarizou com a cidade onde estava localizada.
Laodiceia era uma cidade importantíssima da Ásia menor, pois era a porta de entrada para a cidade portuária de Éfeso. Laodiceia também era um centro comercial, bancário e médico para todo o Império Romano; importantes rotas comerciais tinham que passar por ela. Seus produtos medicinais e suas roupas eram reconhecidos dentro e fora da cidade, tamanha a relevância cultural e social deles. Nela havia homens e mulheres da alta sociedade, que nem mesmo precisavam do dinheiro do Império para reconstruir a cidade, depois de um terrível terremoto que a devastou por completo.
Um último aspecto importante, era que a região onde estava localizada “era formada por três cidades: Colossos, Hierápolis e Laodiceia. Em Colossos ficavam as fontes de águas frias e em Hierápolis havia uma fonte de água quente. Quando a água chegava a Laodiceia através dos aquedutos, ela estava morna e cheia de aditivos minerais que causavam náusea naqueles que dela bebiam. Em resumo, podemos dizer que a cidade de Laodiceia era autossuficiente, plenamente abastada e muito rica. E da mesma maneira que a cidade a igreja se acomodou. Haviam a assumido a forma do mundo. Não eram mais relevantes naquele lugar. Mas Jesus tinha um plano pra eles.
Tema:
Logo, o Senhor destina-lhes a última das cartas às igrejas da Ásia. Uma carta dura de se ouvir, mas que refletia o amor de Jesus por aqueles crentes em Laodiceia. Queridos irmãos, o tema de nossa mensagem é: A dureza do amor.
Explicação e Argumentação:
Jesus diz a João: “Ao anjo da igreja em Laodiceia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:” (v. 14). A autodescrição de Jesus como “o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus transmite a ideia do que é verdadeiro, firmemente estabelecido e confiável. Ou seja, Jesus é a testemunha fiel e verdadeira, suas palavras ecoam uma saudação trinitária do livro de Apocalipse. Além disso, ele também “é aquele que gera e traz a criação de Deus à existência.”
Cristo quer demonstrar aos laodicenses, logo no início da carta, que ele é o Criador de todas as coisas e que, por isso, possui e controla todas as coisas. É a ele a quem os crentes de Laodiceia devem servir. A mensagem aqui é que o orgulho da igreja por causa das riquezas terrenas é inadequado, pois todas as coisas pertencem a Jesus, que é o único digno de louvor e glória. É esse Senhor de toda Criação que diz àquela igreja: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca;” (vv. 15-16).
Ao contrário de todas as outras cartas às igrejas da Ásia, o Senhor não faz nenhum elogio a igreja em Laodiceia, o que é, no mínimo, irônico. A igreja que mais destilava orgulho próprio – pois ao contrário das outras, não tinha nenhum problema com falsos mestres, com falsas doutrinas, também não sofria perseguição dos judeus ou dos romanos e era muito abastada em termos financeiros – foi a igreja a quem o Senhor não destinou nenhum elogio, mas recebeu a mais severa das correções.
Enquanto não tinham ouvido o evangelho os laodicenses eram frios espiritualmente. Pode-se supor que ao ouvirem o Evangelho, a primeira geração de cristãos em Laodiceia ardia como um fogo espiritual cheios de entusiasmo. Mas seus descendentes eram mornos. Água quente ou fria tem utilidade. Contudo, para que serve a água morna de Laodiceia? “Nessa passagem, ela está sendo oferecida a Cristo, pois ele a degusta em sua boca (v. 16). [...] Ele é hóspede em Laodiceia e, com a maior tranquilidade, os anfitriões servem-lhe água morna. Servem-no com seu serviço lerdo, com seus cultos sonolentos, com orações de ladainhas e com seu cuidado pastoral negligente.”
Eles não tinham nenhum interesse em testemunharem o Cristo ressurreto; em viverem uma vida de serviço para Ele; ou em arregaçarem as mangas e trabalharem em prol do avanço da Sua igreja e do Seu Reino. Eram apáticos, indiferentes e não se importavam com as coisas do Senhor. Não mais fazia nenhuma diferença estar na igreja ou não. Ser cristão ou não. Pois da mesma forma que o mundo viva, eles também vivam. A única diferença era que eles vinham aos domingos ouvir a pregação do pastor de Laodiceia. Nada muito diferente dos nossos dias, não é mesmo? Será que em dois mil anos de história da igreja nós não aprendemos nada? E ainda caímos nos mesmos erros dos nossos irmãos no passado? Quantos de nós podem se levantar e dizer o contrário irmãos? Oh queridos, nós precisamos da graça do Senhor.
E é isso mesmo o que ele oferece. Observe que Jesus não diz: “Vou vomitá-los da minha boca”, mas diz que está “a ponto de” vomitá-los. O Senhor oferece a graça da mudança, é por isso que manda João escrever a carta, para tornar quente o que antes foi morno. Portanto, o Senhor os alerta sobre sua real condição: “pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.” (v. 17). Os crentes laodicenses se achavam auto suficientes, abastados e ricos.
Contudo, aquilo que eles tinham em grande estima aos olhos dos homens era, na verdade, algo para se envergonhar diante do Senhor. Eles haviam colocado Jesus para o lado de fora da igreja. Não mais precisavam do Senhor para fazer a sua obra. Não conheciam a diferença entre a riqueza material e espiritual. Eram espiritualmente cegos. Jesus os descreve como infelizes, miseráveis, pobres, cegos e nus. Tudo o que eram diante dos homens se torna palha aos olhos do Senhor.
Devemos estar em alerta irmão, pois em muitas ocasiões os nossos parâmetros não são os parâmetros do Deus. Uma igreja bem sucedida aos olhos dos homens pode não ser uma igreja relevante aos olhos de Jesus. Riqueza não é o padrão. Relevância cultural e social também não. Se a igreja cresce ou deixa de crescer não constitui uma regra para definirmos a bênção de Deus sobre aquele lugar. Assim como os caminhos, os padrões de Deus são mais altos que os nossos. Ele olha a disposição do nosso coração. Não importa apenas fazer o certo, mas a motivação do porque fazer também deve estar centrada em Deus e no Evangelho.
Ao olhar para a igreja em Laodiceia percebemos que ela se achava auto suficiente, Jesus estava do lado de fora da igreja – assim como está banido de muitas igrejas evangélicas hoje. Eles não precisavam dele, aliás não precisavam de nada. E amados, “[...] não precisar de nada é um pensamento inconcebível para o crente verdadeiro, que depende de Deus em cada momento do dia e da noite para alimento e bebida, abrigo, roupa, proteção, nutrimento espiritual, encorajamento, consolo, amor, alegria, felicidade e muitas outras bênçãos.” A autossuficiência é o cúmulo da arrogância espiritual. A arrogância e o orgulho são os piores pecados aos olhos de Deus, pois nesse estágio a fé e a confiança no Senhor não funcionam mais.Em vez de serem ricos, os laodicenses são espiritualmente pobres porque foram cegados pelos bens materiais. Estão nus diante de Deus e são incapazes de cobrirem sua vergonha.
Jesus aconselha o que a igreja deve fazer: “Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.” (v. 18). O ouro que o Senhor vende, na verdade, é outra palavra para fé, que é muito mais preciosa do que o ouro metálico. “A fé deve ser a coisa mais importante para os laodicenses, pois precisam entender que Jesus está falando com eles em termos espirituais. O que está em jogo aqui são todas as impurezas que devem ser queimadas, para que a fé saia do fogo totalmente purificada e [... que o] seu amor por Cristo seja puro.”
Além disso, os cristãos em Laodiceia estavam nus espiritualmente, pois nenhuma de suas famosas roupas poderiam cobrir os seus pecados aos olhos do Senhor. Laodiceia podia fornecer roupas para todo o Império, mas só estariam bem vestidos caso se cobrissem com o sangue do Cordeiro que esteve morto, mas vive pelos séculos dos séculos. Os crentes de Laodiceia estavam cegos pelo próprio pecado e assim, somente com o colírio fornecido por Jesus, seriam capazes de ver luz do mundo.
Mais uma vez, o Senhor estende a sua graça aos laodicenses e os chama ao arrependimento dizendo: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.” (v. 19). Sim, essa carta era dura, o Senhor sabia que o seu golpe seria forte. Mas o objetivo de Jesus nunca foi destruir os laodicenses, mas ele os queria bem, pois os amava. O objetivo de Cristo com sua repreensão e disciplina é avivar a sua igreja, é renovar as suas forças e fazê-los viver no seu caminho. Por isso, “seja zeloso e arrependa-se”. Volte desse mal caminho, pois os meus braços de amor estão abertos para você. Eu te amo, meu filho. É por isso que me preocupo contigo. Esta é a razão da minha severa repreensão: o meu amor por você.” A dureza do amor nos chama a cruz.
Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.” (v. 20). Excluído da vida espiritual dos membros da igreja de Laodiceia, Jesus está do lado de fora da porta do coração deles e bate para poder entrar. Ele bate com insistência para chamar a atenção deles, para que ninguém possa dizer que o Senhor deixou de chamá-los. Ele os chama individualmente, batendo [de maneira continua] nas portas de seus corações como se seus donos estivessem dormindo. A ênfase está na responsabilidade humana de ir até a porta e responder àquele que está querendo entrar.
Devo ressaltar que a ênfase do texto está sobre a responsabilidade humana de ouvir o chamado divino, sim. Mas isso não muda o fato de que os laodicenses já eram cristãos, que haviam colocado Jesus para fora de suas casas e para fora da igreja. E além disso, para que eles pudessem ouvir o chamado do Cristo, o próprio Jesus já estava batendo na porta os chamando ao arrependimento e a fé. Ou seja, sim é Cristo que o chama seu povo ao arrependimento. E sim, também é sua responsabilidade abrir a porta àquele que o está chamando. As Escrituras falam da intervenção de Deus e da responsabilidade humana como os dois lados de uma mesma moeda. Não há incongruência. Ouça o chamado de Deus, se arrependa de seus pecados e abra a porta para Jesus. O Senhor entrará em nossa casa e ceáramos com ele, e ele conosco. O que o Senhor quer com a sua igreja chama-se: comunhão.
Por fim, o Senhor diz àquela igreja: “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (vv. 21-22). Cada uma das sete cartas terminou com uma promessa aos vencedores e essa não é diferente. Esses vencedores, [...] não são um grupo de elite dentro da igreja, mas os verdadeiros crentes que confiaram em Cristo. Quando Cristo entra em nossa casa recebemos a riqueza do Reino. Recebemos vestes brancas de justiça. Nossos olhos são abertos. Temos a alegria da comunhão com o Filho de Deus. Mas temos, também, a promessa que excede em glória a todas as outras promessas ao vencedor. Reinaremos com Ele.” Sim, Cristo promete as suas ovelhas que também se assentarão em tronos com Ele no seu Reino vindouro. Aleluia! Maranata, ora vem, Senhor Jesus!
Conclusão:
Diante disso irmão, é um fato que em muitas vezes a dureza do amor nos quebra por inteiro. Sim, assim como eu e você, os laodicenses sabem muito bem que essas palavras são duras de se ouvir. Contudo, mais do que isso, dessa palavras surgem as águas que nos aquecem no Santo Espírito da promessa. Que sejamos instados a não sermos apenas ouvintes ou ouvintes negligentes, mas antes, que sejamos operosos praticantes da Palavra e do Evangelho. Que Deus em Cristo nos abençoe e no seu Espírito nos guarde até a consumação dos séculos, amém e amém!
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