Padrão por Excelencia - Sermão das Bem-Aventuranças

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Tema: PADRÃO EXCELENTE - O Elevado Padrão de Vida de um Cristão
Texto: Mateus 5:48; Efésios 4:13; Lucas 14:33 (Gênesis 1:26-28)
Local: Culto da Rede 180º dias: 18 e 25/05/2013, (01/06 foi o EDD) 08, 15, 22 e 29/06/2013 (não concluída)
Objetivo: levar a igreja a entender e desejar ardentemente serem discípulos de Cristo e não continuar vivendo uma vida medíocre.
Concordância Bíblica: Gn 2.26-27; 17:1; Lv 11:44; Lv 19:2; Lv 20:26; Dt 18:13; Jó 1:1,2,3; Sl 37:37; Lc 6:36, 40; 2Co 7:1; 2Co 13.9,11; Fp 3:12–15; Cl 1:28; Cl 4:12; Hb 2:10; Tg 1:4; 1Pe 1:15,16; como Mt 16,45; Ef 3:1; Ef 5:1, 2; 1Jo 3:3.
INTRODUÇÃO: O Evangelho de Mateus é uma mensagem dirigida a todos os cristãos de todos os tempos (como toda a Bíblia), porém a ênfase da mensagem é de um judeu (Levi ou Mateus) para os judeus. O livro inicia-se com a genealogia do Rei Messias (O Cristo), que viria da linhagem do Rei Davi (Capítulo 1), bem como do nascimento e infância do Messias (com a visita dos magos do oriente e da fuga para o Egito e, a matança das crianças inocentes por Herodes, o grande Capítulo 2). No Capítulo 3, vemos o relato da pregação daquele que foi levantado por Deus como a voz que clama no deserto; e prepararia o caminho do Senhor, ou o ARAUTO do Rei (Is 40:3); também está relatado o batismo do Jesus nesse capítulo. Por conseguinte, vemos no Capítulo 4 - Jesus sendo levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado e provado e, o início do Seu ministério, assim como o chamado dos primeiros DISCIPULOS. Por fim, chegamos ao Capítulo 5, 6 e 7, que traz o primeiro de cinco sermões ou ensinos {1 – Sermão do Monte ou a Lei da Novo Reino (Cap. 5, 6 e 7); 2 – Os Deveres dos membros do Reino (Cap. 10); 3 – As Parábolas do Reino (Cap. 13); 4- A Grandeza e Perdão no Reino (Cap. 18) e 5 – O Final dos Tempos ou A segunda vinda do Rei (Cap. 24 e 25} ministrado por Jesus, e que é à base da narrativa de todo o evangelho de Mateus. Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelos profetas (frase que aparece 10 vezes no livro – Mateus 1:22; 2:15, 23; 4:14; 8:17; 12:17; 13:35; 21:4; 26:56 e 27:35) – O propósito primitivo e deliberado de Mateus é demonstrar como as profecias do Antigo Testamento se cumprem em Jesus; como os profetas anteciparam cada um dos detalhes da vida de Jesus; e deste modo levar aos judeus a admitir que Jesus era o Messias.
O povo judeu estava esperando um Rei humano, que seria como Davi e, da mesma maneira destruiria os seus inimigos (Roma) e, libertaria seu povo para reinar com total poder. Todavia, o povo judeu não entendeu que o REINO que Jesus veio estabelecer não seria exterior ou humano, mas, porém no interior do coração do seu povo (o reino de Deus está em vós Lucas 17:20).
Concluo essa introdução, dizendo que Jesus trata diretamente com três tipos de crente nesse poderoso sermão, ou seja: as Multidões (Cap 5:1), os Escribas, Fariseus ou Religiosos (Cap. 5:20) e finalmente com os Discípulos (Cap 5:1), no qual este sermão e ensino é endereçado.
Jesus deixou claro no Sermão do Monte que veio restaurar o que foi perdido com a queda do homem, ou seja, fazer o homem a Sua imagem e semelhança – DISCÍPULOS (Genesis 1:26). Ele está a procura de homens e mulheres que estão dispostos a LARGAR TUDO (tudo é tudo cf. - Lucas 14:33) para segui-Lo e ser como Ele.
Eu dividiria o Sermão do Monte em aspecto geral e aspectos particulares. A porção geral do sermão ocupa o trecho de Mateus 5:3- 16. O restante do sermão ocupa-se com os aspectos particulares da vida e da conduta do cristão.
RESUMO DO SERMÃO DO MONTE
Entretanto, por motivo de conveniência, poderíamos subdividir um pouco mais esse sermão. Em Mateus 5:3-10 temos a descrição do caráter do crente. Em outras palavras, as bem-aventuranças, as quais são, mais ou menos, uma descrição do caráter geral do cristão. Em seguida, os versículos onze e doze mostram-nos o caráter do cristão segundo é comprovado pela reação do mundo diante dele. Ali nos é dito o seguinte: “Bem-aventurado (felizes) sois quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós”. Em outras palavras, o caráter do crente é descrito em termos positivos e em termos negativos. Em primeiro lugar, vemos o tipo de homem que ele é, e então nos é informado que, devido àquilo que o cristão é, certas coisas haverão de suceder em sua vida. Contudo, continuamos tendo nisso apenas uma descrição geral. Posteriormente, nos versículos treze a dezesseis, achamos uma explicação das relações entre o cristão e o mundo; ou, se assim preferir, temos ali uma descrição da função do crente na sociedade e no mundo; e essas descrições do cristão são enfatizadas e elaboradas, depois do que, por assim dizer, essas descrições são sumariadas na forma de uma exortação: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus”.
Até ali temos uma descrição geral do crente. Sugiro que daquele ponto em diante temos chegado ao que poderíamos chamar de exemplos e ilustrações particulares de como vive o discípulo de Cristo em um mundo como o nosso. Essa porção pode ser subdividida como segue. Em Mateus 5:17-48, vemos o cristão diante da lei de Deus e seus requisitos. Sem dúvida, nos lembramos das diversas subdivisões. Há uma descrição geral da retidão do crente. Em seguida, somos informados acerca do relacionamento entre o crente e questões como o homicídio, o adultério e o divórcio; em seguida, aprende-se como o cristão deveria falar, e depois disso lê-se sobre sua posição relativa à questão inteira da retaliação e da autodefesa, bem como qual deva ser a atitude do cristão para com o próximo. O princípio envolvido em tudo isso é que o cristão (discípulo) é alguém preocupado primordialmente com o espírito, em não com a letra. Isso não significa que ele ignora a letra, mas que ele se interessa muito mais pelo espírito da questão.
O grande erro dos fariseus e seus escribas é que eles estavam interessados no mecanismo envolvido na questão. O ponto de vista cristão da lei ocupa-se com aspectos espirituais, interessando-se pelos detalhes somente naquilo em que eles são uma expressão do espírito (conforme 2Coríntios 3:6).
Sugiro que o capítulo sexto inteiro relaciona-se a vida do discípulo diante de Deus, em ativa submissão a Ele, em total dependência dEle. Esse capítulo nunca se desvia da ideia das relações entre o discípulo e o Pai Celeste. Tomemos, por exemplo, o primeiro versículo: “Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte não tereis galardão junto de vosso Pai Celeste”. Esse é o clima do sexto capítulo, do princípio ao fim; e no final dele é dito praticamente o que já ouvíramos no começo: “Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em PRIMEIRO lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas as demais coisas vos serão acrescentadas”. Reitero que encontramos aqui uma descrição do discípulo como indivíduo que sabe que se encontra na presença de Deus, em razão do que está interessado não na impressão que causar a seus semelhantes, e, sim, no seu relacionamento com Deus (e não como os fariseus que não eram sinceros, porém hipócritas). Por isso, quando o discípulo ora, não está interessado naquilo que as pessoas porventura estejam pensando, se elas estão elogiando ou criticando a sua oração e conduta; porquanto sabe que se encontra na presença do Pai, que está orando a Deus. Igualmente, quando o cristão dá alguma esmola, é Deus quem ele tem em mente o tempo todo. Junte-se a tudo isso que, na medida em que o crente enfrenta os problemas desta vida, com sua necessidade de alimentos e vestuário, suas reações aos acontecimentos externos etc., tudo é encarado à luz desse relacionamento que ele mantém com o Pai. Esse é um importantíssimo princípio no que tange à vida cristã e que está entranhado nesse capítulo.
O sétimo capítulo de Mateus pode ser aceito como uma descrição do discípulo de Cristo como quem vive perenemente sob o escrutínio de Deus, e, portanto, no temor ao Senhor (cf. Salmos 139). “Não jugueis, para que não sejais julgados.” “Entrai pela porta estreita...” “Acautelai-vos dos falsos profetas...” “Nem todos o que me diz: Senhor, Senhor entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus.” Igualmente, o cristão é comparado ao homem que está edificando uma casa, e sabe que ela será submetida a um teste de resistência. Do mesmo modo, vejo nesse capítulo relatando que o seu nível de comunhão com o Pai (que está descrita no capítulo anterior), vai determinar como será nosso relacionamento com o próximo; concluo essa exposição breve, informando que Jesus fecha as Suas doutrinas dizendo assim: “Não adianta vocês ouvirem todos esses ensinamentos e não os praticarem.”
Questões básicas que servirão de parâmetro para esse ensino:
1) Que tipo de pessoa deveria ser o cristão ou discípulo de Cristo?
2) Como deve ser o caráter do discípulo de Cristo? Perfeição na Bíblia está relacionado a caráter.
3) Como deve ser a conduta e os hábitos dos seguidores de Cristo?
I – DESCRIÇÕES DO CARÁTER DO DISCÍPULO DE CRISTO: (Mateus 5:3-12) – As Bem-aventuranças relatam em uma sequência espiritual e poderosa como o cristão dever ser no seu interior (coração), ou seja, no seu caráter. As bem-aventuranças, com efeito, dizem: "Que felicidade é ser cristão! Que alegria seguir a Cristo! Que alegria conhecer a Jesus como Mestre, Salvador e Senhor!" A forma mesma das bem-aventuranças nos indica que são exclamações de gozo e radiante felicidade pela realidade da vida cristã. A palavra "bem-aventurados", que se usa em cada uma das bem-aventuranças, merece uma atenção muito especial. Em grego é a palavra makários, que em geral se usa para descrever aos deuses. Makários então descreve uma alegria autossuficiente, que possui em si mesmo o segredo de sua própria irradiação, essa alegria serena, intocável que não é afetado pelas diferentes circunstâncias da vida. A felicidade humana depende das ocasiões e circunstâncias variadas da existência, algo que a vida pode dar ou pode tirar. A bem-aventurança cristã está livre de qualquer risco ou ardil. Nada pode tocá-la ou atacá-la. "Ninguém vos tirará vossa alegria", disse Jesus (João 16:22). As bem-aventuranças nos falam dessa alegria que sai a nosso encontro até no meio da dor, aquela alegria que não podem manchar nem o sofrimento, nem a tristeza, nem o desamparo, nem a perda de algo ou alguém que queremos muito. É a alegria que brilha através das lágrimas e que nada, nem na vida nem na morte, pode arrebatar. Todas essas bem-aventuranças referem-se a uma condição espiritual, a uma atitude espiritual e de forma alguma com nossa vida natural nesse mundo. Todavia, precisaria de algumas ministrações para falar detalhadamente sobre cada uma delas; por conseguinte, segue algumas informações importantíssimas que devemos saber sobre elas:
a) Bem-aventurado os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus: os ensinos de Cristo neste sermão começam de uma forma muito profunda, pois afirma que para entrar no Reino de Deus precisa ser totalmente dependente do Senhor Jesus, ou em outras palavras, o que disse Jesus para os Seus discípulos: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lucas 9:23). Pobre no grego tem o significado de miserável, ou a pessoa que é totalmente dependente de outra pessoa para comer, beber, vestir, etc. Portanto, para ser discípulo de Cristo e ter o Seu caráter, a primeira condição é que reconhecemos que somos o mais miserável dos homens e, desta forma, dependermos totalmente do Senhor para ter vida.
FRASE: “Quão feliz é o homem que se deu conta de sua total destituição e pôs toda sua confiança em Deus, porque somente deste modo
pode oferecer a Deus essa perfeita dependência que o converterá em cidadão do Reino dos Céus!”.
b) Bem-aventurado os que choram, porque serão consolados: (Isaías 59:1-2) o que está em pauta aqui é a tristeza espiritual provocada no crente. Na presente bem-aventurança são elogiados aqueles que choram em seu espírito; e esses, esclarece o Senhor,
são felizes. Vemos claramente, que as pessoas (principalmente os crentes) não têm compreendido que precisam ser convencidas do pecado antes que possam experimentar a alegria. Qual o significado de tudo isso? Penso que a melhor maneira de o expressar é como
segue. Esse “choro” espiritual é algo que, necessariamente, resulta do fato de ser alguém “humilde de espírito”. Esse é o resultado inevitável. Quando contemplo Deus e a Sua santidade, e em seguida contemplo a vida que se espera que eu vivesse, então é que realmente vejo a mim mesmo, o meu total desamparo e desesperança. Ora, isso desvenda para mim a minha qualidade de espírito; e imediatamente isso me entristece. O homem que realmente viu a si mesmo, tendo-se examinado em sua pessoa e vida, é alguém que se viu forçado a chorar em vista dos seus pecados, em vista das coisas malignas que pratica. Como é profundamente importante todos os dias examinarmos a nós mesmos (1Coríntios 11:23). Por conseguinte, a minha tristeza e choro é devido ao que faço, e ainda tenho vontade de fazer, ou seja, da miséria que sou interiormente. Todavia, o verdadeiro discípulo de Cristo não chora só pelas suas misérias e pecados, mas também pelas misérias e pecados alheios (meditar em Lucas 6:25).
FRASE: Quão feliz é o homem cujo coração sofre pelo sofrimento do mundo e por seu próprio pecado, porque é a partir deste sofrimento que encontrará a alegria de Deus!
c) Bem-aventurado os mansos, porque herdarão a terra: A palavra praus no grego era o termo que se usava, para designar o animal selvagem, que foi domesticado, e que tinha sido educado para que obedecesse a voz de sue dono, e que respondeu às indicações das rédeas. Por conseguinte, corresponde ao animal que aprendeu a aceitar o controle do homem. Portanto, a tradução possível desta bem-aventurança é: Bem-aventurado o homem cujos instintos, paixões e impulsos estão sob controle; bem-aventurado o homem que aprendeu a dominar-se.
FRASE: Quão feliz é o homem que sabe quando expressar à ira e que nunca se zanga fora de tempo, que aprendeu a controlar seus instintos, impulsos e paixões, porque pôs sua vida sob o governo de Deus através do Espírito Santo, e que tem a suficiente humildade para reconhecer sua própria ignorância e debilidade, porque o homem que possui tais virtudes é rei entre os homens!
d) Bem-aventurado os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos: Encontramos aqui uma ótima resposta para aqueles problemas que temos considerado. Já fomos ensinados que devemos ser “humildes de espírito”, que precisamos “chorar”. E também que devemos ser “mansos”; nesta passagem bíblica, encontramos a resposta para tudo isso. Embora essa bem-aventurança pertença logicamente a todas aquelas que a precederam, não é menos verdade que ela introduz uma pequena modificação em toda a abordagem da questão. Tínhamos estado a considerar nosso total desamparo e impotência, nossa completa penúria de espírito, nossa bancarrota quanto ao todas as questões espirituais. Ora, tendo analisado a nós mesmos, vimos o pecado em nosso interior, o qual macula a perfeita criação do homem efetuado por Deus. Em seguida, vimos o delineamento da mansidão e de tudo quanto por ele é representado. O tempo todo estivemos preocupados com aquele terrível problema do EGO – aquele interesse próprio; aquela autodependência que produz todas as nossas misérias, e que é a causa última das guerras, quer entre indivíduos quer entre nações; aquele egoísmo e egocentrismo que giram em torno do próprio “EU” e que o divinizam, aquele defeito horrendo que é a causa final de toda a infelicidade. Neste ponto, por conseguinte, voltamos à atenção a busca pela solução desses problemas, a fim de sermos libertados do “EU”, o que é um de nossos anelos. Ter fome e sede de justiça significa anelar ardentemente por ser livre do pecado, porque o pecado nos separa de Deus (Isaías 59:1-2). Por conseguinte, o desejo de obter a justiça é o desejo de se estar bem com Deus, é o desejo de se desvencilhar do pecado, pois o pecado é justamente aquilo que se interpõe entre nós e o nosso Deus, turvando o nosso conhecimento de Deus e impedindo tudo quanto nos é possível, no que diz respeito aos benefícios que Deus nos quer dar.
Portanto, é necessário que eu confira primazia a esse anelo. Entretanto, esse desejo também envolve, necessariamente, o anseio de se estar livre do domínio do pecado.
Tendo tomado consciência do que quer dizer ser humilde de espírito e de lamentar-se devido à presença do pecado no íntimo, mui naturalmente chegamos àquele estágio em que anelamos por estar libertos do poder do pecado (ver Romanos 7). Esse conceito indica o anelo do homem por ver-se livre do próprio desejo de pecar, porquanto tal homem, já o vimos, ao examinar-se realisticamente à luz das Escrituras, não somente tomou consciência que está vendido ao pecado, mas, pior ainda, continua afeiçoado ao pecado, continua desejando pecar. Mesmo depois de ver que está errado, ainda o quer. Por outra parte, o homem que tem fome e sede de justiça é o homem que deseja ver-se redimido de todo o desejo de pecar, não apenas em atos externos, mas também desde seu próprio íntimo. Portanto, ter fome e sede de justiça é desejar ver-se livre do próprio “EU”, em todas as suas horrendas manifestações, em todas as suas facetas (sobre fome e sede, ver Salmos 42:1-2). Por fim, ter fome e sede de justiça é fazer tudo isso, e, tendo feito tudo, perceber que ainda não se fez o bastante, porquanto tudo quanto fizermos jamais produzirá justiça divina. As pessoas que têm fome e sede de justiça agem desesperadamente. São iguais a Jacó, em sua luta com o Anjo. Parecem-se com Lutero, jejuando, suando e orando, sem haverem ainda encontrado, mas prosseguindo com seu senso de desamparo e necessidade, até que Deus lhes dê o que procuram.
FRASE: Quão feliz é o homem que deseja a justiça total do mesmo modo como o que tem fome deseja o alimento, ou o que morre de sede deseja a bebida, porque este receberá a satisfação de seu desejo!
e) Bem-aventurado os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia: Esta declaração representa um novo estágio na descrição do cristão contida nas bem-aventuranças. Digo deliberadamente que ela é um novo estágio descritivo porque, uma vez
mais, verifica-se uma modificação no tipo e variedade de descrição. Em certo sentido, até este ponto estivemos considerando o indivíduo crente do ponto de vista de sua necessidade, do ponto de vista da consciência que ele tem de sua necessidade. Entretanto, encontramos aqui uma espécie de alteração de foco. Passamos agora a interessar-nos mais pelas disposições do cristão, olhando mais para os resultados de tudo quanto antes fora dito, ou seja, olhando para as misérias do seu próximo do que da sua.
FRASE: Quão feliz é o homem capaz de entrar em outros e sentir como eles, ver com seus olhos, pensar seus pensamentos, porque quem pode identificar-se deste modo com os outros verá que os outros farão o mesmo com ele e saberá que isso mesmo é o que Deus fez por ele em Jesus Cristo!
f) Bem-aventurado os limpos de coração, porque verão a Deus: A palavra do idioma grego que significa puro é kázaros, e possuía vários significados e usos diversos, cada um dos quais adiciona um matiz à concepção da bem-aventurança que envolve a pureza na vida cristã.
(1) Em seu sentido original, significava simplesmente limpo, e podia usar-se, por exemplo, em relação à roupa suja depois de ter sido lavada.
(2) Era usada normalmente para designar o trigo que foi separado da palha. Com o mesmo significado, prega-se de um exército do qual se eliminaram todos os soldados descontentes, covardes, maldispostos e pouco eficazes em sua missão, e que, portanto, constitui uma força militar integrada somente por combatentes de primeira qualidade.
(3) Aparecia frequentemente em companhia de outro adjetivo grego – akératos. Esta palavra pode ser empregada, por exemplo, para designar o vinho ou o leite que não foram adulterados mediante a adição de água, ou o metal puro, sem mescla de liga alguma.
O significado de kázaros, portanto, é sem mesclar, não adulterado, sem liga. É por isso que a bem-aventurança envolve uma exigência tão formidável. Poderia traduzir-se da seguinte maneira: FRASE: Bem-aventurado é o homem cujas motivações são sempre integras, puras e sem mescla de mal algum, porque este é o homem que verá a Deus (meditar nos textos bíblicos: Pv 4:23; Sl 51:10; Jr 17:9 e principalmente Mt 15:19).
g) Bem-aventurado os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus: Devemos começar nosso estudo desta bem-aventurança investigando alguns dos problemas com que nos confronta.
(1) Em primeiro lugar está a palavra paz. Em hebraico a paz nunca é um estado negativo; nunca significa somente a ausência de conflitos; em hebraico "paz" significa tudo aquilo que contribui ao bem-estar supremo do homem. No Oriente, quando duas pessoas se encontram, saúdam-se desejando-se mutuamente "paz" – shalom – e isto não significa que se deseje para o outro simplesmente a liberação de todo mal, mas sim a presença em sua vida de todas as coisas boas e desejáveis. Na Bíblia "paz" não envolve só a ausência de conflitos, mas sim a alegria de todo o bem.
(2) Em segundo lugar deve notar-se cuidadosamente o que diz em realidade esta bem-aventurança. A bênção recai sobre os que fazem a paz, e não simplesmente sobre os que amam a paz. Ocorre muito frequentemente que se alguém ama a paz, mas não sabe como "produzi-la", a única coisa que conseguirá é aumentar os conflitos e criar mais problemas dos que existem. Podemos, por exemplo, permitir que se desenvolva uma situação potencialmente ameaçadora ou perigosa, alegando que por não alterar a paz preferimos não fazer nada. Há muitas pessoas que se acreditam amantes da paz, mas em realidade a única coisa que fazem é acumular situações conflitivas que explorarão no futuro, ao negar-se a enfrentar a realidade com a ação decisiva que esta requer. A paz que na Bíblia qualifica de "bem-aventurada" não provém da evasão dos problemas; é consequência da atitude decidida de quem os enfrenta, luta e vence. O que exige está bem-aventurança não é a
aceitação passiva de qualquer situação porque temamos fazer algo que provoque reações ou conflitos, ao que ela nos convida é a enfrentar o mal, a fazer a paz, embora isso signifique lutar.
(3) A expressão filhos de Deus é uma forma tipicamente hebraica de designar os "pacificadores". O idioma hebreu não possui muitos adjetivos, e muito frequentemente quando quer descrever as qualidades de algo se usa a expressão "filho de...", completada com o correspondente essencial abstrato. Assim, por exemplo, o homem pacífico se denominará filho da paz. Barnabé era apelidado filho da consolação em lugar de consolador. Essa bem-aventurança diz que os pacificadores são benditos porque serão chamados filhos de Deus, o que significa que são benditos porque fazem algo que é tipicamente o que Deus faz. O homem que faz a paz realiza a obra na qual está comprometido o Deus de paz (Rom. 15:33; 2Co 13.11; 1Ts 5:23; Heb. 13:20).
FRASE: Bem-aventurado o homem que faz a paz em seu próprio coração e em sua alma. Quão feliz é aquele que cria relações justas e sadias entre os homens, porque sua ação é obra de Deus!
h) Bem-aventurado os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus: Uma das qualidades mais destacadas de Jesus era sua absoluta honestidade. Nunca deixou lugar a que os homens se equivocassem com respeito à sorte que podiam esperar se escolhiam segui-Lo. Sempre deixou claro que "não tinha vindo para tornar fácil a vida, mas para tornar grandes os homens". Os discípulos da época de Jesus, assim como do início da igreja, eram perseguidos de várias maneiras e por vários povos. Todavia, a maior perseguição era pelos judeus (como vemos relatados nos evangelhos e em Atos dos Apóstolos). Muitos deles foram martirizados de uma forma terrível (queimados vivos como tocha, como comida de animais ferozes no coliseu etc.), por não aceitarem o senhorio dos imperadores romanos, ou seja, por não oferecerem cultos (adoração) e sacrifícios ao imperador César. O único crime dos cristãos era colocar a Cristo acima de César; e por esta lealdade suprema os cristãos morreram aos milhares e enfrentaram incríveis torturas.
A perseguição era uma oportunidade para demonstrar a lealdade para com Jesus Cristo. Um dos mártires mais famosos foi Policarpo, o ancião bispo da igreja de Esmirna. A multidão enfurecida o arrastou ao tribunal do magistrado romano. Foi-lhe oferecida à opção iniludível de sacrificar diante de César ou sofrer a pena de morte. "Durante oitenta e seis anos", foi a imortal réplica, "servi a Cristo, e ele nunca me fez mal algum, pelo contrário. Como posso agora, na minha idade, blasfemar de meu Rei, que me salvou?" De modo que o levaram até a pira para queimá-lo vivo, e sua última oração foi: "Ó Deus Onipotente, Pai de seu bem-amado e bem-aventurado Filho, por quem recebemos o conhecimento de seu nome, dou-te graças por me haver considerado digno deste momento e desta hora." Esta era a suprema oportunidade para demonstrar a lealdade a Cristo. Hoje a igreja está negando Jesus por situações tão pífias, que com certeza tem entristecido muito o coração de Deus. Por outro lado, nunca, ninguém, está sozinho ao sofrer perseguição, quer esteja chamado a suportar perdas materiais, a traição de seus amigos, a calúnia, o isolamento ou até a morte por amor aos princípios de Deus, não estará sozinho, pois Cristo estará mais perto de si nesse momento que em qualquer outra circunstância de sua vida (HB 13:5; Dn 3:19-25; 6:16-22). Quando alguém deve sofrer algo por sua fé, é quando experimenta mais intimamente a companhia de Cristo. Cristo ainda necessita de testemunhas; hoje possivelmente necessite mais dos que estejam dispostos a viver por Ele, que a morrer por Ele. Ainda há lugar para a luta e a glória do cristianismo.
II – COMO O DISCÍPULO DE CRISTO OBTEM ESSE CARÁTER OU CORAÇÃO DO MESTRE?
COMO SER PERFEITO, COMO PERFEITO É NOSSO DEUS? É POSSÍVEL?
1 – SER SALVO E CHEIO DO ESPÍRITO (Mateus 7:7-8; Lucas 11:13) – Muitas pessoas sonham com um mundo melhor, com pessoas que vivam em harmonia, alegria, paz e prosperidade. Todavia, a humanidade desde a sua criação e queda, vem buscando esse paraíso. Por conseguinte, já tentou implantar todas as formas de sistemas (humanos: renascimento, iluminismo, humanismo e liberalismo) para alcançar esse objetivo. Porquanto, o mais otimista dos homens acredita que a cada atitude do mesmo para ser perfeito e, desta forma alcançar um mundo perfeito, proporciona um distanciamento desse alvo. Os intelectuais, cientistas e muitos teólogos, acreditam que é impossível (Utopia) viver a vida que Jesus ensina no SERMÃO DO MONTE.
Por muitos anos de minha vida cristã busquei esse viver perfeito, porém por mais que me esforçasse, sempre fracassava. Todavia, o Senhor me mostrou que essa luta e conquista não pode ser vencida com armas humanas, tão somente pelo poder do Espírito Santo (Jo 3:5-7; Jo 7:37-38; Jo 8:32; 36; Jo 14:16,17; Ef 3:20 e Ef 6:10-18) seremos como nosso Senhor. Perfeitos, como Ele é Perfeito.
2 – SE RENDENDO COMPLETAMENTE A CRISTO (Mateus 4:18-22; 7:13-14)Ele está a procura de homens e mulheres que estão dispostos a LARGAR TUDO (tudo é tudo cf: Lucas 14:33) para segui-Lo, e fazer somente a vontade do Mestre dos Mestres. No capítulo quatro de Mateus, Jesus passa próximo de algumas pessoas e os chamam para serem seus discípulos. Então, eles, no mesmo instante, deixaram TUDO e seguiram a Jesus. Você está disposto a renunciar tudo para seguir a Cristo?
3 – PRIORIZANDO A COMUNHÃO COM CRISTO (Mateus 6:25-33) – a palavra proton no grego para prioridade tem o significado de: primeiro, principal; primeiro em tempo e lugar; primeiro em posição, honra e influência. E por fim, primeiro
em qualquer sucessão de coisas ou pessoas. No contexto do capítulo seis do Evangelho de Mateus, há uma demonstração clara do Mestre dos Mestres, que para uma preocupação ansiosa (ver verso 25), a solução é priorizar a comunhão íntima com Jesus (2Cr 1:7- 12; 1Rs 3), para que Ele reine e governe sobre todo nosso ser (espírito, alma e corpo – 1Ts 5:23). Quando o Senhor Jesus diz: ...porque os ímpios procuram essas coisas – Ele está dizendo que as pessoas do mundo não conhecem a Deus, e muito menos as suas revelações e, por conseguinte, eles procuram (anelam, buscam com intensidade e diligentemente) o que comer, beber e se vestir, pois entendem que essas coisas é que irão torná-las felizes e trazer paz (Mundo Perfeito tópico I). Todavia, nosso Senhor Jesus está nos mostrando que não podemos buscar essas coisas que são mundanas, mas sim o Seu Reino, ou seja, a Sua vontade.
UTOPIA: Ideal impossível de ser realizado; FANTASIA Porquanto, se assim procedermos, a ansiedade não entrará e nem dominará nossos corações, mas sim as promessas de Deus que
estão declaradas em Sua Palavra. Por sua vez, devemos concentrar-nos na tarefa de aperfeiçoarmos a nossa relação com Deus, na qualidade de nosso Pai Celeste. De modo inteiramente diferente dos ímpios, devemos depender implicitamente do conhecimento dEle como nosso Pai celeste, concentrando-nos na tarefa de aperfeiçoar esse conhecimento e a nossa relação com Ele (Dn 11:32; Os 3.6; 6.3). Portanto, se tem alguma coisa que temos que nos preocuparmos, é no nosso relacionamento com nosso Pai Celeste. É nisso que devemos concentrar nossas energias!! Novamente, deveríamos lembrar-nos que a palavra “buscai” tem o sentido de anelar apaixonadamente, de buscar intensamente, de viver para alcançar algo. E o Senhor chegou a reforçar a ideia mediante o acréscimo de uma expressão, “em primeiro lugar”. Isso aponta para ideias como “acima de tudo”, “principalmente”; e é a isso que devemos dar a prioridade.
Coloque bem no centro de sua vida a pessoa de Deus, a glória do Senhor e a vida do Seu Reino, o seu relacionamento com Ele, a sua intimidade com Ele (como fez Maria em Lucas 10:39), e a sua santidade pessoal, e você contará com a palavra empenhada pelo próprio Deus, por intermédio dos lábios de Jesus Cristo, Seu Filho, de que todas as outras coisas, conforme elas se forem tornando necessárias ao seu bem-estar, nesta vida e neste mundo, lhe serão acrescentadas. É dessa forma que a nossa FÉ se amplia. Portanto, busque ao Senhor, procurando ser mais parecido com Ele, procurando viver toda a sua vida mais próxima dEle.
4 – TENDO A MOTIVAÇÃO CORRETA EM NOSSO(S) RELACIONAMENTO(S) (Mateus 6:1-15) – Desde o início do capítulo seis, o Senhor Jesus mostra através de três práticas habituais dos judeus da época: caridade, oração e jejum, a importância de sermos SINCEROS em nosso relacionamento com Deus. (Mt 28:20). Em todos os Evangelhos, Jesus relata a importância da motivação de nosso coração para com o nosso Deus e Pai. Portanto, não podemos esconder nada dEle e, por esse motivo, precisamos derramar nosso coração como os salmistas faziam, ou seja, colocar tudo pra fora o que realmente somos (essa foi uma das maiores virtudes de Davi e, por isso Deus o chamou de o homem segundo o Seu coração).
5 – TENDO VIDA DIARIA E PERSEVERANTE DE ORAÇÃO (Mateus 6:15-27; Lucas 11:5-13) - Todos os grandes homens e mulheres de Deus foram pessoas que dedicaram muito tempo para estar com o Senhor (David Yonggi Cho dedicou 70% do seu tempo diário para Deus). Muitas vezes nos sobrecarregamos de serviço, vivemos o dia inteiro correndo, resolvendo problemas, e Deus nos diz: Pare meu filho! Gaste um pouco mais de tempo comigo. Quanto tempo você tem dedicado ao seu relacionamento com Deus? Devemos reservar alguns momentos do nosso dia para buscarmos ao Senhor, através da oração, jejum e estudo da palavra (Ef 5:16). O Senhor precisa ocupar o primeiro lugar nas nossas vidas (Mt 6:33), esse princípio não pode ser quebrado jamais. Portanto, devemos agir como Maria que não perdeu a oportunidade de aproveitar tudo o que o Mestre tinha
para lhe ensinar naquele dia de visitação a sua casa, mesmo que para isso fosse necessário deixar tudo o que estava fazendo para ficar aos pés de Jesus. Também sermos como o exemplo da ilustração que o Mestre relata na passagem de Lucas 11:5-13. Não há intimidade e comunhão sem relacionamento. Quando estamos sem direção, demonstra que estamos sem comunhão com Deus.
CONCLUSÃO: O SERMÃO DO MONTE se encerra com uma analogia ou ilustração da construção de duas casas. Por conseguinte, a mensagem de conclusão de todo esse profundo ensinamento de Cristo é que tudo o que Ele ensinou não terá proveito nenhum se não colocarmos em prática em nossas vidas. (Mateus 7:15-27). Portanto, sem prática (a prática envolve renúncia de nossas vontades, paixões etc., e viver diariamente a vida de Cristo através do Espírito Santo) não seremos perfeitos ou santos, como nosso Senhor Jesus Cristo é perfeito e santo ( 1Pe 1:15-16 ).
Por fim, vemos nessa analogia que tanto o prudente que construiu sua casa na rocha (praticante e obediente aos ensinos de Jesus - discípulos), como o insensato que construiu na areia (que não pratica ou obedece), terão as mesmas lutas, provações, dissabores ou como as Escrituras relatam: ...DIA MAU (Ef 6.13). Todavia, somente os salvos, os cheios do Espírito, os obedientes, os sinceros, os confiantes, os que sujeitam, e os que perseveram num relacionamento de intimidade com Cristo Jesus através do Seu Espírito, é que conseguirão ficar de pé quando o DIA(s) MAU(s) chegar. E eles virão, cedo ou tarde!!! (Jo 16.33)
Após esse discurso profundo Jesus, nos capítulos seguintes (8 e 9) ocorrem curas e milagres sobrenaturais. Por conseguinte, a UNÇÃO que cura, liberta e salva fluirá quando formos praticantes da Palavra de Deus. Pois a demonstração de que verdadeiramente amamos a Deus é quando fazemos a Sua vontade (João 14:21-24 – Cap. do Espírito)
Porquanto, a comunhão intima proporcionará um dos mais preciosos e importante dons de Deus para seus discípulos, ou seja, a . (Mt 6:27) Pois, é através dela, que agradamos o coração de Deus (Hb 11:6) e, recebemos o que necessitamos para continuarmos nossa caminhada de fidelidade e obediência com nosso Mestre.
Marco Antônio Barbosa (Kim), Araçatuba, 20 de maio de 2013.
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