UMA FIGUEIRA SEM FRUTOS

Semana Santa 2024  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Marcos 11.12-13
Resumo: Cristo amaldiçoa uma figueira e purifica o templo. Essa história nos ensina a não viver por meras aparências e a não confiar em nada que não seja Jesus.

INTRODUÇÃO

Você já reparou que algumas coisas não são o que parecem ser? As aparências podem enganar. Quantos de vocês já assistiram “Britain’s Got Talent”?
■ Esse programa tem um palco no qual pessoas vindas de todos os cantos das Ilhas Britânicas vêm para competir em uma espécie de “show de talentos”.
■ Existem três juízes que votam para decidir quais apresentações seguirão para a próxima fase.
■ E um desses juízes é o Simon Cowell, universalmente detestado, que tem como objetivo de vida criticar e humilhar qualquer apresentação que não atenda a seus altos padrões.
Vários meses atrás, uma mulher escocesa de 47 anos competiu em seu show. Simon sorriu visivelmente quando essa cantora desajeitada e sem beleza entrou no palco. Seu cabelo era grisalho, fino e sem estilo. Ela estava acima do peso. Sua história era triste. Ela era, a caçula de nove irmãos, sempre considerada como “lenta” por seus professores e colegas. Ela passara a maior parte de sua vida adulta cuidando dos pais idosos e doentes. Ao explicar que seu sonho era ser uma cantora profissional, o público do estúdio riu de sua ingênua aspiração. Todos pareciam prontos para deixá-la se envergonhar e sair do palco-para que alguém com talento real pudesse ocupá-lo.
Porém, o que eles viram naquele dia foi isto: (sugestão de vídeo no Youtube - Susan Boyle).
Quantas vezes julgamos e somos julgados pela aparência…
As aparências enganam, principalmente quando o assunto é vida espiritual. Há pessoas que não exibem sua espiritualidade e que na verdade possuem um íntimo relacionamento com Deus. Por outro lado, há pessoas que aparentam ser muito espirituais, mas na realidade são vazias, superficiais. As aparências podem enganar.
Hoje vamos analisar dois atos aparentemente incompreensíveis de Jesus. Vamos analisar o que estava por trás da atitude de Jesus e como essas duas histórias estão ligadas. Ambas lidam com o poder enganador das aparências.
A primeira é a maldição que Jesus deu a uma figueira;
e a segunda é a limpeza do templo, quando Jesus expulsou os cambistas do templo, chamando-os de ladrões.
A maneira como Marcos conta essas duas histórias, uma seguida da outra, nos indica que uma ajuda a explicar a outra.
Vejam, ao longo de sua biografia de Jesus, Marcos usa uma técnica de sanduíche, onde começa a contar uma história, pula para outra e depois volta para a primeira. Marcos começa contando a história de Jesus amaldiçoando a figueira, depois interrompe a história para descrever Jesus expulsando os cambistas do templo e só então ele retorna à história da figueira. Essa é a maneira de Marcos nos dizer que esses dois eventos estão relacionados e que, se perdermos o significado da figueira, também perderemos o real significado da limpeza do templo.

I. A FIGUEIRA INFRUTÍFERA

Marcos 11.12–14 BSAS21
No dia seguinte, depois de saírem de Betânia, Jesus sentiu fome. Avistando de longe uma figueira com folhas, foi verificar se acharia nela alguma coisa. Aproximando-se, nada achou, senão folhas, pois não era época de figos. Então Jesus disse à figueira: Ninguém jamais coma do teu fruto. E seus discípulos ouviram isso.
Marcos 11.20–21 BSAS21
Quando passavam na manhã seguinte, viram que a figueira havia secado desde as raízes. Então Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Mestre, olha; a figueira que amaldiçoaste secou.
Muitas pessoas têm quebrado a cabeça com o motivo de Jesus amaldiçoar essa figueira.
Esse é o último milagre de Jesus registrado no livro de Marcos, e parece estranho que seja um milagre de destruição.
Além do mais, a expectativa de Jesus de encontrar os figos parece ser irracional, visto que Marcos nos diz que não era a época de figos.
O famoso escritor ateu Bertrand Russell listou esse milagre como uma das razões pelas quais ele não é cristão.
Isso é tão diferente do caráter de Jesus, amaldiçoar uma árvore aparentemente inocente!
Lucas 9:56 – A obra de Jesus não é destruir, mas salvar.
Miqueias 7:18 – Deus Se deleita na misericórdia.
Ezequiel 33:11 – Deus diz: “Não tenho prazer na morte”.
Então, por que Ele amaldiçoaria uma árvore aparentemente inocente?
Não devemos nos contentar com uma interpretação superficial. Vamos analisar mais de perto a história.
Jesus encontra essa figueira em Sua caminhada da cidade de Betânia para a capital de Jerusalém durante o feriado da Páscoa judaica. Ele vê à distância uma bela figueira, cheia de folhas. As figueiras eram extremamente comuns no antigo Israel, como ainda são hoje. E as figueiras são únicas dentre muitas outras árvores, pois produzem frutos antes de produzir folhas. Portanto, o fato dessa árvore ter folhas sugeria que ainda havia frutos, ou sobras de figos da colheita passada ou figos ainda verdes, que também eram comestíveis. Por isso, mesmo que a época normal de produção tivesse passado, não era irracional a tentativa de encontrar algum fruto naquela árvore. Mas Jesus não encontra nada além de folhas, o que nos diz que aquela era uma figueira estéril, uma figueira que não produz figos.
PRINCÍPIO: Aqui encontramos um princípio importante para a vida cristã. Seguimos Jesus quando nos recusamos a viver por meras aparências.
Não confunda folhas com frutos, porque por mais impressionantes que sejam as folhas à distância, elas não significam nada se não houver frutos.
O templo judaico, como veremos em alguns minutos, era impressionante. Sua aparência era incrível com suas paredes enormes e sua arquitetura ornamentada. Somente o pátio do templo equivalia a cinco campos de futebol. Durante a celebração da Páscoa, mais de 200.000 carneiros eram sacrificados no altar desse templo incrível. Mas o templo não estava produzindo o fruto esperado: adoração sincera, um povo compassivo e justo. O templo havia se tornado uma bela árvore, cheia de folhas, mas sem nenhum fruto.
E essa é a situação da vida espiritual de muitos. Eles frequentam fielmente os cultos nas igrejas, mas não conseguem realmente dar louvor e honra a Deus.
Muitos leem a Bíblia todos os dias, mas falham em realmente ouvir e obedecer à mensagem.
Eles colocam um símbolo do peixe cristão em seu cartão de visita, mas não conseguem conduzir seus negócios com valores cristãos.
Você canta “Bendita Hora de Oração”, mas permanece contente com 5 minutos de oração.
Você canta “Eu tenho um chamado” e nunca convida seu vizinho.
Você canta “Maravilhosa graça”, mas tem dúvidas sobre a salvação.
Veja bem, as folhas podem até impressionar as pessoas à distância, mas, a menos que essas folhas estejam produzindo frutos divinos em nossas vidas, elas são apenas uma máscara para esconder a real situação.

II. O TEMPLO ESTÉRIL

Marcos 11.15–19 BSAS21
Quando chegaram a Jerusalém, Jesus entrou no templo e começou a expulsar os que ali vendiam e compravam. Ele revirou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas, e não consentia que atravessassem o templo carregando algum utensílio. Ele os ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Mas vós a transformastes num antro de assaltantes. Quando os principais sacerdotes e os escribas ouviram isso, começaram a procurar um modo de matá-lo, pois o temiam, porque toda a multidão se maravilhava com o seu ensino. Ao cair da tarde, eles saíram da cidade.
Agora, no meio da história da maldição da figueira, está a cena de Jesus no templo. Tradicionalmente, esse evento é chamado “a purificação do templo”.
A interpretação mais usada para essa história é a seguinte: Jesus estava tentando reformar o templo judeu por causa da desonestidade das pessoas que vendiam animais de sacrifício lá. Essa explicação vê os cambistas como os comerciantes que vendem bugigangas na terra santa hoje, e Jesus estava chateado porque o serviço de adoração havia sido comercializado. Assim, em Sua ira, Jesus chamou o templo de “covil de ladrões”, por causa desses cambistas vendendo suas mercadorias para obter lucro. Essa é a explicação tradicional desse evento, mas lembre-se de que as aparências enganam.
A chave para entender a atitude de Jesus aqui está nas duas passagens do Antigo Testamento que Ele cita no verso 17. A primeira passagem é a de Isaías 56: 7. O capítulo 56 de Isaías fala sobre um tempo no futuro em que as pessoas anteriormente excluídas da adoração no templo seriam bem-vindas.
Isaías 56.7 BSAS21
eu os levarei ao meu santo monte e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos.
“Nenhum estrangeiro que se vincule ao SENHOR diga: ‘O SENHOR certamente me excluirá do seu povo.’ ... E os estrangeiros que se ligam ao SENHOR e o servem, para viver o nome do SENHOR e adorar ele ... estes trarei ao meu monte santo e lhes darei alegria na minha casa de oração. Seus holocaustos e sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque minha casa será chamada casa de oração para todas as nações” (56:3, 6, 7 - NVI).
O outro texto que Jesus cita aqui vem do capítulo 7 do livro de Jeremias. Vamos ler o contexto:
Jeremias 7.4 BSAS21
Não confieis em palavras falsas, dizendo: Este é o templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor.
Jeremias 7.9–11 BSAS21
Por acaso furtando, matando, cometendo adultério, jurando falsamente, queimando incenso a Baal e seguindo outros deuses que não conhecestes, vireis e vos apresentareis perante mim nesta casa, que se chama pelo meu nome, e direis: Estamos seguros! Apenas para continuardes a praticar todas essas abominações? Esta casa, que se chama pelo meu nome, transformou-se para vós num antro de ladrões? E eu, eu mesmo, vi isso, diz o Senhor.
Essa geração não adorava mais o Deus do templo, e sim o próprio templo. O templo tinha o mesmo problema que a figueira: frondoso à distância, mas sem frutos por dentro. A intenção de Jesus não era reformar ou limpar o templo, mas sim julgá-lo, mostrando posteriormente que seus dias estavam contados. Seu propósito era declarar que agora existia um novo templo. O próprio Jesus é esse novo templo, o lugar onde judeus e não judeus podem encontrar a presença de Deus. Somente nEle as pessoas podem encontrar perdão e purificação de seus pecados. A destruição do templo em 70 d.C. pelo general romano Tito durante as guerras judaicas foi o cumprimento do julgamento simbólico que Jesus havia decretado aqui.
PRINCÍPIO: Seguimos Jesus quando não permitimos que coisas boas tenham prioridade sobre nossa devoção a Jesus. O templo era algo bom.
Deus ordenou ao povo de Israel que construísse este templo. Não foi ideia deles; foi ideia de Deus. Deus ordenou a Israel que O adorasse no templo, oferecesse sacrifícios nele e investisse no mesmo.
O propósito do templo sempre foi ser uma ferramenta, nada mais. Era uma ferramenta para encontrar o Deus do templo, uma ferramenta para encontrar o perdão de Deus. O templo era uma ferramenta para adoração, uma ferramenta para louvor, uma ferramenta para celebração, uma ferramenta para arrependimento.
Quando tornamos as coisas boas de nossa vida mais importantes que nossa devoção a Jesus Cristo, cometemos o mesmo erro.
Amo minha família, minha esposa, meus filhos, mas minha devoção a Jesus deve ter prioridade sobre minha família. Caso contrário, transformo minha família em um ídolo, e eles se tornam o objeto de minha adoração. Uma pessoa que adora sua família não pode ser o marido ou a esposa, o pai ou a mãe que sua família precisa que ela seja.
O que você é tentado a amar mais do que Jesus Cristo em sua vida? Seu país? Seus amigos? Seu estilo de vida? Não cometa o mesmo erro que essa geração de líderes cometeu no templo. Se você colocar essas coisas ou pessoas em primeiro lugar, Deus pode ter que derrubá-las para mostrar o que é realmente importante.

III. ENSINAMENTOS DA FÉ

Marcos 11.22–25 BSAS21
Jesus lhes respondeu: Tende fé em Deus. Em verdade vos digo que se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no coração, mas crer que se fará o que diz, assim lhe será feito. Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que já o recebestes, e o tereis. Quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que também o vosso Pai que está no céu vos perdoe as vossas ofensas.
A história termina com Jesus instruindo Seus discípulos a ter fé, nos versos 22 a 25. Interessante que essa instrução vem logo após Pedro chamar a atenção para a figueira murcha.
Jesus chama as pessoas a confiarem em Deus, não no templo.
Quando Ele diz:  “porque em verdade vos afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar”, Jesus faz alusão ao templo. O templo havia sido construído em uma montanha, o Monte Sião. É por isso que ele diz “este monte”, porque a única montanha que havia ao Seu redor naquele momento era o monte do templo. O argumento de Jesus não era apenas que a fé move montanhas, mas que a fé em Deus é mais poderosa do que a fé no templo que repousava na montanha. Portanto, Jesus não estava nos dando uma fórmula para como usar a fé para operar milagres, mas sim quão importante é ter fé em Deus. A fé tem mais valor que o templo.
Para um judeu, orar dentro do templo era o equivalente a orar em nome de Jesus para os cristãos.
Jesus queria ensinar-lhes que a oração não depende do templo, mas depende da fé no Deus a quem você está orando.
Novamente, essa não é uma fórmula para conseguir o que queremos. Existem muitas outras passagens sobre a oração no Novo Testamento que comprovam esse argumento. A oração precisa ser feita de acordo com a vontade de Deus para que esse pedido de oração seja realizado. Portanto, não podemos tirar esse versículo de seu contexto e, em seguida, construir toda uma doutrina de oração baseada apenas nele.

CONCLUSÃO

Jesus nos chama a segui-Lo, não para seguir um templo, uma religião, uma igreja ou uma filosofia.
Seguir Jesus Cristo significa viver uma vida frutífera, uma vida de fé Nele.
Significa não se contentar com meras aparências, mas se dedicar a uma vida útil, produtiva e espiritualmente fértil.
Significa recusar confiar em algo além de Jesus, até nas coisas boas da vida.
E, acima de tudo, significa viver uma vida de fé, confiando Nele em tudo.

APELO

Quantos estão dispostos a seguir Jesus de todo o coração?
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