1 Tessalonicenses 5.18: Seja grato a Deus

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Introdução

Autor: Paulo entre o ano 50 a 51 d.C. Talvez uma das primeiras do apóstolo Paulo.
Destinatário: a Igreja de Tessalônica.
Uma igreja perseverante na fé, apesar das tribulações.
Paulo procura motivar esta igreja a continuar trabalhando pois o “Dia do Senhor vem como ladrão de noite” (5.2). É a esperança na volta de Cristo que sustentaria a igreja e continuaria a impulsionando em sua missão.
Diante da convicção de que o Senhor Jesus voltará, a igreja precisava ter algumas atitudes, enquanto congregação. Paulo passa a descreve-las a partir do v. 12. Dentre os vários imperativos dessa passagem, destacarei o v. 18: Dai graças.
Mas o que significa Dar graças? Em que momentos devemos dar graças? Por que devemos dar graças? Gostaria que olhássemos este texzto para tratar dessas questões.

1. O que significa dar graças a Deus?

A palavra que foi traduzida como dar graças neste texto é εὐχαριστεῖτε;
Ela aparece 38 vezes no NT sempre com o sentido de agradecer, ser grato, ou expressar gratidão a alguém;
Jesus deu graças no momento da ceia de páscoa (Matthew 26:27 “A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos;”)
No AT o Salmista dá graças a Deus (Psalm 136:3 “Rendei graças ao Senhor dos senhores, porque a sua misericórdia dura para sempre;” )
Dar graças envolve reconhecimento. Isso significa atribuir a Deus o resultado de todas as coisas que ocorrem em nossas vidas, e isso com um espírito de alegria.
Este reconhecimento é geralmente feito na forma de culto a Deus. E esta forma de culto é retratada em elementos tais como:
As orações (o texto que nós lemos)
As ofertas (2 Chronicles 29:31 “Disse ainda Ezequias: Agora, vos consagrastes a vós mesmos ao Senhor; chegai-vos e trazei sacrifícios e ofertas de ações de graças à Casa do Senhor. A congregação trouxe sacrifícios e ofertas de ações de graças, e todos os que estavam de coração disposto trouxeram holocaustos.”
Os louvores (o salmo 136 já citado)
Portanto, dar graças a Deus significa reconhecer que Deus é o Senhor sobre todas as coisas. Significa atribuir a Ele o papel de governador do universo. E a forma prática de se fazer isso é prestando culto a Ele.

2. Em que momentos devemos dar graças a Deus?

Chegamos a segunda pergunta, e a resposta é dada pelo próprio texto. Em tudo. Nós devemos dar graças a Deus em todas as circunstâncias.
Mas o que isso significa? Significa andar com um sorriso no rosto mesmo que o nosso coração esteja triste? Significa prestar culto continuamente ao Senhor sem parar? Não parece ser isso.
Ao invés disso, dar graças em todas as circunstâncias é reconhecer que Deus é bom mesmo quando as circunstâncias não são boas. É se conformar aos planos soberanos do Senhor mesmo sem saber que planos são esses. É descansar no Senhor, mesmo quando o mundo nos deixa continuamente cansados.
Considere mais uma vez o contexto da carta. A igreja de Tessalônica era formada por gentios em sua maioria. Ela sofria perseguição de judeus que não queriam ser reconhecidos como uma religião juntamente com os cristãos. Entenda que, num primeiro momento, os cristãos foram vistos pelo império romano como uma seita pelo judaismo.
Todos estes fatores não tornavam a vida dessa igreja fácil. Logo, o que Paulo pede a esta igreja é que mantivessem um coração grato ao Senhor apesar destes incômodos.
Comentando sobre este texto, William Hendriksen diz:
Quando uma pessoa ora sem dar graças, ela está cortando as asas da oração, de forma que a mesma não pode voar. É por isso que o trio de admoestações se encerra com: “daí graças em todas as circunstâncias”. Esta frase em todas as circunstâncias (ἐν παντί provavelmente é subentendido com χρήματι) inclui aflição porque, até mesmo em meio a todas essas coisas (“tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo e espada”), os crentes não são simplesmente vencedores, mas, sim, “mais que vencedores” (superinvencíveis), uma vez que todas essas coisas de fato os auxiliam a alcançar o seu alvo predestinado (veja Rm 8.35–37). (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2007), 163.
Assim, nossa postura neste mundo é de agradecer a Deus quando tudo vai bem, e também de agradecer a Deus quando tudo não vai bem. Se reconhecemos a soberania de Deus sobre o universo e o cuidado dEle sobre as nossas vidas, então nossa atitude de agradecer a Deus não pode ser levada pelas circunstâncias.

3. Por que devemos dar graças a Deus?

Tendo visto o que significa dar graças a Deus e em que momentos devemos dar graças a Deus, resta-nos responder porque devemos dar graças a Deus.
Mais uma vez a resposta nos parece bem clara pelo próprio versículo 18. Porque esta é a vontade de Deus em Cristo para convosco. Deus quer que façamos isso, e quer que façamos isso em Cristo.
Mas aqui, vem outros aspectos que são importantes. O primeiro deles é acerca da vontade de Deus. Como saber a vontade de Deus? Isso é algo que sempre buscamos. E nosso desejo seria que Ele nos respondesse de maneira direta sobre algumas perguntas:
Devo casar ou não?
Será que devo largar esse emprego?
Será que é melhor mudar de igreja?
Gostaríamos muito que Deus nos respondesse diretamente a assuntos particulares. Mas a verdade é que a vontade de Deus já nos foi revelada: Em Cristo Jesus, o verbo encarnado temos tudo que é necessário saber a respeito de Deus.
Agora é por meio da sua Revelação escrita, a Bíblia, que nós nos podemos conhecer mais sobre a sua vontade. E é olhando pra ela que observamos o versículo desta mensagem: Deus quer que rendamos graças a Ele por todas as coisas.
Um segundo aspecto diz respeito ao fato de que essa ação de graças é resultante da vontade do Pai em Cristo. Todo o decreto de Deus está direcionado para a salvação de Cristo Jesus. A obra de redenção está centrada nEle. A vida da sua Igreja está nEle.
Logo, só podemos render graças por meio de Cristo. Nosso louvor só é aceito se formos lavados e remidos pelo sangue do Cordeiro. Nossa oferta de ação de graças só recebida pelo Deus Santo se formos regenerados pela ação do Espírito Santo.
Conclusão:
Vimos, portanto: 1) O significado de render graças ao Senhor; 2) Quando que nós devemos render graças ao Senhor; 3) Por que devemos render graças ao Senhor.
Diante disso, somos levados a pensar sobre o que somos e o que fazemos. Deus não quer de nós apenas um culto. Deus quer que a nossa vida seja um culto ao Senhor. Buscar a Deus apenas para sermos abençoados por Ele e, assim, seguir o fluxo normal da nossa vida é uma atitude religiosa, mas bem distante daquilo que o evangelho nos propõe.
Deus quer que apresentemos como oferta de ação de graças o nosso coração. E este coração precisa estar transformado. Um novo coração, o qual está ocupado pela presença vivificadora de Jesus.
Encerro com dois comentários. O primeiro é de João Calvino a esta passagem:
sou da opinião de que um sentido mais amplo está incluso sob estes termos – que Deus possui tal disposição para conosco em Cristo que mesmo em nossas aflições temos grande oportu nidade de dar graças. Pois, o que é mais justo e mais apropriado para nos a paziguar, senão quando sabemos que Deus nos abraça em Cristo tão terna mente, que ele torna em nosso benefício e felicidade todas as coisas que nos ocorrem? Portanto, tenhamos em mente que este é um remédio especial para corrigir a nossa impaciência – desviar nossos olhos de contemplar os males presentes que nos atormentam, e direcionar nossa vista a uma consideração de natureza diferente: como Deus permanece favorável a nós em Cristo.
O segundo é Howard Marshal:
Deus pretende que seu povo seja feliz, embora sua vontade para Ele possa incluir circunstâncias difíceis e provações.” (p. 186-187)
Que Deus toque seu coração e que você possa viver uma vida de gratidão a Deus em Cristo Jesus!
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