Os termos do discipulado (2)

Rev. Weinne Santos
Exposições em Mateus  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Matthew 8:18–22 RA
18 Vendo Jesus muita gente ao seu redor, ordenou que passassem para a outra margem. 19 Então, aproximando-se dele um escriba, disse-lhe: Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores. 20 Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça. 21 E outro dos discípulos lhe disse: Senhor, permite-me ir primeiro sepultar meu pai. 22 Replicou-lhe, porém, Jesus: Segue-me, e deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos.
Muitos alegam serem seguidores de Jesus. Muitos dizem que querem seguir a Jesus. Mas o que isso realmente significa, à luz da sua autoridade? Essa pergunta é essencial. Pois o evangelho que Jesus proclamava era, essencialmente, um chamado ao discipulado. Jesus convida os pecadores a se arrependerem e crerem nele, e então a segui-lo. Então entender o que significa seguir Jesus tem a ver com o cerne do que é a vida cristã que resulta de uma aceitação do evangelho.
No capítulo 8 do evangelho de Mateus nós vemos que Jesus, no início de seu ministério, atraiu uma grande multidão. Grandes multidões ficaram admiradas da maneira que ele ensinava com autoridade, o que vemos no final do Sermão do Monte. E muitos também eram atraídos por seus sinais, curas, milagre e expulsões de demônios, sinais que autenticavam a sua autoridade como o Messias enviado por Deus. Uma grande multidão então perseguia Jesus.
Mas Jesus não queria estar cercado de toda aquela multidão. Ele queria andar e ensinar com mais profundidade os seus verdadeiros discípulos, aquele círculo mais íntimo de discípulos. Por isso ele dá uma ordem (v. 18). Ele diz: “Vamos para a outra margem”. Aquela ordem era direcionada. Era apenas para os seus discípulos, para separá-los do restante da multidão.
Veja, Jesus quer discípulos verdadeiros. Jesus não quer falsos discípulos. Nem mesmo nós queremos a igreja cheia de falsos discípulos. É por isso que as nossas igrejas têm uma classe de catecúmenos. É por isso que perguntamos tantas vezes: “você tem certeza que quer se membro desta igreja? Você realmente entendeu as implicações, o compromisso que isso requer?”. Porque nós queremos verdadeiros discípulos de Jesus.
Então Jesus deu a ordem no versículo 18. E a ordem foi cumprida no versículo 23. Entre uma coisa e outra, dois homens resolvem falar com Jesus. Os dois dizem que querem seguir a Jesus. Os dois dizem querer acompanhá-lo. Mas nenhum deles havia compreendido totalmente o que implicava ser discípulo de Jesus. O que significa ser discípulo de Jesus? Jesus aqui apresenta os termos do discipulado. O que implica seguir Jesus, à luz de sua autoridade.

Ser discípulo de Jesus requer comprometimento (v. 19-20)

A primeira coisa é que: para ser um discípulo de Jesus é preciso ter comprometimento.
Um escriba se aproxima de Jesus. Um escriba era um estudioso da Lei. Era alguém que havia estudado muito para estar nessa posição. E a classe dos escribas não costumava gostar de Jesus. Muitos deles faziam oposição a Jesus. Por isso é surpreendente que aqui vejamos um escriba que deseja seguir a Jesus. Ele diz: “Mestre, quero ir para onde você for”. É uma frase impressionante. E, muito provavelmente, era uma frase sincera.
Ele quer ir para o outro lado do Mar. E ele quer ir com Jesus para outros lugares também. Ele está empolgado com a ideia de ser um discípulo de Jesus. Note que o escriba chama Jesus de “Mestre”. Nos dias de Jesus, o ensino costumava se dar por meio do discipulado. Havia muitos mestres naqueles dias, e todos eles tinham discípulos. O discípulo vivia junto com seu mestre, aprendia os seus ensinamentos e o seguia, fim de se tornar igual a ele.
Se, naquele tempo, você quisesse se tornar um mestre da Lei, primeiro, você tinha de estudar muito. Eles estudavam nas sinagogas a fim de aprender bastante a respeito da Lei. Depois, você teria de encontrar um Mestre, e então você teria de convencer esse mestre que você tem as qualificações necessárias para ser seu discípulo. É como tentar convencer aquele professor cobiçado da universidade a ser o seu orientador.
Mas Jesus era um mestre diferente. Ele não escolhia seus discípulos como os demais mestres. Pra começar, ele era quem tomava a iniciativa em escolher seus discíulos: ele chamou Simão Pedro e André (Mt 4.19), Tiago e João (Mt 4.21), e mais tarde chamará Mateus (Mt 9.9) e os demais.
E Jesus Jesus não escolhia os mais qualificados. Ele não seria aquele professor que avalia a nota e o histórico do aluno e escolhe os melhores da turma. Ele chamou pescadores, publicanos, pessoas que provavelmente não haviam terminado seus estudos na sinagoga.
E a relação entre Jesus e seus discípulos era bem diferente da simples relação entre um professor e um aluno. Jesus exigia de seus discípulos uma obediência absoluta. Jesus exigia de seus discípulos um compromisso de vida. E os seus discípulos nunca se tornarão Mestres. Eles serão para sempre discípulos. A relação entre Jesus e seus discípulos não mais que a de “aluno e professor”. Era uma relação entre “servo e Senhor”. Eles cumpriam o que ele ordenava. Eles iam para onde Jesus ia, mesmo que fosse desconfortável ou desvantajoso.
Aqui, o escriba estava se oferecendo para Jesus, para ser seu discípulo. Afinal, ele era super-capacitado. Ele era o mais qualificado. Ele certamente tinha nota pra passar nessa seleção. Aliás, talvez ele pensasse assim, seria uma honra para Jesus ter um discípulo como eu!
Ele está empolgado. Por isso diz: "Te seguirei para onde quer que fores!". Ele até se parece com o apóstolo Pedro, veja só, que diz coisas assim: “Jesus, eu vou com você até a morte!”. Mas a gente sabe que esse tipo de empolgação não dura muito tempo. Emoções passam. Expectativas são frustradas. Pedro disse que iria com Jesus até a morte, mas na primeira dificuldade negou a Jesus.
Quantas vezes a sua devoção não é levada por emoções! Quantas vezes você diz: “vou ler mais a Bíblia, vou orar mais, vou mais à igreja, vou servir mais a Deus”, mas aí vem a primeira dificuldade e… pronto, acabou. Quantas vezes já não vimos conversões em acampamentos, em encontros, depois de apelos emocionais, mas que não se sustentam?
Aquele escriba estava dizendo com a boca palavras de comprometimento. Contudo, ele não poderia cumpri-las, pois não havia calculado o que isso implicaria. Ele não entendeu do que ele deveria abrir mão ao seguir Jesus.
Então Jesus o convida o escriba a avaliar o custo de segui-lo. Ele diz:
Mateus 8.20 (RA)
20 […] As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.
Lá no capítulo 6, no Sermão do Monte, Jesus disse que as aves do céu tem comida… que os lírios do campo tem roupa… e que por isso não precisamos nos preocupar com as coisas básicas, porque se Deus cuida até mesmo das aves do céu e dos lírios do campo, ele também vai cuidar de nós.
Mas agora ele diz que os animais tem casa, mas ele não. Os animais tem onde morar, tem onde dormir, mas o Filho do Homem, não. Em outras palavras, no que diz respeito a conforto, até mesmo os animais terão mais conforto que ele.
O ministério de Jesus não era nada confortável. Ele não parava em lugar algum. Ele trabalhava muito e dormia pouco. Aliás, até mesmo quando Jesus tenta dormir um pouco no barco, ao atravessar o mar, nem isso ele consegue. Os discípulos o acordam numa tempestade.
Jesus andava de cidade em cidade, de vila em vila, pregando e realizando sinais. E muitas vezes ele era rejeitado. Ele era expulso. Aliás, na viagem que ele irá empreender, ele irá até Gadara, e de lá será expulso.
Enquanto isso, a vida do escriba era confortável. Eu cito aqui Jay Adams, que diz assim:
Seguir Jesus significava literalmente tornar-se um andarilho, sem lugar para criar raízes. Isso era totalmente contrário à vida sedentária do escriba, que era basicamente um acadêmico. Era quase como pedir a um professor de seminário dos dias atuais que se tornasse um evangelista itinerante. Ele teria de deixar seu estudo, seus livros e seus amigos para trás.
Jesus está mostrando ao escriba que segui-lo exigirá dele sacrifício, esforço, comprometimento, que deverão ser mantidos ao longo da caminhada. Jesus não está interessado em fazer propaganda enganosa.
Tem muita gente dizendo por aí que se você seguir a Jesus, tudo vai começar a dar certo na sua vida. Tem gente que diz que se você seguir Jesus, sua vida será próspera, você terá saúde e dinheiro, seus problemas de casamento vão se resolver e a sua vida será cheia de felicidade. Então diz: “Vem pra Jesus, vem que tudo vai dar certo!”
O que Jesus está mostrando aqui é que pode ser exatamente o contrário. Pode ser que ao seguir Jesus, muita coisa comece a dar errado em sua vida. Pode ser que você perca o emprego. Pode ser que você tenha crises no casamento. Pode ser que você fique doente. Porque Jesus sofreu, e ele é o seu Senhor, então você sofrerá também.
Jesus aqui refere a si mesmo com o título “Filho do Homem”. E aqui é a primeira vez que esse título aparece no Novo Testamento. É um título messiânico. Esse título vem do Antigo Testamento (Daniel 7). E esse é um termo que enfatiza a humanidade e a humilhação de Jesus. Seguir a Jesus é seguir o Rei que se humilhou para salvar o pecador. É um caminho de cruz.
Isso traz algumas implicações para nós. Uma implicação é esta: Jesus não quer discípulos que o sigam por impulso. Veja, é por isso que na Igreja Presbiteriana existe um processo para você se tornar membro. Não queremos ninguém que venha sem ter calculado o custo.
Seguir a Cristo é um compromisso de vida, que deve ser mantido quando vier a dificuldade. É como um casamento. A festa de casamento sempre é linda. Os noivos fazem os seus votos. Todos estão vem vestidos. Depois vem a recepção. Mas é depois, na vida conjugal, nas lutas diárias, é que esse compromisso será testado. Quando vier a doença, a pobreza, quando o pecado desgastar a relação. Você manterá o seu compromisso?
Jesus mandou os discípulos atravessarem o mar com ele. Se você continuar lendo, você saberá o que acontece. Eles sobrevivem a uma tempestade. Depois eles são expulsos de Gadara. Depois serão ofendidos e zombados pelos fariseus e mestres da Lei. Sofrimento após sofrimento após sofrimento.
Você quer seguir a Jesus? Tem certeza? Não será um passeio no parque. Não será uma vida confortável. Você entendeu isso? Porque muitas vezes queremos uma religião que nos seja confortável. Muitas vezes estamos dispostos a nos sacrificar pelo trabalho, pelo lazer, mas não pelo serviço a Deus.
Acordamos às 5h da manhã para pegar a condução e chegar à tempo ao trabalho, mas reclamamos do horário da Escola Dominical.
Lemos calhamaços de livros exigidos na faculdade, mestrado e doutorado, mas não estamos dispostos a ler a Bíblia ou um livro de teologia que tenha mais de 100 páginas. Certa vez uma irmã me pediu uma recomendação de livro cristão pra ler. E ela disse assim: “mas eu quero um livro simples, sabe… nada difícil… menos de 100 páginas.” E eu olho para a mão dela e ela tinha um livro da faculdade nas mãos, de Michel Foucault. Leitura densa e extremamente anticristã. Para a faculdade, ela podia ler livros densos. Mas para Deus, só coisa rasa.
Nos esforçamos para conviver com nossos colegas de trabalho (afinal, nosso salário depende disso), mas se na igreja tenho um atrito com um irmão já é motivo para ficar desanimado.
Meus irmãos, seguir a Cristo tem um custo. Jesus nos chama, sim, e ele nos salva pela graça, e nos convida a caminhar com ele. Somos salvos pela graça. Mas não pense que caminhar com Jesus será confortável. Seguir a Jesus requer comprometimento. Isso significa que requer esforço, intencionalidade, objetivos, cumprimento de metas.
Muitas vezes não pensamos na vida cristã assim. Muitas vezes pensamos na santificação como algo que acontece “no automático”. Muitas vezes pensamos em obedecer a Jesus como algo que acontece “naturalmente”. Comprometimento é algo que relacionamos ao trabalho, à outras coisas, que não à nossa vida com Deus. Mas se você quer realmente crescer em santidade e ser útil no Reino de Deus, você precisa ter comprometimento.
Vou dar um exemplo. Pense na prática do culto doméstico. Se você quer que sua família cresça na graça e no conhecimento de Cristo, você precisa ter com ela a prática do culto doméstico. E não será fácil reservar um momento do seu dia para isto. E não é fácil quando seu filho não quer parar quieto e prefere se distrair com qualquer outra coisa, menos com você ensinando-lhe a Palavra. Mas esse é o compromisso que você assumiu quando o trouxe aqui à frente para ser batizado. Você irá ensinar-lhe nas sagradas letras. Isso exigirá de você esforço.
O mesmo vale caso você queira ser útil na igreja.
Se você quer ser alguém que edifica os seus irmãos e que se importa com o crescimento da igreja, isso requererá de você intencionalidade em uma série de decisões.
Eu sempre dou um exemplo: muitas vezes, as pessoas que vêm ao culto preferem se sentar nos bancos dos fundos, não é mesmo? E muitas vezes, quem chega mais cedo escolhe os melhores lugares, e os visitantes acabam tendo de andar todo o salão até encontrar um lugar pra sentar. Já pensou em fazer o contrário, em abrir mão do seu lugar preferido e deixá-lo para o visitante?
E quanto ao lugar que você estaciona o seu carro? Essa decisão também mostra qual é a sua prioridade. Porque tem irmão que faz questão de chegar primeiro para estacionar no melhor lugar. Bem ao lado da saída, para ser o primeiro a chegar em casa pra janta. Enquanto isso o visitante acaba estacionando a duas quadras da igreja.
E quanto ao momento pós-culto? Com quem você conversa? Porque tem crente que sempre conversa com as mesmas pessoas, a mesma rodinha. Enquanto tem outros que sempre ficam ali, meio isolados, meio perdidos. E muitas vezes vem um visitante e ninguém se importa em recepcioná-lo. Já pensou em ser intencional quanto a isso? Após o culto, olhe ao redor e veja quem está sozinho. Veja quem está meio isolado, meio perdido ali no meio.
E se isso parecer a você algo meio forçado, bem, é forçado mesmo. É intencional. E, bem, nada disso é confortável. Mas se você quer realmente seguir a Jesus, nada será confortável. Mas certamente valerá a pena.

Ser discípulo de Jesus requer obediência sem reservas (v. 21-22)

Nós vimos que a primeira coisa necessária para ser um discípulo é necessário ter comprometimento. A segunda coisa necessária é obediência sem reservas.
A primeira pessoa a interpelar Jesus foi um escriba. E o escriba estava animado, empolgado, para ir com Jesus! E Jesus o ajudou a remodelar as suas expectativas. Agora, quem fala com Jesus é alguém que já é discípulo. E ele não está muito animado. Ele está relutante.
Jesus deu uma ordem aos seus discípulos. A ordem era: vamos para o outro lado. A ordem é clara. Ela é perfeitamente compreensível. E ela deveria ser cumprida sem reservas. Mas este que já é discípulo vem a Jesus apresentando =uma condição. Podemos pensar que esse discípulo foi até respeitoso. Esse discípulo pediu a permissão de Jesus. Ele sabe que Jesus tem autoridade.
E era um pedido bastante compreensível. Não era um pedido absurdo. Ele pede para ir sepultar seu pai. Não é algo claro para nós se isso quer dizer que seu pai acabara de morrer e então teria sepultá-lo, ou se o pai dele era um homem idoso e ele queria cuidar de seu pai até ele partir.
De qualquer maneira, isso iria demorar. Naquele tempo, os rituais de sepultamento eram uma coisa demorada. Eles realizavam uma cerimônia demorada, cheia de ritos, e depois de algum tempo realizavam um segundo sepultamento, colocando os restos do corpo numa caixa, que seria inserida na parede do templo.
Mas o ponto aqui é que o pedido do discípulo era até um pedido legítimo. Era papel dos filhos honrarem seus pais. E um judeu especialmente compreenderia a importância de um sepultamento como este. Aqueles que tinham de participar de um enterro de um familiar eram até liberados de suas obrigações no templo, visto que as leis cerimoniais proibiam que você tocasse em alguém morto. Sepultar pai e mãe era mais importante até mesmo que as leis de pureza.
Então, o discípulo pensava, certamente ali Jesus seria compreensivo. Talvez ele pensasse que aquilo era até piedoso. “Ah, Jesus, eu irei te seguir, mas antes tenho algo muito importante a fazer.”
Mas Jesus o surpreendeu. Ele diz: “Segue-me e deixa os mortos enterrarem seus mortos!”. Aquele discípulo deveria seguir Jesus, prontamente e sem reservas. Por quê? Porque um discípulo deve fazer o que seu Senhor manda, sem reservas. Porque Jesus já estava a caminho do outro lado. O ministério de Jesus era um ministério curto. Ele não tinha tempo a perder. Ele não podia esperar uma semana, ou mesmo meses, até que esse discípulo organizasse sua vida a fim de segui-lo. Jesus estava numa missão, e ele não poderia ser distraído por nada.
E porque ali estava alguém que era mais importante que seus pais. Porque ali estava alguém que era mais importante que as obrigações familiares daquele discípulo. Porque Jesus diz, em Mateus 10.37:
Matthew 10:37 RA
37 Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim;
Aquele discípulo não deveria ser distraído por nada. Nem mesmo por seus pais. Nem mesmo por suas obrigações que a sua tradição exigia. Aquele discípulo deveria “deixar que os mortos sepultem seus próprios mortos”, isto é, “deixe que aqueles que estão mortos espiritualmente resolvam isso”. As pessoas que estão mortas espiritualmente, elas darão conta do trabalho. Você tem algo mais importante a fazer, e que elas não o podem. Você foi chamado a seguir Jesus.
Veja, Jesus não está dizendo que nós, hoje, no século XXI, não temos obrigações familiares e sociais. É claro que podemos sepultar os nossos pais. Mas aqui, Jesus Jesus olhou para o coração daquele discípulo. E o que havia por trás de um pedido legítimo era o desânimo.
Enquanto o escriba não havia calculado o custo, este discípulo calculou, e viu que o custo era bem alto. Enquanto o escriba estava empolgado para seguir Jesus, este estava desanimado. Enquanto o escriba estava apressado para ir onde Jesus fosse, este queria procrastinar. Ele queria adiar. Então ele diz: “deixa eu resolver a minha vida primeiro, depois eu vou!”.
Quantas vezes você já não ouviu isso: “Eu vou pra igreja. Eu vou sim servir a Deus. Mas deixa primeiro eu organizar a minha vida.”
Quantas vezes você já não disse assim: “Eu quero sim ser mais frequente nos cultos! Eu quero sim trabalhar mais no Reino! Mas deixa eu primeiro terminar a minha faculdade. Deixa eu primeiro fazer meu mestrado. Doutorado. Passar no concurso. Casar. Depois eu sirvo a Deus.”
E quanto não queremos obedecer a Cristo, somos especialistas em inventar desculpas piedosas!
Eu não vou porque tenho que cuidar da minha família.
Eu não vou ao culto porque a pregação é ruim, ou porque a música é monótona.
Eu não à igreja vou porque tem gente hipócrita lá.
Eu não vou porque trabalhei a semana inteira e estou cansado.
Eu não vou porque estou muito ocupado.
Eu não vou pra igreja porque tenho de estudar, tenho de trabalhar.
São respostas legítimas, compreensíveis, piedosas até. Mas são só desculpas. Porque no coração, o amor a Jesus é menor que essas distrações.
Também vemos aqui que esse discípulo está colocando diante de Jesus as suas próprias condições para segui-lo. Diante daquele que tem toda a autoridade, ele está dizendo: “Jesus, eu irei te obedecer, mas à minha maneira, sob as minhas condições, do jeito que fica confortável para mim”. Quantas vezes você já não viu isso, ou até já disse coisas assim?
"Sim, eu sei que devo lutar pelo meu casamento, mas só se meu marido, se minha esposa, primeiro mudar!”
“Sim, eu sei que eu devo perdoar aquela pessoa, mas só se ela primeiro se humilhar, se ela vier até mim primeiro.”
“Sim, eu sei que eu devo cultuar aos domingos, que devo guardar o Dia do Senhor. Mas, sabe, isso me fará perder dinheiro. Será que não há uma outra maneira?”
“Sim, eu sei que eu não devo namorar aquele descrente. Mas sabe, tenho andado tão sozinho… Será que Deus realmente quer que eu abra mão disto?”
A resposta de Jesus para aquele discípulo foi uma ordem. Ele já tinha ouvido a ordem de Jesus: “Passemos para a outra margem!”. Mas ele ainda ficou na dúvida. Ficou pensando: “será que eu vou?” Agora Jesus repete a ordem. Ele diz: “Vem, segue-me!”
Ele é Jesus, aquele que tem toda a autoridade, aquele que domina sobre os ventos, sobre o mar, sobre as doenças, sobre a vida e a morte. E ele está dando uma ordem: Segue-me! Só há uma maneira adequada de responder: com submissão e prontidão. Sem reservas. Sem desculpas. Sem adiamentos.
Irmãos, Jesus não quer discípulos relutantes. Jesus não quer discípulos que vivem procurando uma desculpa para adiar a sua obediência. Calcule o preço e siga-o. Mas se você não estiver muito a fim, veja, Jesus também não faz questão. Ele não está vendendo o seu produto. Ele não está fazendo marketing. Ele está apresentando aqui os termos do discipulado. Haverá sofrimento. Não será confortável. E você tem que obedecer prontamente.
Se você percebeu aqui hoje que, em seu coração, o preço do discipulado é alto demais, então peça a Jesus para ele mudar o seu coração. Peça a Jesus para que ele aumente o seu amor por ele. Arrependa-se. Não saia daqui empolgado demais, com uma empolgação que só dura dois dias e logo acaba. Não saia daqui desanimado, pensando que tem muita coisa pra você abrir mão, e já pensando na sua próxima desculpa.
Saia daqui motivado pelo amor de Jesus, que morreu por você, que te deu vida eterna, e que te chama a caminhar com ele. Saia daqui motivado pela grande recompensa, pelo galardão que há nos céus. Saia daqui movido por gratidão a Cristo, querendo servi-lo, com prontidão, onde quer que ele te chame. Calcule o custo. Esteja pronto. Jesus te chama.

Quem pode, então, seguir a Jesus? (Mt 9.9)

Irmãos, perceba uma coisa. Mateus não narra a resposta desses dois homens. Fica em aberto. Não sabemos se o escriba aceitou o preço do discipulado. Não sabemos se o discípulo obedeceu a ordem.
A resposta precisa ser dada por mim e por você. Jesus, que tem toda a autoridade, deu a ordem: Segue-me. Qual será a sua resposta?
Talvez, diante disto tudo, das exigências do discipulado, você pense assim: “Mas pastor, quem então pode ser discípulo de Jesus? Quem será capaz?
Abra sua Bíblia em Mt 9.9.
Matthew 9:9 RA
9 Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu.
Ainda estamos na mesma seção de Mateus. E aqui, Jesus chama um publicano para ser seu discípulo. Ele era um coletor de impostos, alguém considerado um traidor dos judeus, um corrupto ligado ao império romano. Seria como um político corrupto. Pense naquele político, que aparece nas investigações da Polícia Federal.
Jesus diz a esse homem, pecador, indigno: Segue-me. E ele se levantou e seguiu. Porque o próprio Deus é quem o capacita a isso. Porque Jesus, como Rei, tem toda a autoridade para escolher os seus discípulos. Porque é Deus é quem o sustentará, mesmo quando a dúvida vier e o sofrimento chegar. Porque ele calculou o preço, e entendeu que seguir a Jesus significa abandonar sua antiga vida, e obedecê-lo sem reservas. E ele entendeu que vale a pena.
Que eu e você respondamos ao chamado de Jesus, não com emocionalismo, não com empolgação, não como coisa de momento, mas de modo pensado, refletido, com prontidão e obediência. Que Deus nos abençoe.
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