Aula 8 - Romanos e Gálatas

Panorâma do Novo Testamento  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Esses livros enfatizam a doutrina da salvação já apresentada nas epístolas aos coríntios. Gálatas é uma firme defesa do ensino de que "o homem não é justificado por obras da lei e sim mediante a fé em Cristo Jesus" (Gl 2.16). Em nenhum outro de seus escritos Paulo estabeleceu com tal veemência a veracidade de sua comissão apostólica e de sua mensagem.

GÁLATAS

Contexto
As questões com respeito a data e destinatários da carta, bem como sobre o lugar em que foi composta, são difíceis de ser respondidas. Gálatas pode muito bem ter sido uma das primeiras cartas de Paulo, redigida pouco depois de sua primeira viagem missionária, assim que retornou de Antioquia da Síria. Portanto, poderíamos datá-la de 48/49 d.C. No entanto, alguns estudiosos datam a composição da epístola numa época posterior (chegando a 58 d.C., Lightfoot). Mesmo pertencendo a esse período, ainda assim teria sido escrita pouco tempo depois da fundação das igrejas na Galácia. Embora a carta esteja dirigida às congregações daquela região, a questão do destinatário é problemática por causa do significado que, no primeiro século, era dado ao termo "Galácia". Ele poderia ter mais de um sentido. Esse território, localizado na região leste da Ásia Menor, foi estabelecido pelos gauleses, no terceiro século d.C. e recebeu o seu nome por causa desses invasores. Em seguida, depois de os romanos tomarem controle da área, o território se expandiu. Uma região ao sul foi anexada ao norte, e toda a nova província recebeu o nome de Galácia. Então, quando Paulo escreveu a carta, ele a endereçou ao povo do norte ou do sul? A maioria dos comentaristas mais antigos é favorável à primeira opção, mas grande parte dos autores mais recentes apoia a segunda. Independentemente de adotarmos qualquer delas, a mensagem da carta aos gálatas permanece inalterada.
Esboço Ao examinarmos a estrutura de Gálatas, podemos perceber passos lógicos no argumento de Paulo. Uma vez tendo preparado a base para o que apresentará (Gl 1.1-10), o apóstolo imediatamente procede à defesa de sua posição — a de que a justificação diante de Deus vem pela fé e não pelas obras, e que Cristo nos libertou da escravidão da lei.
Introdução 1.1-10 Argumento autobiográfico — revelação do evangelho Gl 1.11—2.21 Revelação direta do evangelho Gl 1.11-24 Confirmação apostólica do evangelho Gl 2.1-10 Aplicação pessoal do evangelho Gl 2.11-21 Argumento doutrinário — profecias sobre o evangelho Gl 3.1—4.31 Apelo pessoal Gl 3.1-5 Experiência de Abraão Gl 3.6-14 Promessa e Lei Gl 3.15-22 Natureza da filiação Gl 3.23—4.7 Perigo da apostasia Gl 4.8-20 Alegoria para o ensino Gl 4.21-31 Argumento prático — aplicação do evangelho Gl 5.1—6.10 Conclusão Gl 6.11-18
Propósito e conteúdo Não há nas epístolas paulinas uma introdução mais familiar e amigável do que a de Gálatas. Paulo declara sua intenção ao redigir a carta e, de imediato, passa aos detalhes de seus argumentos. Ele está impressionado com o fato de aquelas congregações cristãs se terem desviado tão rapidamente de sua lealdade a Cristo e ao próprio apóstolo. Paulo condena expressamente aqueles que "querem perverter o evangelho de Cristo" Gl 1.6-7) e invoca a maldição de Deus sobre eles (Gl 1.8-9). Primeiro, o apóstolo recebera o evangelho da parte de Cristo (Gl 1.11-12). Esse ensino não lhe foi comunicado por outras pessoas. Elas apenas apoiaram sua pregação e seu ministério (Gl 1.16—2.10). Portanto, com base em sua experiência já fundamentada, Paulo afirma que sua mensagem é genuína. Em segundo lugar, o evangelho não é novidade. Ele já constava do Antigo Testamento (Gl 3.8). Abraão é o grande exemplo da justificação pela fé em Deus. Como ele passou a ter aquele relacionamento muito antes de a Lei ser entregue, esta não contribuiu para torná-lo justo — tampouco pode a lei justificar qualquer pessoa (Gl 3.9-14). Paulo desenvolve esse princípio fazendo um contraste entre o "filho" e o "herdeiro" (Gl 3.23—4.7), apoiando se na história dos dois filhos de Abraão de maneira a ensinar essa mesma verdade, e usa para isso uma alegoria (Gl 4.21-31). Em terceiro lugar, o evangelho atua mediante experiências pessoais (Gl 5.1). Quando colocado em prática, liberta o indivíduo, livrando-o da escravidão ao pecado, concede vitória sobre a carne (a velha natureza interior) e capacita-o para realizar obras de justiça. Tudo isso ocorre por intermédio da ação do Espírito Santo na vida do crente. "Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito" (Gl 5.25). Portanto, em Gálatas, provavelmente a primeira das cartas de Paulo, vemos uma apresentação poderosa da natureza da justificação. A resposta de fé por parte do pecador não apenas o torna justo diante de Deus, mas também produz em sua vida a dinâmica do Espírito, de maneira a levá-lo a realizar as obras de Deus.

ROMANOS

No centro da "boa-nova de grande alegria", proclamada aos pastores em Belém, estava o Salvador, aquele que viera para redimir seu povo. Em sua carta aos romanos, Paulo define e desenvolve o assunto da redenção. E esse o tratado mais ordenado e detalhado a respeito da salvação encontrado no Novo Testamento.
Contexto Por muitos anos, o apóstolo Paulo desejou visitar os cristãos em Roma (Rm 15.23), querendo confirmá-los na fé (Rm 1.11). Pelo fato de ter sido impedido até então, ele se sentia, agora, "pronto a anunciar o evangelho também a vós outros, em Roma" (Rm 1.13-15). Em sua terceira viagem missionária, pouco antes de deixar Corinto (At 20.1-3), Paulo escreveu a carta aos romanos, em substituição de uma visita, e enviou-a aparentemente por meio de Febe, de Cencreia (Rm 16.1, 2). Pouco tempo depois, ele foi capturado em Jerusalém (At 21.27ss.). Consequentemente, chegou a Roma, mas não como um homem livre (At 28.16).
Esboço O tema da carta é redenção (Rm 3.24). Através de todo o livro, Paulo desenvolve cuidadosamente cinco aspectos relacionados a esse assunto: Introdução Rm 1.1-17 Pecado — necessidade de redenção Rm 1.18—3.20 Pecado dos gentios Rm 1.18—2.16 Pecado dos judeus Rm 2.17—3.8 Pecado universal Rm 3.9-20 Justificação — provisão da redenção Rm 3.21—5.21 Santificação — efeito da redenção Rm 6.1—8.39 União com Cristo Rm 6.1-23 Conflito entre as naturezas Rm 7.1-25 Vitória pelo espírito Rm 8.1-39 Judeus e gentios — escopo da redenção Rm 9.1—11.36 Passado de Israel — julgamento de Deus pelo pecado Rm 9.1-33 Presente de Israel — oferta divina de salvação Rm 10.1-21 Futuro de Israel— a promessa divina de restauração Rm 11.1-36 Serviço — fruto da redenção Rm 12.1—15.13 Conclusão e saudações Rm 15.14—16.27
Propósito e conteúdo As palavras introdutórias de Paulo combinam vários comentários de natureza pessoal e teológica (Rm 1.1-17). Ele fala bastante a respeito de si mesmo. E um servo de Cristo, mas também apóstolo (Rm 1.1). Sua comissão é ir às nações (Rm 1.5). Ele é um homem de oração (Rm 1.9, 10), um trabalhador dedicado (Rm 1.13-15) e não se envergonha da mensagem que proclama (Rm 1.16). Além disso, descreve o evangelho como tendo sido profetizado no Antigo Testamento (Rm 1.2), centrado no Filho de Deus (Rm 1.3), o poder que traz salvação para aqueles que creem (Rm 1.16) e a revelação da justiça de Deus para os fiéis (Rm 1.17). A primeira grande divisão da epístola (Rm 1.18—3.20) delineia a condição pecaminosa da humanidade e demonstra a necessidade universal de redenção. Ela apresenta uma ilustração da degeneração espiritual e moral comum a várias classes de pessoas. Com certeza, quando o espírito vai mal, a moralidade também é afetada. Os homens se desviaram do Senhor e se envolveram com a idolatria (Rm 1.21-23); então, "os entregou Deus a paixões infames" (Rm 1.24,26,28). Alguns têm condenado seus semelhantes, mas na verdade eles próprios é que são dignos de condenação (Rm 2.1-3), porque praticam as mesmas coisas. Deus "retribuirá a cada um segundo o seu procedimento" (Rm 2.6). Os gentios, sem a lei escrita dos judeus, trazem dentro de si a voz da consciência (Rm 2.14, 15). Com todos os seus privilégios, os próprios judeus não mantiveram sua vida espiritual, e o nome de Deus tem sido blasfemado entre os gentios por causa do fracasso daquele povo (Rm 2.24-25). O veredicto final declara todos culpados perante a justiça de Deus: ninguém será justificado diante dele por obras da lei" (Rm 3.20). Então, o apóstolo declara a provisão divina (Rm 3.21—5.21). Justificação é a resposta — e esta vem "mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem" (Rm 3.22). Deus é capaz de manter sua justiça, e ainda assim declarar justos os pecadores, por causa da obra redentora de Cristo (Rm 3.24-26). Para ilustrar o princípio da justificação pela fé, Paulo se baseia no exemplo de Abraão (como já havia feito anteriormente, ao escrever sua carta aos gálatas), demonstrando que aquele patriarca foi aceito anteriormente à instituição da circuncisão e à entrega da lei. Portanto, ele foi declarado justo apenas por sua fé (Rm 4.10-13). Tendo sido justificado, o pecador pode se aperceber de alguns dos benefícios (Rm 5.1-11) resultantes da obra do Senhor Jesus (Rm 5.12-21). Em seguida, o apóstolo apresenta o resultado lógico da redenção (Rm 6.1—8.39). As implicações desse novo relacionamento com Deus são muito amplas. Devem ser demonstradas por uma nova vida (Rm 6.11) e uma nova lealdade (Rm 6.12-14). Embora a velha natureza tente se erguer novamente (Rm 7.24), é possível alcançar vitória pela obra do Espírito Santo (cap. 8). Ele nos concede poder (Rm 8.16) e intercede por nós (Rm 8.26). Com certeza, a promessa do Senhor é verdadeira: "A minha graça te basta" (2Co 12.9). Na sequência, Paulo deixa claro o caráter universal de sua mensagem (Rm 9.1—11.36). Ela é tanto para os judeus quando para os gentios. Embora Deus possa ter desprezado o povo de Israel, não desistiu dele (Rm 11.1). Ele é soberano e está dando cumprimento ao seu plano de redenção (Rm 9.19-32). O dia de restauração e bênção para Israel está por vir (Rm 11.25-32). Atualmente, o evangelho se estende a todos e "todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (Rm 10.13). Na última grande divisão da carta, Paulo fala sobre a expressão visível da redenção (Rm 12.1—15.13). Iniciando com um apelo para que seus leitores sejam totalmente consagrados a Deus (Rm 12.1-2), o apóstolo prossegue demonstrando as muitas responsabilidades e os relacionamentos entre os cristãos. Estes devem avaliar-se de maneira sã, à luz da graça de Deus, cumprir seu ministério na igreja (Rm 12.3-8) e manter um relacionamento adequado com seus semelhantes (Rm 12.9-21 ), com as pessoas em posição de autoridade (Rm 13.1-7), com a sociedade (Rm 13.8-14) e com os outros cristãos cujas preferências possam ser diferentes (Rm 14.1-15.13).
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