TRANSBORDANTE

Lucas: Parte II - Judeia  •  Sermon  •  Submitted
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A identidade do cristão baseia-se em sua capacidade de doar-se por amor

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O que faz de você quem você é? O que define a sua identidade? Nós, na verdade, somos um caldeirão. O ingrediente mais básico desta receita são os nossos componentes biológicos. Assim, nós nascemos homem ou mulher, com uma ou outra cor de pele, um tipo de cabelos… Nós também nascemos com traços de personalidade. Tenho dois filhos e eles não poderiam ser mais diferentes um do outro! O que explica que o Samuel possa ser uma criança curiosa, ousada, enquanto o Otávio na mesma idade era mais quieto? Aí, com o decorrer da vida vão surgindo outros ingredientes nesta mistura: nossos relacionamentos, formação escolar, experiências de vida. Nós somos seres complexos. As fontes da nossa identidade são as mais variadas, segundo a providência de Deus.
Uma boa maneira de pensar, mas esta foto me leva a considerações diferentes. Eu penso na infinidade do espaço e como nós somos pequenos em relação a todo o universo e isto me leva a considerar qual o meu papel, qual é o meu significado diante de uma realidade tão vasta.
Certamente, porém, o elemento mais fundamental de nossa identidade são as nossas crenças, as coisas que acreditamos serem verdadeiras, mesmo que elas não sejam. Por exemplo, se eu acredito que todas as pessoas são naturalmente boas, provavelmente minha identidade será a de alguém crédulo, ingênuo até; mas se acredito que as pessoas são naturalemnte más, então provavelmente isto formará em mim uma identidade desconfiada, cínica e até amargurada. Nossas crenças estabelecem nossos valores, que determinam nosso caráter, que vai resultar na maneira como agimos. A isto, nós chamamos de identidade.
Contextualizando a passagem de hoje, você deve se lembrar de minha mensagem de três semanas atrás, Jesus está sendo confrontado primeiro por, provavelmente, fariseus e depois pelos saduceus; mas aqui o Senhor toma a ofensiva. Quero recordar a você que o contexto desta seção diz respeito à autoridade de Jesus.
Eu tenho certeza que você já fez a si mesmo questionamentos semelhantes. É parte da existência humana buscar por sentido, uma necessidade que nos protege do desespero. Ai daquele que abraça os pressupostos de existencialistas como Albert Camus, que escreveu que
Você nunca será feliz se continuar a buscar em que consiste a felicidade. Você nunca irá viver se estiver buscando o sentido da vida” (Albert Camus).
O questionamento que está nos versos 41 a 44 do nosso texto diz respeito à compreensão que o povo tem em relação à figura do Messias, o Ungido de Deus. Sim, era de conheciemnto corrente que o Messias era Filho de Davi. A multidão proclama esta identidade na entrda triunfal, segundo o relato de Mateus. A literatura judaica também o afirmava. Veja, por exemplo estes dois textos apócrifos, que não são livros inspirados, mas que nos servem para entender a mentalidade dos judeus nos dias de Jesus. Primeiro, o texto dos salmos de Salomão:
Veja, Senhor, e levanta-lhes o rei deles, filho de Davi, para reinar sobre Israel, seu servo, no tempo que escolheste, Deus ().
Esta é uma constatação lamentável. Se a vida não tem significado, se apenas passamos por um dia após o outro, o que nos faz sair da cama todos os dias? Há algo de adequado e motivador em pensar que há um propósito maior do que sobreviver apenas.
(SLIDE) Não apenas nós buscamos significância, mas também compreendermos a nós mesmos em relação ao outro e ao mundo que nos cerca. É por isso que o ser humano tem um senso de transcedência, de que existe algo maior do que ele mesmo e que pode receber, conforme a cultura, diversos nomes: Deus, uma energia, o Cosmos… Também por isso, nós procuramos nos relacionar com o nosso semelhante; daí tentarmos nos ajustar a diversos papéis na vida: pai, mãe, marido, esposa, profissional.. Ainda, nós nos relacionamos com o ambiente que nos cerca, por vezes aprimorando-o e outras tantas o destruindo, mas sempre numa relação de transformação.
Parece complicado, mas na verdade é bem simples. Trata-se de entender qual é o nosso lugar no mundo e o propósito para estarmos aqui. O que cremos sobre o nosso significado e o espaço que ocupamos vai resultar em algo precioso, que quero trabalhar com vocês nesta noite, a nossa identidade; e esta identidade tanto pode ser positiva, edificante, quanto negativa e destruidora. Permitam que eu dê a vocês alguns exemplos disto.
Outro dia, perguntei ao meu filho Otávio o que ele queria ser quando crescesse. Ele, não surpreendentemente, disse que queria ser um youtuber (a maioria das crianças na idade dele também quer). Eu perguntei o porquê, e ele me disse que queria ser youtuber para ter muitas curtidas. “Sim, Otávio, mas por que você quer ter muitas curtidas?” “Para ser muito famoso e ter um milhão de dólares para comprar Robucks”, a moeda do joguinho que ele gosta. Para o meu filho, ser famoso é o que define a identidade de alguém.
(SLIDE) Coisa de criança, mas o poder de uma identidade destrutiva, porque baseada em um conceito equivocado de significado está presente na maioria de nós. Veja por exemplo estes dois casos. O primeiro é Michael Jackson. Você sabe que, ao longo da vida, ele se submeteu a muitas cirurgias, para ficar mais parecido com o seu ideal de beleza, a Diana Ross. Para ele, a identidade, além da fama, baseava-se em ser belo.
O outro caso, menos conhecido, é o da cantora Karen Carpenter, vítima ainda nos anos 70 da bulimia. Karen tinha uma das mais belas vozes da música popular de seu tempo, uma voz forte e ao mesmo tempo suave. Durante toda a sua vida, Karen buscou a aprovação de sua mãe, uma mulher tremendamente crítica, que questionava a sua aparência. Uma identidade equivocada, em que ser aceito era o significado maior, acabou vitimando-a ainda jovem.
Eu creio que todos nós desejamos uma identidade saudável
O ser humano foi criado com esta identidade. Foi criado para se relacionar com Deus
Agora, o relato de (LER NO SLIDE):
2Esdras 12.32 NRSV
this is the Messiah whom the Most High has kept until the end of days, who will arise from the offspring of David, and will come and speak with them. He will denounce them for their ungodliness and for their wickedness, and will display before them their contemptuous dealings.
Nós vemos, então, que
Isto implicaria que o Messias seria o legítimo herdeiro do trono de Israel. Esta é, obviamente, a expectativa daqueles que chamavam Jesus de Filho de Davi, um líder político que restaurasse a glória antiga da nação.
É com todas estas ideias na cabeça que Jesus cita a eles o primeiro verso do salmo 110, o texto mais utilizado dos salmos no Novo Testamento, e há uma boa razão para isto, porque ele expande a concepção do Messias a um novo patamar. Qualquer um de nós entende a ilustração simples de Jesus. Nós sabemos que os filhos são subordinados aos pais. É claro, há hoje em dia muito desafio a esta autoridade. Não é raro que nós vejamos filhos insubordinados e rebeldes, mas o princípio geral é de que os pais são senhores de seus filhos. Só que Davi, como Jesus deixa evidente, inverte a lógica, porque Davi, o pai do Messias, o chama de Senhor. Logo, o filho de Davi é anterior a ele e digno de maior reverência que o próprio rei. O que Jesus quer mostrar é que ele não é apenas um Davi Jr. Se Davi era digno de honra, segundo os judeus, quanto mais seria aquele a quem ele chama de Senhor!
É um texto que deve ser compreendido à luz da doutrina da Trindade. A primeira pessoa da Trindade, o Pai, está falando ao Filho, a segunda pessoa. Jesus, como vemos na Escritura e aprendemos dos nossos credos, é coeterno com o Pai. Ele sempre existiu, como nos ensina:
Só que Davi, como Jesus deixa evidente, inverte a lógica, porque Davi, o pai do Messias, o chama de Senhor. Logo, o filho de Davi é anterior a ele e digno de maior reverência que o próprio rei.
João 1.1–2 NVI
No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio.
Por ser igual a Deus, ele é possuidor de autoridade. A direita do rei era reservado ao corregente, aquele que governava com o Rei. É um sinal de honra e, principalmente de poder. É um sinal de que Jesus não era apenas Rei sobre Israel, mas que tinha e tem todo o poder; mas este poder precisa ser consolidado com o triunfo sobre os seus inimigos. O poder de direito precisa tornar-se poder de fato. Isaías profetizou este triunfo ().
Isaías 52.13 NVI
Vejam, o meu servo agirá com sabedoria ; será engrandecido, elevado e muitíssimo exaltado.
O próprio Jesus afirmou esta expectativa ao dizer ():
João 5.23 NVI
para que todos honrem o Filho como honram o Pai. Aquele que não honra o Filho, também não honra o Pai que o enviou.
Mas o caminho da exaltação do Messias passa pela cruz. Não nos esqueçamos, Jesus não está em Jerusalém para sentar-se num trono, mas para ser pendurado numa cruz. A glória do Messias passa pela sua humilhação. Ninguém descreve com mais precisão este caminho do que Pedro, em seu sermão após o Pentecoste ():
Atos dos Apóstolos 2.32–36 NVI
Deus ressuscitou este Jesus, e todos nós somos testemunhas desse fato. Exaltado à direita de Deus, ele recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e derramou o que vocês agora vêem e ouvem. Pois Davi não subiu aos céus, mas ele mesmo declarou: “ ‘O Senhor disse ao meu Senhor: Senta-te à minha direita até que eu ponha os teus inimigos como estrado para os teus pés’. “Portanto, que todo o Israel fique certo disto: Este Jesus, a quem vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e Cristo”.
“Este Jesus, a quem vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e Cristo”. Glória após a humilhação. Um triunfo que se inicia na ressurreição, quando Jesus sujeita a si mesmo até a morte e que se aperfeiçoa quando ele sobe aos céus, de onde reina até que, no seu triunfo final, ele destrua a própria existência do pecado, em sua segunda vinda, como Paulo nos lembra em :
1Coríntios 15.25 NVI
Pois é necessário que ele reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés.
O que o Senhor espera de nós, a partir deste seu estado de exaltação? Se Jesus é o Senhor absoluto de tudo o que existe, como reagimos a ele?
This “remarkable child” soon began composing operas, first in Italy, then in London. By his twenties he was the talk of England and the best paid composer on earth. He opened the Royal Academy of Music, and the next several years were intoxicating. Londoners fought for seats at his every performance, and his fame soared around the world.
This “remarkable child” soon began composing operas, first in Italy, then in London. By his twenties he was the talk of England and the best paid composer on earth. He opened the Royal Academy of Music, and the next several years were intoxicating. Londoners fought for seats at his every performance, and his fame soared around the world.
But the glory passed. Audiences dwindled. His music became outdated. The Academy went bankrupt, and newer artists eclipsed the aging composer. One project after another failed, and Handel grew depressed. The stress brought on a case of palsy that crippled some of his fingers. “Handel’s great days are over,” wrote Frederick the Great, “his inspiration is exhausted.”
But the glory passed. Audiences dwindled. His music became outdated. The Academy went bankrupt, and newer artists eclipsed the aging composer. One project after another failed, and Handel grew depressed. The stress brought on a case of palsy that crippled some of his fingers. “Handel’s great days are over,” wrote Frederick the Great, “his inspiration is exhausted.”
Messiah opened in London to enormous crowds on March 23, 1743. Handel led from his harpsichord, and King George II, who was present that night, surprised everyone by leaping to his feet during the Hallelujah Chorus. No one knows why. Some believe the king, being hard of hearing, thought it the national anthem. No matter—from that day audiences everywhere have stood in reverence during the stirring words: Hallelujah! For He shall reign forever and ever
Yet his troubles also matured him, softening his sharp tongue. His temper mellowed, and his music became more heartfelt. One morning Handel received by post a script from Charles Jennens. It was a word-for-word collection of various biblical texts about Christ. The opening words from Isaiah 40 moved Handel: Comfort ye my people.…
Yet his troubles also matured him, softening his sharp tongue. His temper mellowed, and his music became more heartfelt. One morning Handel received by post a script from Charles Jennens. It was a word-for-word collection of various biblical texts about Christ. The opening words from Isaiah 40 moved Handel: Comfort ye my people.…
On August 22, 1741, he shut the door of his London home and started composing music for the words. Twenty-three days later, the world had Messiah. “Whether I was in the body or out of the my body when I wrote it, I know not,” Handel later said, trying to describe the experience.Messiah opened in London to enormous crowds on March 23, 1743. Handel led from his harpsichord, and King George II, who was present that night, surprised everyone by leaping to his feet during the Hallelujah Chorus. No one knows why. Some believe the king, being hard of hearing, thought it the national anthem. No matter—from that day audiences everywhere have stood in reverence during the stirring words: Hallelujah! For He shall reign forever and ever
On August 22, 1741, he shut the door of his London home and started composing music for the words. Twenty-three days later, the world had Messiah. “Whether I was in the body or out of the my body when I wrote it, I know not,” Handel later said, trying to describe the experience.Messiah opened in London to enormous crowds on March 23, 1743. Handel led from his harpsichord, and King George II, who was present that night, surprised everyone by leaping to his feet during the Hallelujah Chorus. No one knows why. Some believe the king, being hard of hearing, thought it the national anthem. No matter—from that day audiences everywhere have stood in reverence during the stirring words: Hallelujah! For He shall reign forever and ever
Sim, ele digno de honra. O último verso do salmo 2 descreve esta necessária resposta. . O Filho deve ser alvo de nossa honra; mas não apenas uma honra de lábios, mas de vida, de obediência. De nada vale chamar Jesus de Senhor, se não estamos dispostos a obedecer. Vejam o que diz o profeta . Infelizmente, há muitos tolos que acreditam que uma simples confissão de fé, de dizer “eu acredito em Jesus” seja o suficiente para nos colocar num relacionamento correto com Deus. Sim, a salvação é pela graça, como Paulo nos adverte, mas o complemento é importante: somos salvos para boas obras.
Salmo 2.12 NVI
Beijem o filho, para que ele não se ire e vocês não sejam destruídos de repente, pois num instante acende-se a sua ira. Como são felizes todos os que nele se refugiam!
Malaquias 1.6 NVI
“O filho honra seu pai, e o servo, o seu senhor. Se eu sou pai, onde está a honra que me é devida? Se eu sou senhor, onde está o temor que me devem?”, pergunta o Senhor dos Exércitos a vocês, sacerdotes. “São vocês que desprezam o meu nome! “Mas vocês perguntam: ‘De que maneira temos desprezado o teu nome?’
Mas nós estamos falando de identidade, não é mesmo? O que a identidade de Jesus tem a ver com a nossa identidade?
Estes versos que acabamos de analisar servem como uma chave de interpretação para o que vem a seguir. Sim, porque a identidade do Messias é estabelecida com base na noção de que a glória passa pela humilhação, pela atitude de, como Jesus, colocar-se como servo de nosso próximo, não como senhor dele.
Nos versos 45 a 47, Jesus exorta aos seus discípulos a tomarem cuidado com os mestres da Lei. Não é algo apenas endereçado aos discípulos, entretanto. Não vamos nos esquecer de que Jesus está no Templo, falando a todo o povo, que também ouve este alerta. Aliás, devemos nos admirar com a ousadia de Jesus, porqe certamente os mestres da Lei o estão ouvindo! O cuidado que os discípulos deveriam tomar não era apenas de colocar-se em guarda contra a hipocrisia dos escribas (fariseus em sua maioria), mas de não se tornarem como eles.
O que eles deveriam evitar? Estes mestres da Lei amavam ser notados, ser tomados como distintos no meio da multidão. Eles vestiam-se de roupas especiais, uma capa sobre a túnica básica, que era um sinal de prestígio, algo como se eu aparecesse para pregar hoje usando um terno Armani ou Salvatore Ferragamo. Quando na sinagoga, gostavam de ocupar o lugar central, onde fossem vistos por todos. Nas ocasiões sociais, brigavam pelo lugar à direita do anfitrião, o lugar de honra da festa. Faz pensar na cultura das celebridades, não é mesmo? Pior, faz pensar que esta cultura está presente até mesmo no assim chamado meio gospel...
Mas a sua justiça é como joia no focinho de uma porca, pra usar a linguagem dos Provérbios. Era o cal dos sepulcros que cobria a sua podridão. William Barkley dizia que o orgluho é o solo em que todos os outros pecados crescem, e no caso destes homens isto era completamente verdadeiro. A desfaçatez destes homens era tão grande, que eles exploravam as viúvas pela via da fé e, depois, para disfarçar, faziam orações longas e complexas. É a injustiça disfarçada pela piedade.
Quanto deste espírito não está presente hoje, irmãos! De líderes religiosos que se aproveitam da fé alheia sob uma capa de devoção. Nós nos lembramos, aqui, de casos como a comprea da TV Record pela Igreja Universal, um negócio que tornou Edir Macedo em um pastor bilionário; ou do médium João de Deus, preso após abusar de centenas de mulheres. São casos escandalosos, mas há também a impiedade daqueles maus pastores, que alimentados pelo seu rebanho, dedicam a maior parte do seu tempo aos seus projetos pessoais, que não hesitam em deixar um campo por outro que pague mais. Há ainda a negligência de presbíteros que não pastoreiam o rebanho de Deus ou que ocupam o seu ofício apenas como uma satisfação ao seu desejo por poder. de tudo isto o Senhor pedirá contas. Acautelemo-nos, líderes do rebanho, de não sermos encontrados no mesmo pecado, pois um grande juízo nos aguarda.
Mas esta é uma aplicação secundária deste texto, porque, lembremos, nós estamos falando de identidade, sobre como erguemos as bandeiras que nos tornam reconhecíveis diante de Deus e diante do mundo e o que esperamos obter. Os escribas de quem Jesus fala moldavam uma imagem exterior de piedade e respeitabilidade, com o fim de serem exaltados pelo povo. Eles não são muito diferentes de nós. Nós queremos ser reconhecidos como bons no que fazemos. Queremos que as pessoas nos vejam como bons pais, bons crentes, funcionários exemplares e dignos de admiração; mas nós não percebemos que, ao fazê-lo, nós estamos acumulando tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem. Não que buscar a excelência em tudo o que fazemos seja mau, muito pelo contrário, é nosso dever; mas se a motivação for construir para nós um altar em que o eu seja adorado, então estamos no caminho errado.
O caminho certo é aquele que a viúva dos versos 1 a 4 abraça. Os ricos chegavam-se no gazofilácio do Templo e depositavam sacos de moeda que faziam muito barulho, gerando admiração por sua suposta generosidade; mas Jesus mostra ode estava o vício desta prática aparentemente piedosa: ela não envolvia sacrifício, não envolvia negação, era uma afirmação de si mesmo a partir de suas próprias sobras.
Então surge o contraponto e que ilustra bem o ponto de Jesus. Uma viúva pobre, daquelas que provavelmente os escribas devoravam, deposita no gazofilácio a menor oferta aceitável do Templo, duas moedinhas de cobre. O valor atualizado seria como algo em torno de 57 centavos. Dua moedinhas que não fizeram nenhum barulhinho ao caírem no tesouro. Pode parecer pouco, mas o grego do texto nos dá a entender que esta era uma quantia que a mulher ofertava a partir de sua estado de privação. É uma oferta que ela faz com risco de sua própria sobrevivência.
Veja, não é a quantia o importante aqui. Nós tendemos a valorizar mais o montade da oferta que o sacrifício envolvido. Eu explico. Alguns de vocês são bons em matemática. Fazer uma prova que envolva, por exemplo, trigonometria, seja algo que vocês tiram de letra. Para que eu faça a mesma prova, eu deveria estudar muito, porque sou péssimo com números. Se ambos tirarmos nota dez na mesma prova, quem terá tido a maior conquista? Assim, a oferta da viúva foi muito maior que a dos ricos, porque envolvia uma oferta de si mesma. Bela a ilustração de Charles Spurgeon aqui:
É bom que esteja em nosso coração hoje fazer algo para a glória de Deus. Como diz um velho puritano, damos como símbolos de amor um centavo rachado ou uma flor que logo desaparece. É aceito como um sinal de amor, não por seu valor intrínseco, mas como um emblema do que nosso coração sente e faria se pudesse. Assim é com o Senhor e o serviço que seu povo procura prestar a ele. Ele toma nossos insignificantes e faz muito deles.
É aqui que o transbordante do título de nossa mensagm faz sentido. Esta mulher transbordou de amor pelo Senhor, numa expressão simples de adoração. A sua identidade não foi afirmada pelos homens, mas por Deus. A sua exaltação não se deu nas praças, mas no céu; e aqui é que nos deparamos com o segredo da verdadeira identidade: nós somos nós que a conquistamos, mas é Deus quem a dá. Ela não depende do que obtemos, mas do que renunciamos. Não são os homens que nos dão a recompensa dela, mas o Senhor.
Ela é afirmada quando nego a mim mesmo, tomo minha cruz e sigo o Senhor em seu sofrimento. Quando não emprego todos os meus recursos para minha satisfação, mas exerço generosidade para com o necessitado. Quando o meu desejo de “venha a nós o teu Reino” é maior que nossa ansiedade quanto ao pão de cada dia. É a riqueza para Deus, que homem algum pode nos roubar.
Mas dissemos que a revelação de Jesus como o Messias triunfante é a chave para entendermos esta identidade transbordante de amor. Agora explico. Ninguém encarnou esta identidade de modo tão perfeito quanto o nosso Salvador. Sim, porque ele é o Deus altíssimo, o Filho e Senhor de Davi. Todas as coisas estão debaixo do seu domínio… mas ainda assim ele se humilhou e se deu, sacrificialmente. Sua oferta foi muito maior que a da viúva, pois ele derramou sua vida como uma prova de amor, a Deus e por nós.
A má notícia desta passagem é que nosso egoísmo jamais permitirá que esta identidade seja edificada por nós. Mesmo quando agimos corretamente, ainda assim desagradamos a Deus por procurar construir uma identidade justa para nós que não dependa dele. Martin Luther King definiu muito bem esta questão, ao dizer que
“Um homem pode ser autocentrado na negação de si mesmo e buscar justiça própria em seu sacrifício. Sua generosidade pode alimentar seus olhos e sua piedade o seu orgulho. Sem amor, benevolência e martírio tornam-se em orgulho espiritual” (Martin Luther King).
A boa notícia, entretanto, é que esta identidade já é nossa, se nós temos um novo coração, dado por Cristo quando o recebemos pela fé. Cabe agora cultivar esta identidade, deixando-a transparecer pelas nossas ações; e então, quando ela ressoar em nós, o triunfo do Senhor estará completo em nós. Sua glória se verá através da Igreja que ele comprou com seu sangue e seu nome será exaltado na vida dos crentes.
A boa notóicia, entretanto, é que esta identidade já é nossa, se nós temos um novo coração, dado por Cristo quando o recebemos pela fé. Cabe agora cultivar esta identidade, deixando-a transparecer pelas nossas ações; e então, quando ela ressoar em nós, o triunfo do Senhor estará completo em nós. Sua glória se verá através da Igreja que ele comprou com seu sangue e seu nome será exaltado na vida dos crentes.
Que a vida de cada um de nós possa ser uma fonte transbordante de amor, para a glória do Rei dos Reis.
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