Qual é a sua motivação?

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Implicações práticas das misericórdias de Deus na vida do crente

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Introdução

Há quem diga que a carta de Paulo à igreja em Roma seja o livro mais importante da Bíblia. Se todos os outros 65 livros da Bíblia desaparecessem ou não existissem, dizem alguns estudiosos, ainda seria possível ter um bom entendimento sobre as misericórdias de Deus reveladas no Evangelho. Isso já seria o suficiente para o leitor entender como se pode ser salvo.
E uma marca registrada de Paulo em suas cartas é a forma com a qual ele as divide. É plenamente possível dividir cada carta paulina em pelo menos duas seções: doutrina e aplicação; teologia e ética; palavra e vida. São dois conceitos que não se podem jamais ser separados. Caso o divórcio aconteça, a morte espiritual do crente é iminente. Não existe boas práticas sem doutrina, da mesma forma que a doutrina que não leva a prática, é morta e leva a morte. Fique apenas com a doutrina e vire um fariseu, um hipócrita ou um ator; fique apenas com a prática e viva com um cego caminhando em direção ao precipício.
A carta aos Romanos não é diferente. Se fôssemos dividir esta carta em duas seções lógicas, o capítulo 12, que acabamos de ler, seria exatamente o início da segunda parte. Seria o que acabamos de denominar como aplicação. É a retirada da doutrina do forno para se colocar o bolo no prato e comer. Isso significa que Paulo, nesta mesma carta, discorreu sobre teologia. Sim, teologia. Não se assuste e nem fique fatigado em ouvir essa palavra. Todo crente que é crente, é teólogo. Teologia é o estudo diligente da natureza, atributos de Deus e sua relação com a criação. Se você abre a sua bíblia para saber mais sobre o ser de Deus e o que ele fez e faz, você é um teólogo. Se somos crentes, somos todos teólogos.
Paulo então passa 11 capítulos falando sobre aquilo que ele chamaria de as misericórdias de Deus no versículo 1 do capítulo 12. A misericórdia de Deus significa que um dia Deus olhou para a miséria do seu povo e jogou o seu coração sobre ela. Deus se compadece das misérias do homem. Por essa razão não é possível enfatizar o bastante o quão importante é que tenhamos um elevado senso das implicações que a misericórdia de Deus nos traz.

I- Pelas misericórdias de Deus devemos exortar uns aos outros

“Rogo-vos... pelas misericórdias de Deus”

Há certas necessidades que não são relevantes à maioria. Talvez você acorde todas as manhãs, vá até a padaria e peça ao atendente: “Me vê três reais de pão, por favor”. Esse não é um pedido urgente. E isso pode ser facilmente deduzido pela maneira simples com a qual se pede. Agora vá ao hospital na área de maternidade ou até mesmo na emergência. Talvez você encontre pessoas desesperadas de dor; uma mãe que geme antes de dar à luz ao seu filho pedindo desesperadamente ajuda através de um grito de socorro. Esse é um pedido urgente. É um pedido de vida ou morte. Não é um pedido simples, é uma súplica.
E é dessa forma que Paulo, supervisionado pelo Espírito Santo, de tal forma que podemos dizer que Deus fala por intermédio de Paulo aqui. Deus súplica a igreja. Não é um pedido trivial, é um rogo. Ele insta. Ele não diz: “olha, quando vocês puderem façam isso..” ou, “quando vocês tiverem um tempo façam isso...”. O Espirito Santo está dizendo à igreja: “Eu lhes suplico! Eu estou instando a vocês! Vocês precisam colocar isso em prática”.
E sabe irmãos, eu tenho 30 anos de idade. Quem me conhece sabe que eu detesto bajular e ser bajulado. Mas aqui em minha frente tem homens de Deus muito mais experientes do que eu, com muita quilometragem de vida com Deus que ainda preciso atingir. Mas como aluno ouvinte assíduo de sermões, digo com propriedade: falta esse senso de urgência nos púlpitos e falta o entendimento dessa urgência nos bancos das igrejas. Essa mesma urgência que Paulo coloca aqui.
Em algumas igrejas por aí a fora a pregação virou um show de comédia e os púlpitos viraram palcos para piadas. A missão é fazer o povo rir, se divertir. E muita gente vai com esse fim. A instrução, a exortação e a admoestação ficaram em segundo em plano. Não se pode mais dizer o que se deve fazer porque do contrário se perde membros. Sabe o por quê? Ainda não entenderam de onde Deus os tirou e onde Deus nos colocou.
Talvez hoje um bom celular custe entre 700 e 900 reais. Se ele cair agora no chão e rachar a tela, muita gente vai entrar em desespero. Hoje se tornou algo vital. Há quem diga que se sair sem celular na rua é a mesma coisa que sair nu. Virou uma urgência, algo indispensável. E hoje tem pregadores que sobem ao púlpito e dispensam a urgência de fazer com que o povo reconheça a misericórdia de Deus.
Alguns, ainda jovens, imploram ao pastor e ao líder que se faça algo diferente para motivar a igreja porque do contrário eles vão buscar outra. E aqui eu vejo Paulo implorando, rogando, suplicando ao que estavam em Roma: “Irmãos, isso é urgente e é tão urgente que a motivação com a qual eu escrevo a vocês são as misericórdias de Deus!”.
Sabe o que vai colocar senso de urgência na pregação? O senso da misericórdia de Deus. Sabe o que vai motivar você meu jovem? O senso da misericórdia de Deus. Saber de onde Deus lhe tirou. Sabe o que vai fazer você acordar cedo? O entendimento da misericórdia de Deus! Se você não sabe e não reconhece de onde Deus lhe tirou e o que ele tem feito por você na sua miséria, a fonte da sua motivação estará em um ídolo. Não existe meio termo.
Deus nos transportou do reino das trevas para o reino do Filho do seu amor; Ele nos perdoou mesmo sendo Santo; ele nos justificou mesmo ainda sendo culpados; ele nos adotou quando éramos órfãos. Aí está o senso de urgência.

II- Pelas misericórdias de Deus devemos viver em família

“Rogo-vos... pois irmãos”

Certa vez na Polônia, nos reunimos com alguns dos líderes para definir sobre temas de pregação que seriam importantes ao estrangeiro. E dentre esses temas foi-se sugerido o tema família. Cracóvia é uma cidade globalizada, com pessoas de várias nações. A partir disso, nota-se a dificuldade do imigrante em se estabelecer dentro de uma comunidade. Ainda que estejam cônjuge e filhos, o sentimento é que ainda falta uma família. Ainda existem membros que não estão presentes.
A igreja em Roma também era assim. No primeiro século a maior cidade do império era tomada pela classe pobre. Era uma cidade globalizada naquela época. Judeus, gregos, romanos. O número de escravos aumentou consideravelmente naquele período. E a igreja em Roma se tornara uma igreja multicultural naquela ocasião.
Partindo desse princípio, como Paulo se direciona à igreja? “Suplico-vos pessoal!”; “suplico-vos camarada!”; “suplico-vos galera!” ou melhor “Suplico-vos pastores, bispos e líderes!”. Foi assim? Não! “Suplico-vos, irmãos”. O senso que Paulo tinha da misericórdia de Deus o fez entender que apesar do ofício nós viemos do mesmo lugar, estamos indo para o mesmo lugar, chegaremos ao mesmo destino e somos filhos do mesmo Pai. Pronto.
Olha judeu, você não é melhor do que grego. Olha grego, você não é superior a judeu. Olha romanos, vocês não são inferiores a judeus e gregos. Deus encontrou vocês na mesma miséria que os gregos e os judeus: destituídos da glória de Deus; inimigos de Deus; indesculpáveis diante de Deus; sob a maldição do pecado; representados por Adão; e agora Deus está lhe santificando de glória em glória; agora vocês tem paz com Deus; agora vocês são perdoados por Deus; Deus os libertou do pecado; agora vocês são representados não mais por Adão, mas por Cristo, o justo; o reto; o redentor; o pão da vida; o desejado das nações; a raiz de Davi. E vocês não pagaram por vocês mesmos, mas foram comprados pelo mesmo preço!
Pare de olhar para o seu irmão com sentimento de superioridade; Pare de olhar para o espelho e se sentir inferior a tudo e todos. O Espírito Santo habita em você; vocês foram comprados por alto preço. A sua autoestima não está nas suas habilidades e no seu currículo. O seu valor está nas misericórdias do Senhor! Aleluias! Louvado seja o Senhor!
E eu quero que você perceba que Paulo não diz “pela misericórdia do Senhor”, ele diz “pelas misericórdias do Senhor”. Um ato de misericórdia do Senhor pode ter sido lhe trazer são e salvo aqui neste templo. Outro ato de misericórdia pode ter sido ele ter te perdoado por um pecado que você tenha cometido ainda hoje.
Agora que misericórdias são essas que Paulo está dizendo aqui? O que Paulo está dizendo é o seguinte: “Olha, você estava destituído da minha glória rapaz e agora eu lhe faço brilhar em Cristo”, uma misericórdia; “Olha rapaz, você era meu inimigo, você não tinha paz comigo, mas eu lhe reconciliei comigo mesmo”, mais uma misericórdia; “Olha, o seu representante, Adão, falhou diante de mim, mas eu lhe dos um representante à minha altura”, mais uma misericórdia; “Olha, as suas melhores obras, fora de Cristo, era más diante dos meus olhos, mas eu lhe declaro inocente pela fé”, mais uma misericórdia.
E aí acabou? Fala a verdade. Pra quem estava perdido, destinado ao sofrimento eterno isso tá bom demais né. Mas Deus é o pai das misericórdias. Aí ele diz assim ó: “Eu te dou o meu Espírito, e o torno filho por adoção!!”. Gente presta atenção! Já seria mais que suficiente ser liberto do pecado e morar na eternidade, mas Deus quis te fazer filho dele. Então viva como filho obediente e não filho da desobediência!
Senso da misericórdia de Deus! Quando a gente entende isso, a gente entende o que nós éramos sem Deus e o que nós somos em Deus.
As misericórdias de Deus nos impele a oferecermos a ele a nossa adoração.

III- Pelas misericórdias de Deus devemos oferecê-lo todo o nosso ser

“Apresentem o vosso corpo... a Deus”

Hoje é domingo. Dia em que muitos tem o costume de dizer: “hoje é o dia do Senhor”. Não é ruim, mas é perigoso. Paulo não está aqui preocupado sobre o dia e a hora do culto no templo ou sobre a duração do culto dominical. Paulo está falando sobre a extensão do culto. Até onde vai o culto a Deus.
Permita-me exemplificar. A nação de Israel viu de perto as misericórdias de Deus. Foram retirados do Egito e vitoriosos sobre Faraó pela mão forte de Deus. Deus os estabelece como nação eleita para manifestar às nações vizinhas a sua glória. Dentro dessa missão, Deus deu um código de ética para o seu povo, e dentro desse código existiam também as leis do culto. Uma dessas prescrições era de que o lugar oficial de culto seria na cidade de Jerusalém, no templo. Mas Deus não estabeleceu apenas o lugar, ele também decretou o passo a passo para realização das cerimônias.
Acontece que num determinado período de sua história, Israel até continua oferecendo cultos ou sacrifícios a Deus. Mas Deus já não os aceita mais apesar de serem oferecidos no lugar proposto na aliança e do jeito prescrito na aliança. E Deus num determinado momento, através dos profetas, revela a razão: vocês não me adoram com o seu coração. Deus diz: eu não quero ser honrado apenas em Jerusalém, eu quero ser honrado também quando vocês saem de Jerusalém.
Aqui em Jerusalém e no templo, vocês vestem as suas roupas bonitas; vocês obedecem (olha que em muitos casos, não) a prescrição de como deve ser a liturgia do culto; vocês chegam na hora marcada; vocês podem até oferecer os melhores cordeiros; os melhores cânticos, afinadíssimos. Mas quando vocês saem de Jerusalém o culto acaba. Volta a prostituição; volta a idolatria; volta a injustiça.
O que Paulo no original está dizendo que é o culto precisa ser oferecido com a totalidade de quem você é. O escopo do culto não termina quando se sai por aquelas portas. O culto não termina em Jerusalém.
Honre ao seu Senhor no seu trabalho, trabalhando não para se sustentar mas para agradar a Deus; ofereça o seu corpo a Deus no meio familiar; ofereça-se a Deus na sua escola.
Quando reconhecemos a misericórdia de Deus, não há como oferecer menos a Deus do o nosso próprio ser.
E como deve ser essa oferta? Qual é a qualidade ou as qualidades?

“Como Sacrifício vivo...”

Eram inúmeros os sacrifícios. Existia sacrífico para muitas ocasiões, com diferentes ingredientes e cerimônias. Mas todo sacrifício envolvia a vida de um animal, esse teria que ser sacrificado. Morto. O que Deus está dizendo aqui é que ele está varrendo do altar os cordeiros e quer que você se coloque lá. Mas o sacrifício que é oferecido pela misericórdia de Deus não é um sacrifício que leva a morte, mas leva a vida.
O sacrifício vivo é alicerçado naquele mesmo sacrifício da cruz; o sacrifício que é baseado nas misericórdias de Deus Lucas explica bem em Atos 1:3: “A estes também, despois de ter padecido, apresentou-se vivo, e com muitas provas incontestáveis”. Sacrifício não é barato, é caro. Demanda preço alto. Tem sacrifício que traz marcas permanentes, mas são marcas de vida. Jesus é o sacrifício vivo definitivo; a oferta que milhares e milhares de carneiros jamais poderia substituir. E hoje ele está aqui para recebê-lo como sacrifício.
Talvez essa situação difícil que você está vivendo e que mesmo assim não tem sido suficiente para que você deixe de lado o seu culto a Deus servirão para fazer você viver. Viva a cada dia um sacrifício diferente pelas misericórdias do Senhor na sua vida.
A motivação do seu sacrifício não deve ser a recompensa, mas a misericórdia. Não faça para receber, faça porque recebeu. Não faça para ser visto, faça porque foi visto. Não faça para ser salvo, faça porque foi salvo. Sacrifício vivo só dá pra ser oferecido quando contemplamos as misericórdias de Deus. Quer prova disso?
Quais foram os primeiros sacrifícios oferecidos a Deus na Bíblia? Caim e Abel. Aí a Bíblia diz que Abel ofereceu das primícias e Caim ofereceu do fruto da terra. É claro que nós não vamos cair no erro de dizer que Deus aceitou a oferta de Abel porque a oferta em si mesma era superior. Mas Deus aceitou a oferta de Abel porque foi oferecida com fé! E o que é fé? A certeza das coisas que se esperam e a convicção das coisas que não se podem ver. Deixa eu te perguntar: você já viu Jesus na sua frente? Você viu Jesus sendo crucificado? Você viu Deus justificando você? Não! Mas você entende as misericórdias de Deus. Sabe por que Deus rejeitou Caim e a oferta dele? Porque Caim não havia entendido as misericórdias de Deus.
Quer prova disso? Qual foi a reação de Caim quando Deus rejeitou a oferta dele e aceitou a de Abel? Ficou irado e emburrado! Sabe qual era o pensamento de Caim? Você está sendo injusto comigo. Sabe o que Caim não havia entendido aqui? Caim não tinha entendido o tamanho do estrago que o pecado havia feito na relação dele com Deus e na relação dele com a criação.
Sabe quando a gente vai entender a misericórdia de Deus? Quando a gente perceber que no estado em que fomos encontrados por Deus, nenhuma boa obra que fizéssemos seria capaz de mudar a nossa posição diante de Deus. Salvo um, e qual é?
O seu sacrifício hoje só é aceito por causa da misericórdia de Deus revelada em Cristo meu irmão.

IV- Pelas misericórdias de Deus devemos nos inconformar com os padrões mundanos

“E não vos conformeis com este século”

As misericórdias de Deus não são apenas a base para o nosso relacionamento com Deus, mas também do nosso relacionamento com o mundo. E Paulo, tendo como base as misericórdias de Deus continua sua exortação dizendo que você e eu não devemos nos conformar com este mundo.
Paulo está dizendo que as eras tem o poder de moldar o homem. E o mundo pós-moderno tem dado forma aos ímpios. A desconstrução de todos os valores absolutos são evidentes.

V- Pelas misericórdias de Deus devemos renovar as nossas mentes

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