#7 - O grande Peixe de Jonas

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O Grande peixe de Jonas

O grande peixe de Jonas
Jonas 1.17
Deparou o Senhor um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites no ventre do peixe (Jn 1.17).
Para Jonas, sua fuga de Deus conhecia apenas uma direção: para baixo. Ele “desceu a Jope” para encontrar o navio destinado a Társis (Jn 1.3). Ele “desceu ao porão” do navio e dormiu enquanto a tripulação estava em perigo (Jn 1.5). Quando a sorte caiu sobre ele e a tempestade continuava a castigar o navio, Jonas foi lançado no mar, e ele desceu para as profundezas mortais. O mesmo acontece com todos que se revoltam contra Deus. O. Palmer Robertson escreve:
O pecador afunda. Ele inicia sua queda com seus próprios atos de tolice. Ele tenta fugir da vontade de Deus e tropeça nos laços de seus próprios sapatos. É simplesmente um fato: nada pode estar em sua devida ordem quando você vive em rebelião contra a vontade de Deus […] As circunstâncias da vida o derrubarão. Seu próprio espírito interior o derrubará. A mão do Senhor o derrubará.
A notícia ruim para Jonas é que, a cada ação dele, Deus reage de forma soberana. Mas o que parece ser uma notícia ruim é, na verdade, uma notícia boa, pois a mão de Deus que castiga pretende abençoar. Às vezes, os fiéis caem no fundo do poço mesmo quando confiam em Deus.
José descobriu isso quando foi preso por ter obedecido a Deus. Mas ele descobriu também que Deus estava com ele no fundo do poço. O maior exemplo desse princípio foi a descida de Jesus para a escuridão da morte.
Robertson escreve:
“Da cruz, ele desceu para o túmulo. Mas de lá ele se levantou em glória para reinar à direita do Pai”.
Jonas parece não se encaixar bem nessa companhia, já que sua descida havia sido provocada pelo seu pecado. Mas até ele descobriu a graça de Deus na profundeza. Ele, como filho de Deus, descobriu o poder da ressurreição, de forma que, no abismo, encontrou a graça salvífica de Deus.

Milagre ou mito?

Jonas 1.17 nos apresenta ao episódio mais famoso dessa história, pois fala do grande peixe que resgatou Jonas das profundezas. O texto afirma que “deparou o Senhor um grande peixe, para que tragasse a Jonas”. Infelizmente, questões relacionadas ao grande peixe têm preocupado muitos leitores, já que estas distraem nossa atenção do significado real do livro.
Thomas Carlisle escreveu ter cometido esse erro: “Eu fiquei tão obcecado com o que estava acontecendo dentro da baleia que ignorei o drama ocorrendo dentro de Jonas”.
E como observou Lloyd Ogilvie: “O sujeito da […] oração não é o peixe grande, mas o Senhor”, portanto, nossa atenção deveria focar naquilo que Deus fez e não no peixe.
Uma razão para a atenção excessiva dedicada ao peixe grande – a palavra hebraica é um termo genérico para “peixe”, não necessariamente uma baleia – é que a erudição liberal tem apontado suas armas para este versículo. Mostrando que a Bíblia está claramente equivocada em relação ao grande peixe de Jonas, ela espera derrubar a autoridade geral das Escrituras Sagradas.
Os liberais argumentam que o livro de Jonas está contando uma fábula, já que é impossível acreditar que um homem tenha sido engolido por um peixe e que tenha vivido dentro dele por três dias antes de ser cuspido na praia. No centro da objeção liberal, encontra-se, é claro, a indisposição de reconhecer a possibilidade do milagre. Apenas excluindo primeiro o sobrenatural é que os liberais são capazes de excluir a possibilidade do peixe de Jonas.

A morte nas profundezas

É importante defendermos a validade do texto. Para nós que reconhecemos que Deus realiza milagres no nosso mundo, a questão mais importante é o significado do texto. O primeiro tema que devemos considerar é o relacionamento entre a descida de Jonas para as profundezas do mar e a morte expiatória de Jesus Cristo.
Como escreveu o pai da igreja Tertuliano: “O que ele sofreu foi um tipo do sofrimento do Senhor, pelo qual outros seriam também seriam remidos”.
Nesse sentido, deveríamos observar o simbolismo de morte na linguagem de Jonas sobre o mar profundo. Quando pensamos no dilúvio de Noé, em Moisés no Mar Vermelho e em Josué atravessando o Rio Jordão, percebemos que o mar simboliza o poder da morte de engolir e destruir.
Jacques Ellul comenta: “As águas são o poder da morte e do afogamento. Aquele que é lançado nelas é lançado na morte. Aquele que passa por elas atravessa a morte”.
Além do mais, a declaração de que “… esteve Jonas três dias e três noites no ventre do peixe” (Jn 1.17) fala da morte, visto que este era o tempo tradicional para confirmar uma morte.
Jesus, por exemplo, esperou até que seu amigo Lázaro tivesse passado quatro dias no túmulo antes de chegar para ressuscitá-lo (Jo 11.39), para que ninguém duvidasse de que Lázaro havia realmente morrido. E, é claro, o próprio Jesus permaneceu no túmulo durante três dias, também para confirmar que ele não havia apenas desmaiado, mas realmente sofrido a morte.
Na verdade, nossa interpretação da descida de Jonas e de seu tempo no grande peixe precisa ser moldada pelo ensinamento de Jesus.
Alguns fariseus haviam exigido que Jesus provasse sua identidade por meio de milagres, ao que Jesus respondeu: “Uma geração má e adúltera pede um sinal; mas nenhum sinal lhe será dado, senão o do profeta Jonas. Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra” (Mt 12.39–40).
Isso indica que a “morte” de Jonas na barriga do peixe prefigurou os dias de morte que Jesus Cristo sofreria no túmulo, após sua crucificação por nossos pecados.
A experiência de Jonas nesse túmulo de água nos ensina pelo menos três coisas sobre a morte e ressurreição de Jesus Cristo.
A primeira é que o fim do juízo de Deus é a morte. Quando Jonas foi engolido pelo grande peixe, este era o auge de seu julgamento por Deus. No que dizia respeito a ele, seu “sepultamento” era um julgamento final sem retorno.
Jacques Ellul escreve: “É o juízo de Deus. O peixe é, na verdade, uma espécie de inferno. Assim, Jonas passou pela agonia e pela morte, e chegou a esse inferno preparado por Deus para impor a separação total entre homem e Deus”.
Isso nos lembra de que o inferno é o fim de todo desejo de fugir de Deus. Jonas estava à procura de um lugar em que ele pudesse escapar da presença do Senhor, e a barriga do grande peixe nas profundezas era a realização de seu desejo rebelde.
Tudo isso e mais foi o que Jesus sofreu em nosso lugar por meio de sua morte na cruz. O Senhor da glória e da vida sofreu a ira de Deus pelos nossos pecados naquele juízo final da morte. “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”, Jesus exclamou (Mt 27.46).
Sua experiência na cruz não foi menos terrível do que aquilo que Jonas passou na barriga do peixe; era mais terrível ainda. Jesus voluntariamente tomou sobre si a morte que nós merecíamos pelos nossos pecados.
Como Jonas, cada pecador segue um caminho de pecado que só pode levar para a perdição da morte; mas, em sua graça, Jesus sofreu essa morte em nosso lugar na cruz. Assim como a morte de Jonas nas profundezas afastou a tempestade dos marinheiros, a cruz de Jesus remove a ira de Deus dos nossos pecados.
Por meio da cruz, Jesus pagou o preço pelo pecado (expiação), apaziguou a ira de Deus contra os pecadores (propiciação) e restaurou aqueles que creem ao favor e à comunhão com Deus (reconciliação). A morte de Jesus obtém um novo coração (regeneração), um novo histórico (perdão/justificação) e um novo futuro (vida eterna) para todos que confiarem nele como seu Senhor e Salvador.
Os três dias de Jonas no peixe ressaltaram que o salário do pecado é a morte e que, para que alguém possa receber o perdão das consequências do pecado, precisa haver uma expiação suficiente para cobrir a dívida do pecado, e o homem não consegue fazer isso sozinho.
Nesse sentido, a morte e o sepultamento de Jesus foram o “sinal de Jonas” para a sua própria geração.
Em segundo lugar, tudo indicava que a descida para as profundezas significava o fim de Jonas, assim como a morte de Jesus na cruz parecia indicar seu fim. Aliás, era isso que pensavam inicialmente os discípulos à caminho de Emaús.
Quando Jonas foi engolido pelas ondas, é possível que os marinheiros tenham olhado para a água por algum tempo, para então seguir com suas vidas sem jamais rever o profeta. Os judeus e os soldados romanos devem ter tido a mesma impressão quando Jesus deu seu último suspiro na cruz.
No entanto, não era o fim, pois, por meio da morte de seu Filho, Deus pretendia trazer a vida não só para ele, mas para o mundo.
Peter Williams comenta: “Assim como Jonas foi libertado de seu túmulo nas águas para continuar sua obra de pregar o arrependimento e a salvação à população de Nínive, Cristo, por meio de sua ressurreição, continua – por meio do poder do Espírito Santo concedido à igreja – a pregar o evangelho da salvação ao mundo inteiro”.

Salvação pela graça soberana

O terceiro ponto destacado pela descida de Jonas para a barriga do grande peixe merece um tratamento mais extenso. Pois a criatura do mar não era apenas um sinal do juízo de Deus, mas também da soberana graça de Deus por meio do juízo.
Podemos refletir sobre isso perguntando: “De onde veio o grande peixe?”.
A resposta é óbvia: foi Deus quem fez com que a criatura do mar estivesse no lugar certo, no momento certo, com um apetite grande o bastante para querer engolir um profeta tolo que acabara de ser lançado ao mar.
A palavra-chave aqui é “deparou”: “Deparou o Senhor um grande peixe, para que tragasse a Jonas” (Jn 1.17). Algumas versões traduzem como Deus “preparou” um grande peixe para que engolisse Jonas. Juntas, as duas palavras transmitem a ideia perfeitamente. Há muito Deus vinha preparando seus planos para o cumprimento de sua vontade salvífica para e por meio do profeta.
Esse é um tema recorrente no livro, com sua forte ênfase na graça soberana de Deus. Mais tarde, Deus depara e prepara uma planta para fornecer sombra a Jonas, depois ele depara um verme para destruir a planta e finalmente Deus prepara um vento vindo do Leste para soprar no profeta, para realizar a sua vontade.
Williams escreve: “Cada um desses casos foi um ato deliberado de Deus para garantir a realização de seu propósito. Como Deus onipotente, ele não só ordena o fim, mas também providencia os meios para esse fim”.
Esse tema da soberania de Deus na salvação não aparece só em Jonas. Por toda a Palavra de Deus, lemos como Deus providencia e prepara aquilo que avançará seu plano redentor.
Deus fez Noé preparar a arca para salvar sua família do dilúvio (Gn 6.14). Quando Abraão obedeceu a Deus e levou seu filho Isaque para o Monte Moriá para sacrificá-lo, Deus providenciou um carneiro para ser sacrificado no lugar de Isaque (Gn 22.13–14).
E, quando Elias estava se escondendo às margens do córrego, Deus deparou corvos que lhe trouxeram o pão de cada dia (1Rs 17.5–6). Quando o eunuco etíope estava lendo o profeta Isaías, Deus preparou Filipe, o diácono, para explicar-lhe o significado do evangelho (At 8.26–40).
“Em todos esses casos, devemos reconhecer como Deus prepara o caminho e providencia os meios para a realização de seus propósitos eternos”.
Poderíamos continuar com exemplos do Novo Testamento, em que o Deus soberano preparou e forneceu os meios de seu propósito salvífico a cada passo, a necessidade de Pedro, por exemplo, de se encontrar com Cornélio para levar o evangelho aos gentios ou a necessidade de Paulo de um terremoto para libertar Silas e a si mesmo da prisão filipense.
Quando voltamos para a cruz de Cristo, vemos que o mesmo se aplica aqui. Deus preparou a vinda do Messias por meio das profecias do Antigo Testamento e do ministério de João Batista.
Deus providenciou que seu Filho fosse traído por Judas e entregue nas mãos dos gentios pelos judeus e que juntos representantes do mundo inteiro pregassem Jesus Cristo na cruz. O julgamento fingido e o assassinato de Jesus ocorreram, diz Pedro, “… pelo determinado desígnio e presciência de Deus” (At 2.23).
E Deus deparou para que Jesus se levantasse dos mortos no terceiro dia, voltando para o mundo com o poder da ressurreição, assim como também Jonas chegaria a Nínive como prova da graça soberana, perdoadora e doadora de vida de Deus para todos aqueles que se arrependem e creem.
Desse ponto de vista, podemos ver que durante todo esse tempo o propósito de Deus estava sendo realizado, mesmo durante a fuga de Jonas em sua rebeldia. O propósito de Deus era levar Nínive ao arrependimento. Ele fez isso em sua misericórdia por eles e para manifestar a sua própria glória.
No entanto, o plano de Deus não era que Jonas simplesmente embarcasse num navio de Israel e chegasse à capital inimiga com uma mensagem do Deus de Israel.
Em vez disso, Deus providenciou que Jonas se unisse a eles primeiro em sua rebelião, que Jonas experimentasse o tipo de morte sobre a qual eles os advertiria e que Jonas servisse como emblema da ressurreição que vem como dádiva de um Deus gracioso.
Dessa forma, o Jonas que Deus pretendia usar para a salvação de Nínive seria ele mesmo um troféu da graça salvífica. O profeta que emergiu na praia da barriga do peixe era um homem sujo, humilhado, que confiava em Deus, pronto e equipado para servir ao propósito divino no mundo.
Deus quer que a nossa vida leve essa mesma mensagem para o mundo. O testemunho cristão não é o de pessoas boas e fiéis que mereceram o favor de Deus por meio de suas próprias ações e cujas vidas manifestam o poder da virtude e do sucesso.
Essa é a maneira com que as religiões do mundo procuram alcançar suas metas. O testemunho cristão é o de pecadores rebeldes que foram libertos da condenação justa pela graça soberana de Deus, por meio da morte expiatória de seu Filho Jesus.
Após experimentar sua própria libertação, Jonas encontrou misericórdia em seu coração para pregar à cidade ímpia de Nínive.
Todo cristão deveria olhar para o mundo com o mesmo reconhecimento. Era como um profeta da misericórdia de Deus que Jonas estava preparado para falar da graça aos ímpios, o mesmo vale para cada um de nós.
Como Jonas, cada pecador remido que experimentou a morte da condenação do pecado e a ressurreição espiritual do novo nascimento é enviado por Deus para servir ao evangelho.
Devemos pregar a salvação como pessoas que foram remidas e que agora têm vida nova em sua alma. Sabendo que é em nossa necessidade pelo perdão do pecado e pela libertação do abismo que encontramos a grande união de toda a humanidade, devemos romper todo obstáculo que possa nos separar dos outros no mundo.
Por fim, a experiência de Jonas também fala para aqueles que ainda não creem em Jesus. Jonas exemplifica o fim inevitável de sua própria rebelião contra Deus. “… o salário do pecado é a morte”, diz a Bíblia (Rm 6.23).
Mas, por meio da fé em Jesus Cristo, que morreu para vencer o pecado e a morte, o grande peixe do juízo é domado para jogar-nos na praia de uma vida nova em Cristo por sua rica graça.
Você reconhece que precisa dessa libertação? Você está disposto a buscar a graça soberana de Deus para sua própria redenção e libertação para uma vida ressurreta?
Caso contrário, Jesus não será o único a condená-lo por sua descrença. Após falar de sua própria morte como sinal de Jonas para a sua geração, Jesus acrescentou que os cidadãos de Nínive também teriam um testemunho a dar: “Ninivitas se levantarão, no Juízo, com esta geração e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis aqui está quem é maior do que Jonas” (Mt 12.41).
Se a cidade ímpia de Nínive se arrependeu ao ver o Jonas ressurreto e pregando a eles, quanto mais deveríamos nós nos arrepender da descrença e do pecado após testemunharmos que Cristo ressuscitou conforme o testemunho da Palavra de Deus.
E, reconhecendo tamanha graça pelos pecadores, deveríamos aceitar ansiosos a oferta do evangelho do Filho de Deus, que morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para nos dar a vida eterna.
Jesus na Cruz foi lançado no ventre do grande peixe, a morte, como consequência do nosso pecado, para que todo aquele que nele crê, passe da morte para a vida, e vida abundante e eterna em Cristo Jesus nosso Senhor e Salvador.

Conclusão:

Nós sabemos, que o fim do juízo de Deus é a morte, porém, Cristo já levou na cruz o juízo de Deus por causa dos nossos pecados, e aqueles que creem em Cristo, não mais recebem o juízo, mas a vida de Deus em seu ser.
Vimos que a descida de Jonas ao fundo do mar, representa o fim daqueles que vivem em desobediência e Deus por causa do pecado, mas Cristo, que também morreu, é o mesmo que ressuscitou, e todo aquele que nele crê, ressuscitará e viverá em glória com Cristo em seu reino.
Mesmo diante do iminente juízo de Deus sobre os pecadores, há em Cristo para pecadores arrependidos, graça suficiente para perdoar nossos pecados, nos tornar justos diante de Deus e de uma vez para sempre nos selar para seu reino eterno.
S.D.G
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