Confusão convertida em fé (João 16.25-33)

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Culto Dominical 31 de março de 2019 – Exposições no Evangelho de João
Por Phylippe Santos
Jo 16.25-33 Confusão convertida em fé
- Leitura de João 16.25-33 -
Em muitas histórias as reviravoltas são muito importantes – principalmente aquelas em que estas acontecem através da mudança de caráter. Hoje eu perguntei pra Tayane, minha esposa, quais histórias ela conhece em que isso é marcante. Ela [logicamente] se lembrou do filme “Um amor para recordar”. No filme, Landon é um jovem extremamente irresponsável que se envolveu, inclusive, numa brincadeira em que um rapaz quase fica paraplégico. Como punição ele participa de um grupo de teatro e se apaixona por uma moça filha de pastor chamada Jamie Sullivan. Após uma paixão arrebatadora, o amor dele será provado: ele descobre que ela tem leucemia há dois anos. E aqui há o teste de caráter: se ele realmente a ama, vai desistir dela porque provavelmente ela morrerá? Ou ele fica com ela até o fim e prova que seu amor e sua transformação de caráter são verdadeiros? Bem, ele fica. E ele, durante um verão, realiza os grandes sonhos dela até o dia de seu falecimento. Na espera de um milagre, ele acontece: ela não fica boa da leucemia – é ele quem nasce de novo. Ela, antes de voltar para o Pai, testemunha esse grande milagre. Eu, por outro lado, me lembrei logo do Homem de Ferro. Tony Stark, de um playboy egocêntrico e bilionário, para um homem que está disposto a entregar tudo que tem e a si mesmo para uma causa maior e pelos seus amigos. Essas mudanças são incríveis! [lógico, a história da Tayane é muito melhor]. Mas estamos na expectativa da reviravolta dos discípulos de Jesus.
1. A mudança de entendimento – ou, das trevas para a luz.
No início de nosso texto, no verso 25, vemos que eles eram pessoas com dificuldades de entender as Palavras de Jesus. Eles não as compreendiam e Jesus lhes falava por meio de parábolas para que, de alguma forma, facilitasse o entendimento deles naquele momento, pois eles ainda não poderiam receber todo o ensino do Pai. Além disso, Jesus sempre lhes explicava as parábolas em particular.
“Destruam esse templo, e em três dias eu o levantarei” (2.19), “quem não nascer de novo, não verá o reino de Deus” (3.3) “quem bebe da água que eu dou nunca mais terá sede. Ela se torna uma fonte que brota dentro dele e lhe dá a vida eterna” (4.14), “aquilo que o Pai faz, o Filho também faz” (5.19), “Eu sou o pão da vida” (6.35), “Eu sou o bom pastor” (10.14), “Eu sou a ressureição e a vida”(11.25). Todas essas coisas expressavam realidades que sem a obra do Espírito Santo eles não poderiam entender completamente. Por mais bem explicado que fosse, por mais lógico e racional que parecesse, eles continuariam confusos sem o Espírito.
Jesus utilizava ilustrações para revelar quem Ele era e qual era a obra do Pai. Mas em breve viria o Consolador que os guiaria a toda verdade (16.13-15). Tudo o que Cristo falou a respeito de pedirmos diretamente ao Pai, de pedirmos em Seu nome e de termos alegria completa, seria revelado a eles e tem sido revelado a nós por meio do Espírito Santo. Aqueles discípulos em breve receberiam o Santo Espírito e tudo se tornaria claro para eles. A cegueira e a falta de entendimento seriam arrancadas de seus corações.
Meus amados, hoje nós estamos ouvindo de Cristo diretamente sobre o Pai – isto é maravilhoso! A Palavra pregada, inspirada e revelada pelo Espírito Santo, é a revelação do Pai para nós. O Espírito nos leva a compreendê-la, a guarda-la em nossos corações e a aplica em nossa vida diária. Através do Espírito, hoje [nesse momento], Cristo nos fala diretamente a respeito do Pai. Isto é um grande conforto, pois podemos ter entendimento verdadeiro sobre Deus. A cegueira e a falta de entendimento foram arrancadas de nossos corações.
2. A mudança de relacionamento.
Como consequência disso, dessa revelação clara acerca do Pai, os discípulos poderiam pedir diretamente ao Pai em nome de Jesus (26, 27). Por conhecermos o Pai devido a obra do Filho e do Espírito, pediremos diretamente ao Pai. Entenda: Cristo não pedirá o nosso pedido ao Pai – pediremos direto ao Pai em nome de Jesus. Meus irmãos, e a causa disso é porque Deus nos ama! Cristo está expressando uma realidade já trazida em João 3.16 - na eternidade o Pai nos amou e por isso Jesus se entregou em nosso favor. Deus não vai nos amar porque Cristo entregou sua vida por nós, mas Cristo vai entregar sua vida por nós porque o Pai nos amou antes da fundação do mundo. O Pai deu ao filho os seus eleitos e Cristo se entregou por eles.
Entenda: Jesus não deixa de ser o mediador deste amor, pois aqueles a quem o Pai amou de uma forma específica são justificados e santificados em Cristo Jesus. E a maneira de desfrutar desse amor de Deus é somente através do amor a Cristo e crer que ele veio de Deus – amar a Cristo é amar ao Pai (14.11; 17.11). Aqueles por quem Cristo intercede (Rm 8.34; Hb 7.25) podem orar com confiança e acesso direto ao Senhor (Hb 10.19-25). Por isso, nós somos exortados a orar em nome de Jesus. Ele resgata aqui no texto algo que ele já falou: através de Jesus temos conhecimento do Pai (1.18); através de Jesus temos relacionamento íntimo com o Pai.
Todo esse relacionamento está fundamentado na obra de Jesus, resumida no verso 28. Ele veio do Pai (o Deus eterno encarnou), entrou no mundo (se tornou a semelhança de homem substituto de seu povo), deixou o mundo (foi morto em nosso favor para perdão de pecados) e voltou para o Pai (ressuscitou para nossa justificação e garantia de nossa glorificação). Essa é a base da mensagem evangélica e que pode nos levar a fé que salva. Que nos leva a um relacionamento eterno de graça e amor com Deus.
3. A fé que tem que ser provada.
Há três “agora”, nesse texto de 29 a 33. Um “agora” de surpresa. Os dois primeiros vêm dos discípulos. Eles compreenderam o que Jesus falou agora – segundo eles, Jesus falou claramente. Há um elo entre o verso 28 com os 29 e 30 – na frase [talvez na sua tradução não possua] há uma espécie de conclusão ou, mais possivelmente, de consecução de ideias. O que foi dito por Jesus levou os discípulos a entender que Jesus sabe de todas as coisas. E isso é um passo muito importante no discipulado: Quando reconhecemos nossas limitações e confiamos que Cristo sabe todas as coisas. O conforto dos discípulos não o saber em si. É saber que Jesus sabe[1].
Aqueles discípulos, que logo mais teriam seus entendimentos transformados de uma vez por todas pelo Espírito, que agora entenderam que Jesus sabe todas as coisas e que Ele veio do Pai, teriam sua fé provada. Jesus sabia que não basta o entendimento racional. Entra o “agora” de Jesus: “Enfim vocês creem?” (NVT) ou “Credes agora?” (ARA). Demoraram tanto para entender. Mas o entendimento deles ao ser provado foi, infelizmente, reprovado.
“Vocês serão espalhados; cada um seguirá seu caminho e me deixará sozinho” (32). Meus irmãos, o entendimento é evidenciado por obediência e fidelidade. Você pode ter entendido, mas não ser verdadeiramente fiel. O cristianismo não é um assentimento intelectual, mas vida. Quando as coisas apertam é que vemos se permanecemos na palavra de Deus. Às vezes nós perdemos, como aqueles discípulos, mas podemos ter vitória como eles posteriormente tiveram, pois Jesus nos dá uma lição: No meio da aflição não estamos sozinhos. O Pai esteve com Ele o sustentando quando os discípulos o deixaram (8.29). E aqui nós temos um resumo de 14.27-29, 16.1-4 e 9-11: Corarem, vocês não estão só!
Jesus afirma que falou tudo isso para que tenhamos paz nele – ou seja, nossa paz vem através das palavras de Jesus. Paz em saber quem nós somos e quem Cristo é. Jesus vence o sistema de satanás – o mundo. A paz que carregamos não vem da saúde, das riquezas [vide pessoas em leitos hospitalares na esperança de que encontraram a Jesus – seus sorrisos são constrangedoramente sinceros]. É a paz que acalma o coração, e ela só pode vir de Jesus. Pedro trai a Jesus e não faz o que Judas fez.
Nossa fé também será provada por meio de aflições. O cristianismo não é o playground do mundo. Muitas batalhas vêm e estas testarão se estamos com Cristo ou apenas enganamos a nós mesmo. Mas Cristo nos dá uma palavra de bom ânimo: Ele venceu o mundo. Cristo tem a convicção, a certeza de sua vitória. Também podemos ter! Precisamos orar sempre, pois é necessário que o Espírito que nos deu entendimento fortaleça o nosso coração para que nos mantenhamos sempre no desejo de viver para Cristo.
O cristianismo é também racional. Mas é um conhecimento que traz paz na hora da angústia. Os cristãos sabem morrer – e por isso, sabem viver. Deixo, por fim, as palavras de João em sua primeira carta: “porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. 5 Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?” (1 Jo 5.4–5)
Soli Deo Gloria
[1] Jó não tinha o capítulo 1 de seu livro. No final, descobrimos que tê-lo não faria diferença nenhuma pra ele.
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