Legalismo, um ladrão na igreja - Gl 5.1-12

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Introdução

Temos um grande problema aqui nesta manhã. Temos um ladrão na igreja!
E precisamos de muita atenção, pois este é um ladrão diferente, ele não usa armas, ele não anuncia assalto, e mais, ele não se apresenta como ladrão.
Isso é de fato muito preocupante, Paulo sabendo disso, decidiu nos alertar sobre este ladrão;
O ladrão é o legalismo e é um grande perigo, ele rouba tudo que Cristo nos concede por sua Graça.
Nesta seção (Gl 5:1-12), Paulo explica o que o legalismo nos rouba ao nos seduzir em deixar a graça de Deus em troca do legalismo.

Desenvolvimento

1. O legalismo rouba a liberdade (Gl 5:1)

Paulo usou duas comparações para mostrar a seus leitores o verdadeiro caráter da Lei: O tutor (Gl 3:24; 4:2) e uma serva (Gl 4:22ss).
Agora, ele a compara a lei com um jugo de escravidão. Pedro usa essa mesma imagem na famosa assembléia de Jerusalém.
Acts 15:10 NAA
10 Agora, pois, por que vocês querem tentar a Deus, pondo sobre o pescoço dos discípulos um jugo que nem os nossos pais puderam suportar, nem nós?
Não é difícil compreendermos a imagem do jugo.
Normalmente, ele representa a escravidão, o trabalho e o controle que alguém de fora exerce sobre nossa vida; também pode representar a sujeição e serviços voluntários a alguém.
Ao livrar Israel do Egito, Deus quebrou o jugo de servidão (Lv 26:13). O agricultor usa o jugo para controlar e guiar seus bois, pois, se estivessem livres, os animais não lhe serviriam voluntariamente.
Quando os cristãos da Galácia creram em Cristo, perderam o jugo de servidão do pecado e colocaram sobre si o jugo de Cristo (Mt 11:28-30).
O jugo da religião é opressivo, e seu fardo é pesado; o jugo de Cristo é "suave", e seu fardo é "leve".
No grego, o termo suave significa "gentil, bondoso". O jugo da Lei nos escraviza, mas o jugo de Cristo nos liberta para fazermos sua vontade.
O não salvo está sob o jugo do pecado (Lm 1:14); o legalista religioso está sob o jugo de escravidão (Gl 5:1); mas o cristão que depende da graça de Deus toma sobre si o jugo libertador de Cristo.
Foi Cristo quem nos libertou da escravidão da Lei. Também nos libertou da maldição da Lei morrendo por nós na cruz (Gl 3:13).
O cristão não está mais debaixo da Lei; está debaixo da graça (Rm 6:14).
Isso não significa ser rebelde sem Lei, mas não precisar mais da força exterior da Lei para manter-se dentro da vontade de Deus, porque tem a direção interna do Espírito de Deus (Rm 8:1-4).
Cristo morreu para nos libertar, não para nos escravizar. Voltar à Lei é o mesmo que enredar-se por um labirinto de proibições e obrigações e abandonar a maturidade espiritual em troca de uma "segunda infância".
Colossians 2:20–23 NAA
20 Se vocês morreram com Cristo para os rudimentos do mundo, por que se sujeitam a regras, como se ainda vivessem no mundo? 21 “Não toque nisto”, “não coma disso”, “não pegue naquilo”. 22 Todas estas coisas se destroem com o uso; são preceitos e doutrinas dos homens. 23 De fato, essas coisas têm aparência de sabedoria, ao promoverem um culto que as pessoas inventam, falsa humildade e tratamento austero do corpo. Mas elas não têm valor algum na luta contra as inclinações da carne.
Infelizmente, há quem se sinta extremamente inseguro com essa liberdade. Prefere estar sob a tirania de um líder a tomar as próprias decisões livremente.
Alguns cristãos assustam-se com a liberdade que possuem na graça de Deus; assim, procuram uma comunhão legalista e ditatorial, na qual podem deixar outros tomarem as decisões por eles.
A vida de liberdade cristã é uma vida de plenitude em Cristo. Não é de se admirar que Paulo dê um ultimato: "Permanecei, pois, firmes [na liberdade] e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão".
Além de roubar a liberdade...

2. O legalismo rouba as riquezas da graça (Gl 5:2-6)

Paulo usa três frases para descrever o resultado dos assaltos do legalismo.
"Cristo não terá valor nenhum para vocês" (Gl 5:2); "Está obrigado a guardar toda a lei" (Gl 5:3); "Estão separados de Cristo" (Gl 5:4).
Isso nos leva à triste conclusão de Gálatas 5:4: "Vocês caíram da graça de Deus".
O legalismo não apenas rouba do cristão a sua liberdade, como também o priva de suas riquezas espirituais em Cristo. O cristão vivendo sob a Lei torna-se um escravo falido.
Somente aqueles que reconhecem Cristo como único Salvador e Senhor, torna-se espiritualmente rico.
2 Corinthians 8:9 NAA
9 Pois vocês conhecem a graça do nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que, por meio da pobreza dele, vocês se tornassem ricos.
Em Cristo, passamos a compartilhar das riquezas da graça de Deus (Ef 1:7), das riquezas da sua glória (Ef 1:18; Fp 4:19), das riquezas de sua sabedoria (Rm 11:33) e "das insondáveis riquezas de Cristo" (Ef 3:8).
Em Cristo, temos "todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento" (Cl 2:3) e "[estamos] aperfeiçoados" (Cl 2:10).
Uma vez que uma pessoa está "em Cristo", tem tudo de que precisa para viver o tipo de vida cristã agradável a Deus.
Os legalistas, porém, desejam nos fazer crer que "falta alguma coisa", que seríamos mais "espirituais" se praticássemos a Lei com suas exigências e disciplinas.
Mas Paulo deixa claro que a Lei não acrescenta coisa alguma - pois não há o que acrescentar! Ao contrário, o legalismo nos rouba o que de Cristo recebemos por graça.
O Legalismo é um ladrão que rouba do cristão as riquezas espirituais que possui em Cristo e o coloca de volta em uma situação de falência, responsabilizando-o por uma dívida que não é capaz de pagar.
Viver pela graça significa depender da provisão abundante de Deus para todas as necessidades.
Viver pela Lei significa depender das próprias forças - a carne - e ser privados da provisão de Deus.
Paulo adverte os gálatas de que a sujeição à circuncisão, nessas circunstâncias, os privaria de todos os benefícios que possuíam em Cristo (Gl 5.6).
Além disso, por meio de tal sujeição, assumiriam um compromisso com a Lei em sua totalidade.
É nesse ponto que os legalistas revelam sua hipocrisia, pois não conseguem guardar toda a Lei.
Para eles, a Lei do Antigo Testamento é como um bufê de restaurante: escolhem apenas o que lhes agrada. Não se trata, porém, de uma observância honesta da Lei.
Ensinar a um cristão de hoje que ele deve, por exemplo, guardar o sábado, mas não a Páscoa, é desmembrar a Lei de Deus.
O mesmo Legislador que deu uma ordem também deu a outra:
James 2:10–11 NAA
10 Pois quem guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos. 11 Porque, aquele que disse: “Não cometa adultério”, também ordenou: “Não mate.” Ora, se você não comete adultério, porém mata, acaba sendo transgressor da lei.
Podemos imaginar um motorista que passa por 15 sinais no verde, mas furou 1 sinal apenas no vermelho.
Então, ele é parado por um guarda que pede sua carteira de habilitação. No mesmo instante, o motorista começa a se defender:
- Pois é, seu guarda. Sei que passei por um farol vermelho, mas passei certo nos outros 15.
O policial continua a preencher a multa, pois sabe que a obediência do motorista em todos os outros sinais não compensa sua desobediência flagrante.
É uma única e mesma lei que protege o obediente e castiga o transgressor. O que se orgulha de guardar uma parte da lei e, ao mesmo tempo, transgride outra, confessa que merece ser castigado.
Agora, podemos entender melhor o que Paulo quer dizer com a declaração "da graça decaíste" (Gl 5:4).
Por certo, não está sugerindo que os gálatas "perderam a salvação", pois ao longo de toda a epístola se dirige a eles como cristãos.
Em pelo menos nove ocasiões, ele os chama de irmãos. Paulo não faria isso, caso seus leitores estivessem perdidos.
Ter "decaído da graça" não significa ter perdido a salvação, mas sim "ter deixado de desfrutar os benefícios conquistados pela graça por meio de Cristo.”
Afinal, quem dá espaço em sua vida a um ladrão, sempre acaba por seu furtado de algo que tinha antes.
Como você está aqui hoje, desfrutando da graça e liberdade em Cristo ou acorrentado pelas correntes do legalismo?
Quando o cristão caminha pela fé, dependendo do Espírito de Deus, ele vive na esfera da graça de Deus, e todas as suas necessidades são supridas.
Assim, o cristão que opta pela legalismo priva a si mesmo da liberdade e das riquezas espirituais e se coloca deliberadamente sob um jugo de escravidão e de falência.
O legalismo rouba a liberdade, nos furtas as riquezas espirituais que desfrutamos em Cristo, e também.

3. O legalismo rouba nossa direção (Gl 5:7-12)

Paulo gostava de usar esportes e atletas como ilustrações em suas cartas. Seus leitores conheciam os jogos olímpicos e outras competições atléticas gregas, que sempre incluíam corridas a pé.
É importante observar que, em momento algum, Paulo usa a imagem da corrida para dizer às pessoas como ser salvas.
Romans 9:16 NAA
16 Assim, pois, isto não depende de quem quer ou de quem corre, mas de Deus, que tem misericórdia.
Antes, refere-se sempre aos cristãos em sua vida com o Senhor. Somente os cidadãos gregos com plenos direitos poderiam participar das competições esportivas.
Tornamo-nos cidadãos do céu pela fé em Cristo; então, o Senhor nos coloca em nosso percurso e corremos em direção ao prêmio.
Philippians 3:14 NAA
14 prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
Não corremos para ser salvos, mas sim porque já somos salvos e desejamos realizar a vontade de Deus em nossa vida.
"Vocês vinham correndo bem." Gl 5.7.
Já vimos isto, os gálatas ouviram a Palavra, creram no Senhor Jesus Cristo e receberam o Espírito Santo. Experimentaram uma alegria profunda.
Uma tradução literal de Gálatas 5:7 nos ajuda a entender:
"Vocês estavam correndo bem. Quem cortou sua frente nessa corrida, fazendo-os abandonar sua obediência à verdade?"
Quem não lembra do maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, que perdeu o ouro nas olimpíadas de Atenas em 2004, porque um padre maluco, cortou sua frente e o atrasou na corrida, desviou sua direção, fazendo com que ele perdesse o outro olímpico?
Nas corridas, cada corredor devia ficar em sua pista, mas alguns corredores cortavam a frente de outros na tentativa de tirá-los da direção.
É isso que o legalismo faz: corta a sua frente, forçando-o a mudar de direção e a pegar um "desvio espiritual".
Deus nos chama a correr fielmente na pista da "graça". Mas o legalismo quer nos levar pelos atalhos enganosos da escravidão e frustração.
Paulo quer nos fazer entender isso.
A explicação passa da figura de linguagem dos esportes para a culinária, pois Paulo introduz o conceito de fermento (v.9).
No Antigo Testamento, o fermento costuma ser retratado como um símbolo do mal. Jesus usou o fermento para retratar o pecado quando advertiu sobre o "fermento dos fariseus" (Mt 16:6-12); Paulo o emprega como símbolo do pecado na igreja (1 Co 5).
De fato, o fermento é uma boa ilustração para o pecado: é minúsculo, mas, se ninguém tirá-lo, cresce e se espalha por tudo.
O ladrão do legalismo, com sua falsa doutrina como meio de salvação foi introduzido nas igrejas da Galácia sem grande alarde, mas não tardou para que o "fermento" crescesse e se apoderasse de tudo.
Uma igreja não é tomada por este ladrão da noite para o dia. Assim como o fermento, o legalismo é introduzido em pequenas porções, cresce aos poucos e logo contamina a congregação toda.
O fermento cresce com facilidade. Em pouco tempo, nos tornamos orgulhosos de nossa espiritualidade.
"Ensoberbecidos", como diz Paulo em 1Co 5:2. O verbo "ensoberbecer" pode ser traduzido por "inchar", e é exatamente isso o que o fermento faz com a massa.
Todo cristão tem a responsabilidade de ficar atento aos primeiros sinais deste ladrão, aquele bocado ínfimo de fermento que contamina a comunhão e acaba crescendo e se transformando em um problema sério.
Quando você começar a perceber-se preso em regras e afazeres para crescer espiritualmente e orgulhar-se disso, inclusive se achando padrão de perfeição espiritual, cuidado.
Quando perceber que se gloria não mais nas riquezas de Cristo, mais na pobreza dos seus feitos, cuidado, pode ter sido furtado pelo legalismo.
Quando se vir andando num caminho diferente dos trilhos da graça, busque correr o mais rápido que puder à Jesus e sua graça.
Não é de se admirar que Paulo seja tão veemente:
Galatians 5:11–12 NAA
11 Mas, irmãos, se ainda prego a circuncisão, por que continuo sendo perseguido? Nesse caso, estaria desfeito o escândalo da cruz. 12 Quem dera até se mutilassem aqueles que estão perturbando vocês.
Desde a morte e a ressurreição de Cristo, a circuncisão perdeu seu valor espiritual; passou a ser apenas uma operação física. Paulo desejava que os falsos mestres realizassem uma cirurgia em si mesmos - "se castrassem" - afim de não mais gerar "filhos da escravidão", a fim de que este ladrão fosse de uma vez por todas aniquilado.

Conclusão

O cristão que vive pela graça de Deus é livre e desfruta das riquezas de sua Graça e corre em direção ao prêmio da carreira que nos foi proposta por Cristo.
Corre pelo caminho que conduz à recompensa e à vida eterna com Cristo.
O cristão que abandona a graça em troca da Lei é um escravo, um miserável e um corredor sem direção.
A única maneira de se tornar vencedor é "purificar-se do fermento" da falsa doutrina do legalismo, é por pra correr esse ladrão, e e se sujeitar ao Espírito de Deus que nos conduz a graça.
A graça de Deus é suficiente a todas as necessidades da vida.
Somos salvos pela graça (Ef 2:8-10) e servimos pela graça (1 Co 15:9, 10). Suportamos o sofrimento por graça(2Co 12:9) Somos fortalecidos pela graça (2Tm 2.1), a fim de nos tornarmos soldados vitoriosos.
Nosso Deus é o Deus de toda a graça (1Pe 5:10). Podemos nos aproximar do trono da graça e encontrar ajuda em todas as nossas carências (Hb 4:16).
Ao ler a Bíblia, “encontramos a palavra da sua graça" (At 20:32), o Espírito da graça (Hb 10:29) que nos revela que como somos ricos e suficientes em Cristo.
John 1:16 NAA
16 Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça.
Que grande riqueza temos a nosso dispor!
SDG
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