O serviço na perspectiva de João

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Palavras iniciais

Hoje daremos mais um passo na série de pregações Vim para servir e iremos olhar para o serviço na perspectiva do apóstolo João. Isso é parte do nosso esforço para compreender como o ensino de Jesus sobre servir impactou vida dos primeiro discípulos.
João, provavelmente o mais jovem dos discípulos, é um dos principais autores do Novo Testamento. Ele escreveu um dos evangelhos (biografia), três epístolas (cartas) e um livro profético (apocalipse). Por isso vamos dividir nossa reflexão de hoje conforme esses estilos literários de João.
A narrativa de João sobre a vida de Jesus é bem diferente das demais narrativas biográficas colecionadas no Novo Testamento. As outras, Mateus, Marcos e Lucas, são chamadas de evangelhos sinóticos, isto é, sob a mesma ótica, na mesma perspectiva, a partir do mesmo ponto de vista; já o evangelho de João é diferente.
Ele não fala da infância de Jesus, mas de sua pré-existência. Nele são contados apenas 7 milagres. E é também no evangelho de João que estão registrados os discursos mais longos de Jesus.

Marcado por Jesus

João fazia parte do círculo mais íntimo de amigos de Jesus, que incluía também Pedro e Tiago. Como já vimos nessa série, existe inclusive a possibilidade de que João fosse primo de Jesus.
Sabemos que João era um pescador e ficou muito surpreso com a grande quantidade de peixes de uma pescaria orientada por Jesus (Lucas 5:9-10). Junto com Pedro, Tiago e André ele perguntou a Jesus sobre o fim dos tempos (Marcos 13:3-4). E foi ele quem preparou a ceia da Páscoa, junto com Pedro, a pedido do Senhor Jesus (Lucas 22:8).
A verdade é que João foi profundamente marcado pelo ensino e pela vida de Jesus, participando com ele dos momentos mais marcantes de seu ministério, como sua Transfiguração (Mateus 17:1-2, Marcos 9:2 e Lucas 9:28-29), a devolução à vida da filha de Jairo (Marcos 5:37, Lucas 8:51) e agonia de Jesus no Jardim do Getsêmani (Mateus 26:37, Marcos 14:33).

Servir e seguir

Hoje vamos olhar para uma das falas de Jesus sobre serviço, que João ouviu ali, de primeira mão, e registrou em seu evangelho.
John 12:23–26 NVI
23 Jesus respondeu: “Chegou a hora de ser glorificado o Filho do homem. 24 Digo-lhes verdadeiramente que, se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito fruto. 25 Aquele que ama a sua vida, a perderá; ao passo que aquele que odeia a sua vida neste mundo, a conservará para a vida eterna. 26 Quem me serve precisa seguir-me; e, onde estou, o meu servo também estará. Aquele que me serve, meu Pai o honrará.
No trecho que lemos Jesus estava anunciando sua morte iminente. Chegou a hora, ele disse. No verso 26 Jesus fez duas afirmações importantes que certamente marcaram a vida do apóstolo João. A primeira delas é a seguinte:
João 12.26 (NVI)
26 Quem me serve precisa seguir-me; e, onde estou, o meu servo também estará. Aquele que me serve, meu Pai o honrará.
Como assim, seguir? A questão não era servir? Essa série não é sobre servir? Por que agora entrou o seguir?
Ali, às vésperas do calvário, Jesus liga de forma definitiva o servir ao seguir; um não acontece sem o outro; e apresenta o amor como o elo dessa ligação. Ser um servo de Jesus implica seguir a Jesus e viver neste mundo olhando para as pessoas da mesma maneira que ele olha: com amor.
A cruz estava próxima e Jesus começou a falar da sua morte comparando-a à necessidade de que uma semente morra para transformar-se em muitas outras sementes iguais a ela. Era assim que ele enxergava aquele momento: o seu serviço de amor era doar a si mesmo para que outras pessoas pudessem ter vida.
Há pessoas que ouvem o evangelho e entendem que estão perdidas, que não há esperança para elas a não ser se renderem a Jesus. Então elas dizem que querem ser servas de Jesus, que querem ficar sob os cuidados dele e pertencer a ele. Isso é maravilhoso!
Se você já fez isso, devem também prestar atenção a essa outra explicação de Jesus: aquele que se render ao Senhor para ser amado e cuidado por ele deve também segui-lo, isto é, deve abraçar o mesmo desafio que ele abraçou, de não viver para si mesmo, mas entregar a própria vida por amor às pessoas.

Ouvindo o apóstolo João

João foi moldado por essa afirmação de Jesus, que não deixa o servo viver para si mesmo, mas o transforma em alguém pronto para gastar sua vida para o bem da vida do outro. Vejamos o que o apóstolo escreveu na sua primeira carta sobre esse assunto.
1 John 3:16–18 NVI
16 Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. 17 Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? 18 Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade.
Percebem o ensino de Jesus ecoando nas palavras do apóstolo João? O apóstolo fez uma aplicação prática daquilo que Jesus falou e levantou uma questão sobre alguém que tem como ajudar, vê o irmão precisando de ajuda, mas não se move em direção àquele irmão. Como pode alguém que age assim se dizer servo de Cristo?
Se fomos alcançados pelo amor de Deus, mediante o serviço amoroso de Jesus, que entregou a própria vida em nosso favor, um amor em ação e em verdade, também nós devemos demonstrar nossa condição de servos seguindo o exemplo dele, vivendo nossas vidas para além de nós mesmo.
Isso tudo está na contramão do egocentrismo que orienta nossa sociedade. Chega mesmo a ser uma afronta ao jeito de pensar que guia muitas pessoas hoje. Mas esse é o ensino de Jesus, que moldou a mente dos apóstolos e tem o poder de revolucionar a vida onde quer que a igreja chegue.
Há uma razão para o serviço realizado pela igreja de Jesus: queremos seguir a Jesus, viver como ele viveu, amar como ele amou, gastar-nos em amor como ele fez. Servimos, porque Jesus serviu. Servimos como uma expressão do nosso desejo de ser como ele. Servimos com o que temos e somos, com tudo que recebemos dele e para que o nome de dele seja exaltado.

Serviço e reconhecimento

João 12.26 (NVI)
26 Quem me serve precisa seguir-me; e, onde estou, o meu servo também estará. Aquele que me serve, meu Pai o honrará.
A segunda afirmação importante feita por Jesus que moldou a vida de João é “Aquele que me serve, meu Pai o honrará.”
Precisamos lembrar que Jesus estava prestes a ser crucificado quando disse essas palavras. O filho de Deus deixou seu lugar de glória, se fez mortal, submeteu-se às agruras e sofrimentos humanos, para demonstrar o amor do Pai pela humanidade. E o que recebeu como reconhecimento daquilo que fez? Ele foi traído, acusado injustamente, humilhado, preso, espancado e por fim morto cruelmente.
Jesus sabia: o reconhecimento que realmente importa vem do Pai. Nos dias de Jesus, ninguém compreendia a abrangência do serviço que ele estava realizando. Só muito depois de ele volta ao Pai, é que o Espírito Santo clareou a profundidade da entrega de Cristo e levou o apóstolo Paulo a registrar isso em sua carta aos Filipenses.
Philippians 2:5–8 VFL
5 Tenham entre vocês o mesmo pensamento que Cristo Jesus teve. 6 Embora Ele fosse Deus na sua natureza real, Ele não pensou que ser igual a Deus era algo para utilizar para seu próprio beneficio. 7 Pelo contrário, Ele abandonou tudo o que tinha e assumiu a forma de servo, tornando-se igual aos homens. E, quando Ele apareceu em forma de homem, 8 Ele se humilhou, tornando-se obediente até o ponto de estar disposto a enfrentar a morte, e morte de cruz.
A forma como Jesus viveu, aguardando o reconhecimento do pai, sem procurar glória para si mesmo, rejeitando as insinuações do tentador, que de várias maneiras sugeriu que Jesus não esperasse a honra vinda do Pai, tudo isso marcou profundamente a vida do apóstolo João.

Ouvindo o apóstolo João

Vamos ver o que João escreveu sobre essa segunda afirmação em seu apocalipse, um livro cheio de promessas.
Revelation 21:5–7 VFL
5 E aquele que estava sentado no trono disse: —Olhem, Eu estou fazendo tudo novo! E acrescentou: —Escreva isto, porque estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança. 6 E Ele ainda me disse: —Tudo está feito! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A todos os que têm sede Eu darei de beber, de graça, da fonte da água da vida. 7 Aquele que vencer herdará todas estas coisas e Eu serei o seu Deus e ele será o meu filho.
Você percebe como João estava convicto de que aqueles que servem a Jesus receberão o reconhecimento do Pai, e de que vale a pena esperar a honra que vem do Pai, assim com Jesus fez?
Reconhecimento e honra são para aqueles se abrigam sob o amor de Deus e se tornam seus servos. E aqueles que se fizerem servos não serão desamparados. O Senhor está agindo, fazendo novas todas as coisas. Por isso, a sede de vida plena, de uma vida abundante, será saciada.
A obra de Deus está concluída. Aqueles que são feitos filhos de Deus são co-herdeiros com Cristo e irão herdar todas as coisas dignas e boas de serem herdadas. Receberão um novo nome e um novo futuro. Serão chamados filhos de Deus e terão a Deus por seu pai.
Não tenham dúvida! Todo serviço que é realizado em nome dele e para a glória dele será reconhecido. Aqueles que servem porque estão seguindo a Jesus vão receber as honras e o reconhecimento vindos do Pai; assim como foi com Cristo Jesus.

Palavras finais

A imposição do próprio Jesus: aquele que se tornaram meus servos devem me seguir. Precisam olhar para o mundo com as mesmas lentes que eu olho. Trata-se de abraçar o que alguns chamam de cosmovisão cristã, o jeito próprio de Cristo de enxergar a vida.
Um traço importante de modo como Jesus ver a vida é a convicção que ele tem de que a vida não deve ser vivida para si mesmo. Pra Jesus a vida ganha sentido quando é vivida para os outros, em atitude de serviço. Tanto que ele entregou sua vida para que outro encontrassem vida abundante.
Jesus sabe o quanto esse modo de vida é difícil de compreender, porque vai na contramão das inseguranças humanas, nos tira da zona de conforto do egocentrismo e nos provoca a confiança em Deus.
Por isso ele nos garante que aqueles que servem em nome do Pai e para glória dele serão honrados e reconhecidos por quem de fato importa: o próprio Deus.
Que o serviço brote em nossas vidas feito pipoca, como um desejo incontrolável de anunciar o amor de Deus, que nos alcançou. Que o nosso seguir a Jesus se torne o estopim de um revolução de dentro para fora que nos faça ansiar pelo dia em que ouviremos:
Mateus 25.21 (VFL)
21 —O senhor, então, disse: “Muito bem! Você é um servo bom e fiel! Como você me foi fiel no pouco, eu vou colocá-lo para tomar conta de muitas coisas. Venha participar da minha alegria”.
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