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Amor de Deus O amor de Deus é o atributo divino que indica a disposição de Deus a se doar para o bem do outro. Para muitos, o amor de Deus é considerado seu atributo central em que todos os outros atributos divinos são apenas expressões de seu amor.
A salvação é grande por causa de sua procedência Porque Deus amou […]. Destacamos aqui, três verdades sobre amor de Deus, a fonte da nossa salvação. Em primeiro lugar, o amor de Deus por você é eterno e incondicional. O criador dos céus e a da terra colocou seu coração em você desde toda a eternidade. O amor de Deus por você é eterno, incondicional e perseverante. O amor de Deus é espontâneo e autogerado. Não merecemos o amor de Deus. Ele nos amou quando éramos inimigos. Ele nos amou apesar de sermos pecadores. Deus não sente nojo de nós. Ele nos deseja assim como um noivo se alegra com sua noiva. Ele nos ama com amor eterno e nos atrai para si com cordas de amor. Seu amor é incondicional. Não há nada que você possa fazer para Deus o amar mais nem há nada que você possa fazer para Deus o amar menos. Em segundo lugar, de onde veio esse amor? Não podia vir de outra fonte que não fosse o próprio Deus. O amor de Deus vem dele mesmo. A causa do amor de Deus não está no seu objeto, mas no próprio Deus. Ele ama porque é de sua natureza amar. Deus é amor (1Jo 4.8). A causa do amor de Deus não está em você; está no próprio Deus. Em terceiro lugar, qual é a dimensão do amor de Deus? Devemos conhecer o comprimento, a largura, a altura e a profundidade do amor de Deus. O comprimento do seu amor alcança todos os homens desde Adão até o último homem. Deus ama toda a raça humana e não quer que ninguém pereça. A largura envolve todas as nações, raças, povos e tribos. O amor de Deus não é endereçado apenas aos judeus, como pensavam os fariseus, mas também aos gentios. A altura mostra que esse amor brotou no coração de Deus e a profundidade revela que este amor desce ao encontro do mais miserável pecador.
Hernandes Dias Lopes, João: As Glórias Do Filho de Deus, ed. Juan Carlos Martinez, 1a edição., Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2015), 101–102.
O derramamento do amor de Deus (5.5–8) Assim como o Espírito Santo foi derramado sobre a igreja no Pentecostes, o amor de Deus é derramado no coração daqueles que são justificados. A palavra “derramar” traz a ideia tanto de abundância como de difusão, tanto de refrigério como de encorajamento. A justificação é um ato objetivo, mas seu fruto é uma experiência subjetiva. Não é destituído de significado o fato de que neste versículo tanto o amor de Deus quanto o Espírito Santo sejam mencionados pela primeira vez nesta epístola, pois apenas o Espírito pode comunicar-nos o sentimento do amor de Deus. Mesmo que os pecadores ouçam dez mil vezes falar do amor de Deus na dádiva do seu Filho, eles nunca são realmente afetados por isso, até que o Espírito Santo entre em seu coração, e o amor de Deus seja produzido pela verdade através do Espírito. Vale a pena destacar a mudança do tempo verbal em Romanos 5.5: o Espírito Santo nos foi dado (no grego, dothentos, em referência a um fato passado); porém, o amor de Deus é derramado em nosso coração (no grego, ekkecutai, descrevendo um fato passado com consequências permanentes). Assim, recebemos o Espírito de uma vez para sempre, mas somos inundados com o amor de Deus constantemente. Três fatos devem ser destacados com respeito ao amor de Deus: Em primeiro lugar, o amor de Deus é copioso (5.5). O amor de Deus revelado a nós é algo profuso, caudaloso e abundante. Não nos é dado por medida, mas copiosamente derramado em nós. Sob a vívida metáfora de uma chuvarada que cai sobre uma terra seca, o que o Espírito Santo faz é proporcionar-nos a consciência profunda e revigorante de que Deus nos ama. Esse sublime amor de Deus por nós, pecadores, não foi despertado pela cruz de Cristo; ao contrário, foi o amor de Deus por nós que produziu a cruz. A cruz não é a causa do amor de Deus, mas seu resultado. Esse amor não é retido em Deus, mas derramado sobre nós. Paulo menciona aqui uma espécie de inundação do amor de Deus. Somos banhados pelo próprio ser de Deus, uma vez que Deus é amor. Em segundo lugar, o amor de Deus é imerecido (5.6,8,10). A causa do amor de Deus não está no objeto amado, mas nele mesmo. Cristo não morreu por alguém que merecia o amor de Deus. Ao contrário, Paulo diz que éramos fracos (5.6), ímpios (5.6), pecadores (5.8) e inimigos (5.10). Numa linguagem crescente, o apóstolo elenca quatro predicados sombrios da deplorável condição humana. Embora fôssemos merecedores do juízo divino, ele graciosamente derramou em nosso coração seu imenso amor. Deus não poderia achar nos fracos, ímpios, pecadores e inimigos algo que atraísse seu amor. O caráter incomum e singular do amor de Deus se revela no fato de que ele foi exercido a favor daqueles cuja condição natural era absolutamente repugnante diante da sua santidade. Deus amou infinitamente os objetos da sua ira. Geoffrey Wilson tem razão quando afirma que um homem realmente pode estar preparado a fazer o maior dos sacrifícios por alguém que ele julga ser digno disso, mas Deus entregou seu Filho para a morte na cruz por aqueles que ele sabia serem completamente vis e indignos. Franz Leenhardt complementa dizendo que o amor não se justifica mercê do valor do objeto amado. Deus ama sem justificativa para amar. Em terceiro lugar, o amor de Deus é provado (5.6–8). A manifestação do amor de Deus se dá por meio de um evento histórico – a cruz. A prova mais eloquente do amor de Deus é a cruz de Cristo. William Greathouse destaca que em nenhum lugar existe uma revelação de amor como a que encontramos na cruz. Pela cruz temos uma abertura ao coração de Deus e vemos que se trata de um amor que se dá e se sacrifica. Cristo morreu no momento determinado por Deus e de acordo com seu eterno propósito (Jo 8.20; 12.27; 17.1; Gl 4.4; Hb 9.26). Segundo Adolf Pohl, não aconteceu na cruz um heroísmo na potência máxima, mas humilhação extrema, um contrassenso escandaloso (Fp 2.8). Irrompeu o amor jamais decifrável por nós pecadores. Paulo já havia provado que, na cruz, Deus revelou sua plena justiça (3.25,26); agora, ele afirma que, na cruz, Deus revelou seu abundante amor (5.8). O amor de Deus não é apenas um sentimento, é uma ação. O amor não consiste apenas em palavras; é uma dádiva. O amor não é uma dádiva qualquer, mas uma dádiva de si mesmo. Deus deu seu Filho. Ele deu tudo, deu a si mesmo. Deus não amou aqueles que nutriam amor por ele, mas aqueles que lhe viraram as costas. Deus amou aqueles que eram inimigos. De acordo com John Stott, a intensidade do amor é medida, em parte, pelo preço que custou a dádiva ao seu doador, e, em parte, por quanto o beneficiário é digno ou não dessa doação. Quanto mais custa o presente ao doador, e quanto menos o receptor o merece, tanto maior demonstra ser esse mesmo amor. Medido por esses padrões, o amor de Deus é singular, pois, ao enviar seu Filho para morrer pelos pecadores, ele estava dando tudo, até a si mesmo, àqueles que dele nada mereciam, exceto juízo. Cranfield segue a mesma trilha de pensamento ao declarar que a morte de Cristo evidencia não apenas o amor de Deus por nós, mas também a natureza desse amor. Trata-se de um amor completamente imerecido. Sua origem de modo algum está no objeto amado, mas inteiramente em Deus.
Hernandes Dias Lopes, Romanos: O Evangelho Segundo Paulo, 1a edição., Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2010), 211–214.
1 Amor O primeiro item é o amor. Não causa surpresa. Como Paulo já deixou claro, o que verdadeiramente importa é “a fé que se expressa pelo amor” (5.6) e “servir uns aos outros em amor” (5.13), e toda a lei do Antigo Testamento é resumida na ordem “Ame o seu próximo como a si mesmo” (5.14). Ao colocar o amor em primeiro lugar, Paulo imita Jesus. Quando alguém perguntou a Jesus quais eram os mandamentos da lei, ele respondeu com dois, um de Deuteronômio e outro de Levítico: Jesus respondeu: “Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de toda a sua mente”. Este é o primeiro e o maior mandamento. O segundo é igualmente importante: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Toda a lei e todas as exigências dos profetas se baseiam nesses dois mandamentos. Mateus 22.37–40 (cit. Dt 6.5; Lv 19.18) Quase certamente, é ao segundo tipo de amor — o amor ao próximo — que Paulo se refere ao falar aqui do fruto do Espírito. Ou seja, ele quer dizer que o primeiro aspecto do fruto do Espírito não é tanto nosso amor por Deus, mas nosso amor uns pelos outros como cristãos, um amor que transpõe todas as diferenças e barreiras. E Paulo não fala apenas de sentimentos afetuosos, de ser gentil, mas da prova real e prática de que nos amamos e nos aceitamos ao cuidar, prover, socorrer, incentivar e apoiar uns aos outros de maneiras objetivas, mesmo a um alto preço ou quando é doloroso fazê-lo. Em outras palavras, fala de amor em ação. Amor que acaba com divisões. Amor que une pessoas que, em outras circunstâncias, odiariam e até matariam umas às outras. Exatamente quão importante é amar uns aos outros dessa forma? Por que é o primeiro item na lista paulina de aspectos do fruto do Espírito? O próprio Paulo tem muito a dizer sobre a importância de os cristãos amarem uns aos outros, mas João a enfatiza mais que qualquer outro escritor do Novo Testamento. Portanto, usemos João como nosso guia para este primeiro estudo. João registra três vezes em seu Evangelho a ordem de Jesus para que seus discípulos amem uns aos outros: Por isso, agora eu lhes dou um novo mandamento: Amem uns aos outros. Assim como eu os amei, vocês devem amar uns aos outros. Seu amor uns pelos outros provará ao mundo que são meus discípulos. João 13.34–35 Este é meu mandamento: Amem uns aos outros como eu amo vocês. João 15.12 Este é meu mandamento: Amem uns aos outros. João 15.17 Em sua primeira carta, João nos lembra cinco vezes de que esse é o mandamento de Deus e discorre sobre como devemos amar uns aos outros não apenas em palavras, mas também em ações e em verdade. Esta é a mensagem que vocês ouviram desde o princípio: que amemos uns aos outros. 1João 3.11 Se alguém tem recursos suficientes para viver bem e vê um irmão em necessidade, mas não mostra compaixão, como pode estar nele o amor de Deus? Filhinhos, não nos limitemos a dizer que amamos uns aos outros; demonstremos a verdade por meio de nossas ações. 1João 3.17–18 E este é seu mandamento: que creiamos no nome de seu Filho, Jesus Cristo, e amemos uns aos outros, conforme ele nos ordenou. 1João 3.23 Amados, continuemos a amar uns aos outros, pois o amor vem de Deus. Quem ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. 1João 4.7–8 Amados, visto que Deus tanto nos amou, certamente devemos amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus. Mas, se amamos uns aos outros, Deus permanece em nós, e seu amor chega, em nós, à expressão plena. 1João 4.11–12 Portanto, se existe algo primordial, central e essencial à vida cristã e a tornar-se mais semelhante a Jesus, deve ser o amor ao próximo. É o motivo pelo qual Paulo fala desse tipo de amor como primeiro sinal de que Deus está operando em nossa vida, o primeiro aspecto do fruto do Espírito de Deus em nós. João também considera esse amor um indício. Ele prova algo. Aliás, o amor prova diversas coisas que podemos observar juntos. De acordo com João, quando os cristãos amam uns aos outros, evidenciam algumas realidades de grande importância: o amor é evidência de vida, evidência de fé, evidência de Deus e evidência em favor de Jesus. Vejamos cada um desses itens. 1. O amor mútuo é evidência de vida João desejava assegurar aos membros da igreja para a qual estava escrevendo que eles eram verdadeiros cristãos e que participavam da vida de Deus, a vida eterna. Por isso, leva seus leitores de volta aos alicerces da fé, de volta ao ensino que tinham ouvido desde o princípio, quando tiveram o primeiro contato com o evangelho e o receberam. Em duas ocasiões, João usa as palavras “esta é a mensagem que ouvimos”. A primeira é em 1João 1.5: “Esta é a mensagem que ouvimos dele e que agora lhes transmitimos: Deus é luz, e nele não há escuridão alguma”. Se andarmos na luz ao confessarmos nossos pecados, vivermos em obediência como Jesus viveu e fazermos o que é certo, conheceremos Deus e saberemos que pertencemos a ele (2.3–6). Então, na metade da carta, João repete essa frase, liga-a ao que acabou de dizer sobre fazer o que é certo e depois a expande com a ordem para amar uns aos outros: “Quem não pratica a justiça e não ama seus irmãos não pertence a Deus. Esta é a mensagem que vocês ouviram desde o princípio: que amemos uns aos outros” (1Jo 3.10–11). Para João, andar na luz e andar em amor eram, juntos, os dois elementos mais básicos e essenciais de ser um cristão verdadeiro. Faziam parte da mensagem original e do ensino de Jesus (“desde o princípio”). E faziam parte do evangelho que tinham ouvido e no qual tinham crido. Contudo, João vai mais longe. Faz mais uma de suas declarações recorrentes que começam com “sabemos”. João afirma que podemos saber e devemos saber algumas verdades de grande importância a respeito de nossa vida cristã. E talvez tenhamos aqui a verdade mais importante que podemos saber. Podemos saber que temos vida eterna. Podemos ter certeza disso. Aliás, João diz que esse é o principal motivo pelo qual ele escreveu seu Evangelho (Jo 20.30–31) e também o motivo pelo qual escreveu essa carta (1Jo 5.13). João desejava que seus leitores soubessem com certeza que tinham a vida eterna. Como saber, porém, que você tem a vida que Deus dá? Ao ver as evidências que o amor de Deus produz em sua vida. “Se amamos nossos irmãos, significa que passamos da morte para a vida. Mas quem não ama continua morto” (1Jo 3.14). O amor cristão é uma questão de vida ou morte. Esse é o grau de sua seriedade. É o que prova que passamos da morte para a vida. As palavras de 1João 3.14 são semelhantes a algo que Jesus declarou: “Eu lhes digo a verdade: quem ouve minha mensagem e crê naquele que me enviou tem a vida eterna. Jamais será condenado, mas já passou da morte para a vida” (Jo 5.24). Quando aceitamos Jesus e depositamos nossa fé em Deus por meio dele, nós recebemos vida eterna (como Jesus diz). Mas, quando amamos uns aos outros, sabemos que passamos da morte para a vida, pois vemos as evidências (como João diz). A fé em Deus por meio de Jesus e o amor mútuo como cristãos andam juntos. Nossa vida eterna é recebida pela fé e demonstrada pelo amor. Como sabemos se uma árvore está viva? Procuramos botões, folhas e, depois, fruto. O fruto é sinal de que a árvore tem vida dentro de si. Onde há fruto, há vida. Mas se não há fruto, é possível que a árvore esteja morta. Como sabemos que uma igreja ou um cristão está vivo? Procuramos amor. Onde há amor, há vida. Quando os cristãos verdadeiramente colocam o amor em prática, é indício e garantia de que a vida de Deus está presente entre eles e dentro deles. Mas quando não colocamos o amor em prática, quando brigamos e discutimos, dividimos e acusamos uns aos outros, o que isso diz a nosso respeito? De acordo com João, se não há amor, não chegamos à vida; continuamos mortos. O amor é uma questão de vida ou morte. Para reforçar quanto essa questão é importante, João nos dá dois exemplos, um de cada lado de seu argumento central em 1João 3.14: • O exemplo negativo: Caim (v. 12,15). Caim era cheio de ódio, e o ódio levou à morte. É o que acontece. Diante disso, o versículo 15 faz uma advertência severa: odiar um irmão em Cristo equivale a homicídio (mais uma vez, João fala de modo semelhante a Jesus em Mt 5.21–22). Se as pessoas se dizem cristãs, mas sua vida, suas atitudes e suas palavras são cheias de ódio, João nos adverte que talvez nem sequer tenham vida eterna, não obstante o que digam. • O exemplo positivo: Cristo (v. 16). Cristo era cheio de amor, e seu amor o levou a entregar a própria vida (e não tirar a vida de outro, como fez Caim). Portanto, a essência do amor é o sacrifício próprio em favor de outros. Foi assim que Jesus descreveu sua morte vindoura como bom pastor (Jo 10.11,15). E, como Paulo diz: “Mas Deus nos prova seu grande amor ao enviar Cristo para morrer por nós quando ainda éramos pecadores” (Rm 5.8). João diz, portanto, que não devemos ser como Caim (nem mesmo em nossos pensamentos), mas como Cristo (não apenas em nossos pensamentos, mas na vida prática, v. 18). E então, caso imaginemos que o princípio do sacrifício próprio, de entregar a vida por outros (v. 16), seja apenas para os momentos raros e extremos em que talvez tenhamos de morrer por alguém, logo em seguida, no versículo 17, João fornece uma ilustração do que ele quer dizer. Ele está falando de oportunidades simples, comuns, cotidianas de mostrar verdadeira generosidade, bondade e cuidado práticos. “Se alguém tem recursos suficientes para viver bem e vê um irmão em necessidade, mas não mostra compaixão, como pode estar nele o amor de Deus?” Essa pergunta retórica incisiva tem como resposta esperada: “Não pode estar, não importa o que a pessoa diga”. Não podemos dizer que amamos a Deus, ou que seu amor está em nós, se não ajudamos os necessitados quando temos condições de fazê-lo. Podemos até afirmar que amamos a Deus, mas não passa de mentira, como João diz adiante com lógica arrasadora: “Se alguém afirma: ‘Amo a Deus’, mas odeia seu irmão, é mentiroso, pois se não amamos nosso irmão, a quem vemos, como amaremos a Deus, a quem não vemos?” (4.20). 2. O amor mútuo é evidência de fé A argumentação de João a respeito do amor (de que ele precisa ser provado em ação) é muito semelhante à argumentação de Tiago a respeito da fé nesta passagem conhecida: De que adianta, meus irmãos, dizerem que têm fé se não a demonstram por meio de suas ações? Acaso esse tipo de fé pode salvar alguém? Se um irmão ou uma irmã necessitar de alimento ou de roupa, e vocês disserem: “Até logo e tenha um bom dia; aqueça-se e coma bem”, mas não lhe derem alimento nem roupa, em que isso ajuda? Como veem, a fé por si mesma, a menos que produza boas obras, está morta. Tiago 2.14–17 Obviamente, João teria concordado, e Paulo também. No entanto, João associa fé e amor de uma forma que os torna tão inseparáveis como fé e boas obras. Aliás, ele os coloca juntos como um só mandamento: “E este é seu mandamento: que creiamos no nome de seu Filho, Jesus Cristo, e amemos uns aos outros, conforme ele nos ordenou” (1Jo 3.23). Observe que ele diz “este é seu mandamento”, no singular. Em seguida, porém, ele fala de duas coisas! Recebemos a ordem de não apenas crer no nome de Jesus Cristo, o Filho de Deus, mas também de amar uns aos outros; juntos, esses imperativos constituem um mandamento integrado. Se fizermos a primeira coisa (crer), faremos a segunda (amar). Se não estivermos fazendo a segunda coisa (amando uns aos outros), não estamos fazendo a primeira (crendo em Jesus). Não devemos tentar separá-las, pois são um só mandamento de Deus: creiam-em-Jesus-e-amem-uns-aos-outros. Andam lado a lado. O amor uns pelos outros não é apenas evidência da vida de Deus dentro de nós; também é evidência da fé por meio da qual recebemos essa vida. De acordo com Tiago, a fé sem obras é morta. João concordaria e diria que a fé sem amor (provado por meio de boas obras) também é morta; não passa de uma asserção infundada. De fato, visto que “este é seu mandamento”, segue-se que, se não demonstrarmos amor prático uns pelos outros, simplesmente desobedecemos aos mandamentos do Jesus em quem afirmamos crer. Que tipo de discípulos somos então? 3. O amor mútuo é evidência de Deus Um dos versículos mais conhecidos da Bíblia, depois de João 3.16, é “Deus é amor”. Como é o caso de todos os versículos bíblicos, é importante lê-lo em seu contexto. Veja-o a seguir, em itálico, em uma passagem maravilhosamente rica a respeito do amor e de Deus: Amados, continuemos a amar uns aos outros, pois o amor vem de Deus. Quem ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Deus mostrou quanto nos amou ao enviar seu único Filho ao mundo para que, por meio dele, tenhamos vida. É nisto que consiste o amor: não em que tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como sacrifício para o perdão de nossos pecados. Amados, visto que Deus tanto nos amou, certamente devemos amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus. Mas, se amamos uns aos outros, Deus permanece em nós, e seu amor chega, em nós, à expressão plena. 1João 4.7–12 João diz três coisas fundamentais nessa passagem: a) Deus é a fonte de todo amor (v. 7–8) Ele afirma que “o amor vem de Deus”. Todo amor humano flui de Deus porque Deus é a fonte de todo amor verdadeiro, uma vez que o amor é sua natureza e seu ser. Isso nos revela algo a respeito de Deus. Ele é amor “que não acaba mais”, como diríamos. Em última análise, tudo o que Deus faz ou diz é expressão de seu amor. Quando Deus age com justiça, é expressão de seu amor. Quando Deus age com ira, é seu amor se (e nos) defendendo de tudo o que poderia prejudicar e destruir o mundo e as pessoas que ele criou com amor. A atitude de Deus e seu modo de agir em relação a sua criação é inteiramente de amor. Ou, como diz o salmo 145: “O Senhor […] é bondoso em tudo que faz” e “O Senhor […] é cheio de bondade” (Sl 145.13,17). O amor de Deus é a maior de todas as realidades do universo, maior até que o próprio universo. Sem dúvida, essa passagem nos fala de uma realidade gloriosa a respeito de Deus. Lembre-se, porém, de que acima de tudo João está se dirigindo a seus leitores, e, conforme seu argumento central, quem não ama outros não está ligado a Deus, a fonte de todo amor. De fato, não conhece a Deus e não é filho de Deus. b) Deus nos deu prova e exemplo de seu amor (v. 9–11) João volta ao cerne do evangelho. Como sabemos que Deus nos ama? Sabemos porque Deus, o Pai, entregou seu único Filho, e Deus, o Filho, se entregou voluntariamente para nos salvar da morte eterna e nos dar vida eterna. A verdade maravilhosa do evangelho registrada em João 3.16 está logo abaixo da superfície desses versículos. A cruz é a prova suprema do amor de Deus, o amor do Pai e do Filho. Observe o belo equilíbrio entre 1João 4.9–10, que fala do amor do Pai ao enviar seu Filho, e 1João 3.16, que fala do amor do Filho ao entregar sua vida por nós. Paulo apresenta exatamente a mesma argumentação equilibrada quando fala de Deus, o Pai, como aquele que “não poupou nem mesmo seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós” (Rm 8.32) e do “Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2.20). Mais uma vez, lembre-se do ponto principal. João não está dizendo isso tudo acerca do amor de Deus apenas para nos ensinar uma teologia saudável da expiação. Seu maior objetivo é nos motivar a imitar o amor do Pai e do Filho, ao amarmos uns aos outros. Com isso chegamos ao versículo 11, o ápice de sua argumentação nessa passsagem: “Amados, visto que Deus tanto nos amou, certamente devemos amar uns aos outros”. A cruz não é apenas o meio pelo qual somos salvos; também é o modelo para como devemos viver. Pedro desenvolve essa mesma argumentação dupla. Ele diz que Jesus “carregou nossos pecados em seu corpo na cruz”. Nossos pecados podem ser perdoados graças à morte expiatória de Cristo. Mas, nessa mesma passagem, Pedro escreve: “Cristo sofreu por vocês. Ele é seu exemplo; sigam seus passos” — exemplo de quem sofre sem se vingar e sem revidar (1Pe 2.21–25). De modo semelhante, diz João, o amor de Deus provado na cruz é modelo e exemplo para seguirmos: “visto que Deus tanto nos amou […] devemos amar”. Simples assim. Se você está tendo dificuldade de amar outros cristãos (como acontece com frequência, por vários motivos), há duas coisas que deve fazer: primeiro, deve ir até a fonte de amor, o próprio Deus, e pedir que seja preenchido pelo amor divino; e segundo, deve olhar para o modelo de amor, a cruz de Cristo, e seguir o exemplo dele. Em seguida, porém, João vai um passo adiante e faz uma declaração ainda mais forte sobre o que acontece quando os cristãos amam uns aos outros. c) Deus se torna visível por meio de nosso amor uns pelos outros (v. 12) “Ninguém jamais viu a Deus”, escreve João. “Mas, se amamos uns aos outros, Deus permanece em nós, e seu amor chega, em nós, à expressão plena” (1Jo 4.12). Ninguém jamais viu a Deus! Mas e quanto a todas as manifestações de Deus no Antigo Testamento a pessoas como Abraão e Moisés? É verdade que, em certo sentido, Deus se fez visível para eles em forma humana temporária, ou por meio de um anjo. Esses acontecimentos são chamados de “teofanias”, literalmente “aparições de Deus”. Quando Deus desejava dizer ou fazer algo especialmente importante em um momento da história, “aparecia” a alguém na narrativa. Até mesmo nessas ocasiões, porém, usava-se cautela ao falar de “ver Deus”. Eles sabiam que Deus, como de fato é em si mesmo, é invisível. Não faz parte do mundo físico em que vivemos e que podemos ver ao nosso redor. Deus não é um “objeto”. Deus é Espírito, o Criador do universo, não uma “coisa” ou um “corpo” que possamos ver com nossos olhos físicos. Nesse sentido, portanto, João diz a verdade ao declarar: “Ninguém jamais viu a Deus”. Contudo, esta é a segunda vez que João escreve essas palavras. A primeira vez foi em seu Evangelho. Logo no início, quando fala sobre a maravilha de como a Palavra eterna de Deus entrou em nosso mundo de espaço e tempo, declara: “Ninguém jamais viu a Deus, mas o Filho único, que mantém comunhão íntima com o Pai, o revelou” (Jo 1.18). Jesus Cristo, a Palavra que se fez carne, tornou Deus visível. Na pessoa de Jesus Cristo, Deus foi visto, ouvido e tocado. Aliás, João lembra seus leitores dessa verdade no começo da carta: “Proclamamos a vocês aquele que existia desde o princípio, aquele que ouvimos e vimos com nossos próprios olhos e tocamos com nossas próprias mãos. Ele é a Palavra da vida” (1Jo 1.1). Deus, que em si mesmo é invisível, foi visto na vida terrena de Jesus de Nazaré. Como o próprio Jesus disse: “Quem me vê, vê o Pai!” (Jo 14.9). Talvez digamos: “Certo. Foi ótimo para aqueles que viram Jesus enquanto ele estava aqui na terra. Tiveram a oportunidade extraordinária de ver o Deus invisível revelado na pessoa e na vida de Jesus de Nazaré. Bom para eles. Mas e quanto a todos os outros? E quanto ao restante da raça humana que nunca teve oportunidade de ver Jesus? Deus pode ser visto de algum modo hoje?”. É impressionante que João comece sua segunda declaração exatamente da mesma forma: “Ninguém jamais viu a Deus. Mas, se amamos uns aos outros, Deus permanece em nós, e seu amor chega, em nós, à expressão plena”. João parece deixar implícito que nosso amor mútuo torna visível o amor de Deus — outra forma de dizer que o próprio Deus é visto, uma vez que Deus é amor. Quando os cristãos amam uns aos outros de maneiras práticas, sacrificiais, custosas e que removem barreiras, o amor de Deus (ou melhor, o Deus que é amor) se torna visível. O mundo deve ser capaz de olhar para os cristãos e para o modo como convivemos e amamos uns aos outros e ver parte da realidade de Deus ser demonstrada. O Deus invisível se torna visível no amor dos cristãos uns pelos outros. Claro que nenhum de nós é perfeito, e todos nós falhamos em diversos aspectos. Por isso, muitas vezes nos protegemos em certa medida quando dizemos: “Não olhe para mim, ou não olhe para os cristãos; olhe para Jesus”. É verdade que jamais devemos nos vangloriar. Também é verdade que desejamos que as pessoas voltem o foco para Cristo, e não para nós. Por vezes, contudo, esse modo de pensar e falar pode ser uma desculpa para que nem sequer tentemos obedecer à ordem de Cristo para amarmos uns aos outros. De acordo com João, o mundo deve poder olhar para os cristãos e para as igrejas cristãs e ver algo que comprove a realidade de Deus. O mundo deve ser capaz de ver Deus em ação. É especialmente o caso quando pessoas que, em outras condições, odiariam e matariam umas às outras, como membros de nações distintas que possuem um histórico de guerra, conseguem mostrar que amam uns aos outros graças ao amor de Deus em Cristo. Durante o genocídio em Ruanda em 1994, estudantes do movimento IFES provenientes das tribos rivais hutu e tutsi foram advertidos para se manterem separados uns dos outros. Em vez disso, formaram um círculo, dando as mãos, orando e dizendo: “Vivemos juntos, unidos por Cristo, e, se necessário, morreremos juntos”. E, de fato, muitos deles morreram. Somente o evangelho do amor de Deus pode realizar essa obra. Vemos o evangelho quando um israelense judeu messiânico e um cristão palestino se abraçam em um evento internacional (como aconteceu no Congresso de Lausanne na Cidade do Cabo em 2010). O próprio Deus se torna visível quando seus filhos amam uns aos outros, ainda que o mundo lhes diga que façam o oposto. Alguns anos atrás, organizações ateístas do Reino Unido pagaram por uma campanha de anúncios nos famosos ônibus vermelhos de Londres. Diziam: “Provavelmente não há Deus, portanto pare de se preocupar e aproveite a vida”. Há muitos cristãos em Londres. Teoricamente, um não cristão que lesse o anúncio poderia dizer: “Não pode ser verdade (que não há Deus), pois conheço Sarah, Nirmala, Sam e Ajith. Eles são cristãos e Deus obviamente é real e vive neles”. Devemos ser prova viva do Deus vivo. Ninguém pode ver a Deus. Mas as pessoas podem nos ver. E, quando amamos uns aos outros, o que elas veem é o amor de Deus. Tudo isso pode parecer bastante positivo, e é. No entanto, precisamos parar e pensar sobre os efeitos negativos quando acontece o oposto, quando cristãos não amam ou não querem amar uns aos outros e, em vez disso, encontram diversas maneiras de se eximir dessa ordem de Jesus e não dão sinal algum do fruto do Espírito. De acordo com João, quando as pessoas que afirmam ser cristãs não demonstram indícios desse tipo de amor semelhante a Deus e a Cristo produzido pelo Espírito, acontece o seguinte: • geram dúvidas quanto a sua identidade de indivíduos nascidos de novo (4.7); • mostram que não conhecem a Deus de fato (4.8); • desprezam a cruz de Cristo, pois não vivem como se ela tivesse algo a nos ensinar (4.9–10); • pior de tudo, mantém Deus invisível (4.12). Escondem o amor de Deus. Ocultam o Deus que é amor e, de si mesmo, não pode ser visto, mas que deseja ser visto por nosso intermédio. Por todos esses motivos, portanto, frustram a missão de Deus e impedem outros de entrar no reino de Deus, como fizeram aqueles que, nos relatos dos Evangelhos, resistiram a Jesus e o rejeitaram. Quando os cristãos não amam uns aos outros, não é apenas trágico; é nocivo. É venenoso e mortífero. Frustra a razão de nossa existência. Nossa missão consiste em sermos discípulos e fazermos discípulos, compartilhando e vivendo as boas-novas do evangelho do amor de Deus ao mostrar como ele transforma nossa vida e nossos relacionamentos. Extraímos todas essas ideias da Primeira Epístola de João. Para concluir, porém, voltemos a Jesus. 4. O amor mútuo é evidência em favor de Jesus Jesus disse: “Por isso, agora eu lhes dou um novo mandamento: Amem uns aos outros. Assim como eu os amei, vocês devem amar uns aos outros. Seu amor uns pelos outros provará ao mundo que são meus discípulos” (Jo 13.34–35). Quando os cristãos amam uns aos outros, mostram a quem pertencem. Voltam o foco para Jesus. O amor cristão é incrivelmente transformador e, em muitos contextos, é tão surpreendente e contracultural que só pode ser obra de Cristo, poder do evangelho, fruto do Espírito. Que aspecto essencial do fruto é esse amor! É absolutamente primordial e preeminente! Quando os cristãos amam uns aos outros, • provam que têm a vida eterna; • provam que têm fé salvífica; • provam que Deus é real; • provam que são verdadeiros seguidores de Jesus. Mas, quando não o fazem, o que isso prova? Perguntas 1. Que relatos bíblicos você poderia usar para ilustrar o tema do amor? 2. Que exemplos você pode dar de seu contexto cultural ou da história para ilustrar o poder do amor de provar a veracidade do evangelho, por exemplo, na reconciliação de inimigos? 3. Se você fosse pregar ou lecionar a respeito do amor como fruto do Espírito de Deus, que reação esperaria de sua igreja ou comunidade? Que sinais há da presença ou ausência desse amor?
Christopher J. H. Wright, Aprendendo a Viver Como Jesus: Um Novo Olhar Sobre O Fruto Do Espírito, ed. Daniel Faria, trans. Susana Klassen, 1a edição. (São Paulo: Mundo Cristão, 2019), 23–39.
CAPÍTULO 3 AMOR A essência da vida cristã Agostinho tem sido chamado, com razão, de “o teólogo do amor”. Porém, Jonathan Edwards poderia reivindicar esse mesmo título. Um estudioso chamou Edwards de “o teólogo do Grande Mandamento”. Se há uma marca da vida cristã à qual Edwards retorna mais do que às outras é o amor. O amor, Edwards diz, é “a vida e a alma da religião”. Ele é uma definição, não simplesmente uma descrição, do cristianismo autêntico. Qual é a essência da vida cristã? Escavando e procurando o coração e o âmago pulsante do que significa ser um seguidor de Cristo, o que iremos encontrar? Edwards responde: o amor. Neste capítulo, consideraremos a visão de Edwards sobre o amor. Iniciaremos refletindo sobre o que ele acreditava ser a fonte de todo verdadeiro amor – o próprio amor de Deus entre as pessoas da Trindade. Então, voltaremo-nos para nosso amor, o amor que se expressa tanto vertical (para Deus) quanto horizontalmente (para os outros). Visto que o foco deste livro é a visão de Edwards sobre a vida cristã, gastaremos a maior parte deste capítulo refletindo sobre o amor exercido pelo crente, identificando sete elementos de especial importância para Edwards quando descreve o amor cristão. O amor divino na Divindade: amor no céu Para Edwards, a fonte de todo amor cristão é o amor do próprio Deus. Esse amor existia na Divindade desde toda eternidade, que, por fim, transbordou no ato divino da criação, um ato que não preencheria alguma necessidade em Deus, mas foi simplesmente o fluir natural da própria alegre refulgência intratrinitária de Deus. A alegria mútua que existe na Divindade é expressa mais claramente por Edwards em seu famoso ensaio sobre a Trindade. Ele começa afirmando que a triunidade de Deus não é inacreditável, mas, em vez disso, uma conclusão sensível e necessária caso seja encarado seriamente o fato de que Deus ama. Refletindo sobre os dois textos em 1João nos quais se afirma que “Deus é amor” (1Jo 4.8,16), Edwards argumenta que essa afirmação “mostra que há mais que uma pessoa na Divindade: pois ela mostra o amor essencial e necessário à Divindade, de forma que sua natureza consiste nele”. Amor é o que Deus é. Pois Deus amar deve-se ao fato de ele ser Deus. “A natureza verdadeira de Deus é o amor. Caso se pergunte o que Deus é, deve-se responder que ele é uma fonte infinita e incompreensível de amor.” Em seu famoso Discourse on the Trinity, Edwards descreve a Trindade precisamente nos termos de amor intratrinitário. Cristo, a segunda pessoa da Trindade, é “a ideia de Deus de si mesmo” – a forma, a imagem, a representação do Pai. Entre esses dois, o Pai e o Filho, “procede o mais puro ato e uma energia infinitamente santa e doce flui entre o Pai e o Filho: pois o amor e a alegria deles são mútuos, em mutualidade de amor e de deleite em cada um deles”. Edwards, então, faz a notável afirmação de que essa santa energia entre o Pai e o Filho é o Espírito Santo. Baseando-se em 1João 4, ele sugere que, se a habitação de Deus nos crentes produz amor neles (1Jo 4.12) e Deus habita nos crentes pelo seu Espírito (1Jo 4.13), então esse amor divino neles deve ser, simplesmente, o Espírito Santo. O Espírito “é o infinito amor de Deus a si mesmo e a alegria em si mesmo”. Edwards volta a esse ponto repetidas vezes nesse ensaio, falando sobre a Trindade em termos de amor, num esforço de corrigir uma perceptível negligência quanto ao Espírito no pensamento trinitariano. Para Edwards, “a própria essência de Deus” é “amor divino”. E esse amor divino é “o Espírito Santo, o espírito do amor divino, no qual a plena essência de Deus, por assim dizer, flui plenamente ou é suspirada em amor”. Essa identificação tão próxima entre o amor e o Espírito Santo é a razão de este livro não ter um capítulo à parte sobre o Espírito Santo. Uma abordagem ao amor divino é uma abordagem ao Espírito. Afirmar, então, para Edwards, que “Deus é amor” não é um reducionismo doutrinariamente anêmico do caráter total de Deus, o qual a Bíblia ensina não ser somente “Deus compassivo, clemente e longânimo”, mas também ser Deus “que não inocenta o culpado” (Êx 34.6–7). Ira e justiça pertencem ao caráter deste Deus totalmente bíblico não menos que o amor. Afinal, a Bíblia afirma não somente que “Deus é amor”, mas também que “Deus é luz” (1Jo 1.5) – santa luz; isso é, a luz oposta às trevas (morais). No entanto, o amor de Deus é mais assombroso e maravilhoso, não menos, quando colocado contra o pano de fundo do panorama dos diversos atributos de Deus. Quando Edwards ensina o que significa dizer que “Deus é amor”, então, ele tem em mente uma visão robusta doutrinariamente, não reducionista, do amor de Deus. Ele tem em mente a energia santa do deleite mútuo exercido dentro da própria Divindade: o Pai e o Filho se alegrando e focando um ao outro, com o deleite da energia que é o Espírito Santo. Esse é o amor de Deus. E esse amor, para Edwards, impeliu a criação do mundo. A própria natureza do amor intratinitário de Deus implica que ele deve derramar-se em expressão externa. Ele resiste ser contido. Nesse sentido, o amor de Deus é a força mais incontrolável do universo. Pois o amor por sua própria natureza busca o bem para o outro, regozija-se no outro. Amor estático é em si mesmo contraditório. “A criação do mundo”, diz Edwards, “é para satisfazer o amor divino”. Amor divino em seu povo: amor sobre a Terra Nessa nossa transição do amor em Deus para o amor nos crentes, aquele que ama muda, mas a natureza do amor em si mesma, não. Pois o amor que habita no coração dos crentes, de acordo com Edwards, é o amor divino. O amor cristão é a implantação do próprio amor de Deus. A criatura é, como Lewis aponta, levada à grande dança. O novo nascimento incorpora a criatura humana no fluxo mútuo e transbordante do amor intratrinitário de Deus. Quando Edwards fala de “amor divino”, portanto, ele está frequentemente se referindo não ao amor de Deus como exercido por Deus, mas ao amor de Deus como habitando nos crentes e exercido por eles. Antes de prosseguir no amor divino na teologia da vida cristã de Edwards, devemos fazer mais dois esclarecimentos. Primeiro, Edwards fala de amor em termos de benevolência e também em termos de complacência. Essas eram categorias comumente usadas nas discussões no século 18 sobre moralidade, embora não se usem esses termos atualmente. Por amor de benevolência, ele quer dizer deleitar-se no bem-estar do outro. Por amor de complacência ele que dizer simplesmente deleitar-se no outro. Benevolência deseja o bem a ser desfrutado pelo amado; complacência deseja desfrutar o bem no amado. E complacência, diz Edwards, é o elemento mais fundamental no amor divino e o que ele está descrevendo em Charity and Its Fruits. Complacência, portanto, será nosso foco enquanto discutirmos a visão de Edwards de amor na vida cristã. Segundo, Edwards ficava desconfortável com uma forte disjunção entre amor cristão por Deus e amor cristão por outros. Os dois podem ser distinguidos, mas não separados. Percebemos isso na identificação de Edwards do amor divino com o Espírito Santo. Quando Deus salva um ser humano e derrama seu Espírito naquela pessoa, Deus está dizendo a mesma coisa de forma diferente, derramando seu amor naquela pessoa. Edwards nota em uma miscelânea que isso é exatamente o que se pode esperar de uma leitura bem feita do Novo Testamento, que fala não somente de Deus “derramando” seu Santo Espírito nos crentes (At 2.17–18; Tt 3.6), mas também de Deus “derramar” seu amor nos crentes (Rm 5.5). “Amor cristão a ambos, a Deus e ao homem”, diz Edwards, “é forjado no coração pela mesma obra do Espírito. Não há duas obras do Espírito de Deus, uma para infundir um espírito de amor a Deus e outra, um espírito de amor ao homem”. Em vez disso, “fazendo uma, ele realiza a outra”. O Espírito Santo estabelece internamente nos filhos de Deus um novo impulso, orientado para o exterior, que, enquanto encontra expressão tanto vertical quanto horizontalmente, é, no entanto, um impulso único. O verdadeiro amor a Deus sempre será acompanhado pelo amor às pessoas; verdadeiro amor às pessoas sempre será acompanhado pelo amor a Deus. “O Espírito de Deus na obra da conversão renova o coração, dando-lhe um temperamento divino. […] E esse é o mesmo temperamento divino infundido no coração que flui em amor a Deus e ao homem.” Prosseguiremos, então, considerando sete axiomas nucleares que contornam a magnífica visão de Edwards sobre o amor na vida cristã. O amor resume toda a vida cristã Na primeira dessas sete características do amor, aportamos no coração deste capítulo e, talvez, no coração deste livro sobre os ensinos de Jonathan Edwards quanto à vida cristã. A vida cristã é, se nada mais, uma vida de amor. Os crentes se deleitam no bem-estar e na alegria dos outros. É quem eles são. Amor, afirma Edwards, é “o que é maior e mais essencial e, na verdade, a soma de tudo o que é essencial, peculiar e salvador no cristianismo, e […] a própria vida e alma de toda religião”. Ser um cristão é amar. O amor não é opcional nem periférico. Não é exigido apenas de certos tipos de personalidade. Um cristão é alguém que foi convidado à grande dança do deleite mútuo na Divindade trina, tendo o próprio amor dessa Divindade implantado em sua alma. A supremacia do amor no viver cristão fica especialmente clara no início do sermão de abertura da série de Edwards intitulada Charity and Its Fruits. Toda a série de 15 sermões está baseada em 1Coríntios 13, e esse primeiro sermão trabalha os três primeiros versos em particular, onde se lê: Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará. Edwards observa que as realidades cristãs a que o amor é comparado nesses versos – línguas angelicais, poderes proféticos, vasto conhecimento, fé que move montanhas – não podem ser mais altas e mais elevadas. Contudo, elas são todas consideradas totalmente indignas sem amor. “Deixe o homem ter o que ele desejar e permita-lhe fazer o que desejar, isso significa nada sem a caridade.” Pois amor “é a vida e a alma de toda religião, sem o qual outras coisas […] são vazias e vãs”. Enquanto Paulo, às vezes, afirma o amor como uma virtude entre outras (Gl 5.22–23), Edwards diria que, mesmo quando o amor aparece em uma lista ao lado de outras virtudes, essas outras virtudes todas são resumidas nele ou são manifestações diversas do amor. Amor é “uma compressão de todas as virtudes”. Isso porque “amor divino é a soma de toda a santidade”. Para um cristão, além disso, amor não é um bônus à sã doutrina – um benefício extra ou um complemento para alguns crentes. Não, amor é ponto importante da sã doutrina. Sã doutrina sem amor é em si mesma uma profunda contradição – “um coração cristão frio e duro é o maior dos absurdos e das contradições. É como se alguém pudesse falar em brilho negro ou em falsa verdade”. Acúmulo de conhecimento doutrinário redunda em perda, não em ganho, se essa teologia aumenta a falta de estímulo à vontade benevolente e profunda para com outros. Sem dúvida, há muitos hoje em dia que devem ser reprovados largamente porque, embora estejam há muito tempo na escola de Cristo e nos ensinos do evangelho, ainda permanecem, em grande medida, ignorantes quanto ao tipo de espírito que é o espírito cristão verdadeiro, qual espírito é próprio aos seguidores de Cristo e à dispensação do evangelho que estão vivendo. Acúmulo de conhecimento doutrinário não compensa a necessidade de amor. Pelo contrário, quanto maior é a sofisticação doutrinária, maior será a obrigação de alavancar esse conhecimento em amor. Centralizando o amor, Edwards se posiciona em boa companhia. Ele simplesmente ecoa os ensinos de Paulo, que declara a uma igreja poderosamente adornada com dons que “o maior destes [dons] é o amor” (1Co 13.13); de João, que afirma que “aquele que não ama não conhece a Deus” (1Jo 4.8); de Tiago, que iguala o amor ao cumprimento de toda a Lei (Tg 2.8); de Pedro, que exorta seus leitores a que, “acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros” (1Pe 4.8); e do próprio Jesus, que proclamou que o maior mandamento de todos é o amor (Mc 12.28–31). O amor cristão fundamenta cada uma das outras virtudes O amor divinamente implantado não é somente o resumo de todo o viver cristão, mas também a “raiz e a mola” de todo viver cristão. O amor não apenas realiza tudo o que um cristão é chamado a fazer, mas também é verdade que toda virtude é, quando considerada cuidadosamente, uma manifestação específica do amor. Amor é “aquilo de que toda boa disposição e hábitos se originam, o estoque do qual todo bom fruto se origina e a fonte na qual tudo o que é bom está contido e da qual tudo o que é bom flui”. Isso se torna claro na leitura dos sermões intermediários de Charity and Its Fruits, nos quais ele expõe a multifacetada descrição de Paulo sobre o amor em 1Coríntios 13 (lembre-se que, por “caridade”, Edwards se refere simplesmente ao amor). Quando Edwards começa, no quarto sermão, a pregar sobre as características do amor identificadas nos versos 4 a 7, ele fala dessas características de amor como “frutos” da caridade. A paciência, portanto, que Paulo menciona em 1Coríntios 13.4, é simplesmente uma manifestação muito específica de amor. Edwards mostra isso de duas maneiras – vertical e horizontalmente. Verticalmente, o amor a Deus produz paciência por meio da gratidão estimulada pela consideração na paciência de Deus revelada a nós. O amor a Deus também cultiva a paciência alocando os crentes fora do alcance da má vontade de outros. “Ninguém pode ferir aqueles que amam verdadeiramente a Deus”, afirma Edwards. “Quanto mais os homens amam a Deus, tanto mais colocarão toda a sua felicidade em Deus e buscarão a Deus com todas suas forças, e essa felicidade e porção os homens não podem tocar.” O amor supremo a Deus dá aos cristãos um tipo de invencibilidade silenciosa, pois nenhum pânico terreno pode ameaçar seu imenso amor, que está no próprio Deus. O amor, então, é em si mesmo a fonte da paciência. Dito de outra forma, paciência é o que o amor faz quando está sob pressão. Paciência é o amor afligido. Nesse sermão e nos seguintes em Charity and Its Fruits, Edwards prossegue apresentando argumentos semelhantes acerca do amor como fundamento a todas as várias virtudes listadas em 1Coríntios 13.4–7. O amor fundamenta a bondade (sermão 4), o não ser ciumento (sermão 5), o não se envaidecer (sermão 6), o não ser egoísta (sermão 7), o não se exasperar (sermão 8), o não ser crítico (sermão 9), a se alegrar na verdade (sermão 10) e a sofrer por Cristo (sermão 11). O modo como tudo isso são simplesmente manifestações do amor é reforçado ainda mais no décimo segundo sermão, no qual Edwards propõe que todas essas virtudes são, para usar suas palavras, “concatenadas” – isto é, “as graças do cristianismo estão ligadas e unidas umas às outras e umas nas outras, como os elos de uma corrente”. E o elo fundamental nessa corrente é o amor. Afinal, todas as graças do cristianismo são o fruto do Espírito Santo, não obstante, Edwards, como já vimos, iguala o Espírito Santo ao amor que é plantado nos crentes. Como resultado, “por mais que muitos nomes possam ser dados às diferentes formas e maneiras do exercício da graça, no entanto, se as examinarmos estritamente, todas estão relacionadas a uma”. Essa única, ele diz, é o amor. Cada evidência particular da graça emanando de um crente verdadeiro, de acordo com Edwards, é o fruto do amor. O amor é mais “excelente” do que os dons extraordinários Este é o tema do segundo sermão em Charity and Its Fruits. Como a afirmação teológica desse sermão aponta, “a influência ordinária do Espírito de Deus, trabalhando a graça salvadora no coração, é uma benção mais excelente que qualquer dom extraordinário do Espírito”. “Excelente”, para Edwards, significa ter harmonia e beleza espirituais. A questão do cessacionismo de Edwards não precisa ser discutida aqui, pois sua fundamentação está enraizada no que era verdade no século 1º, quando os dons sobrenaturais estavam, de várias formas, em ação. Por “dons extraordinários” temos em mente, como Edwards, as línguas, profecia, conhecimento e fé. Edwards tinha consciência de como os crentes tendem a exagerar o significado espiritual dos sinais mais chamativos do Espírito enquanto subestimam o significado dos sinais mais pacíficos e menos fantásticos do Espírito. Porém, uma priorização como essa é regressiva. O (ordinário) fruto do Espírito tem precedência sobre os (extraordinários) dons. E o fruto do Espírito é resumido, em seu cerne, no amor. Em tudo isso Edwards não desejava também balançar o pêndulo para o outro extremo, convertendo uma obsessão doentia pelo extraordinário em um desprezo doentio pelo extraordinário. Ele gasta boa parte de seu sermão defendendo o grande privilégio dos dons extraordinários do Espírito descritos no Novo Testamento. Quando Deus concede a alguém o espírito de profecia e o favorece com a inspiração imediata ou quando ele concede algum poder de operar milagres, curar o enfermo, expulsar demônios e outros semelhantes, esses são grandes privilégios com os quais Deus presenteia os homens; eles são os mais sublimes tipos de privilégios com os quais ele presenteia os homens depois da graça salvadora. Edwards evita ser reacionário, então. Em seu entusiasmo em exaltar a proeminência do amor, ele não trata os dons extraordinários com desdém ou suspeitas insalubres. Contudo, por maiores que sejam os privilégios dos dons extraordinários, “as influências ordinárias do Espírito de Deus trabalhando a graça no coração é o maior de todos os privilégios”. O que é tão notável a respeito desse sermão, em particular, é o aprofundamento que Edwards dá à relação entre o ordinário e os dons extraordinários. Considere, nesta longa citação, como ele argumenta, percebendo especialmente a forma como relaciona os dons ordinários com a “natureza” de um homem: Essa benção da graça salvadora de Deus é uma qualidade inerente à natureza de quem é o objeto dela. Esse dom do Espírito de Deus, trabalhando o temperamento de um cristão salvo e impulsionando exercícios graciosos, confere uma benção que tem seu lugar no coração, uma benção que torna o coração e a natureza do homem excelentes. Sim, a maior excelência da natureza consiste nisso. Porém, não é assim em relação àqueles dons extraordinários do Espírito. Eles são coisas excelentes, mas não propriamente a excelência da natureza de um homem, pois não são algo inerente à natureza. […] Dons extraordinários não são algo propriamente inerente ao homem. […] Dons extraordinários do Espírito são, por assim dizer, joias preciosas que um homem leva consigo. Mas a verdadeira graça no coração é, por assim dizer, a preciosidade do coração, pela qual ele se torna precioso ou excelente, pela qual a própria alma se torna uma joia preciosa. O exercício ordinário da graça no coração, em outras palavras, manifestado supremamente no amor, expressa quem o crente é. O amor é nativo para o crente. Os dons extraordinários são, por assim dizer, estrangeiros para o crente. Eles são expressões temporárias que não emanam do próprio coração do crente da mesma maneira que o amor. Edwards conduz sua argumentação ao lugar de direito com a comovente observação de que os dons extraordinários não estavam reservados àqueles mais próximos de Deus, mas se manifestaram na flagrante ausência de Deus – Balaão, Saul, Judas e os seguidores de Cristo que profetizaram e expulsaram demônios, contudo, serão rejeitados no último dia (Mt 7.22–23). A graça extraordinária é uma grande graça. A graça ordinária, expressa supremamente no amor cristão, é a maior de todas as graças. O amor cristão não é imóvel O ponto principal do décimo sermão em Charity and Its Fruits é que “toda verdadeira graça cristã tende (isto é, conduz) à prática santa”. Por “prática santa” Edwards entende santidade concreta na vida diária. Assim como o amor de Deus foi derramado na criação, o amor do cristão é derramado em ações concretas. A necessidade de a santidade ser operosa tendo em vista o que Deus realizou no novo nascimento é um tema recorrente nos escritos de Edwards. Em Religious Affections, por exemplo, o décimo segundo e último sinal da autêntica santidade que Edwards lista é exatamente esse. Afeições religiosas verdadeiras agem. Edwards dá a esse sinal mais espaço (cerca de 80 páginas) do que a qualquer dos outros 11 sinais. Voltaremos à importância da “prática”, obediência frutífera na vida cristã, no capítulo 7. Aqui, especificamente, notamos o modo como Edwards enraíza a prática cristã no amor. Refletindo sobre as palavras de Paulo em 1Coríntios 13.6, onde lemos que o amor não se alegra na transgressão, mas se alegra na verdade, Edwards interpreta “transgressão” (ou “injustiça”) como “tudo o que é pecaminoso na vida e na prática” e “verdade” como “tudo o que é bom na vida”. Em resumo, então, Paulo está ensinando, nesse texto, que o amor se alegra no que é moralmente reto e age em conformidade com isso. O amor, então, estimula-nos a “andar em uma prática santa ou fazer o bem”. Essa prática do bem, diz Edwards, não é simplesmente descritiva, mas definidora do amor. O amor ama. Amor que permanece imóvel não é amor real. “Um princípio de amor é um princípio do qual fluem atos de amor.” Não se pode escolher entre o amor divino habitando no coração e a vida de amor pelos outros. É tudo ou nada. Faltar um é a prova de que está ausente o outro. Apesar de Edwards não nos chamar atenção a esse fato, todo descritor do amor em 1Coríntios 13.4–7 está em forma verbal. Com isso, “amor é paciente” é o substantivo grego amor com uma forma verbal grega para “ser paciente”. O “amor é benigno” é o substantivo para amor com uma forma verbal para “agir bondosamente”. É difícil expressar esses verbos em língua portuguesa, e nossa melhor opção é traduzi-los como se Paulo estivesse usando adjetivos. Mas não é esse o caso, reforçando a observação penetrante de Edwards a respeito do movimento necessário do amor divino verdadeiro no coração de um cristão. O amor cristão verdadeiro, então, não pode ser imóvel. Isso não é afirmar, no entanto, que a vida de amor é robótica ou sem esforço. “Esforce-se para viver uma vida de amor”, ele exorta. Isso também não quer dizer que por “prática” Edwards tinha em mente somente ações externas e visíveis, o que seria um mal-entendido reducionista de Edwards nesse assunto. Por “prática” ele tinha em mente não somente os atos observáveis de boa vontade, mas também atos como “anseio por Deus” e “deleite em Deus e contentamento nele”. Isso também é prática cristã direcionada pelo amor, mesmo que a prática seja invisível aos olhos de outros. Na verdade, Edwards sabia bem, por observar bem de perto o avivamento, que essa invisibilidade era uma proteção contra a propensão humana incorrigível em desfilar virtudes, mesmo que sutilmente, para os outros verem. E, ainda, por outro lado, a teologia do amor de Edwards não era etérea nem abstrata. De tempos em tempos, por exemplo, ele pregava sobre o vínculo obrigatório do cristão de assistir o pobre de maneira tangível. O ministério de pregação de Edwards, considerado como um todo, resiste à separação frequentemente vista hoje em dia entre cuidar da alma e cuidar do corpo. Para defender de forma robusta sua afirmação de que o amor necessariamente exercita a si mesmo, Edwards chama atenção à verdade universalmente verificável de que sempre agimos sobre o que amamos de verdade. Realmente, não podemos servir se não expressarmos nossos verdadeiros amores. O cristão professo que afirma amar a Cristo acima de todas as coisas enquanto consistentemente distorce a verdade em um esforço de cultivar certa reputação não ama o nome de Cristo, mas ama seu próprio nome. “As ações do homem são o julgamento mais adequado e a evidência de seu amor.” Nossas ações mostram quem e o que realmente amamos. Falando sobre nossos ídolos como “imagens de escultura”, Edwards observa: “Amar as imagens de escultura, nós vemos, influencia poderosamente os homens em suas ações e prática. Sim, o que é que principalmente mantém o mundo da raça humana em ação, dia após dia, ano após ano, senão um ou outro tipo de amor?” Ele, então, dá exemplo do que quer dizer: Aquele que ama o dinheiro é influenciado, em suas práticas, pelo seu amor em desfrutá-lo e se mantém em contínua busca por isso. E aquele que ama a honra é governado em sua prática por isso. Suas ações ao longo de sua vida são reguladas por esse princípio. E, assim, são amantes de prazeres carnais; como eles os perseguem em suas práticas! E, assim, também, aquele que ama verdadeiramente a Deus é influenciado por isso em suas práticas; ele sinceramente busca a Deus ao longo de sua vida, busca seu favor e aceitação e busca sua glória. O amor verdadeiro a Deus é inquieto. Como o bater de pernas de uma criança, a vitalidade que habita no amor insiste em se expressar. O amor cristão autêntico sempre se relaciona à verdade Aqui, relacionamos amor com outro tema difuso em Edwards – a união entre luz e calor, mente e coração, pensamento e emoção. “A peculiaridade da obra teológica de Edwards”, escreveu B. B. Warfield, “deve-se à união, nele, do riquíssimo sentimento religioso com altíssimos poderes intelectuais”. Desejo apenas, nesta parte, apontar, no entanto, o modo como Edwards aplica este casamento de pensamento e afeições ao amor cristão. O amor divino na alma de um cristão, para Edwards, tem seu exercício espiritual saudável na mesma proporção que esse amor estiver edificado no sólido fundamento da verdade. Verdade estimulando o amor. “Quando a verdade das gloriosas doutrinas e promessas do evangelho é vista, essas doutrinas e essas promessas são como muitas faixas que amarram o coração, movendo-o em amor a Deus e a Cristo.” Edwards afirma que o amor é “a vida e a alma de uma fé prática. A fé verdadeiramente prática e salvadora é luz e calor juntos, ou luz e amor. Aquilo que é apenas especulativo nada mais é que luz sem calor”. Uma vida assim não é diferente da vida dos demônios, Edwards prossegue dizendo. Verdade sem amor descreve o próprio Satanás. Ele é o melhor teólogo do universo. Como Edwards coloca em um sermão de 1752, “o diabo é ortodoxo em sua fé, ele crê no corpo de doutrinas; ele não é deísta, sociniano, ariano, pelagiano nem antinomista; seus artigos de fé são todos sólidos”. A ortodoxia do diabo não está amarrada ao amor. A verdade não só inflama o amor, mas também é seu teste. A verdade não apenas precede o amor, abastecendo-o, mas também segue o amor, delimitando-o. Quando pensamos que estamos agindo em amor, podemos testar essa experiência com a verdade doutrinária, conforme encontrada na Bíblia. Se os crentes professos parecem ter um amor afetuoso a Deus e a Cristo, eles deveriam inquirir se esse amor é acompanhado de uma convicção real da alma quanto à realidade de Cristo, quanto à verdade do evangelho que o revela, uma convicção de que ele é o Filho de Deus, o único Salvador, o glorioso e todo suficiente Salvador. Nisto está uma grande diferença entre afeições falsas e afeições verdadeiras: falsas afeições e um amor salvífico ilusório a Deus e a Cristo não são acompanhados dessas convicções; eles não veem a verdade e a realidade das coisas divinas. Essa declaração, feita no decorrer do décimo segundo sermão de Edwards em Charity and Its Fruits, foi reiterada poucos anos depois no quinto dos 12 sinais de uma espiritualidade autêntica em Religious Affections: “Afeições graciosas verdadeiras são acompanhadas de uma convicção racional e espiritual de julgamento, da realidade e certeza das coisas divinas.” Sentimentos autênticos e fidelidade doutrinária ficam de pé ou caem juntos. Não surpreende, então, que na delineação feita por Edwards em Distinguishing Marks dos cinco sinais positivos que identificam uma obra do Espírito de Deus, o quarto seja a defesa da verdade e o quinto, o amor genuíno. Em tudo isso, vemos que a ênfase sobre o amor na teologia da vida cristã de Edwards não encontra descendentes fiéis nas teologias de Schleiermacher e seus herdeiros, que retiram o subjetivo (amor experimentado) para a negligência do objetivo (verdade revelada). O amor sem a verdade é desenraizado. Verdade sem amor é sem vida. Nenhum dos dois é cristianismo verdadeiro. O amor divino verdadeiro nunca está divorciado da verdade revelada de Deus, mas sempre fundamentado sobre ela. O amor divino é a mais doce alegria na terra As duas primeiras virtudes listadas por Paulo em Gálatas 5 como “frutos do Espírito” são o amor e a alegria. Para Edwards, como para o apóstolo, as duas estão naturalmente associadas. Embora tratemos a teologia da alegria de Edwards mais completamente no próximo capítulo, aqui comentaremos brevemente sobre a relação da alegria com o amor. O amor divino no coração de um cristão é a mais doce alegria que pode ser experimentada neste mundo. Felicidade genuína não é algo que se deve buscar lado a lado com o amor, mas algo a ser desfrutado no amor divino. Uma vida de amor é a única vida de sólida alegria. E no caso de amor e alegria, o regenerado está experimentando a própria vida da Trindade. A alegria do crente é uma participação vital na alegria que as pessoas do trino Deus têm desfrutado mutuamente uma com as outras desde toda a eternidade e o amor do crente é uma participação vital no amor que as pessoas do trino Deus têm expressado mutuamente umas às outras. A relação entre alegria e amor fica especialmente clara em um sermão sobre 1João 4.16 denominado “O espírito dos verdadeiros santos é um espírito de amor divino”. De algumas maneiras, esse sermão pode resumir o coração da teologia da vida cristã de Edwards mais do que qualquer outro dos seus sermões considerados separadamente. Várias ênfases distintamente edwardianas estão aqui: a beleza de Deus, o novo nascimento, satisfação em Deus como nossa felicidade suprema, a natureza do inferno e de Satanás, Cristo como a suprema manifestação da misericórdia de Deus, humildade, o Espírito Santo como a energia divina de deleite entre o Pai e o Filho, o serviço envolvido na vida cristã – e, é claro, amor. O que é especialmente digno de nota para nossos propósitos é a forma como Edwards consistentemente entrelaça alegria e amor na vida cristã. “Aqueles que amam a Deus põem seu coração no âmago da felicidade, que nunca cessará neles, e serão felizes por toda a eternidade, apesar da morte e do inferno.” Como é, porém, que o amor divino nunca cessará em nós? “Aquele que tem amor divino em si possui uma fonte de verdadeira felicidade em seu próprio peito, uma fonte de doçura, um manancial de água da vida. Há agradável calma, serenidade e brilho na alma acompanhando os exercícios dessa santa afeição.” Qualquer circunstância que sobrevenha ao cristão, em nada poderá roubar esse amor enquanto o crente se deleitar em Deus acima de tudo. A felicidade que permeia aqueles que amam a Deus é tão grande, diz Edwards, que não pode ser plenamente articulada. A alegria que um santo tem em Deus e no Redentor é inefável. A inefabilidade parece ser uma propriedade especial que lhe pertence. Não há palavras para expressar o tipo de doçura ou de humilde exaltação que decorre da presença sensível de Deus na alma que está cheia com o amor divino. A linguagem da “doçura” é profundamente edwardiana e expressa a delicada simpatia do amor divino no coração. “Qual vida mais agradável pode haver que a vida de amor?” Ele pergunta. Outros sermões reiteram a correlação entre alegria e amor. A alegria dos céus, diz Edwards no sermão final de Charity and Its Fruits, é a presença do amor divino que será perfeitamente desfrutado lá. Crentes “viverão e […] reinarão em amor e naquela alegria divina que é o fruto bendito dele”. Em um sermão nessa série, Edwards fala do modo como o amor produz alegria também na terra, quando chama os crentes a “buscar sinceramente o espírito do amor cristão, esse espírito excelente de caridade divina que nos conduzirá sempre ao regozijo com o bem-estar dos outros e que encherá nosso próprio coração de felicidade”. O amor divino, fluindo de Deus e dos homens, é a mais doce e mais agradável alegria na terra que pode ser experimentada. O amor cristão é amor humilde Com esta sétima e final marca-chave do amor divino, chegamos ao que talvez seja a contribuição edwardiana mais exclusiva à história do entendimento da igreja do que seja amor cristão. Se houvesse somente uma característica de amor a ser identificada na teologia da vida cristã de Edwards, seria essa. O amor genuíno é amor humilde. “Aquele que tem amor divino verdadeiro deseja ser esvaziado de si mesmo para que Deus possa enchê-lo. Ele ama renunciar à sua própria honra para que Deus possa ser honrado. […] Ele ama ser diminuído para que Deus possa ser exaltado.” Esse é o tema do sexto sermão em Charity and Its Fruits. “Amor divino verdadeiro”, diz Edwards, “é um amor humilde. É essencial ao amor verdadeiro que ele seja assim, de modo que o amor que não é humilde não é amor divino verdadeiro”. Quando um crente ama verdadeiramente os outros, esse amor não se mostra a fim de chamar atenção. Essa autopromoção prova que não é realmente o amor que está operando. Atos de autopromoção de serviço podem imitar a forma, mas carecem da essência genuína do amor. Antes de prosseguir, devemos pausar a fim de esclarecer o que Edwards entende por humildade. Ele tem em mente uma aparente aversão a si mesmo? O autoflagelo servil, misantrópico e psicológico daqueles que se recusam a pensar que podem contribuir com algo valioso para o mundo? Não – A verdadeira humildade cristã do coração tende a produzir pessoas resignadas à vontade de Deus, pacientes e submissas à sua santa mão quando em aflições, cheias de uma terrível reverência para com a Deidade, prontas a tratar as coisas divinas com grande respeito e de um comportamento manso para com os homens, condescendentes com os inferiores e respeitoso com os superiores, gentil, tratável, não cheias de vontades, não invejosas, mas contentes com sua condição, de espírito pacífico e quieto, não amargamente dispostas a ressentir-se com injúrias, mas aptas a perdoar. Humildade não é pensar pobremente a respeito de si mesmo. É, pelo contrário, pensar em si mesmo em proporção harmoniosa e apropriada em relação a Deus. Se essa é a descrição que Edwards faz de humildade, por que a humildade é definidora do amor? Edwards oferece duas respostas. Primeiro, quando os crentes nascem de novo, recebem um senso de infinita beleza de Deus em comparação conosco. Humildade é gerada não simplesmente na nova consciência de que Deus está infinitamente acima de nós em grandeza, mas também na nova consciência de que ele está infinitamente acima de nós em beleza. Se tudo o necessário para gerar humildade fosse um senso da grandeza de Deus, os demônios seriam os seres mais humildes no universo, pois percebem a infinidade de Deus mais claramente do que qualquer um. Segundo, o evangelho resulta em amor humilde – “esse tipo de exercício de amor como o evangelho tende a provocar de forma especial, tende à humildade e implica em humildade”. A razão para isso é a humildade de Deus em Cristo demonstrada na provisão do resgate e da redenção para os pecadores. “O evangelho ensina como Deus […] se humilhou e considerou de forma infinitamente graciosa os pobres vis vermes da terra e se preocupou com a salvação deles, enviando seu Filho unigênito para morrer por eles a fim de que pudessem ser honrados e levados à eterna comunhão com ele.” O evangelho nos afeta não somente com a surpreendente condescendência de Deus na encarnação, mas também com a humildade de Cristo em sua vida terrena. “O evangelho nos leva a amar a Cristo como uma pessoa humilde.” E não apenas em sua encarnação e vida, mas também em seu sofrimento e morte, somos levados ao amor humilde. “Portanto, se nos comportamos como os seguidores de um Jesus crucificado, andaremos humildemente diante de Deus e dos homens todos os dias de nossa vida.” E, finalmente, não somente em sua encarnação, vida e morte, mas também em sua morte por nossos pecados, somos levados a “humildes exercícios de amor”. A indizível beleza de Deus, então, e o humilde sacrifício de Cristo se unem para nos ensinar que o amor no centro da vida cristã é o amor humilde. Em resumo, esse “amor divino que é a soma do temperamento cristão implica e tende à humildade”. Antes de deixar esse tema, considere uma vez mais o alcance que Edwards confere à humildade do amor divino. Quando insiste que o amor cristão é temperado com a humildade, Edwards não deixa seus leitores se enredarem no esquema de considerar boa sua própria humildade – um padrão de pensamento que é autoindiciador, como um marido gritando com sua esposa: “Eu nunca gritarei com você!” ou como uma ex-estrela de basquete dizendo aos repórteres: “Eu nunca gosto de mencionar o fato de que fiz 42 pontos em meu último jogo”. Como Conrad Cherry explica, “a genuína humildade se recusa a reconhecer como reta qualquer experiência humana, incluindo a própria humildade. Humildade não é uma posse autônoma; ela não é algo que alguém ‘tem’ a que apontar. Ela é uma relação”. Vemos Edwards esclarecendo mais esse ponto em Religious Affections quando inclui sua discussão de humildade no sexto sinal de afeições autênticas. “Não deixe o leitor passar levianamente sobre essas coisas na aplicação a si mesmo”, ele diz. Se você entendeu que é um mau sinal uma pessoa ser capaz de pensar que é mais santa que as outras, nisso se erguerá uma discriminação ofuscante a seu próprio favor; e provavelmente será necessária uma imensa exatidão no autoexame, a fim de determinar se, de fato, você está certo. Se, a propósito dessa questão, sua resposta for “não, parece-me que ninguém é tão mau quanto eu”, então, não deixe o assunto passar, mas examine-o novamente, quer você se ache ou não melhor que os outros por causa disso mesmo, porque você imagina que pensa maldosamente de si mesmo. Você tem uma opinião elevada sobre essa humildade? E se você responder novamente “não, eu não tenho uma opinião elevada de minha humildade, parece-me que sou tão orgulhoso quanto o diabo”, examine-se mais uma vez, verificando se a presunção não se eleva por baixo dessa capa; se, por causa disso mesmo, você achar que é tão orgulhoso quanto o diabo, não pense que é tão humilde. A própria admissão de orgulho, se balizada pela autorreflexão, naturalmente introduz orgulho. Olhar para si mesmo, mesmo em sóbrio reconhecimento do orgulho, tende ao orgulho, mantendo o amor verdadeiro fora de nosso alcance. A única saída é olhar para Cristo. Olhar para nossa própria humildade é fazê-la vã; olhar para o Deus infinitamente belo, supremamente manifesto em Cristo, é trazer a humildade às portas do nosso coração. Se alguma coisa distingue o amor autêntico, é a humildade. Esse é o teste mais seguro. O amor que carece de humildade condena a si mesmo, pois amor que é exposto à observação de outros não é amor divino, do Espírito, mas amor a si mesmo, da carne. Conclusão George Marsden perspicazmente observa que a autobiografia de Benjamin Franklin contrasta claramente com outro livro da mesma época, a vida de David Brainerd, de Jonathan Edwards – Franklin descreve “o homem que vence por esforço próprio” e Brainerd, “o homem da autorrenúncia”. Brainerd, o jovem missionário com quem Edwards fez amizade, resumiu a teologia do amor humilde de Edwards. Em seu poema “The Clod and the Pebble”, William Blake escreveu: O amor não busca seu próprio prazer Nem para si mesmo alguma atenção, Mas a outros dá-se facilmente E constrói o céu no desespero infernal. Essa é a visão de Edwards sobre a vida cristã. A bela vida é a vida de amor, direcionada a outros em serviço e afeição. Com amor, mesmo o inferno circunstancial pode ser transformado em experimento celeste. Um cristão sem amor não é, para Jonathan Edwards, somente uma infeliz incompletude, é uma profunda contradição. Um cristão, por definição, não é alguém que começou uma nova estratégia para a vida, da qual um dos elementos é o amor. Um cristão – um verdadeiro cristão – é alguém de quem as tendências egoístas inatas foram arrancadas decisivamente pelo amor absoluto de Deus, amor que se sente e se faz real por meio do Espírito Santo. Essa vida assumiu um sabor completamente novo. Desejos pecaminosos permanecem. O velho homem, embora moribundo, ainda não está morto. Mas um novo impulso de tenra boa vontade assenta-se agora no trono do coração dos crentes. Ainda existe egoísmo, mas o egoísmo não reina mais. Como o verso final de Efésios apresenta, os crentes são aqueles “que amam a nosso Senhor Jesus Cristo com amor incorruptível” (Ef 6.24 – NVI – ênfase acrescentada). No final do décimo quarto sermão em Charity and Its Fruits, Edwards reflete sobre a natureza do amor divino. Sua exortação final deixa-nos uma palavra comovente, com a qual concluímos este capítulo. Este é o mais excelente fruto do Espírito. […] Portanto, busquemos sinceramente esse fruto bendito do Espírito e busquemos sua abundância em nosso coração, que o amor de Deus seja mais e mais derramado em nosso coração, que possamos amar o Senhor Jesus Cristo em sinceridade e amor uns para com os outros, como Cristo tem nos amado. CAPÍTULO 4
Dane C. Ortlund, Jonathan Edwards E a Vida Cristã: Viver Para a Beleza de Deus, trans. Charles Marcelino, 1a edição., Série Teólogos E a Vida Cristã (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2017), 55–77.
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