Um olhar sobre Paratibe

Vim para servir  •  Sermon  •  Submitted
0 ratings
· 2 views

Entendendo os desafios do lugar em que estamos

Notes
Transcript

Os desafios de servir

Temos refletido durante várias semanas sobre a condição de servo a que Cristo submeteu-se por amor a humanidade. Ele abraçou essa condição como a própria essência do seu ministério quando afirmou “Eu vim para servir”. Vimos que isso marcou profundamente a vida dos seus discípulos e da igreja que surgiu após a sua morte.
Vimos também que o Espírito de Deus, deixado por Jesus como nosso guia e consolador, é também aquele que nos prepara para servir. Ele enche nosso peito de amor pela obra de Deus nesse mundo, dando-nos uma PAIXÃO, uma direção para o nosso serviço; ele também nos concede DONS espirituais, capacitações vindas dele mesmo, para que o nosso serviço revele o amor de Deus e as pessoas o glorifiquem por isso; e por fim entendemos que o Espírito de Deus é gracioso ao acompanhar em nossas histórias e permitir que se forme em nós um jeito de viver a vida, um ESTILO PESSOAL que nos faz servir com naturalidade e alegria. (próximo sábado, 21/05, “Descubra seu perfil de servo”).
Considerando os desafios que precisam ser enfrentados para que o serviço se torne um modo de vida, acredito que foram lançadas as base para os dois primeiros passos: (1) abraçar na mente e no coração a nossa condição de servo à semelhança de Cristo e (2) descobrir nossos perfis de servo e começar a agir de acordo com eles. Claro que apenas começamos nesses dois passos, mas acredito que podemos avançar com o que já temos, e teremos a partir do encontro do próximo sábado.
Há um terceiro passo que considero importante para que a mentalidade e a prática de servir comece a ser tornar um jeito de ser para nós da Videira. Precisamos aprender a olhar para fora de nós mesmo e perceber a necessidade das pessoas à nossa volta. A natureza do serviço a que somos chamados, na verdade, começa com a percepção, mas vai além. Ela se completa com aquela atitude que os discípulos viram em Jesus, que não se apegou a quem ele era nem tentou manter o que era seu por direito, mas se desapegou de tudo para servir as pessoas em suas necessidades. As Escrituras dizem que essa foi a prova do amor de Deus por nós. Jesus não ficou de longe. Ele se fez gente e conheceu de perto as limitações humanas. Ele sofreu junto com as pessoas e chorou suas dores. E também celebrou com elas a alegria de ter amigos e viver a vida.
Eu já tenho dito que nosso desafio de serviço aqui em Paratibe é ainda maior porque quase todos nós moramos em outros bairros da cidade. Nosso conhecimento sobre as necessidades do bairro são limitadas à nossa observação aos domingos. Temos uma ideia geral do que aflige as pessoas aqui porque não há como esconder a realidade da cidade, mas não conhecemos o dia-a-dia de quem mora aqui. Somos gente de fora, chegamos arrumados e vamos embora sem nos desarrumar. Mudar isso vai exigir de nós determinação e coragem.

Neemias e a realidade

Neemias é um personagem bem conhecido da Bíblia e história dele está contada em um livro com o seu nome. É um livro pequeno, com treze capítulos que fala sobre como ele liderou a reconstrução dos muros de Jerusalém, por volta do ano 445 a.c.. Nessa época o reino do norte (Israel), que formou-se com 10 das doze tribos descendentes de Abraão, havia sido destruído e o reino do sul (Judá), com as duas tribos restantes, havia sido levado cativo pelo império Babilônico, que agora pertencia aos Persas, porque eles conquistaram a Babilônia e tomaram pra si os povos escravizados. O rei dos Persas era Artaxerxes e Neemias era copeiro do Rei, uma espécie de garçom particular.
Quero trazer um pequeno trecho da história de Neemias porque ela começa com ele se inteirando da realidade em que seu povo estava e acho que nós também precisamos fazer isso.
Nehemiah 1:1–4 NVI
1 Palavras de Neemias, filho de Hacalias: No mês de quisleu , no vigésimo ano , enquanto eu estava na cidade de Susã, 2 Hanani, um dos meus irmãos, veio de Judá com alguns outros homens, e eu lhes perguntei acerca dos judeus que restaram, os sobreviventes do cativeiro, e também sobre Jerusalém. 3 E eles me responderam: “Aqueles que sobreviveram ao cativeiro e estão lá na província passam por grande sofrimento e humilhação. O muro de Jerusalém foi derrubado, e suas portas foram destruídas pelo fogo”. 4 Quando ouvi essas coisas, sentei-me e chorei. Passei dias lamentando-me, jejuando e orando ao Deus dos céus.
Neemias morava e trabalhava em Susã, uma cidade muito antiga que se tornou uma das capitais do império Persa. Neemias era um escravo, mas ele estava bem. Ele servia ao rei, no palácio, e vivia uma vida bastante confortável quando comparada a outros servos. Neemias gozava dos privilégios de quem está perto dos poderosos. Dentro de certos limites, não havia nada que ele precisasse que não estivesse à sua disposição.
Então, quando o ano já estava caminhando para final, nono mês do calendário hebraico, Neemias recebe a visita do seu irmão, Hanani, e enquanto providencia algo para eles comerem pergunta, meio que de passagem: como está o pessoal que ficou em Jerusalém? No contexto em que Neemias vivia, poderia ser um pergunta apenas pra puxar conversa, mas ele é surpreendido com a resposta de seu irmão dos homens que o acompanhavam.
Eu imagino assim a cena: todos baixaram a cabeça ao mesmo tempo e depois de alguns segundos Hanani olha para Neemias e diz: “eles estão passando por grande sofrimento e humilhação. A cidade está destruída e eles vivem numa situação de vulnerabilidade, desprotegidos e sem segurança”.
Certamente Neemias sabia que as coisas na província não funcionavam do mesmo jeito que na capital. Jerusalém ficava na periferia do Império Persa. Eles haviam sido conquistados e tinham apenas o direito de sobreviver e pagar impostos. As ruas de Jerusalém estava destruídas, os muros de Jerusalém já nã protegiam a cidade, talvez o lixo tomasse conta de tudo, mas a pior parte era que as pessoas estava em sofrimento, sentindo-se humilhadas com aquela situação pela qual não podiam fazer quase nada.
Neemias sentou-se com o impacto da notícia e começou a chorar. A dor dos seus compatriotas se tornou a sua própria dor e ele chorou. A dor daqueles que viviam na periferia do império tomou conta de Neemias de um jeito tal que ele passou dias lamentando, jejuando e orando a Deus sobre aquela situação.
Assim como Neemias em relação a Jerusalém, a maioria de nós vive em condições melhores do que a realidade de Paratibe. Alguns de nós até trabalham para o rei, nas empresas do rei. Moramos em ruas calçadas, nossas praças não têm lixo, o transporte coletivo pode não ser o ideal mas existe; além disso posto de saúde, escolas publicas e os mais variados serviços funcionam em condições melhores do que na periferia do reino. Basta olhar em volta e ter uma boa ideia sobre isso.
Mas talvez a gente precise ouvir de um Hanani, que vinha de Judá e tinha visto por si mesmo qual era a situação do povo. Onde está o nosso Hanani? Talvez ele ainda não tenha chegado. O talvez a gente ainda não tenha feito pra ele a pergunta que realmente importa: “Como estão as pessoas fora do meu ambiente de segurança e proteção?”
Precisamos orar pedindo a Deus que levante mande até nós os nossos Hananis e também que desperte entre nós os nossos Neemias. Eles já está por aí e por aqui.
Enquanto isso não acontece, quero compartilhar com vocês um pouco da situação em que se encontra a periferia da nossa cidade, João Pessoa.

A Borda Sul da Cidade

As informações que vou mostra hoje pra vocês fazem parte de um trabalho apresentado por Adalberto Duarte Santos Júnior, Milena Dutra da Silva e José Augusto Ribeiro, no II Simpósio de Estudos Urbanos, realizado nos dias 19, 20 e 21 de agosto de 2013. Já faz quase 10 anos que ele foi apresentado, mas ainda é perfeitamente capaz de nos ajudar a perceber o bairro de Paratibe.

Renda Mensal

Os bairros periféricos abrigam um percentual elevado de pessoas com baixa renda (0 a >2 salários), equivalente a 93,32% da população estabelecida nessas áreas. Em Paratibe 94,54%. Esta distribuição de renda corrobora com outros estudos que apontam as bordas urbanas como receptoras de uma classe detentora de poucos recursos financeiros.
O percentual de pessoas que não possuem renda varia entre 36,53% e 43,8%. Em Paratibe, 39% das pessoas não tem renda mensal certa.

Serviços de Saúde

A quantidade USFs é variável nos bairros da periferia ao sul de João Pessoa. Mangabeira possui um total de 16 unidades de atendimento enquanto que Costa do Sol, Barra de Gramame e Muçumagro encontram-se desprovidos de tal atendimento .
O Ministério da Saúde recomenda uma unidade de atendimento à saúde da família para no máximo 4.000 habitantes, sendo recomendada a quantidade de 3.000 habitantes por USF. A partir dessa diretriz observa-se uma carência de atendimento em todos os bairros da área de estudo. Para prestar atendimento, conforme recomendado, o número de USF na borda urbana analisada deveria ampliar os serviços em 104,17% .
O cenário é ainda mais agravante se considerarmos que os bairros que não possuem USF buscam atendimento nas unidades dos bairros circunvizinhos, o que aumenta o tempo de espera pelo atendimento e compromete a qualidade de serviço da USF diante da sobrecarga.
Hanani
Esses números não substituem a visão de quem mora no bairro. Ainda estamos esperando nossos Hananis. Mas eles podem nos ajudar a perceber como as pessoas estão sofrendo e sendo humilhadas, como disse Hanani. Há muitos outros indicadores que podem ser levantados, como os de violência: contra as mulheres, contra os idosos e contra as crianças. Como sofre a população de Paratibe?

Neemias no local

Depois de ouvir Hanani, de chorar, lamentar, jejuar e orar. Neemias usou sua proximidade ao Rei para apresentar seu desejo de fazer algo e um plano. Ainda vamos falar sobre isso, mas após conseguir o favor do Rei ele foi até Jerusalém, para ver ele mesmo o que estava acontecendo.
Nehemiah 2:11–15 NVI
11 Cheguei a Jerusalém e, depois de três dias de permanência ali, 12 saí de noite com alguns dos meus amigos. Eu não havia contado a ninguém o que o meu Deus havia posto em meu coração que eu fizesse por Jerusalém. Não levava nenhum outro animal além daquele em que eu estava montado. 13 De noite saí pela porta do Vale na direção da fonte do Dragão e da porta do Esterco, examinando o muro de Jerusalém que havia sido derrubado e suas portas, que haviam sido destruídas pelo fogo. 14 Fui até a porta da Fonte e do tanque do Rei, mas ali não havia espaço para o meu animal passar; 15 por isso subi o vale, ainda de noite, examinando o muro. Finalmente voltei e tornei a entrar pela porta do Vale.
Eu acho que precisamos fazer isso, meus irmãos. Precisamos ver com nossos próprios olhos. Acho que devemos usar os recursos pessoais e econômicos que temos para fazer um levantamento, nós mesmos, da situação do bairro de Paratibe. Um grande censo que levante informações sobre todos os indicadores que julgarmos necessários para orientar nosso serviço no bairro.
Precisamos fazer isso juntos. Nenhum de nós, sozinho, poderá realizar essa tarefa, mas se trabalharmos juntos poderemos fazer isso e muito mais.
Estou pensando em usar os meses de JUN e JUL para planejar esse grande censo e executá-los nos meses de AGO e SET, mas estou aberto a receber o conselho de quem tiver uma ideia melhor em relação a esse calendário.
Se queremos servir ao Senhor aqui, precisamos arregaçar as mangas e colocar os pés nas ruas de Paratibe. Precisamos fazer como Neemias. Paratibe não tem muros em volta de si, para andarmos por ele, mas podemos percorrer as ruas esburacadas e cheias de lixo, e andar pelas em busca de saber como sofre e humilhado o povo de Paratibe. Assim poderemos colocar nossas forças e recursos exatamente naquilo que abrirá os olhos do nosso bairro para perceber o amor gracioso de Deus, demonstrado por nós na cruz de Cristo.
Que ele nos ajude e nos guie.

Examinem-se

Hoje vamos participar da Ceia do Senhor. A palavra de Deus diz que não devemos fazer isso sem antes examinar nossas vidas e verificar se temos preservado ou ameaçado a unidade da igreja. Vejamos o texto:
1 Corinthians 11:28–29 VFL
28 Cada pessoa deve examinar a si mesma antes de comer o pão e beber do cálice. 29 Porque se alguém comer o pão e beber do cálice sem reconhecer o significado do corpo do Senhor, come e bebe para a sua própria condenação.
Paulo fez essa ressalva porque sob vários aspectos os irmãos de Corinto não estavam compreendendo a natureza da igreja. Suas atitudes manchavam a beleza da unidade e tornavam sem valor o sacrifício de Cristo. Quando se juntavam, eles eram piores e não melhores. Por isso, ele recomenda que cada um deveria refletir sobre o modo como estava tratando a igreja de Jesus.
Se alguém perceber que não tem ajudado a preservar a unidade do corpo de Cristo ou que por causa de sua maneira de agir ou falar a unidade do corpo de Cristo tem sido ameaçada, confesse e peça perdão a Deus. Você precisa deixar de participar da ceia, agora é o momento de mudar de direção e participar da mesa do Senhor
Se você tem ofendido, desprezado, sido preconceituoso ou cometido qualquer pecado contra algum membro do corpo, reconheça e peça perdão. Todos nós somos servos do mesmo Senhor e prestaremos contas a Ele sobre como vivemos a nossas vidas. Se você tem guardado mágoa de algum irmão, lembre-se do quanto você foi perdoado e perdoe.
Assim podemos todos juntos celebrar a salvação que nos foi dada na cruz e anunciar que o aquele que morreu e ressuscitou um dia virá para buscar todos aqueles que o aceitaram como Senho e Salvador de suas vidas.

Celebração da Ceia

1 Corinthians 11:23–26 NVI
23 Pois recebi do Senhor o que também lhes entreguei: Que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão 24 e, tendo dado graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim”. 25 Da mesma forma, depois da ceia ele tomou o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isso sempre que o beberem em memória de mim”. 26 Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha.
Related Media
See more
Related Sermons
See more