Um amor sem barreiras

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Palavras Iniciais

Quero convidá-lo a ler comigo o texto que se encontra em Lucas 5.31 e em seguida orarmos dando ao Senhor completo acesso às nossas mentes e corações.
Luke 5:31 NVI
31 Jesus lhes respondeu: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes.
O texto que lemos é parte de uma conversa entre Jesus e um grupo de Fariseus e foi pronunciado por Jesus numa festa, organizada por Mateus, um cobrador de impostos.
Ele havia sido de tal forma impactado pela presença e pelas palavras acolhedoras de Jesus, que decidiu deixar de lado a vida desonesta que levava, abandonar o roubo e a extorsão, para atender ao chamado de Jesus e segui-lo.
Mateus estava tão feliz com essa nova oportunidade para viver a vida de uma forma diferente da maneira com ele tinha vivido até aquele momento, que realizou uma grande festa em homenagem a Jesus. Muitos dos amigos de Mateus estavam lá. inclusive vários cobradores de impostos e outras pessoas de reputações questionáveis.
Ao verem Jesus e seus discípulos participando da festa, os fariseus, conhecidos por seu discurso em favor da obediência à lei de Moisés, ficaram incomodados. Eles pensaram que participar de um encontro na companhia de corruptos e desonestos não era um bom começo para Jesus, e questionaram os discípulos dele por fazerem isso.

Duas perspectivas

Duas maneiras diferentes de ver a vida entraram em choque naquele banquete: de um lado, os Fariseus compreendiam que se uma pessoa deseja viver para obedecer a lei e agradar a Deus ele deve se afastar daqueles que não vivem com esse propósito; do outro lado, Jesus estava demonstrando que se alguém deseja viver em sintonia com o amor de Deus deve ser aproximar das pessoas rejeitadas por seus erros e pecados e dar a elas um nova oportunidade para mudar suas vidas.
Os Fariseu viam as pessoas da forma como elas estavam no momento; Jesus via as pessoas conforme as possibilidades, quanto ao que Deus poderia fazer na vida delas.
Para os Fariseus, homens como Mateus eram irrecuperáveis, por isso não se deveria gastar tempo com eles, além de ser melhor evitar o risco de se contaminar com o pecado deles; para Jesus aquela festa era uma oportunidade para curar e resgatar aqueles a quem Deus ama, uma chance para tocar as vidas deles com o amor que cura, o amor de Deus.
Naquela época, os Fariseus eram os maiores promotores de uma vida de obediência a Deus. Eles diziam que as pessoas deveriam viver vidas santas, separadas do pecado e dedicadas a Deus, mas a forma como essa santidade era recomendada por eles era muito diferente da maneira como Jesus entendia a vida plena que Deus deseja para a humanidade.
Na verdade, os embates entre Jesus e os líderes da religião judaica, Fariseus, Saduceus, Escribas, mestres da lei, sacerdotes e outros, só cresceram durante o seu ministério. Aqueles estudiosos das Escrituras se tornaram pessoas insensíveis à dor dos outros; eram apegados à letra da lei, mas não conheciam a compaixão de Deus. Eles tornaram a obediência em um ídolo, esquecendo-se de que ela só faz bem quando é uma resposta de confiança ao amor de Deus.
Por incrível que pareça, essa duas perspectivas continua pautando a maneira como as pessoas vivem a fé hoje. E os embates continuam entre quem serve à obediência como um ídolo e aqueles que obedecem a Jesus em confiança ao Seu amor.

A Missão do Messias

Era impossível para Jesus comungar com o jeito de os Fariseus verem a Deus e tratarem as pessoas. E isso ficou claro desde o começo do ministério público dele. Após vencer a tentação no deserto, ele falou em público pela primeira vez na sinagoga da cidade em que foi criado, Nazaré. Vamos voltar um pouco no texto para ver o que aconteceu lá.
Luke 4:14–21 NVI
14 Jesus voltou para a Galiléia no poder do Espírito, e por toda aquela região se espalhou a sua fama. 15 Ensinava nas sinagogas, e todos o elogiavam. 16 Ele foi a Nazaré, onde havia sido criado, e no dia de sábado entrou na sinagoga, como era seu costume. E levantou-se para ler. 17 Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Abriu-o e encontrou o lugar onde está escrito: 18 “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos 19 e proclamar o ano da graça do Senhor”. 20 Então ele fechou o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. Na sinagoga todos tinham os olhos fitos nele; 21 e ele começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir”.
O texto lido por Jesus está em Isaías 61.1-3. É um texto profético que fala sobre como seria a atuação do Messias, o enviado de Deus. Jesus afirma que aquela profecia de Isaías estava sendo cumprida nele. Assim, Jesus se apresenta como o Messias de Deus e abraçou como objetivo e estilo de vida, a missão profetizada por Isaías.
Quando lemos o texto, fica ainda mais claro porque Jesus pensava tão diferente dos líderes religiosos de seu tempo. Eles estavam com os olhos voltados para o cumprimento da lei (Fariseus) e para as regras do culto (saduceus). Jesus, por outro lado, estava com seus olhos voltados para as pessoas, isto é, os pobres, presos, cegos e oprimidos ou, na versão ampliada, que está em Isaías 61:
(1) Pobres;
(1) Aqueles de coração quebrantado;
(1) Aqueles que estão cativos;
(1) Prisioneiros das trevas;
(2) Os que andam tristes;
(3) Aqueles que choram;
(3) Os de espírito deprimido
Por isso, em sua resposta aos Fariseus, na festa de Mateus, Jesus diz “não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes”. Assim, Jesus deixa bem claro que a boa notícia do amor de Deus alcança primeiro aqueles que se percebem adoecidos pelo próprio pecado e necessitados da cura que vem pelo arrependimento.

Amor imerecido

As pessoas que experimentam alguma dessas condições em suas vidas, frequentemente, são consideradas problemáticas, confusas, desanimadas, atrasos de vida, verdadeiros pesos que puxam quem chega perto deles para baixo.
A regra de latão (que parece ser ouro mas não é) nas redes sociais é que essas pessoas devem ser evitadas. Jesus pensa diferente. Ele entende que essas pessoas precisam do amor de Deus. A missão dele é demonstrar o amor de Deus exatamente para quem não se sente digno de ser amados, por causa de seu pecado, de sua inconstância e de sua rebeldia.
Voltando para o texto, vemos que após ler o texto do profeta Isaías e se identificar como o Messias de Deus, as pessoas tiveram uma boa impressão sobre Jesus. Mas, alguns olharam melhor para Jesus e se lembraram que ele era aquele menino, filho de José, que um dia desses corria pelas ruas da cidade. Como ele poderia ser o Messias enviado por Deus?
Jesus então cita as histórias de Elias e Eliseu e se identifica com eles, que foram reconhecidos por estrangeiros mas rejeitados pelo seu próprio povo. Ao fazer essa citação, Jesus alarga o amor de Deus, que não é algo apenas para os nossos, mas para todos. E às vezes os de fora recebem primeiro. Então, a primeira impressão é deixada de lado e ele é expulso da cidade com ameaças de morte.

Aos que são de fora

A reação das pessoas em Nazaré é conhecida como bairrismo, quando a abrangência é menor ou de nacionalismo, quando o círculo fechado é um país ou nação. Jesus é criticado por estender o amor de Deus para os de fora. Eles não merecem, pensam os de Nazaré, mas durante seu ministério Jesus garante que eles são amados.
As pessoas que estava na sinagoga de Nazaré gostaram de ouvir Isaías 61 e se viram alcançadas pela ação restauradora do Messias, mas quando Jesus disse que muitos dos pobres, presos, cegos e oprimidos alcançados pelo evangelho, pela libertação e pela cura seriam estrangeiros, pessoas de fora, ele ficaram furiosos.
Não devemos nos enganar, o evangelho de Jesus não é propriedade de ninguém; ele não é nosso e da nossa turma; não é uma reserva daqueles que vão a uma igreja ouvir o pregador da vez. Pessoas muito diferentes de nós também foram amadas por Deus. Assim como nós, elas não merecem, mas Deus também os ama e os quer salvar. Devemos gravar isso em nossas mentes.
Então, no restante do capítulo 4 e início do capítulo 5, Lucas narra a libertação de um homem possesso, a cura da sogra de Pedro e de pessoas com vários tipos de doenças, a pesca milagrosa no final de um dia ruim e a cura de um leproso. Cada um dos eventos demonstra que o amor de Deus não tem limites.

Aos que erram

Em seguida, Lucas conta a história da cura de um homem paralítico. Na verdade, acho que deveria ser a história do perdão para um paralítico, porque essa foi a primeira coisa que Jesus fez. Vejamos o texto:
Luke 5:17–20 NVI
17 Certo dia, quando ele ensinava, estavam sentados ali fariseus e mestres da lei, procedentes de todos os povoados da Galiléia, da Judéia e de Jerusalém. E o poder do Senhor estava com ele para curar os doentes. 18 Vieram alguns homens trazendo um paralítico numa maca e tentaram fazê-lo entrar na casa, para colocá-lo diante de Jesus. 19 Não conseguindo fazer isso, por causa da multidão, subiram ao terraço e o baixaram em sua maca, através de uma abertura, até o meio da multidão, bem em frente de Jesus. 20 Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse: “Homem, os seus pecados estão perdoados”.
Além dos que são de fora, conforme o acontecido na sinagoga de Nazaré, também estão incluídos no grupo dos que não merecem, mas são amados, aqueles que erram.
No texto vemos que os Fariseus acharam que as palavras de Jesus, perdoando os pecados daquele homem eram uma blasfêmia, porque apenas Deus poderia perdoar pecados. Eles estavam com sua atenção voltada para o rigor teológico. Não passou pela cabeça deles que ali, diante dos seus olhos, estava o Messias de Deus, alguém com poder para perdoar.
Mas, diferente dos Fariseus, Jesus tinha sua atenção voltada para aquele homem trazido à sua presença por amigos, numa maca. Lucas diz que o Senhor viu que eles confiavam de verdade que algo poderia ser feito por Jesus para mudar aquela terrível situação. Então ele perdoou os pecados do homem paralisado.
Isso é surpreendente, porque diante daquela cena, e dos muitos milagres e curas que Jesus já tinha operado, era de se espera era que o homem ali fosse logo curado de sua paralisia. No entanto, Jesus começou como o mais importante: perdoou os seus pecados. Quais pecados? O que consumia a alma daquele homem? Não sabemos.
Pode até ser que a cura da paralisia fosse uma situação mais emergente, mas o perdão dos pecados era sem dúvida mais importante. Aqueles que compreendem o quanto já pisaram e pisam feio na bola tornam-se mais sensíveis à necessidade do perdão. Mas quem não vê a abrangência do seu pecado e o quanto precisa ser perdoado, está correndo o sério risco de se tornar arrogante e insensível em relação às lutas das pessoas em sua volta.
Veja que os Fariseus não refletem sobre o efeito positivo do perdão na vida daquele homem. Eles não lamentam pelo estrago que o pecado faz na vida das pessoas. Eles não pensam sobre seus erros e o quanto eles mesmos precisam de perdão. Eles só conseguem pensar nas questões teológicas do perdão concedido e fazem isso em tom professoral e distante.
Jesus enxergou a barreira que eles levantaram, e para dar também a eles a oportunidade de serem perdoados, Jesus curou o corpo adoecido do homem paralisado. Aquele que pode o mais (perdoar pecados), também pode o menos (curar o corpo). Assim todos ali (e aqui) somos convidados a crer que em Deus há perdão para qualquer um que reconhecer seus pecados e confiar no poder de Deus para perdoar.

Aos rejeitados

O texto chega novamente ao encontro de Jesus com Mateus e nós chegamos ao terceiro grupo daqueles que embora não mereçam, são amados: aqueles que são rejeitados.
Os publicanos eram considerados traidores, corruptos e ladrões. Eles trabalhavam para Roma cobrando impostos do seu próprio povo, e muitos deles exigiam propina, cobravam mais do que deveria e faziam todo tipo de negócio escuso. Eles usava a posição que ocupavam para enriquecer ilicitamente.
Quando Jesus chamou Levi (Mateus) para ser seu discípulo e depois foi à festa na casa dele, aquilo foi um escândalo para muita gente. Publicanos não eram bem-visto. Eles eram listados junto com pecadores e prostitutas como a escória da nação.
Os Fariseus ficaram muito desconfortáveis com a presença de Jesus naquela festa. Para eles era inadmissível que Jesus e seus discípulos estivessem ali. Eles só conseguiam ver a atitude erradas daquelas pessoas, mas não percebiam que estava em curso uma transformação.
Eles estavam com medo de serem transigentes com o pecado. Mas não precisamos temer. O amor de Deus não é um sim para o pecado, mas a possibilidade de perdão e de recomeço. Lembra o que aconteceu com um outro publicano chamado Zaqueu? Depois de se encontrar com Jesus ele decidiu dar parte de seus bens aos pobres e devolver aquilo que ele tinha cobrado além do que deveria.
Cada época e cada cultura tem seus rejeitados. Cada família, cada religião, cada empresa e todos os grupos sociais têm suas listas. Cada ambiente em que convivemos escolhe uns e rejeita outros. Jesus deixou bem claro que a boa notícia do amor de Deus é para todos. Não há rejeitados. O amor de Deus acolhe a todos e a cada um de nós para nos reconciliar com ele e nos fazer à imagem de Jesus Cristo.
Precisamos manter-nos de braços abertos para acolher qualquer um que esteja disposto a seguir Jesus, para acolher todos que estejam dispostos a dar uma nova direção em suas vidas.

Doentes e Pecadores

Há pessoas que olham para igreja e acham que aqui é lugar de “gente de bem”, gente que só faz as coisas certinhas, que ostenta pose, no insta e no face, como se tudo fosse perfeito. Mas quem pensa assim está enganado.
Jesus deixou bem claro que a igreja é lugar para os doentes e pecadores. Aqui fomos acolhidos e recebemos todos que precisam de cura e salvação para que sejam salvos e restaurados pelo Senhor. E como Jesus faz isso?
Aos pobres… ele apresenta a boa notícia do amor de Deus
Aos de coração quebrantado… ele oferece cuidado para alma despedaçada;
Aos cativos… ele oferece liberdade;
Aos prisioneiros das trevas… ele anuncia libertação;
Aos que andam tristes… ele concede consolo;
Aos que choram e pranteia… ele dá motivos de alegria;
Aos de espírito deprimido… ele promete razões para louvarem a Deus.
Que o Senhor nos ajude a usufruirmos do seu amor a sermos canais para abençoar os que andam ao nosso lado.
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