As funções da família 2

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Conexão

Hoje é nosso terceiro encontro da série Viver Família. Domingo passado vimos as funções com as quais Deus incumbiu a família:
A reprodução, por meio da qual a família se perpetuava – Vimos a história de Ana, uma mulher que clamou a Deus para gerar um filho e foi atendida; e a história do casal que também pediu a Deus para gerar filhos, mas Deus lhe deu duas meninas geradas por outras pessoas, que precisavam de pais que as amassem;
A educação, que possibilita conservar e transmitir crenças e valores, além das aptidões necessárias à sobrevivência – Vimos que a família deve ser o principal centro de formação educacional da criança. Essa função não deve ser substituída pela escola nem confundida com o ensino acadêmico que os colégios oferecem;
A segurança, que propicia os meios de proteção para os membros da família – Vimos que a família deve ser um lugar que inspire confiança, um lugar onde todos se sintam abrigados e protegidos. Família não pode ser um lugar de desprezo e falta de consideração;
A cooperação, que promove os meios de produção básicos e uma divisão do trabalho – Vimos que na família deve haver compromisso com o sucesso uns dos outros. Com esse espírito, a família se transforma em um casulo de preparação para a vida em que a cada nova etapa de amadurecimento os filhos recebem mais treinamento, mais responsabilidade e mais liberdade;
O apoio, que permitia atender às diversas necessidades psicossociais do ser humano. Vimos que na família não deve haver lugar para disputa entre marido e mulher, ou de concorrência entre pais e filhos. Os membros da família devem se apoiar mutuamente e não destruir-se mutuamente.

Diferentes Faces da Família

A família do século XXI tem sofrido ora com a perda dessas funções planejadas por Deus, ora com a distorção dessas funções, e se apresenta em muitas faces.
É importante dizer que as diferentes faces da família que iremos ver nesta série de mensagem têm sua origem na família nuclear, criada e estabelecida por Deus: pai, mãe e filhos, onde o pai é o principal mantenedor família, a mãe é a principal responsável pelo equilíbrio emocional do lar e os filhos são prole exclusiva do casal.
Esta família nuclear não é um modelo fixo, mas um ponto de partida para a construção dos relacionamentos humanos. Às vezes ela é modificada pela dureza dos corações corrompidos pelo pecado; outras vezes ela é alterada pela decisão corajosa de amar com o tipo amor que Jesus ensinou.
Por exemplo, em virtude de separações e divórcios é comum que algumas famílias existam com apenas um cônjuge, normalmente a mãe, que se desdobra para suprir as necessidades dos filhos; por outro lado, não é raro encontrar famílias que se ampliaram seja pelo acolhimento de um avô ou de um neto.
Portanto, entre essas diversas faces da família, hoje eu gostaria de destacar as famílias ampliadas.

Famílias Ampliadas

Famílias ampliadas: As famílias ampliadas se caracterizam por agregar ao núcleo familiar principal (aquele que tem responsabilidade pelo sustento e autoridade para definir as regras familiares) tanto gerações anteriores quanto posteriores.

+Família: cena 1

Algumas vezes, a geração anterior (pais e avós) se agrega ao núcleo familiar porque seu envelhecimento não foi planejado.
Se alguém vive a vida inteira sem pagar o INSS ou fazer uma poupança para a aposentadoria, o que vai acontecer no futuro? Possivelmente ele precisará depender de alguém para as coisa básicas da vida.
Às vezes, pessoas previdentes ficam por tempo sem fazer reservas para a aposentadoria, porque o salário diminuiu e as despesas aumentaram; mas outras vezes é o jeito como a pessoa vive a vida, gastando tudo quando as coisas estão bem e passando necessidade quando as coisas pioram.
Quem tem carteira assinada, por exemplo, é obrigado pelo Estado a fazer uma reserva para o futuro, porque o INSS já vem descontado. Mas quem desejar um pouco mais precisará tentar poupar, por si mesmo, alguma coisa para o futuro.
Isso também é verdade para empreendedores e para autônomos, que tem parte da sua renda na informalidade. Se não quiserem ter problemas no futuro precisam tentar poupar, por si mesmos, alguma coisa para o futuro.
A única forma de poupar é gastar menos do que se ganha. Esse é um grande desafio, porque significa viver com mais limitações do que você precisaria, ter um padrão de vida ainda mais simples do que seu dinheiro poderia sustentar… e então guardar essa diferença para o futuro.
Lembre-se: hoje você tem forças e energia para trabalhar, portanto hoje é o tempo de você pensar no futuro.
Outras vezes a falta de reservas para a aposentadoria acontece porque alguns pais vêem os filhos como se eles fossem essa reserva. Eles alimentam a expectativa de que serão sustentados por seus filhos quando envelhecerem e por isso não se esforçam o suficiente para garantirem sua própria autonomia no futuro.
Eles contabilizam o tempo, o dinheiro e o esforço que fazem na criação de seus filhos como uma espécie de investimento e esperam receber algo em troca de seus filhos no futuro. Alguns dizem mesmo que acham justo serem sustentados, por causa das dificuldade que enfrentam para criar seus filhos. Mas seria esse um princípio bíblico?
2 Corinthians 12:14 NVI
14 Agora, estou pronto para visitá-los pela terceira vez e não lhes serei um peso, porque o que desejo não são os seus bens, mas vocês mesmos. Além disso, os filhos não devem ajuntar riquezas para os pais, mas os pais para os filhos.
2 Corinthians 12:14 VFL
14 Agora estou pronto a ir visitá-los pela terceira vez, e não quero nada do que vocês possuem. Pois eu não estou procurando os bens de vocês, mas a vocês mesmos. Os filhos não devem sustentar os pais, mas são os pais que devem sustentar os filhos.
Normalmente os pais que criam a expectativa de que serão sustentados falam com eles desde pequenos sobre isso, como se estivessem brincando, mas acabam colocando jugos pesados sobre os ombros dos seus filhos, podendo até atrapalhar a formação de suas futuras famílias.
Papai e Mamãe, rejeitem essa forma de pensar e assumam a responsabilidade de planejar o futuro de vocês. Cuidar de seus filhos, sustentá-los e prover tudo o de que eles necessitam não é um favor que você faz, mas um privilégio que lhe foi dado, e parte das responsabilidades que a família tem. Eles não lhe devem nada.

Um Alerta

Antes de terminar esse bloco, preciso fazer uma ressalva para as famílias que hoje já convivem com essa situação, isto é, que hoje já vivem a realidade de sustentar pais e avós.
Tudo que falei até agora tem o propósito de apontar para a possibilidade de um futuro diferente, criado pela decisão de nós pais assumirmos a responsáveis por nós mesmos. São desafios para mudanças que podem começar agora, mas cujos frutos serão colhidos no futuro.
O que fazer então quando as gerações que vieram antes de nós não foram tão responsáveis como deveriam ou não tiveram as oportunidades que tornaram possível se prepararem para o futuro? É preciso lembrar que o passado não pode ser mudado, mas pode e deve ser olhado com misericórdia e gentileza.
Os erros cometidos por pais e avós no passado não nos dão o direito de pular fora da responsabilidade de ajudar, cuidar e mantê-lo, quando eles já não puderem fazer isso por si mesmos.
Jesus mesmo falou fortemente contra os fariseus porque eles estavam usando a religião para fugir da responsabilidade de ajudar seus pais em suas necessidades.
Matthew 15:3–6 NTLH
3 Jesus respondeu: — E por que é que vocês desobedecem ao mandamento de Deus e seguem os seus próprios ensinamentos? 4 Pois Deus disse: “Respeite o seu pai e a sua mãe!” E disse também: “Que seja morto aquele que amaldiçoar o seu pai ou a sua mãe!” 5 Mas vocês ensinam que, se alguém tem alguma coisa que poderia usar para ajudar os seus pais, em sinal de respeito, mas diz: “Eu dediquei isto a Deus”, 6 então não precisa ajudar os seus pais. Assim vocês desprezam a mensagem de Deus para seguir os seus próprios ensinamentos.
Portanto é preciso cada um ouvir a exortação que lhe cabe: aos pais a responsabilidade de planejar seu futuro a fim de não se tornarem dependentes de seus filhos; ao filhos a responsabilidade de cuidarem de seus pais quando eles não puderem mais fazer isso por si mesmos.

+Família: cena 2

Estamos falando sobre famílias ampliadas. Outro motivo que leva a essa ampliação da família com as gerações anteriores é o simples envelhecimento de pais e avós, que se tornam frágeis física e emocionalmente, precisando de amparo e cuidado.
A família que se amplia por esse motivo, está cumprindo seu papel e respondendo ao chamado de Deus para exercer amor às gerações que vieram antes de nós.
As leis deixadas por Deus para orientar a conduta do povo de Israel, que saía do deserto para construir uma nova comunidade, eram bastante duras em relação ao cuidados com os mais velhos. Sem nenhuma outra estrutura de suporte, a família era o único lugar onde os idosos poderiam encontrar amparo.
Não eram admitidas ofensas com palavras:
Exodus 21:17 NVI
17 “Quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe terá que ser executado.
Nem tampouco agressões físicas:
Exodus 21:15 NVI
15 “Quem agredir o próprio pai ou a própria mãe terá que ser executado.
A desonra, isto é, o abandono do pai ou da mãe, era motivo de maldição.
Deuteronomy 27:16 NVI
16 ‘Maldito quem desonrar o seu pai ou a sua mãe’. Todo o povo dirá: ‘Amém!’
E mesmo séculos depois, os sábios de Israel ainda faziam ecoar esses ensinos, como nos provérbios de Salomão
Proverbs 19:26 NAA
26 Quem maltrata o seu pai ou manda embora a sua mãe é filho que causa vergonha e traz desonra.
Quem acolhe o pai ou a mãe idosos que não têm como cuidar de si mesmos pode encontrar encorajamento nas promessas do Senhor nos Dez Mandamentos.
Exodus 20:12 NVI
12 “Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o Senhor, o teu Deus, te dá.
Deuteronomy 5:16 NVI
16 “ ‘Honra teu pai e tua mãe, como te ordenou o Senhor, o teu Deus, para que tenhas longa vida e tudo te vá bem na terra que o Senhor, o teu Deus, te dá.
A família que segue a Jesus, mesmo com as dificuldades que vida impõe, precisa abraçar o cuidado das gerações que nos antecederam. Além de ser algo que alegra a Deus, porque estamos cumprindo o chamado dele para a família apoiar-se mutualmente, é um ensino prático para as próximas gerações a respeito de como é o amor na prática.
Vovó Alzira
Eu já falei aqui sobre minha avó, Alzira, que aprendeu recebeu um novo testamento de presente do pai dela e que por isso interessou em aprender a ler. Minha avó viveu 92 anos.
Ela foi viúva por mais de 30 anos e recebia uma pequena pensão do meu avô. Nos seus últimos anos de vida ela já não podia mais morar sozinha e passava temporadas nas casas dos filhos. Foi amparada, cuidada e amada até que o Senhor a levou para si.
Nessa foto ela está em pé, orando no culto de uma congregação da igreja de que era membro fundadora, em Fortaleza.
D. Dagmar
Dona Dagmar (ou apenas dona Dag) era avó da Marina. Ela viveu 96 anos e foi viúva por mais de 16 anos. Até a morte do esposo os dois viveram em sua casa, com seus recursos, sem depender de seu filhos e em condições de ajudar quando era necessário.
Nos 16 anos de viuvez ela passou a ser cuidada por seu filhos. Vendeu a casa que tinha e comprou uma outra ao lado da filha. Viveu ali até que o Senhor a levou para si.
Nessa foto ele já estava acamada e está cercada pela família, no seu último aniversário, quando ela conheceu o André, seu tetraneto.
Quase todos nós vamos nos tornar pessoas idosas (no Brasil um número cada vez maior de pessoas chega lá). Mas nem todos os idoso são ou serão tratados como D. Alzira e D. Dagmar.
Diante de desses desafios reais, gostaria de concluir esse bloco deixando uma palavra para aqueles que já são idosos (e também para os que já começaram a pensar em sua velhice).
É uma oração feita por Davi e está no salmo 71. Eu gostaria que lêssemos juntos.
Psalm 71:4–9 NVI
4 Livra-me, ó meu Deus, das mãos dos ímpios, das garras dos perversos e cruéis. 5 Pois tu és a minha esperança, ó Soberano Senhor, em ti está a minha confiança desde a juventude. 6 Desde o ventre materno dependo de ti; tu me sustentaste desde as entranhas de minha mãe. Eu sempre te louvarei! 7 Tornei-me um exemplo para muitos, porque tu és o meu refúgio seguro. 8 Do teu louvor transborda a minha boca, que o tempo todo proclama o teu esplendor. 9 Não me rejeites na minha velhice; não me abandones quando se vão as minhas forças.
Se você fez essa oração, eu peço que ouça a resposta do Senhor:
Isaiah 46:3–4 NVI
3 “Escute-me, ó casa de Jacó, todos vocês que restam da nação de Israel, vocês, a quem tenho sustentado desde que foram concebidos, e que tenho carregado desde o seu nascimento. 4 Mesmo na sua velhice, quando tiverem cabelos brancos, sou eu aquele, aquele que os susterá. Eu os fiz e eu os levarei; eu os sustentarei e eu os salvarei.

+Família: cena 3

Até agora falamos sobre a ampliação da família a partir do acolhimento das gerações anteriores. Mas ela pode pode ser ampliada também com as gerações seguintes.
À vezes isso acontece como uma resposta à paternidade ou maternidade não planejada. É quando pais e mães adolescentes, imaturos emocionalmente e sem capacidade de se sustentarem, são agregados ao núcleo familiar principal, numa tentativa de reparar as consequências de um relacionamento sexual precoce.
É bom e importante que as famílias tenham o desejo de ajudar, e elas devem procurar fazer o seu melhor. Mas essa é uma situação cercada de emoções e difícil de lidar.
Uma das saídas mais praticadas, e às vezes a única que se tem, é acolher a nova família em um quarto da casa/apartamento dos pais ou levantar um quartinho nos fundos da casa da família. Tudo bem se for algo “por enquanto” , mas quando se torna definitivo pode trazer mais mal do que bem.
Sobre esse assunto, o princípio bíblico foi apresentado bem no começo.
Genesis 2:24 NVI
24 Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne.
Jesus confirmou esse princípio quando foi indagado pelos religiosos judeus a respeito do divórcio.
Matthew 19:4–5 NVI
4 Ele respondeu: “Vocês não leram que, no princípio, o Criador ‘os fez homem e mulher’ 5 e disse: ‘Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’?
O apóstolo Paulo quando fala do amor que os maridos devem ter para com suas mulheres, chega a afirmar quem das provas desse amor é que eles deixem pai e mãe.
Ephesians 5:28–31 NVI
28 Da mesma forma, os maridos devem amar cada um a sua mulher como a seu próprio corpo. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo. 29 Além do mais, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, antes o alimenta e dele cuida, como também Cristo faz com a igreja, 30 pois somos membros do seu corpo. 31 “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne.”
Um novo casal deve se esforçar para cortar o cordão umbilical com suas famílias. Isso significa se tornarem independentes em pelo menos duas áreas.
Deixar o pai remete à independência financeira. As novas famílias devem aprender a se sustentarem por conta própria. Se precisam de ajuda para isso, os pais devem ajudar, mas nunca sustentar indefinidamente.
Deixar a mãe remete à independência emocional. A nova família precisa de espaço para se conhecer sem a interferência de pais e mães dizendo que ela é assim, ou que ele é assado.
É claro que há outras formas dessa ampliação acontecer como:
O acolhimento de um filho ou de um filha que foi abandonado pelo cônjuge e precisa de um tempo para reestruturar a vida;
Outra possibilidade é quando netos e sobrinhos são alcançados pela tragédia da perda de seus pais e se tornam órfãos;
De uma forma geral, a ampliação da família pela agregação da geração seguinte será bem sucedida se tiver como objetivo, além do acolhimento amoroso, a construção dos caminhos para a autonomia e o sustento próprio.

Conclusão

Certamente há outras maneiras de a família nuclear ser ampliada. Algumas pela dureza de nossos corações corrompidos pelo pecado e outras pela decisão de amar como Jesus amou.
Cada um de nós deve ouvir aquilo que o Espírito tem a nos dizer. Aos pais, o desafio de ao mesmo tempo sustentarem suas famílias e se prepararem para o futuro. Ao filhos, o chamado para enfrentar a vida com coragem sem depender de seus pais e cuidar deles quando já não puderem cuidar de si.
São princípio simples que podem nos ajudar a viver a vida com mais alegria e cumprir em nossas família a vocação de Deus para deixar um legado, educar para a vida, proteger e inspirar confiança, promover autonomia e fazer da vida uma rede de apoio mútuo.
Se você está começando agora eu peço ao Senhor que lhe dê coragem para fazer os ajustes necessário e conduzir sua família para realizar o máximo que você puderem da vocação de Deus pra vocês. Não ache que você tem muito tempo, porque o tempo passa muito rápido.
Se você está no meio do caminho, não se deixe consumir pelos erros que cometeu. Ainda é possível você fazer diferença na vida de seu filhos e netos. Apenas decida fazer diferente daqui para frente.
Se você está no final de sua jornada, seja generoso consigo mesmo. Perdoe aquele jovem sem muita noção da vida que você foi. O Senhor tem o poder de transformar nossa falhas em matéria prima para o amor gracioso dele. É hora de ensinar os seus queridos a confiar no Senhor.
Que o Senhor nos abençoe!
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