As faces da família 2

Viver Família  •  Sermon  •  Submitted
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Fazendo a conexão

Hoje é nossa quarta reflexão sobre o tema Viver Família. Em nosso último encontro refletimos sobre as famílias ampliadas e seus desafios. Gostaria de começar hoje lembrando algumas questões que foram destacadas no domingo passado.
Os pais devem se esforçar para viver suas vidas de forma equilibrada entre a manutenção da família hoje e a provisão necessária para o futuro. Fazendo assim, quando se tornarem idosos não serão obrigados a depender dos filhos para sobreviver. O tempo do vigor físico é exatamente tempo de ser previdente e poupar para o futuro. (2Co 12.14)
Os filhos são chamados por Deus para honrar seus pais. Isso não é apenas sobre respeito ou consideração. Honrar é não fugir das responsabilidades que temos e teremos para com eles quando envelhecerem. Todos nós estamos envelhecendo e a forma como tratamos nossos idosos pode se tornar o jeito como seremos tratados no futuro. (Ex 20.12 e Dt 5.16)
As Escrituras são a base para uma cultura onde a violência com os idosos, sobretudo com os pais idosos, é inadmissível. Essa intolerância do bem não aceita que os idosos sejam agredidos fisicamente e nem mesmo com palavras; além de repudiar o desprezo e os maltratos. (Ex 21.15, Ex 21.17, Dt 27.16 e Pv 19.26)
É preciso que os novos casais conquistem independência financeira e emocional para que possam construir sua família. Levar um jovem casal para dentro da casa dos pais ou sustentá-los indefinidamente não é boa decisão. Pode ser confortável no começo, mas pode causar muitos danos no final. Quebrar os laços de dependência com pai e mãe é sinal de amor mútuo entre os cônjuges. (Ef 5.31)

Faces da Família

Depois de refletirmos sobre a família ampliada, suas raízes e desafios, para avançar no cenário sobre as várias faces da família, vamos falar hoje sobre outras maneiras através das quais a família se expressa.

Famílias nucleares

Embora esteja em decréscimo, as famílias nucleares (pai, mãe e filhos. Onde o pai é o principal mantenedor da casa, a mãe a principal responsável pelo equilíbrio doméstico e os filhos são prole exclusiva do casal) ainda são representativas no cenário familiar brasileiro.
Além de estar em baixa, a família nuclear, como eu acabei de descrever, tem sido modificada por várias e diferentes circunstâncias, e é sobre alguns desses fatores que eu gostaria de falar hoje de forma mais detida.

Quem é que sustenta a casa?

Essa é uma pergunta simples com raízes profundas. Por muito tempo a autoridade do homem na família foi algo inquestionável, e com frequência a Bíblia foi usada para chancelar essa condição.
Muitas vezes, textos bíblicos mal interpretados eram usados como pretexto para que fosse afirmado um tipo de autoridade corrompida e abusiva que nem de longe se parece com a autoridade proposta pelas Escrituras.
Essa autoridade, às vezes doentia, esteve apoiada, entre outras coisas, na estrutura social que dava apenas aos homens a possibilidade de participar no sustento direto de suas casas; uma condição que foi usada de forma abusiva e opressora.
Mas, se no passado os homens poderiam impor suas vontades pela força do dinheiro que levavam para casa, os homens de hoje não têm como repetir o que faziam seus pais e avós, porque agora elas também sustentam a casa e às vezes ganham mais do que eles.
Os papéis do homem e da mulher dentro da família têm sido muito questionado nas últimas décadas, em parte porque mulheres, oprimidas e desconsideradas dentro de suas próprias casas, procuraram refúgio, segurança e valorização fora delas.
A três últimas gerações de homens vive o desafio de não saber como reagir diante dessa realidade. Eles se sentem inseguros e muitos se tornam agressivos e até violentos, porque aprenderam com seus pais e avós que os homens devem dominar e mandar.
Os homens são chamados por DEUS a assumir a responsabilidades de liderança e para manter seus lares, isso é uma verdade bíblica, mas não é autorização para oprimir e sim para SERVIR. Além disso, não há qualquer dificuldade bíblica para que as mulheres, ou mesmo os filhos, também participem do sustento da casa. Pelo contrário, veja os conselhos do sábio Salomão sobre o perfil de uma esposa virtuosa.
Proverbs 31:15–20 NVI
15 Antes de clarear o dia ela se levanta, prepara comida para todos os de casa, e dá tarefas às suas servas. 16 Ela avalia um campo e o compra; com o que ganha planta uma vinha. 17 Entrega-se com vontade ao seu trabalho; seus braços são fortes e vigorosos. 18 Administra bem o seu comércio lucrativo, e a sua lâmpada fica acesa durante a noite. 19 Nas mãos segura o fuso e com os dedos pega a roca. 20 Acolhe os necessitados e estende as mãos aos pobres.
Ela não é uma mulher que faz coisas sem importância, mas alguém que participa diretamente da vida e da subsistência de sua família. A mulher virtuosa não precisou rebelar-se contra seu marido para encontrar seu lugar na subsistência de sua família. Ela faz isso em harmonia com seus marido e com seu filhos, que a elogiam e reconhecem seu valor.
As estatísticas apontam para um crescimento importante do número de lares em que a mulher é a principal mantenedora. Em 2010, segundo o IBGE, isso acontecia em 38% dos domicílios brasileiros. Isso poderia ser algo positivo, resultado de relacionamentos de parceria entre homens e mulheres, porém as mesmas estatísticas afirmam que mais de 80% dessas famílias é de mães adolescentes, mulheres abandonadas por seus parceiros, relacionamentos rompidos por abuso e violência e jovens com comportamento promíscuo.
Há pelo menos dois desafios que ganham outra dimensão quando em uma família a mulher é a principal responsável pelo sustento de casa, naqueles 20% das famílias com dois cônjuges:

O desafio da liderança

O primeiro desafio é o da liderança. Homens, precisamos aprender a liderar como Jesus ensinou mesmo quando você não é principal mantenedor do lar. Lembrem-se que liderar não depende de quanto você ganha, mas de sua disposição em servir sua esposa e seus filhos.
A liderança do lar é conquistada quando nossas vidas são vividas para tornar a vida deles tudo aquilo que Deus planejou para eles. Portanto não importa quanto você ganha, mas se você está disposto a deixar de ser um chefe que gosta de mandar e ser servido para se tornar um líder que se alegrar em servir sua esposa e seus filhos.

O desafio da submissão

O Segundo desafio é o da submissão: Mulheres, Deus não chamou vocês para entrarem no mesmo jogo de poder que consome alguns homens, um jogo com motivações escusas, egoísmo e muita insegurança. Deus as chamou para cooperar com seu esposo e ser por ele liderada em amor. Não importa quanto você ganha, submeter-se à liderança cuidadosa e amorosa do seu esposo é o chamado de Deus para você.
A submissão de que falam as Escrituras é experimentada quando você se dispõe a ser amada e a colocar sua vida a serviço de um projeto de família que não é apenas seu, mas tem a marca e os sonhos do seu marido. É fazer uma viagem para um destino combinado em conjunto, mas abrir mão do leme durante o trajeto.

Os meus, os seus e os nossos

Com o crescimento do número de divórcios e novos casamentos, passou a ser comum famílias nas quais convivem os filhos dos relacionamentos anteriores de cada um e os filhos do relacionamento atual.
Nesse ponto não adianta querer dizer que não é, porque essa é uma situação sempre conflituosa. Há disputas de amor, de atenção e de recursos. É muito fácil que a mágoa e o ressentimento encontrem espaço para crescer e produzir frutos de amargura no coração dos filhos e dos pais. Essa configuração não é o ideal de Deus.
Mas a boa notícia é que, ainda que situações como essas nos alcancem como conseqüências dos nossos próprios pecados, Deus não nos abandona.
É assim desde o Éden, quando Adão e Eva desconfiaram da bondade de Deus e por isso desobedeceram às suas orientações. O Senhor não virou as costas para eles, ao invés disso providenciou roupas Gn 3:21 para aquecê-los e vesti-los. O Senhor é assim: justo e amoroso ao mesmo tempo.

Deus nos fez seus filhos

Esse agir misericordioso de Deus é maravilhoso, mas não nos livra de lidar com a realidade que criamos a partir de nossos erros. E dependendo da complexidade dos relacionamos a realidade de os meus, os seus e os nossos pode ser bem difícil. Por isso gostaria de oferecer uma compreensão do amor de Deus que talvez possa ajudar.
O ditado popular diz que todo mundo é filho de Deus, mas isso não é verdade. Nem todos são filhos de Deus. Na verdade, Deus tem um único filho e o seu nome é Jesus.
John 3:16 VFL
16 Pois Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna.
O ditado popular diz também que Deus é pai e não padrasto; mas essa não é a história completa, porque não éramos filhos, fomos feitos filhos, recebidos por ele em sua família: isso é o que um padrasto ou uma madrasta fazem.
John 1:11–12 VFL
11 Ele veio para o mundo que era seu, mas o seu próprio povo não o recebeu. 12 Porém algumas pessoas o aceitaram. E para essas pessoas que têm fé nele, ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus.
Nós não tínhamos o direito de nos dizer filhos de Deus, mas recebemos esse direito quando confiamos em Jesus como nosso Senhor e Salvador. Deus é nosso pai por adoção. Ele escolheu nos amar. Ele nos deu as credenciais de filhos, ligou o nosso nome ao dele e nos amou como se filhos nós fôssemos.
É esse o tipo de amor que você precisa ter pelo filho do seu cônjuge. Você deve escolher adotá-lo em sua família. Precisa desejar amá-lo e fazê-lo seu filho. Você deve dar ao filho do seu cônjuge o direito de sentir-se parte da família por causa do amor que você tem por ele.
Se você abraçar essa compreensão do amor de Deus para sua vida, é possível que os relacionamentos entre os os meus, os seus e os nossos sejam motivo de alegria para todos.

Famílias com um só cônjuge

Essa é uma configuração cada dia mais comum em nossa sociedade. Além da perda do cônjuge por morte, as famílias com um só cônjuge têm-se formado pelo abandono de cônjuge, por relacionamentos sem compromisso , pelo divórcio e separação sem novo casamento e até mesmo da decisão por uma “produção independente”.
A perda precoce do esposo ou da esposa é uma das situações mais traumáticas na vida de uma pessoa. Tocar a família sozinho de pois de perder a esposa ou o esposo não será nada fácil. Em vários aspectos, essa situação é parecida com o divórcio ou a separação sem novo casamento: de repente um dos cônjuges se vê com todas as responsabilidades sobre suas costas.
As estatísticas dizem que a maioria dos homens nessa situação acaba encontrando uma nova companheira, enquanto que a maior parte das mulheres decide caminhar só. Minha palavra é para aqueles (homens e mulheres) que tem sob seus ombros toda a responsabilidade do lar.
O Senhor não a abandonará! Aproprie-se das promessas de Deus. Ele será a sua esposa, Ele será o seu marido. Ele é suficiente. Por isso não se angustie em seu coração nem tome decisões precipitadas. O Senhor a conhece e está cuidando de você. Ouça o que Ele diz:
Isaiah 54:4–5 NVI
4 “Não tenha medo; você não sofrerá vergonha. Não tema o constrangimento; você não será humilhada. Você esquecerá a vergonha de sua juventude e não se lembrará mais da humilhação de sua viuvez. 5 Pois o seu Criador é o seu marido, o Senhor dos Exércitos é o seu nome, o Santo de Israel é seu Redentor; ele é chamado o Deus de toda a terra.
Famílias com um só cônjuge precisam estar abertas para serem ajudadas. Não dá pra fazer tudo só. Ser pai e mãe ao mesmo tempo, e o tempo todo, não dá. Você precisa aceitar ajuda. O fato de você estar só não significar que você deva permanecer solitária(o).
A igreja tem um papel importante nessas situações. Jesus disse que ele proveria pais, mães, irmãs e irmãos para aqueles que tomam a decisão de segui-lo. Esse suprimento de Deus vem através da Sua igreja.
Mark 10:29–30 NVI
29 Respondeu Jesus: “Digo-lhes a verdade: Ninguém que tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, ou campos, por causa de mim e do evangelho, 30 deixará de receber cem vezes mais, já no tempo presente, casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, e com eles perseguição; e, na era futura, a vida eterna.
Meninos que não têm seu pai próximo precisam de um referencial de pai. São coisas simples, mas importantes. Exemplos de masculinidade como o cuidado e a atenção dispensada a uma mulher, a disposição em proteger e cuidar, a coragem para enfrentar desafios e o compromisso com Deus podem serão copiados de homem mais velhos que estejam perto deles. Você pode ser a pessoa que Deus quer usar.
Meninas que não têm a mãe próxima precisam de referenciais de feminilidade. Vestir-se com esmero, ter cuidado consigo mesma, deixar-se ser cuidada, desenvolver a confiança no amor das outras pessoas. Você, minha irmão pode ser a pessoa que Deus quer usar.
Família significa compromisso mútuo. A família de Deus também significa ter compromisso uns com os outros.

Famílias sem filhos

Na década de 60 do século passado, as famílias tinham em média 8 filhos, na década de 80 os filhos eram em média 4. As últimas estatísticas do IBGE, afirmam que a família média do brasileiro tem 2 filhos.

Não quero ter filhos

As pesquisas dizem que a busca pela realização pessoal, pelo sucesso profissional e pelo aperfeiçoamento acadêmico tem adiado, e às vezes eliminado, a idéia de filhos para muitos casais jovens. Eles não estão dispostos a abrir mão das conquistas que planejaram para suas vidas.
Rô e Lina representam esse grupo. Ele é pós doutor em matemática e ela doutora em genética. Investiram o melhor de seus dias na obtenção de seus títulos. Rô está chegando aos 40 e eu o conheço há mais de 20. Ele perderam o interesse por filhos e vivem uma agenda lotada de si mesmos, de seus amigos e seus passatempos.
Formou-se assim um contingente de famílias sem filhos. Jovens adultos que não passaram pela experiência do amor que se doa, à custa de algo que lhe é importante, pela vida de outra pessoa.
Psalm 127:3–5 NVI
3 Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá. 4 Como flechas nas mãos do guerreiro são os filhos nascidos na juventude. 5 Como é feliz o homem que tem a sua aljava cheia deles! Não será humilhado quando enfrentar seus inimigos no tribunal.
Planejar a família é importante nos tempos em que vivemos. Fica menos difícil criar filhos quando o ambiente em que eles chegam está preparado. Mas é preciso ter coragem para admitir quando as motivações para adiarmos a chegada de filhos são ecos de nosso coração egoísta ou, quem sabe, uma expressão do medo e da insegurança que nos consome.
E quando for assim, a saída é confessar ao Senhor, pedir perdão e clamar por ajudar para transformar o egoísmo em amor altruísta, e o medo em confiança amorosa.

Não posso ter filhos

Há também as famílias sem filhos não por opção, mas por circunstâncias além da vontade dos cônjuges. As limitações em gerar filhos não são raridade e alcançam muitos casais que amam ao Senhor e amam um a outro.
Não há resposta capaz de satisfazer a dor dos que querem ter filhos mas estão impossibilitados por diversas razões: já falei aqui sobre o clamor de Ana, descrito na Bíblia e do casal de amigos meus e de Marina, que perderam trigêmeos.
Talvez, um caminho para essas famílias seja ressignificar o amor de Deus. Esse amor foi capaz de tornar filhos aqueles (nós) que precisavam ser amados para viverem. E a partir daí pedir a Deus que os ajude a encontrar formas fazer algo parecido, tornando seus filhos aqueles que precisam ser amados para viver.

Conclusão

A família do século XXI tem muitas faces, mas Deus tem preferências quanto ao modelo de família. Ele mesmo deixou claro essa preferência através da criação. E a preferência de Deus não é uma questão de gosto, mas de sabedoria.
Foi Ele quem projetou a família e a fez no formato capaz de cumprir bem todas as suas funções: pai, mãe e filhos exercitando amor uns pelos outros; aprendendo e ensinando uns aos outros sobre o caráter de Deus.
Deus não deixa de nos amar se erramos. Ele rejeita o pecado, mas sempre acolhe o pecador arrependido. É assim que o Senhor trata as diversas faces da família no século XXI: com amor. Ele faz isso como um exemplo do que será a grande família de Deus.
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